Quando o corcel finalmente saiu da floresta, a luz suave do amanhecer iluminou a pequena vila que se formava à frente. O contraste com a escuridão da floresta era quase surreal, e a calma do local parecia um alívio bem-vindo. A vila, com suas casas de madeira simples e jardins bem cuidados, começava a despertar com o som dos pássaros cantando e o aroma fresco do mato.
À medida que o cavalo se aproximava do centro da vila, os moradores começaram a notar que havia um corpo completamente inconsciente sobre a sela. As primeiras reações foram de espanto e curiosidade. Um grupo de crianças correu até a cerca de uma pequena praça, inclinando suas cabeças para ver o que estava acontecendo.
— Olhem só isso! _Gritou uma mulher de olhos arregalados de surpresa. — Quem é esse? Está desmaiado? Ele está todo sujo, mas suas vestes se assemelham às de alguém nobre... Ele desmaiou?
Os moradores começaram a se reunir em torno do corcel e a agitação só crescia. Um homem idoso, com uma barba grisalha e um olhar experiente, se aproximou e observou Erus com uma expressão de desconfiança. Ele balançou a cabeça lentamente, murmurando para um jovem ao seu lado:
— Este só bebeu demais. Olhe para ele, não tem um arranhão. De onde será que ele veio?
Outro homem, de semblante mais jovem e rosto curioso, chegou mais perto e com os olhos, examinou Erus com mais atenção. Ele se inclinou e tentou verificar se havia algum ferimento, mas encontrou apenas roupas sujas e amassadas, seguidas de uma postura desleixada do guerreiro.
— É estranho... Se ele estivesse bêbado, esperaria ver mais sinais de luta. Talvez ele tenha passado por algo... diferente. E cadê sua arma? Um guerreiro sem arma em tempos como esse? deve ter perdido ela.
A mulher que havia falado antes se aproximou, franzindo a testa.
— Talvez tenha caído da sela e desmaiado de cansaço. É raro ver um guerreiro dessa forma.
Enquanto isso, um homem de meia-idade, vestido com roupas simples, mas de boa qualidade, se aproximou. Seus olhos se arregalaram ao ver Erus.
— Espere um momento... _Ditou ele com uma expressão pasma. — Esse é o Rei Erus de Norton!!
A notícia se espalhou rapidamente e as caras de surpresa e choque se tornaram mais intensas. A mulher idosa, preocupada, observou Erus com um olhar de empatia.
— Então é verdade... Não é qualquer guerreiro. O que aconteceu com ele?
Enquanto o homem tentava identificar a situação, os moradores continuaram suas especulações. A falta de ferimentos visíveis e a aparência exausta de Erus tornavam a situação ainda mais misteriosa. O homem, agora ciente da identidade de Erus, deu ordens para que ele fosse levado com cuidado para um lugar mais seguro na vila, onde pudesse ser tratado, assim como o corcel, que já estava com fome e sede.
Enquanto o cavalo era guiado pela população até o centro da vila, onde receberia água e comida, Erus também foi ajudado, sendo colocado deitado em cima de uma carrocinha, para ser levado e receber cuidados. Ainda assim, permanecia inconsciente, e a batalha que havia travado na floresta persistia como uma memória tormentosa em sua mente, sem qualquer reflexo físico visível.
Erus, ainda perdido, estava imerso em grandes pensamentos e memórias fragmentadas. Sentia uma dor persistente, não no corpo, mas em sua mente. As lembranças da batalha na floresta, com a criatura encapuzada e os ataques implacáveis, estavam borradas e distantes, como ecos de um pesadelo. Em sua mente, as imagens da luta se misturavam com a sensação de alívio e cansaço, criando um emaranhado confuso de emoções.
— Onde... estou? _Murmurou ele inconscientemente, a voz um sussurro fraco antes de afundar de volta na escuridão do desmaio.
— Descanse, já estamos chegando à curandeira _Disse um morador da vila. Com a identidade de Erus revelada, o ambiente da vila ganhou um novo tom de urgência e preocupação. A tranquilidade do local parecia um alívio irônico para o guerreiro, que estava apenas começando a despertar para a realidade de sua luta interna.
— A-Árias... Aaa... a... Ari... Heli... us... Harl... har... leus... _Balbuciou o rei, completamente abobado.
— Ei... Acho que ele está dizendo algumas coisas. Será que é para nós? _Comentou um morador da vila com outro, enquanto levavam Erus na carrocinha.
— Ignore... Vamos rápido, ele pode estar passando mal, vamos logo até a curandeira! _Os passos se apressaram, e logo a casa da curandeira já estava à vista.
Quando Erus finalmente chegou à pequena casa da curandeira, os aldeões o deitaram com cuidado em uma cama de madeira simples, coberta com peles de animais. A curandeira, uma mulher de cabelos grisalhos e olhar atento, aproximou-se rapidamente. Ela observou o estado do rei com um olhar concentrado, passando suas mãos calejadas pelos braços e rosto dele, verificando sinais de febre ou ferimentos ocultos.
— Ele está exausto, mas sem machucados físicos. Isso é estranho, dado o seu estado.... Vou preparar uma mistura de ervas para acalmá-lo e ajudá-lo a despertar _Disse a curandeira, voltando-se para uma prateleira cheia de frascos e plantas secas penduradas.
Enquanto ela preparava a mistura, um dos aldeões que havia ajudado a trazer Erus se aproximou, curioso.
