...EMMA...
ALGUNS ANOS DEPOIS
Assim que a luz do sol atingiu meu rosto, meus olhos se abriram. Estava agradecida por meus pesadelos não terem acordado ninguém durante a noite passada.
Tomei um banho, escovei meus cabelos castanhos chocolate e desci os degraus em espiral. Não demorou muito pra que eu ouvisse meu pai conversando com minha madrasta, de forma bastante acalorada.
- Considere isso, Sofia. Os Carrero são poderosos. E, com a ajuda deles, poderemos ser tão poderosos quanto.
Os Carrero? Já tinha ouvido falar nesse nome antes, tenho certeza, eles eram os mais falados no país por causa do seu poder e status.
- Eu preferia que a Paola se casasse com alguém daquela família, do que com alguém de sua prole horrorosa. - choramingou Sofia.
- Eles pediram por ela, Sofia! Você não consegue entender? O próprio Richard Carrero me viu em um dos eventos de caridade. Ele mesmo me chamou. - meu pai ficava a cada palavra mais desesperado, mas seu tom ainda era severo.
- Ela não é boa o suficiente para se casar com o filho deles, Charles. Ela vai nos envergonhar, zombar o nosso nome.
Eu podia ouvir os saltos de Sofia cravando nas tábuas do chão enquanto ela andava pra lá e pra cá.
- Sofia, pense em nosso status. Com os Carrero como aliados, seremos uma das famílias mais respeitadas do país. As pessoas cairão aos nossos pés, meu amor.
- O que você está fazendo aí parada? - eu dei um sobressalto com a voz estridente de Paola enquanto ela cutucava minhas costas. Seu cabelo loiro estava preso num rabo de cavalo frouxo, fazendo com que suas maçãs do rosto ficassem ainda mais esticadas. - Estava bisbilhotando, né? - ela cruzou os braços sobre o peito e olhou pra mim, fazendo com que eu baixasse meu olhar para o chão.
- Parece que papai vai casar você. Boa viagem! - uma de suas sobrancelhas se ergueu ligeiramente quando ela me deu um sorriso cruel.
- Há-há-há! Ninguém em sã consciência ficaria feliz em se casar com você. Na verdade, eu sinto muito pelo cara, ele provavelmente deve ser um velho sem dentes e com a cara toda enrugada. Na verdade, eu espero mesmo é que ele bata em você, - sua risada, no final, foi maldosa.
Fiquei incrédula em ver como alguém poderia ser tão cruel. Só queria entender a razão de eles me odiarem tanto. Henriqueta me dizia que Paola tinha inveja de mim, mas eu jamais pude acreditar nisso. Paola era muito atraente: era loira e tinha olhos azuis. Todos que eu conhecia, a admirava, e cada cara queria estar com ela. Embora fossemos meias-irmãs, não nos parecíamos em nada.
Ela me empurrou para o lado enquanto se juntava aos seus pais na sala. Me juntei à Henriqueta na cozinha, ajudando-a a preparar o café da manhã. Qualquer pensamento sobre ser forçada a me casar, há muito tempo havia deixado minha mente enquanto conversávamos e ríamos entre nós.
Henriqueta sempre me fez sentir como se pertencesse a este lugar. Eu era apegada a ela e não acho que poderia ter sobrevivido nem mesmo um dia nesta casa sem ela por perto.
- EMMA! – meu pai invadiu a cozinha, fazendo com que eu derrubasse um prato que estava na minha mão. – Sua mãe e eu precisamos falar com você.
Quase engasguei com o fato de ele ter chamado Sofia de minha mãe.
Ele virou de costas e saiu, murmurando algo baixinho, que eu não consegui compreender muito bem. Eu dei um encolher de ombros nervoso para Henriqueta antes de sair atrás dele.
Quatro pares de olhos estavam fixos em cada movimento que eu fazia, enquanto me sentava no sofá da sala: meu pai ficou com a mão encostada na lareira; Sofia sentou-se no sofá à minha frente; Gabriel ficou parado na porta com um olhar frio e Paola sorriu afetadamente no canto da janela.
- Você vai se casar em seis semanas, - meu pai declarou inexpressivamente.
O quê? Que diabos? Meus olhos se arregalaram enquanto minha boca se abriu em choque. Em nenhum momento ele cogitou saber se era isso que eu queria para a minha vida?
- Mas pai, eu só tenho vinte e um anos. Esta dificilmente é a idade...
- Você vai se casar, Emma, e ponto final. – Interrompeu ele.
Eu sabia que, se ele falou de novo, era porque iria acabar comigo sendo punida. Franzi minha testa enquanto minha madrasta se levantou e apontou o dedo na minha direção.
- Você não será nada além de uma geradora de filhos pra eles, - disse ela, com seus olhos olhando para cima e para baixo no meu corpo, como se eu fosse uma imundície.
Como ela pode me odiar tanto? Posso não ser sua filha de sangue, mas ainda era sua sobrinha.
Quem teria concordado em se casar comigo, sem nem mesmo me conhecer? Eu ouvi claramente meu pai afirmar que Richard Carrero tinha me pedido, mas por que ele não deixaria essa decisão para seu filho?
- Olhem, ela está sonhando acordada de novo, há-há-há, - a voz estridente de Paola gargalhou no canto.
- Chega, - avisou meu pai, enxugando o sorriso presunçoso no rosto da minha meia-irmã. Ele se virou pra mim com um olhar gelado. – Você vai manter o nome “Wilson” lá em cima, Emma. Você só vai falar coisa boa de nós. Não pense que ainda não seremos capazes de puni-la se você nos envergonhar de alguma forma. Seis semanas, Emma, e você vai se casar com Roman Carrero.
Paola ficou boquiaberta quando meu pai mencionou o nome do meu futuro marido. Era como se ela quisesse dizer algo, mas estivesse se segurando. Ela apenas olhou para sua mãe com os olhos suplicantes antes de correr para fora da sala, num acesso de raiva.
Voltei para a cozinha, sentindo minhas pernas tremendo a cada passo. Vou me casar! E com um cara que eu nunca vi na minha vida. Enxuguei as lágrimas e tentei acalmar meus soluços.
...****...
Com o passar dos dias, notei que as surras haviam parado. Só poderia presumir que o motivo seria por eu estar sendo inserida na sociedade e as pessoas falariam se eu aparecesse coberta de hematomas.
O fato de eu ter parado de apanhar, fizeram com que as agressões verbais ficassem ainda mais cruéis com os insultos que eu recebia diariamente. Muitas vezes me peguei pensando em como meu marido seria. Os pesadelos me encontrariam?
Eu estava correndo da escuridão em um vestido de noiva e mãos desconhecidas levantariam meu véu apenas para ver o sorriso ameaçador de Gabriel.
Eu acordava em uma piscina de suor, clamando a qualquer entidade superior que viesse me salvar. Henriqueta me distraía às vezes. Passeávamos pelos jardins e conversávamos sobre muitas coisas.
- Você é linda e gentil como sua mãe. Você tem que acreditar em si mesma, Emma, - ela me encorajava, levantava meu ânimo e beijava a minha testa.
Seu amor maternal era o meu combustível para continuar e foi isso que me manteve tão forte quanto eu poderia ser.
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Atualizado até capítulo 37
Comments
Dinanci Macorin Ferreira
Comecei agora , estou amando!
2024-07-13
5
Solange Araujo
Vai lá Emma ser feliz ☺ é deixa essas pessoas com inveja de vcs.
.
2024-06-28
1
kusnadi farah
Continue a nos surpreender com suas histórias emocionantes, você é muito talentosa 👏
2024-06-25
7