Capítulo 12

Dito e feito, o marquês ficou no quarto de Sophia, mas sentado numa cadeira ao lado da cama dela.

—Sabes, quando te vi, gostei de ti, mas pensei que serias uma concubina de Sua Majestade. Esclareço que nunca pensei em ti como alguém que valesse menos, simplesmente supus que tinhas conquistado o afeto do imperador, por isso estava com ciúmes. Disse tudo isso à Lady Gaillard para que fizesse algo e tu não quisesses voltar a ver o imperador, embora tudo tenha corrido mal. Não obstante, quando soube a verdade sobre ti, prometi a mim mesmo que tentaria conquistar a tua confiança e talvez, mais tarde, o teu coração. És alguém diferente e por isso chamas a minha atenção, simplesmente pareces-me especial — ele sussurrava.

—Já chega. Por favor, não faças isso, para por favor, por favor eu… eu… estou grávida — Sophia estava a ter um sonho tão mau e triste que só se mexia de um lado para o outro, enquanto lágrimas lhe escorriam dos olhos.

Noil viu tudo e não suportou ver aquela mulher a sofrer sem ele poder fazer nada. —Parece que o meu primo tem razão, já foste casada, mesmo assim pode estar enganado sobre ti. Não pareces uma pessoa má, mas falta-te algo muito importante para poderes viver, algo que talvez eu te possa dar — ele pegou na mão de Sophia e apertou-a com força, para que ela soubesse, mesmo a dormir, que não estava sozinha.

A noite continuou, mas num dado momento, avistaram-se luzes ao longe, pareciam tochas. —Estão a atacar-nos — ouviu-se nos arredores da mansão.

Noil acordou com toda a comoção e percebeu que Sophia já não estava na cama, procurou-a por todo o lado até a ver a olhar pela janela.

—Já estás melhor? — perguntou preocupado.

—Eu não devia estar aqui, marquês. A última coisa que preciso é que alguém da realeza morra ao meu lado. Vai-te embora — gritou ela.

—Estás muito enganada se achas que te vou deixar sozinha, não saio daqui. Não me podes obrigar — a sua postura era irredutível.

—Como queiras — se lhe falavam informalmente, ela também o faria.

Sophia vestiu uma capa e uns sapatos confortáveis, saiu do seu quarto e desceu ao andar de baixo, claro que Noil ia atrás dela.

—Há algum ferido? — perguntou séria.

—Ainda não, menina, mas são muitos os que atacam, devia fugir daqui — pediu o responsável pela guarda.

—Mandem todos entrarem no salão onde eu estava a trabalhar — ela entrou primeiro, para que não desconfiassem.

Ali puderam ver o que antes lhes tinha passado despercebido, um número incontável de espadas e armaduras estavam prontas a ser entregues.

—Preciso que o império as autorize — ela olhou para o marquês, ele era o único que podia dar a ordem, pois se Sophia decidisse dar tudo aquilo aos seus guardas, estaria a quebrar o seu acordo e acabaria com um grave prejuízo.

—Têm a minha autorização — disse ele e, imediatamente, todos os guardas vestiram uma armadura, incluindo ele. Também pegaram numa espada e com isso estavam prontos para lutar.

—Consegues imaginar um lugar diferente do palácio? — engolindo o seu orgulho, Sophia perguntou.

—E se conseguir? — mesmo naquele momento, ele respondeu zombeteiro.

—Imagina agora — ela tocou no ombro do marquês e um símbolo apareceu debaixo dos seus pés.

Dessa forma, ela transportou as criadas da mansão para o lugar que o marquês imaginou, ela não podia, pois só conhecia o palácio, além da mansão.

—Volto já com os guardas — disse ela e o mesmo sinal voltou a aparecer. Noil mal conseguiu entrar no círculo, pois Sophia já se tinha afastado.

—Não voltes a fazer isso — ele estava zangado.

—Devias ter ficado, agora já consigo imaginar esse lugar — defendeu-se ela. —Entrem todos no círculo — Sophia ordenou aos seus guardas, felizmente eram todos, a maioria ainda estava de pé e viva. Outros tinham sido atingidos, mas graças às armaduras de Sophia, nada tinha sido pior.

Os homens obedeceram à sua senhora e quando todos estavam a salvo, Sophia ativou o sinal, em seguida estavam no local onde se encontrava o restante do pessoal.

—Obrigada, menina, salvou-nos a vida — com lágrimas nos olhos, as mulheres agradeceram.

—Não foi nada, era o meu dever… qualquer um teria… — a sua recuperação não estava completa e devido ao esforço realizado, ela desmaiou.

Noil pegou nela ao colo e levou-a para dentro do local para onde tinham chegado, não era outro sítio senão a sua própria casa.

—Preparem quartos para todos, para que possam descansar. Não se preocupem com Lady Brunet, eu trato dela — ordenou ele e tentou tranquilizar o pessoal de Sophia.

Por mais que os seus empregados o criticassem, Noil levou Sophia diretamente para o seu quarto, onde a deitou na cama e cobriu o seu corpo frágil com um grande lençol.

—Tenho a certeza de que vais odiar-me por isto, mas não posso permitir que fiques noutro lugar, a minha afeição por ti aumentou esta noite — ele sorriu maliciosamente.

Nenhuma mulher era capaz de fazer o que ela fez pelo seu pessoal. Nem mesmo um homem o teria feito, simplesmente a mulher que ele via a dormir cativava-o profundamente.

Naquela noite, Noil dormiu no seu sofá favorito, o que obviamente não era do seu agrado, mas não pensava em ultrapassar os limites com Sophia. Quando acordou, saiu para informar sobre o que tinha acontecido durante a noite, queria contar diretamente ao imperador, pois este tinha enviado uma mensagem durante a noite, ele não ficaria tranquilo enquanto não soubesse quem se atreveu a tentar magoar a sua senhora.

Sophia demorou a acordar e quando acordou, ficou surpreendida, viu que estava noutro lugar e não se lembrava muito bem do que tinha acontecido durante a noite. Saiu do quarto como estava e viu pessoas que não conhecia, o que a deixou ainda mais desconfiada.

—Bom dia, menina. O marquês não está cá agora, mas pediu-me para lhe dizer que esta é a casa dele, sinta-se à vontade para fazer o que quiser — disse o mordomo amavelmente.

—Tenho fome — foi a primeira coisa que ela disse.

—Se me permite acompanhá-la — ele conduziu-a diretamente para a sala de jantar, onde já estavam servidos vários pratos.

O homem aproximou-lhe uma cadeira, mas Sophia não se ia sentar.

—Onde é a cozinha? — perguntou séria.

—É por aqui — ele mostrou-lhe.

Sophia foi até lá e encontrou as cozinheiras e as criadas a tomar o pequeno-almoço. Quando a viram, quase tiveram um ataque cardíaco, pois nem o marquês entrava na cozinha, sendo a sua casa.

—Podemos ajudá-la, menina? — perguntou uma mulher mais velha.

—Tenho fome, desculpem a minha ousadia, mas tentaram matar-me ontem à noite, não posso confiar em ninguém. Vou preparar o meu próprio pequeno-almoço, podem continuar com o que estavam a fazer — a sua expressão mudou um pouco, tornou-se mais gentil.

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Comments

Ezanira Rodrigues

Ezanira Rodrigues

Ela tem todos motivos para agir assim.

2025-03-29

0

Tati Moura

Tati Moura

difícil confiança assim 😡😡😡😡

2025-03-01

0

Erlete Rodrigues

Erlete Rodrigues

foi a desprezada e família que tentou matar ela

2025-02-28

1

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