Nas trilhas da grandeza.

Já se passaram três anos que a guerra entre Eskarmif e Norton tinha chegado ao fim, deixando um rastro de destruição e perdas. O corredor do castelo ainda tinha lembranças do massacre que o cavaleiro mascarado causou aos guardas que tentaram o impedir em Norton. No grande salão do castelo o Rei Erus observava os conselheiros e oficiais de guerra. Entre eles Reginald, o guerreiro mais leal de Norton, mantinha uma postura firme mas seu olhar revelava a exaustão de semanas de missões em reinos aliados.

—Meus amigos _começou Erus.

—Já se passaram três anos, mas nossa vitória sobre Eskarmif não foi sem custo. Perdemos bons homens, e as cicatrizes desta guerra permanecerão conosco por muito mais tempo.

—E irão vir mais guerras por aí, afinal é assim que esse mundo funciona.

Os conselheiros ficaram em silêncio, cada um deles consciente do peso das palavras do rei.

—Por isso, precisamos reconstruir não apenas nosso reino, mas também preparar a próxima geração para proteger o que conquistamos. É hora de Helius e Harleus começarem seu treinamento _continuou Erus, olhando para os filhos que estavam ao seu lado. Helius, com seus olhos castanhos brilhando de curiosidade e determinação, deu um passo à frente. Harleus, mais contemplativo, manteve-se ligeiramente atrás, observando com atenção.

—Reginald, quero que você treine Helius _disse Erus, voltando-se para o guerreiro.

— Ele precisa aprender a ser forte, sábio e acima de tudo leal. Não há ninguém melhor do que você para ensiná-lo.

Reginald ficou surpreso por um momento, mas logo se recuperou, inclinando a cabeça em um gesto de respeito.

— Será uma honra, meu senhor _respondeu ele.

—Farei o meu melhor para preparar o jovem príncipe.

Erus assentiu, satisfeito com a resposta. Em seguida, voltou-se para Harleus, cujos olhos estavam fixos no pai, esperando ansiosamente pelo que viria a seguir.

—Harleus, você também começará seu treinamento. Escolhi alguém especial para ser seu mestre. _disse Erus, acenando para uma figura que aguardava nas sombras do salão.

Do fundo do salão, uma figura alta e imponente avançou. Era Sir Alden, com seu semblante austero e seus olhos perspicazes revelavam uma mente afiada e um coração valente.

— Sir Alden, confio a você o treinamento de Harleus. Ensine-lhe não apenas a arte da guerra, mas também a arte da estratégia e da liderança. _ordenou Erus, seu tom firme e resoluto. Sir Alden inclinou-se respeitosamente, seus olhos brilhando com determinação.

—Será uma honra, majestade. _ respondeu ele, voltando-se para Harleus com um olhar avaliativo.

—Juntos, faremos de você um líder sábio e estratégico.

Harleus sentiu um misto de alívio e excitação. Após a guerra, ele ficou por um ano observando e sempre admirava Sir Alden por suas habilidades estratégicas e seu comportamento calmo e calculista. Sabia que tinha muito a aprender com o cavaleiro.

~ O Início do Treinamento ~

A luz suave da manhã iluminava os corredores do castelo de Norton. Helius acordou cedo, sentindo uma mistura de excitação e nervosismo pulsando em seu peito. Hoje ele começaria seu treinamento com Reginald, o guerreiro mais temido e respeitado de Norton.

Depois de um rápido café da manhã, Helius vestiu uma túnica leve e prática, adequada para o treinamento. Desceu as escadas apressado, sentindo a ansiedade crescer a cada degrau. Ao chegar ao pátio de treinamento, o sol já estava alto, brilhando no céu azul sem nuvens.

Reginald estava no centro do pátio, sua figura imponente destacando-se contra o cenário. Sua armadura dourada reluzia ao sol, e sua presença emanava uma autoridade. Ao ver Helius, ele acenou com a cabeça.

— Bom dia, jovem príncipe. Está pronto para começar? _disse Reginald.

Helius olhou para Reginald com um olhar determinado e então assentiu com firmeza.

— Pode ter certeza, senhor!

Reginald sorriu levemente e entregou a Helius uma espada de madeira. A arma era leve, mas ainda assim parecia estranha nas mãos do jovem príncipe.

— Vamos começar com o básico. Primeiro, a postura.

Reginald passou a ensinar a Helius a posição correta de combate. O príncipe sentiu o sol aquecer sua pele enquanto ajustava seus pés e quadris conforme as instruções. A espada de madeira parecia estranhamente viva em suas mãos, e cada movimento exigia um esforço consciente.

