Bunny examinava Mathieu com calma enquanto Julian esperava ansioso uma resposta sobre a saúde de seu filho.
Declan observava aquilo com os olhos atentos estudando o movimento do alfa em sua frente.
"Príncipe, é apenas uma virose. Mas como eu disse, aumente proteínas na alimentação de Mathieu, vitaminas e ferro." Julian concordou de imediato.
"Obrigado, Bunny. Meu filho é muito precioso para mim." Bunny sorriu, mas desmanchou o sorriso quando Declan rosnou.
"Agora saia, te darei alguns ouros agradecendo." O príncipe alfa disse.
"Declan!" Ralhou Julian. "Desculpe Bunny, meu cunhado é muito protetor conosco." Julian sorriu.
"Tudo bem. Bom, melhoras para o garotão." Bunny deu uma última olhada em Mathieu antes de sair. Julian olhou para Declan cruzando os braços bravo.
"O que foi isso?"
"O que?"
"Você expulsou o alfa daqui, ele foi muito gentil por me ajudar."
"Ele estava te comendo com os olhos, Julian!" Declan se aproximou. "Estou cuidando de vocês."
"Não precisamos de seu cuidado, não faça mais isso. Eu sou um homem livre e posso me acasalar com qualquer um que eu tenha interesse!" Julian gritou, em um momento sentiu suas costas batendo na madeira dura. Declan o tinha prendido com força, seus olhos vermelhos continham raiva e algo inexplicável.
"Faça o que eu digo, não ouse atrasar nossos planos por causa de uma paixão passageira."
Ah claro, Declan apenas não queria atrasar seus objetivos.
"Que seja, agora me solte!" Declan soltou Julian que correu pegando Mathieu saindo do quarto.
Declan era um babaca, idiota, grosso, mandão, e demais palavrões que Julian divagava em sua mente. Como ele ousava dizer essas coisas estúpidas? Argh!
Durante os dias de viagem, finalmente chegaram à Felícia. A cidade era muito bonita por sinal, muitos templos envolta da natureza verde. O ar novo deu a Julian uma sensação... De paz?
Declan assistia de longe Mathieu e Julian contente com a beleza em volta. Poderia se dizer que aquilo foi uma das cenas mais lindas que já viu, seu companheiro, quer dizer que seu futuro ex-companheiro exalava a beleza que Declan nunca percebeu. Julian tinha covinhas, tinha cabelos macios e a pele intocável que por algumas vezes Declan teve a audácia de ter abaixo de seu corpo. Claro que Declan reparou no sorriso largo e dentes perfeitos de Julian, o jeito que andava empinando sua bunda redonda, o quadril balançando com delicadeza a cada passo do ômega. O alfa não conseguia entender sua cabeça, por que reparou tantas caraterísticas em Julian se ele mal gostava do ômega?
Nesse pouco tempo ao seu lado, perdeu as contas de tanto que rosnou ao assistir Julian próximo daquele alfa chamado Bunny que claramente podia ser ver o grande interesse em Julian.
Mathieu adorava Declan, mas o homem tinha uma postura amarga e fria, e parecia que Mathieu não tinha medo de estar perto do alfa. O sorriso de Julian, o pequeno continha. Percebeu que a criança adorava seu cheiro, ou talvez a presença do pai falecido fazia falta. As mãozinhas em torno de seu pescoço quando o abraçava trazia lembranças de quando Declan saia correndo ao porão para esconder Sea de levar uma surra de seu pai Farrell. O homem nunca os deu amor.
Assim que pousaram em terra, logo se puseram para rumo ao templo.
"Adeus, príncipe Julian, foi uma graça conhecê-lo." Bunny beijou levemente a mão de Julian.
"Se cuide, Bunny. Agradeço por sua preocupação durante a viagem." Declan tirou a mão de Bunny da de Julian, que revirou os olhos. Bunny riu fraco, o alfa na sua frente nem sequer escondia seu ciúmes.
Julian segurou o corpinho de Mathieu caminhando no meio das pessoas, Declan o seguiu.
Chegaram no templo onde muitos monges adoravam a presença dos príncipes.
"Meus senhores, o que devo a honra da realeza por vim de tão longe?"
Declan e Julian se olharam. Eles simplesmente dirão o motivo na frente do templo sem estar em um lugar reservado?
"Podemos nos acomodar para termos uma conversa?" Julian perguntou ao senhor.
"Claro, alteza. Entrem!" Seguiram em passos lentos o pobre homem. Chegaram numa sala rodeada de flores de cerejeiras e incenso no ar. "Então?" Julian passou Mathieu a Declan quando se sentou na almofada.
