NÃO SÃO PAIS DELA

"Então, falem logo! Estão me deixando nervosa, céus!" exclamou Eliza. Seu pai hesitou, trocando um olhar aflito com sua esposa, antes de finalmente reunir coragem para falar.

"Você... não é nossa filha," disse ele, sem ousar acrescentar mais nada.

Eliza, sem compreender o que ele acabara de dizer, soltou uma risada nervosa. "Como assim, não sou sua filha? Ahaha, claro que sou!" Ela ria, achando absurda a afirmação, enquanto seus pais, tomados pelo desgosto e incapazes de conter as lágrimas, sabiam que precisavam terminar de contar a verdade antes que fosse tarde demais.

"Não estamos mentindo," murmurou sua mãe, a voz trêmula. "Somos seus tios."

Eliza, ainda incrédula, rebateu, "Mas como? Onde estão meus verdadeiros pais, então? Vocês dois não teriam a coragem de esconder algo assim de mim... Teriam?"

A mãe, entre soluços, respondeu: "Desculpa, minha filha... Seus pais morreram... lutando por vocês e por seu irmão..."

Antes que pudesse terminar, Eliza a interrompeu, sua mente atordoada com as revelações. "Espera aí! Além de vocês dizerem que não são meus pais, e sim tios, agora me dizem que eu tenho um irmão? Isso só pode ser uma brincadeira... ahah... céus, isso não pode ser verdade!"

Eliza começou a sentir-se mal, e quando Arthur chegou com água para todos, ela mal pôde segurar o copo antes de uma forte dor de cabeça a fazer cambalear. Tentou se levantar, mas foi pior: sua visão escureceu e, sem forças, desmaiou. Por sorte, Deimon a pegou antes que caísse ao chão, e a carregou para o quarto.

"Arthur, chama Elias urgente! Eu vou levá-la para meu quarto. E vocês dois, fiquem aqui e esclareçam tudo," ordenou Deimon enquanto a levava para cima, sentindo que o corpo dela estava febril. "Céus, é o turbilhão de emoções... Ela está tentando controlar tudo sozinha, sem sua loba. Meu bem, acalme-se, eu não deixarei nada de mal te acontecer, tudo bem?" sussurrou ele, depositando um beijo em sua testa antes de voltar para confrontar os tios de Eliza.

"Agora, quero que falem tudo, sem omitir nenhum detalhe, para que eu possa deixá-la descansar. A situação é grave; ela está realizando a transformação sozinha, e se continuar assim, pode morrer. Mas, se vocês me ajudarem, isso não acontecerá. Planejarei tudo o mais rápido possível, para todos que desejam ir para meu reino. Acho que está claro que somos companheiros, não é? Agora, andem, falem tudo! Vocês foram irresponsáveis ao esconder isso dela, até mesmo o fato de que ela tem um irmão, pelos deuses!" disse Deimon, com a voz repleta de indignação.

"Desculpa, meu Rei... Sou grata à deusa por dar à minha filhota um companheiro como o senhor. Mas não soubemos por onde começar. Ela sempre foi tão independente, mal tinha amigos, nunca se permitiu um momento de distração... Então, tivemos medo de contar e que ela nos abandonasse. Desculpa, de verdade..." disse Laura, tentando segurar as lágrimas enquanto via o olhar severo de Deimon.

Ela continuou, a voz mais sombria, impregnada de tristeza e arrependimento. "Eu e minha família... somos da liagem elite. Temos laços de sangue com sua linhagem. Na última guerra, foi um massacre... nossa elite contra os clãs excluídos dos vampiros. Como bem sabe, eles não têm coração, nem sentimentos. Minha família deu suas vidas naquele dia fatídico. Eu e minhas irmãs... éramos as guardiãs dos reinos de Zâmbia, éramos cinco. Mas depois daquela batalha... restamos apenas três. Ester, minha irmã, mãe de Elizabet, viu o fim se aproximar. Ela, Selene, e eu... Ester implorou para que meu esposo e eu fugíssemos com meus sobrinhos. Não queríamos fugir, isso ia contra tudo que acreditávamos... Mas imploramos por suas vidas, e, assim, fugimos."

Laura parou, sentindo o peso das memórias e da culpa esmagá-la. Respirou fundo e, com a voz quebrada, continuou: "Minha irmã Selene... para que não desconfiassem de nós, mandei-a para a cidade de Hills, no seu reino, com o irmão de Eliza e seu companheiro. Tudo para mantê-los a salvo... Mas, ainda assim, falhamos... escondemos tanto dela, de nossa própria filhinha..."

Laura terminou, sentindo-se exausta e decepcionada consigo mesma. Sem forças, sentou-se novamente, enquanto Deimon observava, percebendo a gravidade da situação.

