19. FLORES

Ao abrir os olhos, Julian se sentou olhando pela fresta da porta, no novo dia. Se espreguiçou e seu olhar caiu no homem deitado ao seu lado.

Isso só pode ser um sonho, pensou afastando as mechas negras do rosto de Declan. Aquela expressão dura e fria não estava lá e sim um rosto suave como se o alfa estivesse tendo um bom sono. Julian rodou seus olhos para ver a bagunça que se tornou a cabana. Céus, as penunjes do travesseiro ainda voavam pelo ar, a cadeira onde Declan estava sentado na noite anterior enquanto Julian o cavalgava estava atirado no chão.

Seu rosto ganhou cor. Eles fizeram amor tão selvagem que Julian gemeu ao se mover para levantar. Levantou o cobertor e viu a nudez por baixo, tendo a visão do pênis de Declan ainda endurecido.

Aquilo não amolecia? Deuses. Julian não aguentava outra rodada novamente.

Declan se moveu abrindo seus olhos e logo um sorriso encantador.

“Ei, você está bem?”

“Acho que ficarei sem sentar por dias!" Declan riu e agarrou o ômega para o seu peito. "Declan, estou falando sério."

"Eu sei, querido. Vamos tomar um banho?"

"Aqui não há banheiro."

"Quem disse que será no banheiro? Vamos para o mar."

Julian gemeu quando Declan rolou e se levantou nu com seu bastão firme. Segurou a mão de Julian para o levar para fora da cabana.

"Declan, estamos nu e se..."

"Estamos apenas eu e você aqui, não se preocupe."

Julian concordou observando a beleza em sua volta, o mar azul brilhava no horizonte. Era lindo. Ele sempre viu apenas neve e campo verde, e o mar abaixo de navios, mas nunca uma cabana à frente do mar gigantesco com o homem que... Se casou.

Patel, seu tarado, não montou um banheiro por causa do mar.

Declan segurou a mão do príncipe lhe encarando intensamente.

Julian só poderia estar em um sonho.

Acorde.

Acorde.

Não, por favor, não acorde.

Seus pés tocaram na areia macia e fofinha, afundando seus dedos sentido o gélido a cada passo que dava até o mar.

Eles entraram na água com Declan o abraçando pela cintura, o alfa com delicadeza jogou um pouco de água em seu rosto e deu um leve beijo nos lábios. Julian sorriu fazendo o mesmo.

"Você é muito bonito. Eu poderia estar morrendo e contemplando você."

"Desde quando você é romântico?" Declan riu.

"Desde que soube que você é o meu ômega para a vida toda."

Julian tremeu. Não, Declan só estava falando isso por conta do vínculo.

"Não, Julian, eu não estou falando isso por conta do vínculo." Julian arregalou o olhos.

"Você ler meus pensamentos agora?"

"Não, mas eu posso te sentir."

Julian tomou a iniciativa de o beijar, suas pernas foram para a cintura do alfa aproveitando cada detalhe do beijo. O pênis de Declan endureceu novamente contra a bunda do ômega o fazendo gemer. Julian desgrudou suas bocas.

"Não consigo..."

"Tudo bem, tenho muitos dias para aproveitar cada parte do seu corpo." Declan voltou a beijar Julian que gemia deliciosamente.

Depois de um belo banho no mar, o casal voltou para a cabana arrumando a bagunça feita. Julian sorria apaixonado. Querendo ou não, ele não conseguia suprir aquela sensação de medo. Pela primeira vez ele sentiu um fio de felicidade. Declan é seu companheiro, pai seu filho e o que lhe resta é tomar Dazarian em suas mãos.

Fizeram uma refeição para se alimentar e repor a energia gasta de horas atrás. Julian nunca imaginou estar numa cozinha enquanto seu alfa o abraçava por trás dando suporte.

Se alimentaram assim que a sopa ficou pronta.

O resto do dia foi amor e carinho. Declan em nenhum momento largou Julian ou fez comentários ruins como sempre fazia. Conversaram sobre Mathieu, a paternidade do pequeno alfa. Declan estava ansioso para que todos soubessem que ele já era pai e cuidaria da criança para recuperar o tempo perdido.

Declan levou Julian para se deitar em uma rede preparada abaixo de uma árvore. Eles estavam esperando o pôr do sol e glorificando toda a paisagem.

"Você acha que seu pai tentará algo?" Julian não quis perguntar, mas a pergunta estava engasgada por dias.

"Sim, mas se preocupe, irei resolver." O alfa lhe deu um beijo tranquilizando Julian. "Eu te amo, Julian."

O coração de Julian acelerou com a declaração. Ele não conseguiu dar uma resposta sem lembrar da dor que o passado causou. Tentava esquecer, mas... Ele tentou muito por anos então... Ele amava Declan?

