05. CONFUSÕES

Em cada canto de Dazarian estava uma confusão. O desaparecimento do príncipe causou alvoroço nos quatro cantos do reino. Karan Morgott rugia alto e ameaçava a todos que se não encontrasse seu filho logo o povoado verá sua fúria.

Patel e Will comiam silenciosamente na mesa na pequena cabana do alfa.

Faltavam algumas horas para o ômega entregar a carta ao rei, a estúpida carta que Julian escreveu. Adoraria ler, a curiosidade esfregava em sua cara, mas Will o impedia.

"Não se preocupe, querido." Will acariciou a mão de Patel. "Julian é muito forte."

"Forte? Ele deve estar correndo perigo, ele nunca se quer saiu no mundo a fora." Patel jogou a cabeça para baixo choramingando. "Tudo culpa daqueles idiotas, ah se eu pudesse esganar!" Levantou as mãos.

"Tudo se resolverá." Will sorriu fazendo seu ômega se acalmar. Já Patel acreditava que aquilo só iria piorar se Julian não assumisse o trono, a Casa Real logo saberá da fuga do príncipe e o mundo todo irá saber da tragédia. Deuses, Farrell Farian chegaria logo após saber que o noivo de seu filho fugiu do casamento.

Na manhã seguinte Patel pediu para ver o rei em seus aposentos, quando entrou viu Karan parado enfrente a janela olhando a paisagem de sua sacada.

"Alteza." Saudou o ômega. Estava tão nervoso, não duvidava que Karan desconfiaria que ele ajudou Julian a fugir.

"Diga, Patel." Karan nem se quer olhou para ele.

Coragem, Patel.

"Eu-uu, é... Hmm." Começou gaguejando. "Tenho algo que o príncipe lhe deixou."

Karan se virou, seu filho? Seu filho tinha deixado algo para ele?

Patel se aproximou levantando a carta para o rei que logo pegou abrindo imediatamente.

'Querido pai, peço sua compreensão pela minha falta de despedida. Sinto muito por não ser o filho perfeito, um príncipe que deve ter honra e tudo que lhe dei durante anos foi desonra. Antes que eu possa herdar seu trono, preciso encontrar minha essência de amar-me e ter a liberdade que nunca tive. Quando o senhor estiver lendo esta carta, não brigue com Patel, ele sempre me protegeu com unhas e dentes e nunca me trairia. Peço que seja mais compreensível com Jesse, ele ressente por sua atenção. Por favor, não me procure até que eu esteja pronto.

Lhe peço papai... Me dê apenas três anos para cumprir meus sonhos, prometo.

Com amor, príncipe Julian.'

Karan leu diversas vezes, seu amado filho criou um triplex em sua cabeça, como Julian ousava dizer que lhe deu desonra? O príncipe mais velho sempre lhe deu orgulho. Só de pensar que Daiane deveria olhar do céu a incapacidade de Karan criar os filhos. Principalmente ver que um deles fugiu, um príncipe fugitivo. Onde diabos que um príncipe fugiria das suas obrigações?

"Alteza, o que Julian disse?" Patel deixou a curiosidade falar mais alto.

Karan suspirou, guardou a carta no bolso do tecido de veludo.

"Ele me pediu três anos para se consertar."

"Só isso?" Droga, Patel, cale a boca. O rei riu, não uma risada qualquer, uma risada por saber que certas coisas acontecia diante de seus olhos e nunca percebeu. Jesse é seu outro filho, amado filho e Julian pediu para lhe dar atenção? Claro que ele dava, de uma maneira diferente.

"O que será agora, alteza?" Patel ousou perguntar outra vez.

"Esperarei Julian voltar, lhe darei um tempo."

"Mas ele corre perigo, ele é um ômega, senhor! Ômegas são alvos de malícia." Patel tremeu ao imaginar Julian em perigo.

Karan engoliu a fala correta do ômega. Pensou e pensou.

"Mandarei um dos cavalheiros para proteger Julian." Disse com convicção.

"E quem seria?"

"Vou lhe dá esse trabalho. Encontre um e diga para me encontrar."

"O que dirá ao rei Farrell?" O medo de Patel é de Declan e Farrell fazer algo contra Julian. Aquela família mesquinha resolvia tudo no modo oculto.