Reginald: — Mantenha os joelhos flexionados, Helius. E sempre olhe nos olhos do seu oponente

Helius tentou seguir as instruções, mas a nova postura fazia seus músculos doerem. Sentiu o suor começando a escorrer pela testa e pelos braços

Reginald: — Muito bem, agora os golpes básicos

Reginald reproduziu alguns golpes, e Helius imitou os movimentos, sentindo a espada de madeira cortar o ar com cada balanço. Reginald corrigia a postura e técnica do príncipe, ajustando a posição de seus braços e ombros com paciência e precisão.

— Concentre-se, Helius. Cada golpe deve ser preciso e controlado _incentivava Reginald.

Conforme a manhã avançava, Helius começou a se sentir mais confiante. Seus movimentos se tornavam mais fluidos, e ele começava a entender a importância da disciplina e da repetição. A dor nos músculos se transformava em uma sensação de força, como se cada golpe o tornasse um pouco mais forte.

Reginald: — Agora, vamos treinar a defesa. É bom lembrar que um bom guerreiro sabe tanto atacar quanto se defender.

Reginald pegou uma espada de madeira e logo atacou o príncipe com golpes moderados, e Helius teve que bloquear cada um deles. A espada de madeira de Reginald batia contra a de Helius com um som seco, cada impacto fazia seus braços tremerem, mas ele se mantinha firme, tentando antecipar os movimentos do guerreiro.

Reginald: — Muito bem. Você está indo bem. Lembre-se de manter a guarda alta e de nunca subestimar seu oponente. Vamos dar uma pausa.

Helius respirava pesado, mas se sentia orgulhoso. Ele olhou para Reginald, que lhe deu um olhar de aprovação.

Reginald: —É importante não apenas treinar o corpo, mas também descansar e recuperar as energias.

Helius assentiu, grato pela pausa. Sentou-se à sombra de uma árvore e bebeu um pouco de água fresca trazida por um servo. Se hidratava enquanto observava o pátio de treinamento, a presença de Reginald, a estrutura do castelo e a vastidão do céu acima, que enchiam ele de sensação de propósito e determinação.

Após a breve pausa, Reginald chamou Helius de volta ao centro do pátio.

Reginald: — Agora eu quero que você pratique com um parceiro _Acenou para um jovem soldado, o chamando

Reginald: —Este é Gawain. Ele o ajudará a colocar em prática o que aprendeu hoje.

Helius encarou Gawain, um rapaz um pouco mais velho e mais alto que ele. Gawain sorriu e se posicionou com a espada de madeira em mãos.

Gawain: — Vamos lá Helius.... Mostre-me o que aprendeu!

Os dois começaram a lutar e Helius aplicou as técnicas que Reginald havia lhe ensinado. A cada golpe e defesa, sentia-se mais confiante e determinado. Reginald observava atentamente, pronto para intervir se necessário.

Ao fim do dia, Helius estava exausto, mas satisfeito. Sentia os músculos doloridos, mas também uma nova força emergindo. Reginald se aproximou e colocou uma mão firme em seu ombro.

Reginald: —Você fez um bom trabalho hoje Helius. Este é apenas o começo, mas estou confiante de que você se tornará um grande guerreiro.

Helius olhou para Reginald, sentindo um misto de gratidão e orgulho.

Helius: —Obrigado Reginald. Estou pronto para continuar e aprender mais.

Reginald sorriu: —Muito bem. Amanhã começaremos novamente ao amanhecer. Descanse bem, jovem príncipe.

Helius deixou o pátio de treinamento com uma sensação de realização. Enquanto caminhava de volta para seus aposentos, o sol começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e púrpura. Ele sabia que este era apenas o começo de uma jornada longa e árdua, mas sentia-se preparado e determinado a enfrentar qualquer desafio que viesse pela frente.

Enquanto o dia de Helius foi pesado, o de Harleus não foi diferente.

~ De manhã nesse mesmo dia: ~

Após um rápido café da manhã, Harleus vestiu um conjunto de treino resistente, feito de linho grosso e couro, que proporcionava liberdade de movimento sem comprometer a proteção. Desceu as escadas com passos calculados, sentindo a ansiedade crescer a cada degrau. Ao chegar ao pátio de treinamento, o sol já estava alto, brilhando intensamente no céu azul sem nuvens.

Sir Alden estava no centro do pátio, sua figura alta e imponente destacando-se contra o cenário. Seus olhos perspicazes observavam cada detalhe ao seu redor. Ao ver Harleus, ele acenou.

Alden: — Bom dia, príncipe. Está pronto para começar?

Harleus acena com a cabeça indicando positividade.

Harleus: — Sim senhor.

Sir Alden sorriu levemente e começou a instruir Harleus sobre a postura correta de combate. A roupa de treino resistente permitia movimentos ágeis sem restrições excessivas, proporcionando-lhe conforto e proteção durante os exercícios.

