Coração Acorrentado - A Redenção Do Magnata
"No labirinto imprevisível do destino,
Dois corações amarrados pelo desatino.
Entre casamentos forçados e desafios a enfrentar,
O amor florescerá, mesmo quando parecer desafinar."
Alessandro
Olho para o documento à minha frente, minha expressão varia entre a incredulidade e a frustração. As palavras escritas ali parecem uma sentença, um destino indesejado que me arrasta para um casamento sem amor, um acordo que me sufoca.
- Isso só pode ser brincadeira - esbravejo, minha voz carregada de irritação.
Luca, meu melhor amigo e advogado, me observa com uma mistura de compreensão e preocupação em seu olhar. Ele aperta os lábios, buscando as palavras certas antes de falar.
- Sinto muito em te decepcionar, Alessandro, mas não é brincadeira. Seu pai foi muito claro em seu testamento. Para herdar as empresas, você deve se casar com uma mulher que consolide o poder da família através desse casamento - ele diz, sua voz ecoando na sala.
Uma sensação de impotência e indignação toma conta de mim. Não é a mera ideia de me casar que me assusta, é o fato de que esse casamento não trará felicidade nem para mim, nem para a mulher com quem deverei me casar. Parece uma prisão, um destino imposto que me priva do amor verdadeiro.
Isabella... Meu coração se aperta só de pensar no quanto essa situação a machucaria. Nosso amor é verdadeiro, intenso, mas ele não é suficiente para cumprir os requisitos do testamento. Casar-me com ela não cumpriria as condições impostas pelo meu pai.
- A ideia de se casar não me assusta tanto assim, Luca. É o fato de não poder me casar com a mulher que amo que me perturba - confesso, meu tom de voz repleto de tristeza e desânimo.
Luca faz uma pausa, ponderando sobre minhas palavras.
- Entendo, Alessandro. Mas pense bem, uma hora ou outra você iria acabar se casando. E o acordo que Giovanni Ricci propôs é excelente. Você só precisa se casar com a filha dele para que o problema seja resolvido - ele argumenta
Suspiro profundamente, tentando absorver as palavras de Luca. Parece que as opções são limitadas, e a pressão sobre meus ombros parece esmagadora.
- Certo... ligue para Antônio. Diga que aceito o acordo e mande que ele venha aqui para acertarmos os pormenores - decido, aceitando a dura realidade que se impõe diante de mim.
Luca assente, compreensivo em relação à minha luta interna. Enquanto ele se prepara para fazer a ligação, meu olhar vagueia pela sala, incapaz de se desviar da fotografia de Isabella que está na minha mesa. Meu coração se aperta ainda mais, mas sei que não posso seguir meus sentimentos. A obrigação familiar me força a tomar essa decisão, mesmo que vá contra tudo em que acredito.
Giulia
Entro no imponente escritório do meu pai, tentando ler suas expressões sérias enquanto seus olhos se voltam para mim. O ar está carregado de tensão, e uma sensação de apreensão se instala em meu peito.
- Papai me chamou? - minha voz vacila um pouco enquanto faço a pergunta, tentando parecer confiante.
- Sim, minha querida. Sente-se - ele responde, apontando para a cadeira à sua frente.
Meus dedos tremem involuntariamente enquanto me acomodo na cadeira. Sinto meu coração disparar, preparando-me para o que virá a seguir.
- Como você sabe... como sabe que estamos passando por um momento difícil na empresa? - papai diz sério, sua preocupação evidente em seu olhar enrugado.
- Sim, papai, eu sei - respondo, tentando entender onde ele quer chegar com essa conversa.
Ele suspira profundamente, como se o peso do mundo repousasse sobre seus ombros.
- Bem... achei uma forma de salvar os negócios, mas eu precisarei da sua ajuda - ele continua, desviando o olhar por um momento.
A confusão se instala dentro de mim, brigando com a empolgação de que talvez haja uma solução para os problemas financeiros da nossa família.
- Como assim? - minha voz sai pequena e incerta.
Antônio suspira novamente, procurando as palavras certas.
- Fiz um acordo com o CEO das empresas Conti. Conseguimos fechar um acordo de casamento entre você e Alessandro Conti - ele revela, e meu olhar se enche de surpresa e incredulidade.
- O quê?! Pai, eu não posso me casar agora. Acabei de sair da escola, quero me formar. Você sabe que meu sonho é ir para a faculdade - minhas palavras saem apressadas, cheias de emoção.
- Eu sei, minha querida, mas esse acordo pode salvar a todos nós. Além disso, você pode estar casada e fazer a faculdade. Você terá todo o apoio necessário - ele tenta me tranquilizar.
Suspiro profundamente, sentindo as lágrimas se formarem nos cantos dos meus olhos.
- Tem que haver outra forma de salvar as empresas sem precisar disso - minha voz soa cheia de esperança, mas meu pai balança a cabeça, negando.
- Eu esgotei todas as possibilidades, filha. Eu jamais te colocaria nessa situação se tivesse escolha. Precisamos deste acordo para garantir o futuro da família - ele diz, sua voz carregada de tristeza.
Meu coração aperta enquanto tento processar o que acabei de ouvir. Uma mistura de medo, frustração e resignação se espalha dentro de mim. Eu não posso fugir do meu destino, mesmo que isso signifique abrir mão dos meus próprios sonhos.