"A verdade, quando Julian voltar se casará com Declan, está decidido. Deixarei ele viver, se é isso que quer. Por agora, faça o que lhe pedi." Patel concordou saindo dos aposentos do rei, soltou a respiração presa.

"Julian, você me deixou um problemão." Sussurrou para si mesmo.

Ele correu para as alas de lutas dos cavaleiros, muitos deles saudaram assim que Patel chegou com os guardas. Ele selecionaria o alfa mais gostoso se pudesse, vai que seu pensamento dê um resultado bom.

"A mando do Rei, quero um cavalheiro forte e digno de proteção. Apresente-se." Disse quando alguns homens se levantaram ficando em fila.

"Senhor, falta o Dan." Um deles disse, Patel cruzou os braços começando a ficar estressado, ele deveria esperar o tal Dan chegar na reunião?

Alguns minutos esperando, um cara forte e alto apareceu na ala, pela aparência suada tinha corrido bastante.

"Desculpe, fui ajudar descarregar algumas ervas para uma senhora."

"Não faça isso novamente, cavaleiro." Patel escondeu interesse pelo o alfa.

Muito bonito, loiro e gostoso. Do jeito que gostaria. Um poço de idéias corriam nos neurônios de Patel, ele precisava deixar tudo em ordem antes de agir.

Explicou a todos, um pequeno teste aconteceu para a escolha do guardião.

Claro que Dan passou, e Patel levou até o rei para que pudesse conversar.

Longe dali, um alfa muito pensativo soltava feromônios por toda a sala. Sea sentado na poltrona lendo um livro fingindo que não via seu irmão surtando.

"Pare de andar, estar me causando tontura." Sea ralhou. Declan deu de ombros ignorando o sorriso debochado de seu irmão. A raiva corria no seu sangue por dias, ele tinha acabado de ter um noivo fugitivo. E tudo isso seria por sua culpa. "Que situação agradável!" Sea saltou do assento dando tapinhas no ombro de Declan.

"Cale a boca." Declan rosnou ao irmão.

"Você fez uma merda tão grande, se o rei Karan soubesse ele arrancaria sua cabeça." Sea vociferou. Declan fechou os olhos para se controlar.

"Sea, pare."

"Não! Você é o culpado. Você e Jesse. Ele preferiu fugir do que viver um casamento fardado a traição."

"Eu pararia, ok? Depois do casamento tudo mudaria." Falou Declan empurrando o peito de Sea.

"Você deu um nó em Julian, ofendeu ele e pior, machucou os sentimentos dele. Sabe o que é interessante? Saber que ele estar longe de você para não presenciar suas merdas." Sea cuspiu toda a verdade em Declan empurrando o peito do irmão. O alfa mais novo não era nenhum pouco tolo, muito observador e quieto, e naquele palácio ele sabia até às profundezas de ouros que o rei escondia. Claro que viu toda a fuga de Julian da janela do quarto. Viu seu irmão comendo Jesse. Ele agradeceria aos céus pela felicidade do príncipe, com seu irmão ele ficará aprisionado sem amor. Declan é um alfa igual ao rei Farrell, frio,a áspero e sem compaixão. Sabia muito bem que a paixão de Declan por Jesse é passageiro como uma tempestade, claro que desde criança se adoravam, mas Declan não pertencia a Jesse. Sea viveu nas sombras de sua família, acreditando que um dia teria seu companheiro fiel ao seu lado. Ele não queria ser como Declan, amar e ser amado é um de seus desejos.

Declan por sua vez dizia a si mesmo que não ligava para a fuga do príncipe, mas depois da noite que fizeram amor, ele negava profundamente a sensação de ligação que ele continha com o ômega. Não poderia ser, Julian não pode ser seu verdadeiro companheiro.

Desde que conheceu os príncipes ômegas, Jesse foi o único que lhe chamou atenção e criou um laço enorme com o príncipe. Sentia o prazer de excluir o outro príncipe das brincadeiras, das corridas, das aventuras nas florestas. Sentia uma satisfação enorme vendo aquele ômega chorar, amava ver seu rosto pintado de vermelho por conta do choro. Aquela pele branca e brilhante fazia o corpo de Declan coçar e repelir Julian. Tudo em Julian lhe causava um prazer diferente, mas naquela noite tudo mudou. Ele queria mais, aquela pele deliciosa, seu rosto contorcido de prazer e seus gemidos ainda permaneciam em suas memórias. Até aprofundar seu membro grande e grosso em Jesse na noite seguinte o fez ter um reflexo da memória da noite incrível com Julian, fudeu Jesse até a última gota imaginando que fosse seu outro irmão que estivesse lá.