— Ele estava murmurando nomes... Árias, Helius, Harleus... _Disse um dos aldeões.
A curandeira parou por um momento, antes de continuar a misturar as ervas.
— Esses nomes são de sua família. Rainha Árias e seus dois filhos. Eu os conheço muito bem.... mesmo que eles não saibam _Disse ela, agora mais preocupada. — Esse estado em que ele está... não é cansaço físico. Há algo perturbando sua mente. Uma sombra o segue. Ele está preso em uma batalha interna, e isso pode ser mais perigoso do que qualquer ferimento físico.
Ela terminou de misturar as ervas e fez um chá fumegante, colocando a caneca ao lado da cama de Erus. Um vapor forte e perfumado subia do líquido verde-escuro.
— Quando ele acordar, isso o ajudará a clarear a mente, mas o resto... dependerá dele.
Erus se mexeu na cama, os olhos ainda fechados mas o rosto revelava sinais de angústia. As memórias da batalha na floresta voltavam a atormentá-lo. Ele via novamente o encapuzado que havia enfrentado, seus rosnados ecoando em sua mente. E, ao fundo havia outra figura encapuzada, com uma aparência humana, cuja voz calma fazia promessas de destruição e visões de caos.
— Você não pode fugir de seu destino, Erus... _A voz do encapuzado ressoava em sua cabeça enquanto imagens de destruição surgiam. O cenário em sua mente mudou para Norton onde chamas consumiam o reino, enquanto a figura sombria desaparecia nas sombras.
De repente, Erus abriu os olhos, seu corpo era rígido como se estivesse pronto para uma batalha. Seus olhos vasculharam a sala até encontrarem a curandeira.
— Onde estou? _Perguntou ele, a voz rouca, mas firme. Ele estava completamente assustado e todo molhado de suor.
— Está em segurança, na vila de Harlindon, reino de Garte. Seu cavalo o trouxe até aqui desacordado. _Respondeu a curandeira calmamente, aproximando-se com a caneca de chá. — Beba isto. Vai ajudar.
Erus hesitou, mas o cheiro da infusão era reconfortante. Ele tomou um gole e sentiu o calor do líquido acalmar sua garganta e aos poucos, sua mente.
— Uma fera... Encapuzada... E outro ser também encapuzado... _Murmurou. — A fera... ela me seguiu até a floresta. Eu lutei com ela, mas algo não está certo. Mesmo tendo-a matado... sinto que ainda está por perto.
A curandeira assentiu, como se já esperasse por algo assim.
— A batalha que você trava não é apenas contra inimigos visíveis. Há forças antigas neste mundo, forças que não podem ser enfrentadas apenas com espadas. O que quer que tenha o assombrado, está tentando invadir sua mente.
Erus se levantou lentamente, os músculos ainda doloridos mas sua determinação intacta.
— Preciso continuar minha jornada para o leste... meu amigo... _Sua voz tremeu brevemente ao lembrar da visão de Norton em chamas, e de seus filhos e sua esposa.
A curandeira colocou uma mão gentil no ombro dele.
— Você está fraco agora, mas não por muito tempo. Descanse um pouco mais e logo poderá partir. Vou preparar algo para sua viagem. E não se preocupe, seu reino está bem. A sombra que está em Elidor ainda não alcançou seu reino... mas você deve estar pronto quando isso acontecer.
Erus olhou para ela, confuso sobre como ela sabia de seus pensamentos sobre Norton. Porém logo fechou os olhos por um momento e assentiu em silêncio. Sabia que sua luta estava longe de acabar, e no fundo sentia que o encapuzado ainda o esperava, escondido nas sombras, pronto para atacá-lo novamente.
Agora que ele já estava mais consciente, olhou ao redor da sala e percebeu algo perturbador. Seu olhar imediatamente procurou pela espada, seu símbolo de autoridade e defesa, e se deu conta de que não a tinha.
— Onde está minha espada?!!? _Perguntou com a voz rouca e ansiosa.
A curandeira se virou, surpresa com a pergunta, e começou a procurar ao redor da sala.
— Não há sinal de sua espada aqui. Na verdade, você chegou sem arma alguma. _Ela respondeu, observando a expressão de preocupação no rosto de Erus.
O rei sentiu uma onda de ansiedade. A perda da espada o fazia sentir-se vulnerável, e a lembrança da batalha na floresta o assombrava. Ele olhou para a curandeira tentando entender como isso poderia ter acontecido.
— Não é possível... _Murmurou, tentando focar seus pensamentos. — Árias... Helius... Harleus... Orius..
A curandeira se aproximou, passando uma mão reconfortante sobre o ombro de Erus.
— Seu estado mental é grave, Erus. Algo o perturbou profundamente, além da perda de sua espada. Pode ter sido um ataque mais psicológico do que físico. É vital que você se recupere bem para enfrentar o que está por vir.
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Atualizado até capítulo 34
Comments
O GRANDE ESCRITOR
Nós acompanhando a história até agora, depois de ler esse capítulo dá até uma dor, já sabemos que vem bomba
2024-09-13
1
O GRANDE ESCRITOR
Papo 10, aura +10000 mn, capítulo arrepiante p crl! Então é agora que as coisas ficam mais empolgantes? kkkkk crianças.... Saiam da sala! 👏🤫🤫🤫🤫
2024-09-13
1
igor minecraft
a curandara e alguma bruxa?
2024-09-10
1