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Coração Acorrentado - A Redenção Do Magnata

Laços Inevitáveis

"No labirinto imprevisível do destino,

Dois corações amarrados pelo desatino.

Entre casamentos forçados e desafios a enfrentar,

O amor florescerá, mesmo quando parecer desafinar."

Alessandro

Olho para o documento à minha frente, minha expressão varia entre a incredulidade e a frustração. As palavras escritas ali parecem uma sentença, um destino indesejado que me arrasta para um casamento sem amor, um acordo que me sufoca.

- Isso só pode ser brincadeira - esbravejo, minha voz carregada de irritação.

Luca, meu melhor amigo e advogado, me observa com uma mistura de compreensão e preocupação em seu olhar. Ele aperta os lábios, buscando as palavras certas antes de falar.

- Sinto muito em te decepcionar, Alessandro, mas não é brincadeira. Seu pai foi muito claro em seu testamento. Para herdar as empresas, você deve se casar com uma mulher que consolide o poder da família através desse casamento - ele diz, sua voz ecoando na sala.

Uma sensação de impotência e indignação toma conta de mim. Não é a mera ideia de me casar que me assusta, é o fato de que esse casamento não trará felicidade nem para mim, nem para a mulher com quem deverei me casar. Parece uma prisão, um destino imposto que me priva do amor verdadeiro.

Isabella... Meu coração se aperta só de pensar no quanto essa situação a machucaria. Nosso amor é verdadeiro, intenso, mas ele não é suficiente para cumprir os requisitos do testamento. Casar-me com ela não cumpriria as condições impostas pelo meu pai.

- A ideia de se casar não me assusta tanto assim, Luca. É o fato de não poder me casar com a mulher que amo que me perturba - confesso, meu tom de voz repleto de tristeza e desânimo.

Luca faz uma pausa, ponderando sobre minhas palavras.

- Entendo, Alessandro. Mas pense bem, uma hora ou outra você iria acabar se casando. E o acordo que Giovanni Ricci propôs é excelente. Você só precisa se casar com a filha dele para que o problema seja resolvido - ele argumenta

Suspiro profundamente, tentando absorver as palavras de Luca. Parece que as opções são limitadas, e a pressão sobre meus ombros parece esmagadora.

- Certo... ligue para Antônio. Diga que aceito o acordo e mande que ele venha aqui para acertarmos os pormenores - decido, aceitando a dura realidade que se impõe diante de mim.

Luca assente, compreensivo em relação à minha luta interna. Enquanto ele se prepara para fazer a ligação, meu olhar vagueia pela sala, incapaz de se desviar da fotografia de Isabella que está na minha mesa. Meu coração se aperta ainda mais, mas sei que não posso seguir meus sentimentos. A obrigação familiar me força a tomar essa decisão, mesmo que vá contra tudo em que acredito.

Giulia

Entro no imponente escritório do meu pai, tentando ler suas expressões sérias enquanto seus olhos se voltam para mim. O ar está carregado de tensão, e uma sensação de apreensão se instala em meu peito.

- Papai me chamou? - minha voz vacila um pouco enquanto faço a pergunta, tentando parecer confiante.

- Sim, minha querida. Sente-se - ele responde, apontando para a cadeira à sua frente.

Meus dedos tremem involuntariamente enquanto me acomodo na cadeira. Sinto meu coração disparar, preparando-me para o que virá a seguir.

- Como você sabe... como sabe que estamos passando por um momento difícil na empresa? - papai diz sério, sua preocupação evidente em seu olhar enrugado.

- Sim, papai, eu sei - respondo, tentando entender onde ele quer chegar com essa conversa.

Ele suspira profundamente, como se o peso do mundo repousasse sobre seus ombros.

- Bem... achei uma forma de salvar os negócios, mas eu precisarei da sua ajuda - ele continua, desviando o olhar por um momento.

A confusão se instala dentro de mim, brigando com a empolgação de que talvez haja uma solução para os problemas financeiros da nossa família.

- Como assim? - minha voz sai pequena e incerta.

Antônio suspira novamente, procurando as palavras certas.

- Fiz um acordo com o CEO das empresas Conti. Conseguimos fechar um acordo de casamento entre você e Alessandro Conti - ele revela, e meu olhar se enche de surpresa e incredulidade.

- O quê?! Pai, eu não posso me casar agora. Acabei de sair da escola, quero me formar. Você sabe que meu sonho é ir para a faculdade - minhas palavras saem apressadas, cheias de emoção.