Precisava tirar Julian do sistema o quanto antes.

Um alfa e ômega sendo companheiros, a ligação é forte quando há a marca da mordida. E claro que Declan nunca reivindicaria Julian.

Nojo seria a palavra certa quando lembra das memórias da noite que passaram juntos.

🌑🌑🌑

Quando Dan foi aceitável pelo rei em procurar Julian, Patel foi atrás do homem para lhe dá apoio.

Dan entrou no seu quarto pequeno e humilde, quando Patel bateu na porta.

"Senhor."Dan baixou levemente a cabeça. "O que lhe trás aqui?"

"Bom, precisamos conversar." Dan deu espaço para Patel entrar que olhava em volta do quarto.

"Sobre o que você deseja conversar?"

"Eu sei onde o príncipe está." Dan abriu a boca para falar. "Não diga nada, tá bom? O rei não pode saber o paradeiro de Julian."

"Por que você não diz a verdade? Onde o senhor quer chegar?" Dan não entendia nada sobre aquele assunto, estava lá apenas para fazer parte da corte.

"Vamos dizer que Julian está em redenção, e o rei quer que você o proteja durante anos. E eu, quero que você se aproxime de Julian não como um guarda, e sim como um bom amigo."

"Amigo?" Dan arqueou uma sobrancelha.

"Isso, ele se sentirá muito exposto se tiver um guarda ao seu lado, não quero que se perca por conta disso. Ele precisa ser feliz." Patel sabia que Dan não entendia muito bem, mas logo entenderá. "Aqui está o mapa, cuide bem dele." Entegou a Dan o mapa que foi desenhado por Julian. "Vá sozinho, não diga nada sobre isso e traga Julian sã e salvo. Escreva-me cartas, ok?"

"Ok?!"

"Bom, é isso. Até mais." Dan balançou a cabeça jogando o papel na cama surrada. Ele não fazia ideia do que segui, primeiro o rei pediu que encontrasse Julian e o protegesse, agora seu filho adotivo pediu para chegar até onde Julian estava e lhe proteger como um amigo. Até parecia que todos escondiam segredos obscuros. E Dan certamente queria distância disso.

Nunca conheceu os príncipes, afinal, ele tinha chegado a pouco tempo na cidade depois de sair de suas terras bem distante. Por sua estrutura forte e alta, Dan foi aceito na escoteira de cavalheiros, sabia montar a cavalo, segurar espadas e flechas. Além de ser um alfa bastante forte, Dan é além de um ser fantástico lutador a mão. Quando ouviu falar da fuga do príncipe não imaginou que ele seria tratado para essa situação. Por que o príncipe fugiu? Algo de errado gritava em sua mente. Em toda sua vida não viu nada assim, todos os reinos por onde passou os príncipes lutavam e matavam para herdar a coroa. E quando chegou nas terras de Dazarian agradeceu por todos terem uma bondade grande no coração, foi recebido junto com outros homens com educação e festa pela escoteira.

Patel chegou na cabana sorrindo, Will olhou para seu amado sem entender.

"Viu um passarinho verde?"

"Mas que verde, meu amor!" Bateu palminhas alegre. Will riu do jeito bobo.

"O que aconteceu?"

"Tudo, querido. Sinto aqui dentro-" apontou para o peito. "Que o meu plano dará certo."

"Plano?"

"Sim, agora vamos jantar." Will balançou a cabeça pela indecência de seu ômega que com certeza aprontará. Patel tinha uma cabeça extraordinária, além de suas intuições sempre estarem certas.

Julian chegaria em Azarrara, Dan seguiria o combinado. O alfa cavalheiro parecia ser um bom moço, além de ser incrivelmente lindo. O tipo certo de Julian. Claro que imaginou e sonhou com esse momento dando certo, um homem se aproximando de Julian poderia fazê-lo esquecer de Declan, já que Julian nunca se quer recebeu cantadas de alfas por ser um príncipe respeitoso.

Ele é muito lindo para namorar, até mesmo ter nós além de Declan. E longe de toda a caixa que o envolvia ele poderia se apaixonar por outra pessoa.

Céus, Patel teve a melhor ideia de sua vida. 

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