O peso do coração real

O sol da manhã lançava raios dourados sobre o campo de treino, Helius estava no centro do campo, suando e esforçando-se para seguir as instruções de Reginald. Apesar do cansaço, a determinação em seus olhos era evidente.

Reginald: — Muito bem, Helius. Mantenha a postura ereta e respire fundo. Concentre-se nos alvos à sua frente.

Helius: — Sim, senhor Reginald! — Respondeu Helius, os músculos dos braços tremendo enquanto ele se concentrava em manter a posição correta.

O campo de treino era cercado por árvores altas, cujas folhas sussurravam suavemente ao vento. O canto dos pássaros misturava-se com o som distante do riacho, criando uma sinfonia natural que envolvia o jovem príncipe.

Reginald observou Helius com um olhar avaliador. Ele via o potencial do garoto, mas também notava a exaustão que começava a pesar em seus ombros.

Nesse momento, Erus aproximou-se do campo de treino. Reginald notou sua presença e foi ao encontro do rei, saudando-o respeitosamente.

Reginald: — Majestade, Helius está progredindo bem. No entanto, ele está começando a mostrar sinais de cansaço.

Erus: — Obrigado, Reginald. Eu também observei isso. O equilíbrio é importante, e eu gostaria de levá-lo para um treino diferente hoje. Acho que isso vai ajudá-lo a encontrar uma nova perspectiva.

Reginald assentiu, compreendendo a intenção de Erus.

Reginald: — Claro, majestade. Vou avisá-lo.

Erus caminhou até Helius, enquanto Reginald observava de longe.

Erus: — Helius, acho que isso é suficiente por hoje.

Helius virou-se para encontrar o pai se aproximando. Erus tinha uma expressão tranquila e acolhedora, os olhos brilhando com um misto de orgulho e compreensão.

Helius: — Mas, pai, ainda não terminei... — Protestou, tentando esconder o cansaço que já pesava em seus membros.

Erus: — Sei que você quer se esforçar, filho, mas o equilíbrio é essencial. É importante saber quando parar e recuperar as forças. — Erus colocou a mão no ombro de Helius com um sorriso compreensivo. — Vamos, você merece um descanso. Depois de se limpar e comer algo, quero levá-lo a um lugar especial.

Helius, curioso, concordou com um aceno, embora ainda relutante. Após uma breve pausa para se refrescar e mudar de roupa, ele encontrou Erus esperando por ele na entrada do castelo.

Erus: — Hoje vou levá-lo para uma experiência que aprendi com uma rainha chamada Moriele: a arte da caça. É mais do que apenas uma habilidade; é um momento de reflexão e conexão com a natureza.

Os dois cavalgaram em direção à floresta, o caminho era ladeado por árvores antigas cujos troncos robustos contavam histórias de séculos passados. A luz do sol filtrava-se através das copas, criando um padrão de sombras e luz no chão, enquanto o som dos cascos do cavalo ecoava suavemente entre as árvores.

Erus trouxe dois arcos e algumas flechas, entregando um conjunto para Helius enquanto desmontavam do cavalo.

Erus: — A caça não é apenas sobre a captura. É sobre paciência, silêncio e respeito pela natureza. A rainha Moriele sempre dizia que devemos nos tornar parte da floresta, não seus invasores.

Helius: — Vou me lembrar disso, pai. — Disse, segurando o arco com cuidado, tentando imitar a postura firme do pai.

Erus observou Helius, ajustando a posição do arco nas mãos do filho, e começou a lhe dar instruções detalhadas.

Erus: — Primeiro, posicione a flecha com cuidado no restilho do arco. É importante que você a mantenha alinhada. Veja como a minha flecha está bem equilibrada? — Erus mostrou o movimento com destreza. — Agora, puxe a corda até o queixo, mantendo a postura reta e o olhar fixo no alvo.

Helius tentou seguir as instruções do pai, mas a corda do arco estava um pouco difícil de segurar para ele. Erus ajustou a posição das mãos de Helius, oferecendo suporte e encorajamento.

Erus: — Isso mesmo, Helius. Mantenha a tensão, respire fundo e foque no alvo. Lembre-se de que a precisão vem com prática.

Helius concentrou-se, tentando seguir os conselhos do pai. Após algumas tentativas e ajustes, Helius conseguiu acertar o alvo com uma precisão crescente. Erus ficou ao seu lado, corrigindo sua postura e dando dicas sobre a técnica de disparo.

Erus: — Muito bem, Helius. Agora, vamos testar suas habilidades na prática. A caça é a melhor forma de entender como aplicar o que aprendeu.