"Não precisa me responder, está tudo bem. Eu mereço. Vou esperar o tempo que for para ter o seu perdão." 

Julian assentiu voltando seu olhar para o sol no fim do horizonte. Os dedos de Declan faziam cafuné em seu cabelo causando a Julian proteção.

Sua união estava sendo melhor do que esperava, na verdade Julian nunca imaginou que Declan o arrastaria à força para um lugar tão lindo. E se resolveriam tão depressa. Talvez a união do vínculo consumado resultou algo, fazendo o casal mais apaixonado.

Declan o avisou que amanhã iriam no vilarejo abaixo das colinas e comprariam mantimentos, Julian concordou sem hesitar. Ele nunca conheceu as redondezas de Diaslim, era conhecida como devastada natureza e selvagem. Muitos animais selvagens e mares abertos. Perguntaria a Patel e Will onde diabos eles comprariam uma cabana por Diaslim. Eles pretendiam morar longe do povoado? Isolados? Oras, Julian os invejou. Daria tudo para viver com Mathieu longe dos perigos humanos.

E pensar no seu filho lhe dava uma saudade, o cheiro de seu bebê e do seu sorriso baguela. Os olhos brilhantes quando Mathieu via seu pai todas as manhãs quando acordava. Julian sabia que Mathieu teria sua personalidade radiante e amável, graças aos deuses, se pelo menos isso puxasse do ômega, ele estaria grato já que o pequeno era a cópia de Declan.

"O que você tanto pensa?" Declan perguntou ao passar seus dedos no ombro de Julian enquanto estavam deitados no ninho prontos para dormir.

"Mathieu."

"Ele está bem, Patel prometeu-me cuidar dele."

"Estou com saudades." Julian fungou. Declan sorriu limpando as lágrimas do rosto do ômega.

"Querido, se quiser podemos antecipar nossa ida para o palácio."

"Podemos?"

"Você quer tanto isso?"

"Eu gostaria, não posso deixar de me preocupar com Mathieu, seu pai..."

"Certo." Declan fechou os olhos abraçando Julian com força. "Depois de amanhã podemos ir. Tudo bem?"

Julian concordou se aconchegando em Declan. O calor do alfa era muito caloroso para o ômega, como se Julian não pudesse viver sem aquilo.

...🌑🌑🌑...

"D-Declan, Ah!" Julian gemeu segurando o ombro do alfa marcando sua pele com as unhas pontudas. "Mais, quero mais!" Julian jogou a cabeça para trás então recebia um empurrão do pênis do alfa sobre a água cristalina do mar. Declan desceu a bunda do ômega para baixo onde seu membro entrou todo. Julian gemeu alto sentindo o alfa acelerar as estocadas.

"Porra, você é tão apertado." O alfa gemeu sugando a clavícula de Julian, tão macia e linda. Seus dentes pontudos foram colocados para fora perfurando a marca.

"Decla-an eu estou vindo, amor." Gritou o ômega enquanto soltava suas fitas brancas na água.

Sem desgrudar seus caninos, Declan acelerou até preencher Julian com sua semente. A respiração de ambos estava acelerada. Declan tinha a visão mais bela de Julian todo corado após uma sessão de sexo selvagem. Era ruim acasalar na água, mas tudo que fazia com Julian ficava perfeito e tentador.

Se lavaram adequadamente voltando para a cabana para se vestirem. Após dois dias eles se amarraram de todas as formas, mesmo com o ômega dolorido, se Julian estivesse no cio sem dúvidas teria outro filhote. Lembrou que em seu próximo cio ele tomaria seus supressores para não engravidar.

Declan todo esse tempo foi um alfa carinhoso, sorridente e atencioso. Nem parecia o Declan de sempre.

Arrumaram suas coisas e se puseram no barco para voltar para Dazarian.

Sentado no banco vendo Declan rodopiar o barco, Julian não pode deixar de contemplar a beleza de seu alfa, tão musculoso e o cabelo ao vento o deixava selvagem. Seu buraco ficou molhado ao imaginar ser fodido no barco antes de chegar em terra firme. Como se Declan lesse seus pensamentos o olhou e fez um movimento para soltar a parte de navegação e ir até Julian sem tirar seus olhos dos seus.

"Porra, Julian. Como posso me concentrar com você assim?"

"Do que você está falando alfa?" Julian se fingiu sorrindo. Declan grunhiu e atacou a boca do ômega sem lhe dar tempo de puxar o ar. Declan separou suas bocas jogando o ômega contra o banco do convés, afastou a calça moletom do ômega para baixo tendo a visão de sua bunda branca gorda. "Porra, amor, você está tão molhado. Posso sentir seu cheiro contra o vento. Você é só meu Julian, meu."