Elias, homem de confiança e amigo de longa data da família, chegou à casa acompanhado de Arthur. "Onde ela se encontra, meu senhor?" perguntou Elias, entrando apressado. Ele era bem mais velho que os demais e fora o amigo mais próximo do pai de Deimon. Quando o pai de Deimon faleceu, Elias fez questão de servir ao jovem, pois dizia que era como estar ao lado de seu antigo Rei. E não era mentira: Deimon era a imagem viva de seu pai, quase um reflexo. Da mãe, herdara apenas os cabelos negros e os olhos azuis brilhantes, uma combinação da linhagem Lycan com a fada que cativara Dominic, seu pai, ao conhecer Aria, sua mãe.

"Ela está lá em cima. Vamos, Beta, prepare um chá para acalmar os nervos deles. Avisarei quando precisar de mais alguma coisa," ordenou Deimon, subindo as escadas rapidamente até o quarto de Eliza.

Ao entrar, viu que Eliza estava suando intensamente. "Pela aparência dela, a situação é crítica," murmurou Elias, enquanto iniciava os atendimentos. Depois de um tempo, ele olhou sério para Deimon.

"Não sinto a presença de sua loba, nem o odor característico dela. E pelos sintomas que observo, já sei do que se trata. Precisa cuidar disso com urgência. Sabes bem onde isso pode levar... já vimos com nossos próprios olhos o que ocorre conosco sem a presença completa do lobo. Enlouquecemos, senhor, e bem o sabe. Fiz o que podia. Quando ela acordar, mande-a tomar um banho para aliviar o corpo. Preparei algumas ervas que deixei ali. Elas proporcionarão um efeito relaxante. Posso retirar-me, meu senhor?" disse Elias, com calma, tentando não exacerbar ainda mais a raiva de Deimon.

"Sim," respondeu Deimon, observando Elias sair do quarto. Ele o acompanhou até a porta e depois voltou à sala, inquieto, andando de um lado para o outro. Os pais de Eliza, por sua vez, estavam apavorados, temendo que aqueles momentos pudessem ser seus últimos. Sabiam como o Rei era conhecido, e só não haviam encontrado seu fim porque Deimon estava respeitando Eliza, mas o limite estava próximo.

Max, tomado pela tristeza, começou a falar com a voz rouca de tanto chorar. "Eu vi seu pai, o Rei, e a Rainha. Eles chegaram tarde, já no final da guerra. Como nós, foram pegos de surpresa... uma emboscada. Por isso, não chegaram a tempo, pois os reinos eram distantes demais, mas ainda assim ajudaram muitas pessoas. Só não o vi lá... mas se tivesse visto, faria de tudo para ajudar os pais dela, não é?" disse Max, sua voz carregada de dor.

Deimon ouviu, mas permaneceu em silêncio, até ordenar que Laura desse um banho em Eliza. "Eliza precisa de um banho. Vá lá, prepare a banheira com as ervas que Elias deixou, e assegure-se de que ela fique por um bom tempo," disse ele.

Laura subiu correndo, respeitando a privacidade de Eliza, mas Deimon não estava tão certo de que Eliza permitiria. Ele ficou atento, usando sua audição aguçada para escutar o que se passava.

Eliza acordou com uma leve dor de cabeça, o corpo pesado e suando muito. Ao ver sua mãe entrando no quarto, sentiu a raiva crescer. "Filh..." começou Laura.

"Filha, nada! Me deixe em paz. Pode chamar o Rei, por favor," interrompeu Eliza, sem esconder a irritação, embora sentisse um leve pesar ao ver a mãe chorar.

"Por favor, só vim para te ajudar a tomar um banho. Foi uma ordem do Rei. Você está com febre e suando muito. É só isso, prometo. Se quer espaço, eu dou. Mas por favor, não nos abandone... nem a mim, nem a seu pai," disse Laura, a voz cheia de medo do que Eliza poderia fazer.

"Ah, agora está com medo? Me poupe desse teatro. Chame ELE!" respondeu Eliza, alterando-se novamente.

Laura, decepcionada e com lágrimas nos olhos, saiu chorando. Deimon, já ciente do que estava acontecendo, se levantou e decidiu intervir. Antes de subir ao quarto, avisou aos pais de Eliza: "Por hoje, já chega. Podem ir descansar. Fiquem tranquilos, eu cuidarei dela. Já lidei com casos semelhantes, e sei como proceder. Não vou deixá-los aqui, para dar a ela um pouco de espaço. Arthur, mande um segurança escoltá-los de volta, e depois você também pode descansar," disse ele seriamente, antes de subir novamente para o quarto de Eliza.

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Comments

Luluzinha

Luluzinha

acho que o irmão dela e o beta do supremo e olha só ela e uma Guardian e aposto que ela está selada pra esconder os seus o úteis lados aposto que ela e a criança da profecia bruxa loba e vampira e com a loba dela adormecida os outros tbm estão e isso pode levar ela a morte

2024-10-04

3

Valda Martins

Valda Martins

Eita que a coisa cai ficar feia

2024-10-01

0

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