A TRANSFORMAÇÃO

Eliza não sabia por que seus pensamentos insistiam em voltar para Demon, mas foi tirada desse devaneio por uma voz profunda e alegre que ecoou pelo local, invadindo seus sentidos:

"Que noite, família! Esta será mais uma daquelas lembranças inesquecíveis, um marco no crescimento do nosso povo, da nossa matilha! Quero dizer que a tão aguardada Lua Vermelha está prestes a começar. Estamos no lugar certo para a transformação! Então, todos os homens e mulheres que vão participar, podem se dirigir às salas designadas para se trocarem. Enquanto isso, terminaremos de preparar tudo por aqui!"

Com essas palavras, todos que iriam se transformar começaram a se mover para as salas indicadas. Eliza, por sua vez, sentiu um nervosismo crescente ao olhar para a lua. Ela estava linda, mas também terrivelmente assustadora, como se algo sobrenatural estivesse acontecendo no céu.

Eliza sentiu que alguém a observava. Ao olhar na direção do olhar, percebeu que era Demon, encarando-a com uma expressão nada amigável. Ela não entendia por que ele estava assim.

"Filha, não fique nervosa. Não há motivo para vergonha, o Gael estará lá com você", disse sua mãe, tentando confortá-la e desviando sua atenção de Demon.

"Isso mesmo! Vamos lá, não vou deixar ninguém te incomodar. Mas precisamos nos apressar ou vamos nos atrasar!", acrescentou Gael, já impaciente. "Além disso, talvez eu aproveite para apreciar alguns tanquinhos por aí. Vamos logo!", brincou ele, fazendo Eliza rir.

"Vá com ele, você sabe como o Gael é, querida", disse Miria com um sorriso.

"Tá bom, vamos Gael. Me espera na porta?", respondeu Eliza.

Os dois seguiram para as salas de preparação separadas. Gael entrou na sala dos homens e ela na das mulheres. Havia várias mulheres ali, algumas já de roupas íntimas, outras vestindo o tradicional vestido branco apropriado para a transformação.

Eliza esperou um bom tempo até que o banheiro ficasse livre. Assim que pôde, pegou seu vestido, trocou-se rapidamente e saiu. A essa altura, restavam poucas mulheres na sala, pois a maioria já havia seguido para o local da cerimônia.

Ao sair, ela encontrou Gael sentado na grama, claramente impaciente.

"Finalmente! Achei que você tinha ido costurar o próprio vestido", disse ele com um tom brincalhão.

"Ah, para com isso! Tive que esperar as outras meninas saírem do banheiro. Agora vamos!", respondeu Eliza, ainda rindo.

Os dois foram em direção ao local onde suas mães estavam, deixando as roupas anteriores com elas. Eliza sentia o nervosismo aumentar ao ver todos concentrados e aguardando o início da cerimônia, cada família apoiando seus filhos naquele momento especial.

Depois de um tempo, tudo estava pronto. Eliza já sentia seu corpo formigar, e percebia que a transformação estava começando. Todos ao seu redor pareciam sentir o mesmo, inquietos com a sensação crescente em seus corpos.

"A transformação já está acontecendo, eu posso sentir," anunciou o Rei, sua voz firme e cheia de autoridade. "Quero que vocês deixem o lobo sair por conta própria. Não tentem segurar, porque isso só vai piorar a dor. Pensem em algo valioso para vocês isso me ajudou, mas não sei como será para cada um de vocês. Agora, podem tirar as roupas. Se as mulheres quiserem ficar vestidas, podem, mas isso pode tornar tudo mais difícil. E lembrem-se: apenas deixem sair."

O Rei observava atentamente cada um, avaliando como estavam lidando com o início da transformação. Quando seus olhos pousaram em Eliza, que começava a tirar o vestido, algo dentro dele se agitou. Ele ficou paralisado por um momento ao vê-la. Antes, ela era magrinha, com poucas curvas, mas agora... agora ela tinha se transformado. Seus seios eram médios, suas coxas e quadris bem definidos, a barriga firme e esculpida. Ela estava linda e poderosa.

"Ei, cuidado para não babar, meu Rei," brincou Pedro, seu amigo, percebendo a reação de Demon. Pela primeira vez, Demon sentiu um ciúme que queimava, seus olhos fixos em Eliza enquanto ela ficava vermelha de vergonha ao perceber o olhar intenso dele.

De repente, uma dor lancinante atravessou a coluna de Eliza, fazendo-a se agachar no chão. Cada nervo do seu corpo parecia pegar fogo. "Fica calma... deixe acontecer, por mais que doa, é melhor do que tentar segurar," uma voz soou em sua mente, e ela sabia de quem era.

Os gritos de dor começaram a ecoar ao seu redor, cada pessoa sofrendo sua própria transformação. Eliza tentava se concentrar, seus olhos fixos em Demon, que não desviava o olhar dela, embora estivesse ajudando os outros mentalmente.

A dor aumentava, se espalhando como uma onda implacável pelo seu corpo. Eliza sentia seus ossos se quebrando, se moldando de maneira dolorosa e assustadora. Ao seu lado, Gael gemia de dor, lágrimas escorrendo pelo rosto. "Que dor infernal é essa?" ele choramingou, o desespero evidente em sua voz. Mesmo em meio ao sofrimento, Eliza quase riu da situação, mas a dor era intensa demais para permitir qualquer outra emoção.

Seu corpo começou a mudar rapidamente. Pêlos grossos e brancos começaram a brotar, rasgando a pele enquanto sua forma humana se desintegrava. "Aguenta firme, minha flor," sussurrou a voz em sua mente novamente, justo quando uma dor esmagadora atravessou seu abdômen, completando a transformação

Eliza soltou um uivo alto e prolongado, uma expressão de sua agonia e libertação. "Aaaaahhhh, Deusa!" O uivo foi tão poderoso que ecoou por toda a área, chamando a atenção de todos. Demon, que observava a cena, ficou impressionado com o que via. A loba de Eliza era magnífica grande, com pêlos brancos e brilhantes, do tamanho de um lobo alfa. Uma força da natureza.

Assim que a transformação terminou, os lobos começaram a sair em disparada pela mata, ansiosos pela sua primeira caçada. Gael, agora um lobo de pêlos marrons claros e olhos verdes, correu alegremente, explorando o terreno com entusiasmo. Eliza, sem perder tempo, partiu para a floresta, mas logo se desviou para a cachoeira, sentindo a necessidade de estar sozinha por um momento.

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