"Senhor, estamos aqui para pedir um favor." Julian se curvou, aquele gesto mostrou ao monge que uma situação do príncipe não era fácil. "Eu e o príncipe Declan somos ligados pelo vínculo verdadeiro da mãe lua, mas não existe amor, não existe nenhum ligação que possa nos fazer ficar juntos. Podemos passar anos que for, mas jamais iremos dar um braço a torcer. Eu e Declan somos dois desconhecidos, ele está apaixonado por meu irmão Jesse, e desejam se casar. Eu sou um impedimento nessa união, e meu marido faleceu me deixando um filhote para cuidar. Nos ajude, a mãe lua causou um erro achando que somos feitos um para o outro." E por fim, Julian terminou sua fala soluçando. Declan nunca imaginou que o ômega falaria palavras tão... Desesperadoras.
O monge suspirou, levantou o rosto de Julian para cima e disse:
"A mãe lua nunca erra no destino, querido. Uma união de um destinado é uma grande festa para se comemorar e não se derreter a tristeza e infelicidade. Mexer com os espíritos requer consequências, isso não será fácil."
"Que tipo de consequência além de passar minha vida toda amarrado a alguém que nunca me amará?"
Porra.
Declan sentiu uma pontada no peito forte.
Por que?
"A consequência que só os deuses dirão. Querido, é algo que vocês realmente querem?"
O monge desconfiava. Eles pareciam um casal com um reflexo de sentimentos.
"Sim, meu filho merece ser feliz, eu mereço ser feliz. Por favor, nos ajude."
Declan olhava Julian exalando um perfume estranho para seu olfato. Assim como Declan, ele queria tanto quebrar o vínculo, e se livrar do alfa.
Mas era o que Declan queria, não é? Ele sabia da consequência quando subiu no altar com Jesse. Julian morreria sobre a lua cheia. Então por que sentia que algo estava faltando, que aquilo é errado?
"Certo, príncipe. À noite iremos para a coluna de pedras e resolveremos o seu problema."
"Coluna de pedra?" Declan pergunta curioso.
"Sim, acima da montanha. Os espíritos sempre visitam com alguma oferenda."
"Bem, vamos nos acomodar em uma pensão e voltaremos." Julian sorriu enxugando a lágrima fujona de seu rosto.
Os dois saíram sem dizer uma palavra. Julian se mostrou fraco, mas aquilo era pra convencer o monge. Será que sua mentira valeria algo? Enganar os espíritos é errado. Mathieu é filho de Declan, um sangue puro e real.
"O que você fará depois disso?" Julian parou de andar com a pergunta de Declan.
"Como?" Virou-se para ele, vendo Mathieu chupando os dedos em seus braços fortes.
"Depois disso, você ficará em Dazarian?" Julian não encontrou palavras, pensou.
Claro que ele passaria a coroa para seu irmão. Ele não nasceu para ficar com Declan - seu companheiro verdadeiro. Não tinha o poder e postura que seu irmão tinha, todos o via como um príncipe irresponsável, tolo e idiota.
"Voltarei para onde eu e Dan moramos." Foi a única resposta que Julian encontrou e se virou para caminhar. O olhar de Declan queimava suas costas, ele estava o julgando.
"Pode ficar e construir um lugar para você. Eu herdarei meu reinado assim que me casar."
Julian parou novamente. Declan herdará o lugar do seu pai? Como? Farrell não estava disposto a abrir mão da sua coroa por nada.
"Eu pretendo ficar longe de vocês, nem que para isso eu precise recomeçar."
Quantas vezes Julian teve que recomeçar? Quantas vezes ele precisará recomeçar?
"Logo Jesse me dará um herdeiro." Por fim, Declan confessou.
"O que?" Julian arregalou os olhos. Não acreditara no que estava ouvindo. Ele se deitou com Declan em um cio enquanto seu irmão...
"Jesse espera um filhote meu, foi por isso que decidimos nos casar."
Julian olhou intensamente para Mathieu. Seu menino teria um irmão. Espera, a cabeça de Julian ficou confusa e seu lobo adormecido uivou.
"Que merda que você fez Declan?" Saltou as palavras com dureza.
Declan deu de ombros, frio como sempre.
"Como você...? Traiu meu irmão comigo!"
"Como ousa falar em trair? Você sendo meu companheiro se acasalou com outro homem." Vociferou Declan tendo imagens de Julian gemendo enquanto recebia o nó de outro alfa.