O treinamento começou com os fundamentos básicos: postura, equilíbrio e controle do corpo. Harleus ajustou-se à tarefa com determinação, absorvendo cada palavra de Sir Alden como uma lição valiosa. Os primeiros momentos foram dedicados a movimentos simples, como ajustar a posição dos pés e das mãos para garantir estabilidade e eficiência nos ataques e defesas.

Alden: — Mantenha os joelhos flexionados, e sempre olhe nos olhos do seu oponente.

Harleus tentou seguir as instruções à risca, focando intensamente em cada movimento. O esforço físico logo se fez presente; seus músculos não estavam acostumados com os movimentos exigidos pelo treinamento de combate. O traje de treino, embora robusta e projetada para permitir liberdade de movimento, começou a ficar úmida com o suor que escorria pela testa de Harleus.

Alden: — Muito bem. Agora vamos praticar os golpes básicos.

Alden executou alguns golpes de demonstração.

Harleus imitou os movimentos, sentindo o peso da espada de madeira em suas mãos. Cada golpe era executado com concentração, buscando reproduzir a técnica ensinada por Sir Alden. O estrategista corrigia sua postura e técnica com paciência e precisão, garantindo que cada movimento fosse feito com eficiência.

Alden: — Concentre-se na precisão, um bom guerreiro sabe tanto atacar quanto se defender.

À medida que a manhã avançava, Harleus sentia o cansaço começar a pesar, mas o brilho determinado em seus olhos não diminuía. Ele absorvia os ensinamentos de Sir Alden com dedicação, entendendo a importância de cada detalhe no combate. O sol continuava a subir no céu, iluminando o pátio de treino com uma luz dourada e calorosa.

Alden: — Agora vamos treinar a defesa.

Alden pega uma espada de madeira e começa a confrontar Harleus, atacando-o.

Harleus se preparou para receber os ataques moderados de Sir Alden, bloqueando cada investida com a espada de treino. A cada defesa bem-sucedida, sentia uma mistura de alívio e satisfação, sabendo que estava progredindo sob a orientação experiente do estrategista.

Alden: — Muito bem. Você está progredindo. Mantenha a guarda alta e nunca subestime seu oponente.

Ao final da manhã Harleus estava exausto, mas sentia uma sensação de realização que superava qualquer cansaço físico. Ele se permitiu uma breve pausa à sombra de uma árvore próxima, recuperando o fôlego enquanto observava os pássaros voando pelo céu azul.

Alden: — Descanse um pouco. É importante treinar o corpo mas também descansar para recuperar as energias, estou orgulhoso de você.

Harleus se sentiu grato pela pausa e pela orientação paciente de Sir Alden. Sentia-se parte de algo maior, sabendo que estava sendo preparado não apenas para ser um guerreiro, mas um líder estratégico. O sol continuava a subir no céu, enquanto o pátio de treino permanecia imerso em uma atmosfera de concentração e determinação.

Após a breve pausa, Sir Alden chamou Harleus de volta ao centro do pátio.

Alden: — Agora vamos praticar com um parceiro. Este é Hortik, ele o ajudará a colocar em prática o que aprendeu hoje. _Ditou, apresentando um jovem soldado próximo.

Harleus enfrentou Hortik, um jovem experiente, que o desafiava com um sorriso amigável. Os dois se engajaram em um treino controlado, aplicando os movimentos e técnicas aprendidas sob a supervisão de Sir Alden. O som das espadas de treino se chocando ecoava pelo pátio, enquanto Harleus se esforçava para demonstrar seu progresso.

Ao final do dia, Harleus estava fisicamente exausto, mas mentalmente revigorado. Ele sentia os músculos doloridos, mas também uma nova força emergindo dentro de si. Sir Alden se aproximou, colocando uma mão reconfortante em seu ombro.

Alden: — Você fez um excelente trabalho hoje... Este é apenas o começo de sua jornada.

Harleus olhou para Sir Alden com gratidão e determinação renovada.

Harleus: — Obrigado, Sir Alden. Estou pronto para continuar aprendendo e me tornar um líder forte para Norton. Eu fico pensando.. Como será que Helius se saiu em seu treinamento?

Sir Alden sorriu, satisfeito com a resposta do jovem príncipe.

Alden: — Eu tenho certeza que ele se saiu tão bem quanto você. Muito bem, amanhã começaremos novamente ao amanhecer. Descanse.

Harleus observou o pátio de treinamento, o sol começando a se pôr no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e púrpura. Ele sabia que o caminho à frente seria desafiador, mas estava determinado a enfrentar cada obstáculo com coragem e sabedoria.

O som suave do vento nas árvores e o distante murmúrio do rio próximo eram um lembrete de que, aquela infância genuína nos jardins de Norton, estava acabando.

E então... Helius e Harleus, com seus nove anos, estavam entendendo os seus destinos. Na era dos Deuses ainda não existe a paz, existe apenas as momentâneas, mas essas são as piores.

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