Serei Feliz Neste Mundo

Serei Feliz Neste Mundo

Capítulo 1

Numa noite em que a queda das gotas de chuva era a única coisa que se ouvia, juntamente com os trovões que a acompanhavam, uma jovem corria por uma rua solitária, apenas se via que carregava uma pequena mala.

— Para onde se dirige a estas horas, querida? — Perguntou uma anciã, que a deteve num lugar onde, só ali, a chuva não caía.

— Senhora, não tenho tempo agora, tenho de seguir o meu caminho — tentou soltar-se da mão daquela anciã que já a segurava com força.

— E se eu lhe dissesse que há um mundo para onde pode ir e ser feliz? — O seu sorriso metia medo, embora aquilo tenha interessado à jovem.

— Isso seria fantástico, se pudesse, iria para lá sem hesitar — começava a relaxar um pouco, esquecendo o motivo da sua fuga.

— Se aceitar, posso enviá-la para esse lugar. Terá uma vida melhor e prometo que não se arrependerá — sorria enquanto, de dentro da sua túnica, tirava um livro velho com diferentes símbolos.

— Que seja rápido, não posso ficar aqui — pediu nervosa.

Foi nesse momento que a anciã fez aparecer sob os pés da jovem um símbolo vermelho em forma de flor e então ela começou a perder a consciência.

— Ufa, pensei que demorarias mais a encontrar uma mulher disposta a tomar a minha vida no outro mundo — era a mesma jovem, mas aparentemente a sua alma tinha sido trocada.

— Minha menina, espero que seja suficientemente bom para a fazer feliz — observava o seu corpo.

— Bem, agora já podes ir-te embora, já não preciso de ti, além disso não te quero por perto, a tua presença realmente me desagrada — disse cruelmente à anciã.

— Como queiras, minha menina, se é essa a tua vontade. Espero que sejas muito feliz neste mundo. Adeus — a anciã despediu-se e pouco a pouco desapareceu.

Rapidamente, uma patrulha fez-se presente ao lado daquela mulher que acabava de se livrar da anciã.

— Lola Antía, está presa pelo homicídio do seu marido, tem o direito de guardar silêncio, tudo o que disser pode ser usado contra si, tem o direito a um advogado, se não puder pagar um, o Estado irá fornecer-lhe um. Levem-na! — Ordenou um dos oficiais que tinham chegado para deter a mulher.

Aquela jovem não entendia o que se estava a passar, supostamente tinha vindo a este mundo para ser feliz, pois tinha-lhe custado escapar do seu antigo mundo.

— "Velha bruxa maldita, não só me enviaste para um mundo muito melhor, como te certificaste de que eu não pudesse ser feliz, espero que apodreças no inferno" — ouvia nos seus pensamentos.

A jovem que tinham mandado para um mundo diferente, escapava do crime que tinha cometido, pois tinha-se livrado do marido, depois de sofrer maus tratos tanto emocionais como físicos, mas na realidade ninguém sabia, já que aquele marido não deixava que isso acontecesse. Agora quem seria presa seria a Lola, mas nesse corpo já não habitava a verdadeira, mas sim alguém que se realmente merecia aquele castigo, por ter feito sofrer pessoas que a amavam no seu mundo.

— Acorda, já estamos em casa — ouvia-se a voz de um homem.

— Onde estou? — Perguntou a verdadeira Lola, pois depois de perder a consciência, mal agora a estava a recuperar.

— Onde mais?, estamos em casa. Não devias ter tentado fugir, Sophia, eu nunca te tratei mal, nunca te pus a mão em cima. Desde o início que deixámos claros os termos do nosso casamento. Isto só vai durar mais uns anos, peço-te que aguentes, se não o fizeres, terei de te manter trancada, pois não haverá problema já que não tens ninguém que te possa visitar — falava aquele homem, irritado mas também preocupado.

— Eu... eu... lamento? — A sua surpresa era óbvia, mas sabendo o que aquela anciã lhe tinha dito, talvez fosse verdade aquilo de viajar para outro mundo. Se assim tivesse sido, poderia ter escapado da polícia e da punição que lhe imporiam por assassinar alguém. — Prometo que não volta a acontecer — tentava pôr-se de pé, mas aí reparou que estava muito mal, tanto que nem se conseguia levantar sozinha.

— Já mandei chamar o médico, espero que agora cuides de ti, não posso confiar em ti, por isso, durante a minha expedição nas fronteiras, deixarei o mordomo encarregado, têm de te tratar bem, mas não poderás sair desta casa — foram as suas últimas palavras e saiu do quarto.

Pouco depois, um homem adulto entrou no quarto e apresentou-se como o médico. — Senhora, creio que desta vez teve muita sorte, não é muito comum as pessoas saírem vivas daquela floresta — conversava enquanto aplicava um tratamento nos pés da mulher, depois de os ter lavado.

— Tem razão, tive muita sorte. Tenho de estar grata ao homem que me salvou — tentava obter informações de alguma forma.

— O duque é um bom homem. Pode parecer duro e que às vezes não tem sentimentos, mas posso dizer-lhe que é um grande homem. Por favor, obedeça às suas ordens e não o faça irritar, pois se o fizer, não haverá poder humano que a salve da sua fúria — terminou de vendar os pés da mulher. — Está tudo pronto, agora retiro-me — despediu-se.

Lola, agora Sophia, tinha ficado sozinha naquele quarto grande e muito ostensivo.

— "Tenho de estar feliz, só me estava a defender e não acho que isso seja mau" — o seu corpo começou a transpirar muito frio.

— Então ainda estás viva? — era uma figura que falava, claro que assustou a mulher. — Sou a anciã que te trouxe a este mundo. Ouve bem o que te vou dizer, não tenho muito tempo — custava-lhe manter a sua forma.

— Estou a ouvi-la, pode falar — ainda assustada, deixou a anciã falar.

— O teu nome é Sophia, és a única filha dos marqueses Brunet, eles fizeram um acordo com o duque para casares com ele durante três anos, só para ele não perder a sua reputação. Não tens uma boa relação com os teus pais e o teu marido metia-te medo e nojo, além disso, a tua pureza continua intacta e pensavas fugir com um homem que te prometeu o mundo inteiro. Agora que tens a vida da minha menina, cuida de ti, eu já não posso fazer nada, se ela me criou, só ela é que podia fazer-me desaparecer — começava a desvanecer-se.

— Então a Sophia sempre foi uma boa pessoa? — ainda estava um pouco preocupada com o que poderia acontecer àquela rapariga na Terra.

— Ela nunca soube amar nem ser boa, só queria ter sempre razão e não se importava de passar por cima de quem quer que fosse, eu que fui a sua criação, tive de servi-la sem poder dizer nada, agora ela vai ser feliz e todos aqui vão poder descansar dela — as suas palavras doíam-lhe, mas era a verdade. Com isso, aquela figura da anciã acabou por desaparecer.

— Ha, ela será tudo menos feliz. — Lamentou-se falsamente a nova e renovada Sophia. — Infelizmente para ti, ser importante para alguém será impossível, as minhas condolências querida, mas agora estou eu no teu lugar, vou aproveitar isto — regozijava-se a dar voltas na sua nova cama.

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Comments

Natsumi

Natsumi

Chapeuzinho e Dora tem uma cópia!!(ela não vê o mal diante dela)

2025-03-15

0

Ezanira Rodrigues

Ezanira Rodrigues

Vamos ver no que te meteste, Lola. Desculpe, não é Lola, é Sophia.

2025-03-29

1

Tati Moura

Tati Moura

🤣🤣🤣🤣😶😶😶 ela é louca de aceitar

2025-02-27

1

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