Enquanto caminhavam pela floresta, o ar fresco era preenchido com o cheiro da terra úmida e das folhas. Pequenos raios de sol iluminavam as flores silvestres que brotavam pelo caminho, e o som distante de um riacho trazia uma sensação de tranquilidade.

Erus aproveitou o momento para abordar um assunto delicado.

Erus: — Sobre a noite passada, Helius... Eu quero pedir desculpas. Sei que fui duro com você. Entendo que sua visão de paz é completamente diferente da minha, e isso é algo que preciso aprender a aceitar.

Helius hesitou por um momento, absorvendo as palavras do pai, antes de responder com honestidade.

Helius: — Eu só quero encontrar um caminho onde a paz seja mais do que uma ideia, pai. Não quero que Harleus e eu sejamos forçados a lutar as mesmas batalhas que vocês tiveram que enfrentar.

Erus assentiu, admirando a maturidade precoce do filho.

Erus: — É um desejo nobre, meu filho.

Eles continuaram a caminhar em silêncio, até avistarem um cervo à distância. O animal estava parado em uma clareira, seus olhos atentos, mas serenos. Erus ajustou a posição do arco nas mãos de Helius e falou:

Erus: — Lembre-se, Helius, é a conexão com a natureza que guia nossa mão. Confie em si mesmo.

Helius respirou fundo, concentrando-se no alvo. A clareira estava envolta em um silêncio quase sagrado, quebrado apenas pelo suave farfalhar das folhas ao vento. Ele soltou a flecha, que voou pelo ar, atingindo o cervo com precisão. O sucesso fez Helius sorrir, enquanto Erus assentia com aprovação.

Erus: — Excelente trabalho, Helius! Você deve ser um prodígio mesmo, no treino e agora na caça. _Diz Erus, enquanto fica rindo de orgulho.

Helius: — Obrigado, pai. — Respondeu Helius, sentindo-se mais confiante e conectado com o mundo ao seu redor.

Os dois passaram mais algum tempo na floresta, conversando e compartilhando histórias. A tensão da noite anterior parecia ter se dissipado, substituída por uma nova compreensão e respeito mútuo. O ambiente ao redor era um lembrete da beleza e da serenidade que a natureza podia oferecer, um contraponto à intensidade do campo de treino.

Horas antes desse dia esclarecedor, Erus procurou se resolver com Àrias, sua esposa, mãe de seus dois filhos e rainha de Norton.

Erus havia acordado antes de Àrias, saiu bem cedo e já montou em seu cavalo cavalgando até um pomar que ele conhecia, era uma àrea sem dono que havia belas frutas plantadas ao redor. Ele foi ate um pé de maçãs onde colheu as mais belas, colocando-as em uma bolsa que havia levado. Àrias gostava muito de maçãs, então o mesmo decidiu iniciar seu pedido de desculpas com algo que ela gosta. Chegando no castelo, ele desceu até a cozinha real e solicitou aos criados que ele mesmo levasse o café da manhã até a mesa. Ele organizou tudo de forma simples tal qual os dois faziam antes de se tornarem reis. Após deixar a mesa farta, aguardou ansiosamente por sua esposa.

Depois de alguns minutos, Àrias desce as escadas e já se depara com a mesa posta e Erus em seu lugar.

Erus: — Bom dia.

O mesmo se levantou e então puxou a cadeira para Àrias sentar, a mesma se senta e então esboça um sorriso. — Bom dia, acordou mais cedo hoje?

Erus: — Sim, colhi maçãs para você.

Àrias: — Você foi colher as maçãs só pra mim?

_A rainha sorriu, pegando uma maçã e então provando a mesma.

Àrias: — Escolheu bem, estão ótimas.

Erus: — Fico feliz que tenha gostado, na verdade o que fiz não é nada comparado a quantas vezes fez alegrias por mim... Veja só, criamos este reino, e você me agraciou com dois lindos filhos, sou eu quem preciso agradecer.

_Àrias colocou sua mão por cima da de Erus, segurando-a

Àrias: — Nã-....

Erus continuou sua fala antes de deixar Àrias iniciar a dela: — Agradecer e me desculpar. Ultimamente tenho pensado demais no futuro de nosso reino e acabei me esquecendo que vocês também são parte do meu futuro... Você, as crianças... A forma o qual te tratei, não é digno de homem, não é digno de um rei, perdoe-me por agir daquela maneira, talvez tenho deixado minha raiva falar mais alto que minha lucidez... Não repetirei mais tal ato. Nossa família é o que importa.