- Como posso casar com um homem que sequer conheço? - murmuro mais para mim mesma, enquanto busco desesperadamente alguma resposta.
- Vocês terão tempo para se conhecer antes do casamento - meu pai responde, tentando encontrar palavras reconfortantes.
A ideia de ter um período para conhecer Alessandro antes de sermos unidos em matrimônio me traz um alívio passageiro. Talvez, nesse tempo, possamos encontrar algum tipo de conexão, algum laço que torne essa união menos assustadora.
Mas, no fundo, sei que não tenho escolha. As circunstâncias financeiras da nossa família nos empurram inexoravelmente para esse casamento de conveniência. E agora tenho que lidar com a realidade de que minha vida será entrelaçada com a de um completo estranho.
- Preciso de um tempo para raciocinar sobre tudo - digo, buscando um pouco de controle sobre a minha própria vida, mesmo que seja momentâneo.
Observo meu pai suspirar profundamente, pesar carregando em seus ombros. Uma tristeza que compartilhamos em silêncio.
- Tudo bem, me desculpe por te colocar nessa situação - ele diz em um tom carregado de arrependimento.
Um sorriso triste escapa dos meus lábios ao perceber sua genuína preocupação.
- Está tudo bem - respondo, tentando esconder a tristeza que me acompanha. Sei que não há mais o que fazer, a não ser aceitar o que o destino nos reservou.
Levanto-me da cadeira com um suspiro, e uma sala opulentamente decorada vem à minha vista. Os móveis e as pinturas clássicas que adornam as paredes conferem um ar de grandeza que mal oculta as fissuras da nossa situação financeira, agora ameaçada .É nesse ambiente de luxo desvanecido que sinto o aperto em meu peito se agravar, enquanto emoções contraditórias disputam um lugar em meu coração.
"Giulia," escuto a voz de minha mãe reverberando através do corredor, suave, mas de alguma forma carregada de expectativa.
Volto-me, olhos seguindo o som até encontrá-la sentada lá, no sofá da sala de estar, que parece absorver os raios de luz que se infiltram pelas janelas amplas. Ela me olha com aquele olhar que sempre me desarmou, cheio de amor e de um cuidado imensurável.
- Sim, mãe? - Minha voz sai embargada, mas forço um sorriso, tentando ocultar a tormenta interior que a notícia do casamento desencadeou em mim.
- Sente aqui, querida - Maria, minha mãe, diz com um sorriso gentil, apontando o espaço ao seu lado no sofá de veludo. O gesto é acolhedor e me aproximo, deixando-me cair ao seu lado com uma sensação de retorno ao lar, a segurança de minha infância.
- Seu pai já te falou sobre o casamento, não é? - ela questiona, com uma delicadeza que só ela possui.
- Sim... mãe, você concorda com isso? - As palavras escorrem de mim como água fria, trazendo com elas uma dose de amargura e incerteza.
- Gostaria que você pudesse realizar seus próprios sonhos... mas, minha filha, nossa situação é complicada - Ela expressa essa dura verdade com uma pontada de dor em seus olhos.
- Entendo, é claro. E apesar da minha relutância em me casar com um homem que só conheço de nome, me consola saber que posso ajudar a família de alguma maneira - respondo, e um sorriso triste se forma nos meus lábios.
- Alessandro é um homem de uma boa família... espero que você consiga encontrar alguma felicidade neste casamento... Sabe, eu nunca lhe disse, mas seu pai e eu não casamos por amor, mas por negócios - as palavras dela me atingem, e fico sem ar por um instante.
- Sempre pensei que vocês tivessem se casado por amor. Você e papai sempre me pareceram tanto apaixonados... - confesso, minha surpresa deixando minhas palavras trôpegas.
- Ah, e estamos apaixonados, mas o amor cresceu com o tempo, em meio a muita persistência, paciência e renúncias. Um casamento bem-sucedido exige que se abdique de muitos aspectos da vida de solteiro, de ambos os lados - ela explica com sabedoria emanando de sua voz suave.
Um sorriso nostálgico alcança os meus lábios enquanto penso em como eles mudaram um pelo outro ao longo dos anos.
- Lembro de algumas coisas que papai mudou por você - digo com uma risada leve, o coração um pouco mais aquecido pelo pensamento.
- Sim, e eu mudei bastante por ele também. Quando há amor, há transformação. Pode levar anos para acontecer, mas ela vem eventualmente - minha mãe fala, seus olhos brilhando com a luz de memórias compartilhadas e triunfos conjuntos.
Enquanto absorvo suas palavras, uma nova compreensão floresce em mim. Talvez, decido neste momento, possa existir um lugar para o otimismo no meio deste arranjo inevitável. Talvez o amor possa nascer de onde menos se espera. E, segurando essa faísca de esperança contra o medo que me oprime, olho nos olhos de minha mãe e prometo a mim mesma que, por mais que este casamento esteja começando de uma conveniência, eu o enfrentarei com a cabeça erguida e com o coração aberto para as possibilidades que o futuro reserva.
Novos capítulos serão postados todas as sextas
Luca
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Atualizado até capítulo 48
Comments
Maria Lima De Souza
concordo com vc
2024-04-29
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Ana Karol Campos
genteeee... a estória parece boa! principalmente a escrita é excelente!!! parabéns pelo talento e zelo com as palavras, autora! ❤️
2024-03-19
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