Julian e Declan foram parados na rua, com muitos olhares discretos olhando. Julian não acreditou, pegou seu filho dos braços daquele homem sem coração. Finalmente entendeu a causa de tudo, seu irmão esperava um filho de Declan, eles se casariam e viveriam plenos enquanto Julian sofreria as consequências. A que ponto isso chegou? Se o mundo desabasse nesse momento Julian não se importaria.
Declan escondia muitos segredos por trás daquela máscara fria e impetuosa.
"Julian, espere." Declan agarrou sua mão. "Não quis contar por que..." O ômega o cortou.
"Chega Declan, estou com nojo de você. Você engravidou meu irmão, ele está esperando por você carregando um filhote!" Brandou puxando sua mão de volta. Mathieu começou a chorar e Julian o balançou. "Vamos quebrar esse estúpido vínculo e seguiremos nossa vida em diante." Entrou em uma pensão.
Declan ficou parado, pensou e pensou. Não entendeu porque estava preocupado com Julian e com o que Julian pensava. Ele finalmente estava a um passo de conseguir o que desejava.
Há um mês, Jesse o informou a notícia. Declan não soube entender a sensação estranha no peito. Aquilo fora errado. Jesse não lhe deu muitas informações sobre a gravidez, só sentiu que aquilo não lhe pertencia.
🌑🌑🌑
Julian largou o chuveiro com raiva. Os olhos inchados mostrava o quanto chorou por sua vida. Ele podia ser forte o que fosse, mas havia horas que sua força esgotava e chorava antes de vitalizá-la novamente. Se preparou para encontrar os monges no templo e seguir para a montanha.
Hoje finalmente se tornaria livre de uma vez por todas.
Chegaram sem nenhuma palavra, Julian ignorava Declan por completo. Ele não dirá nada sobre o segredo sujo de Declan. Que se foda ele.
"Aqui, são pedras do norte, para proteger vocês de alguma energia." O monge, Jabee, entregou dois colares de pedras brancas para o casal. "Preciso ficar com a criança, acompanhem os monges." Julian concordou entregando Mathieu, sentiu seu coração doer com medo que algo acontecesse consigo.
"Julian?" Declan o chamou entrando na floresta com luzes de tochas e caminhos de pedras. "Vamos conversar."
"Conversar? Declan, não temos nada o que conversar!" Julian riu, uma risada desgostosa.
"Pressinto que algo está errado." O alfa sussurrou baixinho. "E se morremos?"
"Declan, é só nossos lobos se remexendo, eles não querem que isso aconteça." E assim o príncipe seguiu os monges deixando Declan para trás.
Em uma hora chegaram na montanha, encontraram três colunas de pedras com símbolos de um sol, uma lua e uma estrela. Tinha um brilho sobre elas, revestindo um calor grande em Julian.
"Vocês devem amarrar a fita sobre o dedo de vocês." Um dos monges entregou um laço vermelho que logo amarraram no dedo indicador. "Fiquem no meio do símbolo." Apontou para um círculo marcado.
"Julian..." Declan o chamou. "Me escute, ainda temos tempo de fugir."
"Declan, cale-se. Estamos aqui, não estamos?" Julian ralhou, olhando nos olhos de Declan com raiva. "Vamos fazer logo para você criar sua família."
"Isso está errado." Declan segurou o ombro de Julian.
"Não, mesmo que seja errado faremos."
"Vocês precisam decidir, antes que possamos começar." Outro monge disse preocupado olhando o casal feroz.
"Isso envolve poder, Julian." Declan outra vez disse.
"Você quer desistir depois de tudo?" Julian não acreditou que Declan dizia esse absurdo. Foi ele que pediu, foi ele que todo esse tempo quis arrancar Julian de seu caminho. "Eu amei você durante toda a minha vida, agora eu posso ficar livre de você e criar meu filho sozinho longe de toda a dor que você me fez sentir."
Julian chorou. Seus sentimentos estavam uma bagunça naquele lugar, que era extremamente forte.
"Eu te odeio Declan, odeio com toda a minha alma."
"Julian..." Declan se aproximou para abraçá-lo.
Que merda estava acontecendo? Por que Declan estava sentindo essa sensação ruim no peito?
"NÃO! Já chega, vamos acabar com isso. Monge, pode continuar."
O monge concordou, pegou um livro grande colocando em uma pedra. Leu e leu palavras incoerentes.
Declan e Julian se olhavam intensamente, até um vento subir e o céu trovejar. Sentiram uma vibração forte nas colunas até uma pequena luz das três marcas se cruzarem no meio e cair sobre a fita a cortando no meio. O monge já tinha parado de ler, todos os olhares sobre o casal.