"Só seu amor... Coloque em mim, Declan!" Julian gemeu manhoso. Declan libertou seu membro duro colocando a cabeça gorda na beira do buraco do ômega. Hesitou mas Julian disse: "Sem preparação, quero te sentir assim." Declan abriu a bunda de Julian e empurrou ouvindo um gemido alto de seu companheiro. "Merda, que pau grande você tem!"

"É pra te comer melhor." Sussurrou sorrindo batendo contra a bunda de Julian.

Não demorou muito para que os dois acabassem e se revitalizasse as forças para continuarem a navegação. Julian perdeu as contas de quantas vezes eles transaram durante esse tempo, se continuasse assim nem os supressores resolveriam.

Quando chegou ao cais de Dazarian na madrugada para que não visse o casal as espreitas, foram imediatamente para a casa de Will e Patel buscar o pequeno Mathieu. De mãos dadas com Declan, Julian sentiu um frio na barriga ao lembrar de tudo que terão que enfrentar daqui pra frente.

"Quem é essa hora, espero que seja algo importante se não... Julian, Declan!" Patel saudou surpreso, Declan e Julian riram ao ver o ômega descabelado e com uma toca na cabeça. "Entre, Mathieu está no berço." O olhar de Patel caiu nas mãos entrelaçadas dos dois. Ele sorriu. "Pelo jeito tudo está um mar de flores, graças aos céus. Devemos comemorar? Will , acorde, Julian e Declan chegaram."

"Tentamos chegar de fininho mas do jeito que está gritando todos devem saber que estamos de volta." Ralhou Julian. Patel revirou os olhos mexendo no armário tirando de lá uma garrafa de vinho. "Sério que iremos beber agora?" Julian arqueou uma sobrancelha. Declan riu.

"Eu sempre guardei esse vinho pois sabia que um dia vocês ficariam juntos." Quando Patel falou, Will entrou na sala acenando para o casal.

"Teremos uma conversa seríssima depois."

"Como foi?" Will perguntou bocejando. "Karan e Jesse estão loucos para saber de vocês."

"Vocês disseram o que?" Will e Patel se entreolharam. "Porsche?"

"Nada demais, que foram caçar ervas para um experimento."

"Você jura que meu pai acreditou nisso?" Julian riu pegando a taça de vinho dada por Patel. Declan aceitou uma bebida bebericando e escutando a conversa dos ômegas.

"Pelo menos ele não se contrapôs."

"Droga, Porsche, você é um bundão." Julian deu a língua fazendo todos rirem.

Após muita conversa e diversão, Julian pegou Mathieu adormecido e lhe deu diversos beijos com tanta saudade que tivera de seu pequeno. Declan atrás como se protegesse os dois de qualquer mau que pudessem os atingir.

"Eu amo vocês." Disse o alfa dando um leve beijo em Mathieu. "Vamos, precisamos voltar antes do amanhecer."

Andando pelo jardim e vendo alguns soldados de Dazarian , que Declan e Julian ignoraram, voltaram para o quarto do ômega colocando a criança no berço.

Julian foi até a sacada olhando a lua e pensando nas mil formas de enfrentar o Rei alfa, Farrell. Aquele homem era mau, seu coração era ruim e negro. A escuridão o dominava. Julian sabia, pois ao ver as marcas de cortes no corpo de Declan não deixou de aceitar que seu alfa sofria na mão daquele homem perverso. Declan nunca recebeu amor, nem o pobre Macau. O ômega não se colocou a perguntar sobre a sua história, porém, sabia muito bem que Declan escondia um passado doloroso, claro que aquilo não o tornava ruim, então não julgaria suas ações.

"Eu estou ouvindo suas engrenagens, amor." Declan passou seus braços pela cintura de Julian aconchegando sua cabeça em seu peito. "Não se preocupe, amanhã irei falar com seu pai sobre nós."

"Não é meu pai que me preocupa, é o seu. Farrell queria que se casasse com Jesse e não com um bastardo derrotado com um filho, que aliás é seu."

Declan riu.

"Eu estou imaginando sua cara de espanto quando souber de Mathieu."

"Declan, vamos com calma. Iremos conversar com papai e ele nos dirá o que fazer." Julian deixou uma lágrima escondida descer e apenas a lua lá no céu percebeu o quanto o ômega se tornou fraco quando o amor bateu em sua porta. O amor realmente é uma fraqueza, as pessoas o usam para te derrubar e isso que Farrell provavelmente fará, e Julian jamais deixará aquele homem tocar naqueles que ele amava.

Não mais.

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