Acordo

Fernando leva-me para o seu quarto. Sento-me numa cadeira e fico em silêncio. Ele vai até a sua cômoda, pega um caderno e uma caneta e senta-se próximo a mim. Olho em volta, admirando a arrumação do seu quarto, nada extravagante e nem simples.

— Sabia que é falta de educação reparar os aposentos dos outros? — ele pergunta sem tirar os olhos do caderno.

— Desculpa... — digo envergonhada. — Estava a admirar o seu quarto...ele é bem modesto e aconchegante!

— Hm... que bom que você gostou... — ele suspira.

Ficamos um tempo em silêncio. Não demorou muito para o rei Martin retornar ao castelo. Um dos guardas veio até o quarto e avisou ao Fernando que o seu pai havia solicitado a sua presença na sala do trono. Ele virou-se para mim e disse que eu deveria acompanhá-lo até a cozinha para que as empregadas preparassem algo para mim.

• Fernando •

— Pai? — entro na sala do trono e faço reverência. — Mandou chamar-me?

— Fernando! — ele sorri ao me ver. —Precisamos conversar!

— Sobre o quê? — pergunto.

— A Ágatha está na cozinha? — ele pergunta desviando-se da minha curiosidade. — Você não a machucou certo? Não faça nenhum mal a ela!

— Pai, por que toda essa preocupação com a humana? — questiono irritado. — Ela é só uma prisioneira!

— Ela é o meu presente para você! — ele ri.

— Como assim? — pergunto confuso.

— Você é o meu sucessor e os sucessores, normalmente, devem se casar com meias-irmãs ou primas, correto? — ele gesticula. — Como nós sabemos, não há mais nenhuma mulher, da nossa linhagem, viva. Então, ao invés de escolher uma plebeia qualquer, pensei em escolher uma princesa! E...essa princesa será a Ágatha!

— Não... nem pensar! — discordo. — Não vou casar-me com a filha do meu inimigo!

— Fernando... — o meu pai murmura.

— Você sabe que precisa de uma esposa para assumir o trono, Fernando! — o meu pai sorri. — A Ágatha tem sangue real e é a única filha do Charles! Você, após casar-se com ela, pode destrui-lo! Aliás, quem não ficaria furioso ao ver o inimigo brincar com a sua única filha?

— Hm... — penso um pouco. — O senhor pensou em tudo, certo, coroa?

— Respeite-me, pois ainda sou o seu rei, moleque! — ele bagunça o meu cabelo.

— Não por muito tempo! — zombo. — Vou começar os preparativos do casamento desde já!

— Espera! — ele segura o meu braço. — A garota ainda é menor... você terá de esperar ela completar os dezoito anos! Mas, por enquanto, faremos um baile anunciando o seu noivado e convidaremos a família dela! Você precisa fazer com que ela se apaixone o mais rápido possível!

— Sério isso? — resmungo. — Quanto tempo vai demorar?

— Ela faz aniversário daqui a três semanas, terá que aguentar um pouco, filho! — ele responde sorrindo. — Bem, pelo menos, ela não é feia... até que ela é bem bonita. Aproveita, garoto!

— É... — respiro fundo. — Mas, como vamos convencê-la a casar-se comigo?

— Deixe comigo, filho! — ele sorri. — Eliezer, traga a princesa Ágatha King!

— O que vai fazer? — pergunto.

— Preocupe-se apenas em fazer com que ela se apaixone por você! — ele responde. — Vá antes que ela chegue!

Faço reverência e, em seguida, volto para o meu quarto. Fecho a porta e jogo-me na cama. Não consigo acreditar nisso...terei que casar-me com uma humana...

• Ágatha •

— A princesa Ágatha está aqui, meu rei! — o homem diz ao fazer com que eu entrasse numa sala imensa.

— Ágatha... — Martin surge das sombras.

— Rei Martin... — faço reverência. — O...o...o... senhor pediu...para...me ver?

— Não precisa ter medo, criança! — ele sorri amigavelmente. — Não vou fazer-lhe mal!

Engulo em seco e o encaro, assustada.

— Ágatha, quero propor-lhe um acordo! — ele diz.

— Que tipo de acordo? — pergunto curiosa.

— Tenho assuntos inacabados com o seu pai, você já deve saber ou imaginar isso, correto? — ele questiona.

— Um conflito entre reinos, possivelmente... — sussurro.

— Longe disso... — ele respira fundo. — o seu pai fez algo terrível, algo que não tem perdão...

— O senhor vai fazer-me de refém, não é? — pergunto desanimada.

— Não, nada disso, criança! — ele ri. — Quando fui ao casamento do seu irmão, pensei em dizimar toda a sua família, começando pelas crianças. Mataria todos na frente do seu pai e o deixaria vivo para ele sofrer o mesmo que eu...

Fico em silêncio, olhando para o chão. Ele respira fundo e continua.

— Mas, ao te ver, pensei em algo que não faria com que eu virasse um monstro por completo... e beneficiaria a todos, incluindo a sua família! — ele explica. — Até onde você chegaria pela sua família, Ágatha? Pelos seus irmãozinhos?

— Rei Martin, não faça nada com os meus irmãos, por favor! — imploro. — Não pode nos culpar pelos erros do nosso pai...

— Ei, eu não vou machucá-la! E nem machucar os seus irmãos! — ele diz. — Bem...na verdade, tudo isso depende de você!

— O que o senhor quer dizer com isso? — pergunto.

— Que tal, tornar-se a rainha dos vampiros e preservar a segurança dos seus irmãos? — ele propõe. — O seu casamento com o meu filho pode proporcionar uma aliança muito valiosa! Além de ser intocável, a sua família estará segura... Mas, é claro que isso dependerá apenas de você! Aliás... você será a esposa do rei que comandará todo esse exército!

Eu poderia proteger a minha família com esse casamento? Óbvio que eu faria qualquer coisa para proteger os meus irmãos e a minha mãe. Mas... será que o rei manterá a sua palavra? Como ficará o Duque Philippe?

Abaixo a cabeça e várias dúvidas passam pela minha cabeça.

— Meu rei, mesmo que eu aceite esse acordo... — continuo. — O seu filho, possivelmente, odeia-me! Como posso fazer com que ele se case comigo?

— Não se preocupe com isso! — ele sorri. — Está tudo sob controle!

— Ok... aceito o seu acordo... — engulo em seco, arrependendo-me de aceitar aquilo.

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Comments

Nilvan Coiote

Nilvan Coiote

kkkkkkkkk eita

2024-04-12

6

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