Julian sentiu seu chão sumir, um tremor no corpo causou uma grande tontura. Sua última visão foi Declan o segurando até desmaiar.
Declan segurou Julian desmaiado em seus braços após a luz desaparecer.
"Foi muito forte, ele vai ficar bem." O monge disse-lhe passando alívio. "Vocês finalmente estão separados."
Declan não gostou dessa notícia, sentia que nada mudou para ele. Segurou Julian em seu colo, voltando para o templo deitando o corpo do príncipe sobre o tapete de linho.
Julian estava mole, pálido e dormia profundamente. Desde cedo, Declan teve a intuição de algo errado, para ele. Ter Julian confessando seu amor para ele, piorou toda a situação.
Que consequência a lua poderia lhe dar?
Seria Declan a tomar essa consequência?
Jabee apareceu na sala com Mathieu no colo, a criança bateu os braços batendo as mãozinhas vendo Declan.
Por que ele sentia um carinho enorme por aquele pequeno alfa?
Seu lobo uivou, ele queria proteger aquelas duas pessoas como nunca quis fazer durante sua vida.
Declan só errou em uma coisa; mexer com o destino não significava que não sairia impune.
🌑🌑🌑
Na manhã seguinte, Julian acordou olhando em sua volta. Era dia, se ouvia os passarinhos cantando, som do mar e vozes de pessoas.
Seu corpo estava estranho, até cair em si e lembrar da noite passada. Eles finalmente cortaram o vínculo.
Jesse estava esperando um filho, e Declan assumiria sua posição de pai para a criança enquanto Mathieu seria um filho inexistente.
Julian poderia viver sua vida agora em diante.
Declan estava livre.
Mathieu e Julian poderiam ser felizes.
Dan ficaria orgulhoso de Julian.
Ele finalmente conseguiu.
Julian sorriu, se levantou em um pulo à procura de seu filhote. Encontrou sentado com vários brinquedos em volta. Não achou Declan, mas a preocupação com seu filho era maior e o abraçou com força.
"Estamos livres, finalmente podemos voltar para casa." Julian riu, uma risada tão leve.
Na verdade, o coração de Julian estava leve, não existia um índice de rancor em seu peito.
Pegou Mathieu e foram ao encontro dos monges para agradecer pela grande ajuda. Uma ajuda eterna.
Eles voltariam para Dazarian e Julian teria a benção de seu pai. Pulou de alegria, preparados para voltar para o reino.
Depois de um grande banquete, Declan, Julian e Mathieu voltaram para grandes longos dias de viagem, separados em quartos diferentes e sem se falar. Para o ômega Declan estava muito quieto e estranho, ele mal olhou para Declan durante o tempo da viagem. O alfa ficou trancado no quarto nem mesmo para se alimentar, o que deixou o ômega preocupado.
Mas deixou de lado. Ele não merecia a preocupação de Julian. Nunca mereceu. Só foi um amor platônico.
Abaixo no banheiro, Declan cuspia sangue no vaso. Limpou a boca com o gosto de ferro, voltou para seu cômodo onde se escondia do ômega.
Quando chegaram em Dazarian, muitos gritaram pela volta dos príncipes. O ômega alegre como nunca, correu para Patel que o esperava no portão do palácio.
"Pa, eu estou livre!"
"Agora sim, caro amigo." Patel o abraçou. "Onde está Declan?" Patel procurou algum vestígio de Declan.
"Ele estava atrás de mim." Julian deu de ombros. "Talvez fosse ver seu novo companheiro."
Patel não reconheceu o sorriso maldoso que Julian continha no rosto. Aquilo assustou Patel.
O que diabos aconteceu? Pensou Patel.
"Declan!" Ouviram Sea gritando saindo correndo, Patel e Julian olharam para o cavalo solto enquanto o príncipe estava esparramado na neve longe de terem uma vista melhor.
"Merda, Julian, o que há de errado desta vez?" Patel perguntou correndo até Sea.
Declan havia caído do cavalo, fazendo-o desmaiar no chão congelante. Sea gritou por ajuda dos guardas para carregar Declan para enfermaria.
"O que há?" Patel perguntou assim que se aproximou.
"Ele está queimando." Sea voltou o olhar para Julian. "Algo está acontecendo, Patel, meu irmão não é capaz de adoecer facilmente."
Patel grunhiu ao ver o alfa tão pálido e fraco.
Sim, realmente não se brincava com o destino.
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Atualizado até capítulo 33
Comments
Da Silva Lopes Clinger
acho pouco assim ele aprende a valorizar quem realmente o amou
2024-10-17
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