Àrias se sentiu muito feliz ao ouvir tais palavras saindo da boca de Erus, aquilo era tudo o que precisava para retirar o clima péssimo da noite anterior, ela sorriu e aceitou as desculpas sinceras de seu amado, então os dois fizeram as pazes, e iniciaram seu café da manhã juntos. Algumas horas depois do café, Erus saiu novamente, mas desta vez foi até seu filho Helius, o rei estava decidido em reparar alguns erros e deslizes, ele ainda quer defender seu reino e continuará fazendo isso, mas ele entendia mais do que nunca que sua família era sua maior fortaleza, e no fundo de seu coração, era o único reino o qual ele não podia perder.

Após todos os eventos conturbados, Erus decidiu fazer algo que já não fazia a muito tempo: caminhar sozinho.

Depois que se tornou rei e as responsabilidades vieram ao seu lado, ele quase não conseguiu mais respirar sem o peso de ser quem ele era.

Em um campo não muito longe do reino, Erus se encontrava caminhando tranquilamente enquanto aproveita o que a natureza oferecia de melhor.

Erus: — Ahh... A quanto tempo eu não aproveito a natureza dessa forma? Eu precisava disso.

_O Rei continuou caminhando, após alguns passos ele retirou uma peça de sua vestimenta real, ficando apenas com uma camisa de tecido fino cor branca, o clima estava um pouco quente e as vestimentas não estavam ajudando nem um pouco.

— Unf... Que saudade de usar nada mais que apenas uma camiseta e calças...

Erus era um homem humilde apesar de tudo o que construiu, ele apenas era rude pois precisava para manter a ordem, mas no fundo, ainda era o mesmo cara de anos atrás, com sonhos e metas.

Após caminhar muito, encontrou uma pequena caída d'água entre as pedras, onde se sentou e ficou a admirar, pegando a água com as mãos e molhando seus braços, rosto, cabelos e até mesmo matando sua sede.

~ Argh, preciso descansar um pouco... Havia um tempo em que eu poderia atravessar tudo isso aqui... Estou ficando velho ~

_Sorriu, enquanto era abençoado pela bela vista da natureza em sua volta.

~ Preciso trazer meus filhos aqui, Helius e Harleus iriam gostar dessa vista... Quem sabe eu não os ensino a pescar, tal qual meu pai me ensinou... ~

Erus estava cheio de pensamentos, devaneios e ideias, estava tranquilo e organizando sua mente num lugar belo e calmo.

Como era uma floresta, havia grandes árvores e mata densa, por isso uma estranha figura estava o observando, um homem para ser mais exato, um homem com capuz que fazia sombra em seu rosto, assim não dando para ver qual era sua aparência.

~ Então esse é o rei... Sozinho? Sem guardas? Interessante... ~ _Ditou o tal indivíduo.

Ele ficou a observar o rei por muito tempo, provavelmente estava seguindo ele desde o início. E Erus, como estava distraído e relaxado, nem notou a presença de ninguém ali.

Erus: — Acho que está na hora de retornar ao reino, minha próxima volta aqui será com as crianças.

_O Rei se levantou e então fez o trajeto de volta, já estava descansado o suficiente para retornar à Norton e assim o fez, com passos tranquilos e mente limpa.

O tal homem permaneceu onde estava, o observando ir embora.

~ Infelizmente eu não poderia lidar com você aqui e agora Erus, aproveita essa paz momentânea... ~ _O indivíduo gargalhou após ditar tais palavras infelizes.

Logo ele parou de gargalhar e então voltou seu olhar a Erus, com um olhar sombrio que tomou conta de seu rosto.

— Um dia você irá cair... _Suas palavras

eram carregadas de rancor, e sua voz tremia levemente de raiva contida.

— Não só você, mas sua esposa, filhos e então por último... Seu Deus! _Ele rosnou, como se cada palavra fosse uma maldição fervendo dentro dele.

Após isso, a estranha figura desapareceu sobre a floresta densa. Parecia que estava ali apenas para averiguar e estudar a situação para executar um plano muito maior que está por vir... Norton se encontra sob ameaças, mas a pior de todas, ameaças silenciosas. Será esse o início do fim definitivo da paz no Reino de Norton?

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Comments

o_shelbyy

o_shelbyy

so eu ki fiquei triste? sla parec ki ele meio ki tá preso na vida de rei ksks

2024-08-08

1

o_shelbyy

o_shelbyy

meu mano voce sabe desenhar? sempre quis saber como é os personagens /Facepalm/

2024-08-08

1

o_shelbyy

o_shelbyy

demorei mais cheguei

2024-08-08

1

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