O caminho das sombras.

O sol estava alto no céu, sua luz dourada filtrava através de nuvens dispersas que deixavam o dia claro e ameno. Apesar do sol, o vento frio soprava de forma constante, criando uma sensação refrescante no ar e balançando as folhas das árvores ao longo da estrada. Era por volta das 11 horas da manhã. A temperatura era agradável, mas o vento tinha um toque gelado que lembrava a chegada do outono.

Erus estava montado em um cavalo robusto e negro, cuja pelagem brilhava com um leve tom azulado sob a luz do sol. Ele usava um manto de viagem escuro, com bordados discretos que exibiam o emblema de Norton. A capa, resistente e adaptada para a jornada, tinha um capuz puxado para trás, revelando o rosto de Erus, agora parcialmente escondido pela sombra do capuz.

Por baixo do manto, Erus vestia uma armadura de couro escuro, ajustada para oferecer proteção sem sacrificar a mobilidade. A armadura era reforçada com placas de metal leves, estrategicamente posicionadas para proteger os pontos vitais sem ser excessivamente pesada. As placas tinham marcas de batalhas passadas e um acabamento que, embora gasto, ainda exibia o símbolo de Norton gravado com precisão.

A estrada à frente era composta por pequenas pedras e poeira, serpenteando entre campos abertos e pequenas vilas. Erus passava por essas vilas, cada qual apresentando uma paisagem que, embora aparentemente tranquila, carregava uma sensação de desolação.

Erus chegou a uma pequena vila conhecida como São Lúcio. A vila era composta por algumas casas simples e uma pequena taverna com um telhado de palha e paredes de madeira envelhecida. A praça central era iluminada pela luz do sol, e alguns habitantes, com expressões cansadas, moviam-se lentamente, como se a vida ali fosse marcada pela repetição e pela dificuldade.

Ele desmontou e entrou na taverna, sentindo o aroma de pão fresco e carne assada misturar-se com o cheiro de madeira queimada. O ambiente era rústico, com mesas de madeira bruta e cadeiras igualmente simples. Uma lareira estava acesa em um canto, mas o calor da lareira era um alívio menor, dado o clima agradável do dia.

O taverneiro, um homem de meia-idade, com cabelos grisalhos e uma barba por fazer, levantou os olhos ao ouvir a porta se abrir. Quando viu Erus, sua expressão mudou para uma de surpresa e respeito. Reconhecendo a presença do rei, ele deu um sorriso preocupado.

— Bem-vindo à minha taverna, majestade _Disse o taverneiro, mantendo uma voz carregada de reverência. — Não esperava ver um rei por aqui. O que posso oferecer-lhe?

Erus, consciente do impacto de sua presença, respondeu com um tom que buscava manter a simplicidade e a cordialidade.

— Uma refeição simples e um pouco de água, por favor. Também gostaria de saber mais sobre as condições das vilas ao longo do caminho.

O taverneiro fez um gesto para que Erus se acomodasse e chamou uma jovem garçonete para preparar o pedido. Ele se aproximou novamente, a expressão de preocupação visível em seu rosto.

— Estamos passando por tempos difíceis, majestade. Alguns moradores comentaram sobre eventos estranhos nas proximidades _Disse o taverneiro em voz baixa, inclinando-se um pouco. — Há rumores de algo sombrio se aproximando.

Erus ouviu atentamente, seus olhos refletindo um brilho de interesse.

— Agradeço pela informação. Vou me certificar de estar atento. _Ele olhou para a garçonete, que rapidamente trouxe o pão fresco, queijo e carne curada. — Há mais alguma coisa que eu deva saber sobre essas estranhas ocorrências?

O taverneiro hesitou antes de responder.

— Dizem que há criaturas nas florestas ao leste. Nunca se ouviu falar delas antes, mas parecem ter surgido recentemente. O povo está assustado.

Erus inclinou a cabeça em sinal de compreensão.

— Agradeço pela advertência. Estarei cauteloso.

Enquanto Erus se preparava para sair, a jovem garçonete, de cabelos castanhos e olhos curiosos, se aproximou hesitante.

— Senhor, você é o rei Erus, não é? _Perguntou ela, olhando para a armadura de couro que ele usava.

Erus sorriu gentilmente e confirmou com um gesto afirmativo.

— Sim, sou eu. Por que pergunta?

Ela hesitou, mas continuou.

— Apenas queria desejar-lhe boa sorte. Algo me diz que você vai precisar. Cuidado com o que há além da floresta.

Erus agradeceu e, com um último olhar para a vila, montou novamente em seu cavalo. Ele seguiu pela estrada, a sensação de algo sinistro crescendo à medida que se aproximava da floresta.

A estrada começava a subir, e as paisagens ao redor mudavam gradualmente. As árvores se tornavam mais esparsas, dando lugar a terrenos rochosos e declives acentuados. A floresta ao leste se estendia diante de Erus como uma massa de sombras, com as árvores altas e densas criando um manto escuro sobre o chão.

Enquanto avançava, o vento parecia ganhar uma intensidade sinistra, sussurrando através das folhas e criando um ambiente de inquietação. O sol se filtrava pelas copas das árvores, projetando sombras que pareciam se mover de maneira própria. Erus manteve-se alerta, o sentimento de que algo estava por vir se intensificando.

Ao deixar São Lúcio para trás, Erus sabia que estava cruzando a fronteira de seu reino, Norton. As terras à frente eram desconhecidas e traiçoeiras, pertencentes a reinos vizinhos ou a territórios selvagens, onde a influência de Norton já não alcançava. O céu estava limpo, mas as nuvens esparsas começavam a se acumular, sugerindo uma mudança iminente na atmosfera. A estrada se tornava cada vez mais estreita, e o som das folhas sendo esmagadas sob os cascos do cavalo era o único som que se destacava no silêncio opressor da floresta.

Erus sabia que a verdadeira prova estava por vir. A floresta escura à frente era um lembrete constante de que sua missão não seria simples. O que quer que estivesse ameaçando Elidor, ele enfrentaria com coragem e determinação. A segurança de seu amigo e de seus próprios reinos estava em jogo, e ele estava decidido a enfrentar o que viesse pela frente com firmeza e dignidade.

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