- Eu sei, minha querida, mas esse acordo pode salvar a todos nós. Além disso, você pode estar casada e fazer a faculdade. Você terá todo o apoio necessário - ele tenta me tranquilizar.

Suspiro profundamente, sentindo as lágrimas se formarem nos cantos dos meus olhos.

- Tem que haver outra forma de salvar as empresas sem precisar disso - minha voz soa cheia de esperança, mas meu pai balança a cabeça, negando.

- Eu esgotei todas as possibilidades, filha. Eu jamais te colocaria nessa situação se tivesse escolha. Precisamos deste acordo para garantir o futuro da família - ele diz, sua voz carregada de tristeza.

Meu coração aperta enquanto tento processar o que acabei de ouvir. Uma mistura de medo, frustração e resignação se espalha dentro de mim. Eu não posso fugir do meu destino, mesmo que isso signifique abrir mão dos meus próprios sonhos.

- Como posso casar com um homem que sequer conheço? - murmuro mais para mim mesma, enquanto busco desesperadamente alguma resposta.

- Vocês terão tempo para se conhecer antes do casamento - meu pai responde, tentando encontrar palavras reconfortantes.

A ideia de ter um período para conhecer Alessandro antes de sermos unidos em matrimônio me traz um alívio passageiro. Talvez, nesse tempo, possamos encontrar algum tipo de conexão, algum laço que torne essa união menos assustadora.

Mas, no fundo, sei que não tenho escolha. As circunstâncias financeiras da nossa família nos empurram inexoravelmente para esse casamento de conveniência. E agora tenho que lidar com a realidade de que minha vida será entrelaçada com a de um completo estranho.

- Preciso de um tempo para raciocinar sobre tudo - digo, buscando um pouco de controle sobre a minha própria vida, mesmo que seja momentâneo.

Observo meu pai suspirar profundamente, pesar carregando em seus ombros. Uma tristeza que compartilhamos em silêncio.

- Tudo bem, me desculpe por te colocar nessa situação - ele diz em um tom carregado de arrependimento.

Um sorriso triste escapa dos meus lábios ao perceber sua genuína preocupação.

- Está tudo bem - respondo, tentando esconder a tristeza que me acompanha. Sei que não há mais o que fazer, a não ser aceitar o que o destino nos reservou.

Levanto-me da cadeira com um suspiro, e uma sala opulentamente decorada vem à minha vista. Os móveis e as pinturas clássicas que adornam as paredes conferem um ar de grandeza que mal oculta as fissuras da nossa situação financeira, agora ameaçada .É nesse ambiente de luxo desvanecido que sinto o aperto em meu peito se agravar, enquanto emoções contraditórias disputam um lugar em meu coração.

"Giulia," escuto a voz de minha mãe reverberando através do corredor, suave, mas de alguma forma carregada de expectativa.

Volto-me, olhos seguindo o som até encontrá-la sentada lá, no sofá da sala de estar, que parece absorver os raios de luz que se infiltram pelas janelas amplas. Ela me olha com aquele olhar que sempre me desarmou, cheio de amor e de um cuidado imensurável.

- Sim, mãe? - Minha voz sai embargada, mas forço um sorriso, tentando ocultar a tormenta interior que a notícia do casamento desencadeou em mim.

- Sente aqui, querida - Maria, minha mãe, diz com um sorriso gentil, apontando o espaço ao seu lado no sofá de veludo. O gesto é acolhedor e me aproximo, deixando-me cair ao seu lado com uma sensação de retorno ao lar, a segurança de minha infância.

- Seu pai já te falou sobre o casamento, não é? - ela questiona, com uma delicadeza que só ela possui.

- Sim... mãe, você concorda com isso? - As palavras escorrem de mim como água fria, trazendo com elas uma dose de amargura e incerteza.

- Gostaria que você pudesse realizar seus próprios sonhos... mas, minha filha, nossa situação é complicada - Ela expressa essa dura verdade com uma pontada de dor em seus olhos.

- Entendo, é claro. E apesar da minha relutância em me casar com um homem que só conheço de nome, me consola saber que posso ajudar a família de alguma maneira - respondo, e um sorriso triste se forma nos meus lábios.

- Alessandro é um homem de uma boa família... espero que você consiga encontrar alguma felicidade neste casamento... Sabe, eu nunca lhe disse, mas seu pai e eu não casamos por amor, mas por negócios - as palavras dela me atingem, e fico sem ar por um instante.

- Sempre pensei que vocês tivessem se casado por amor. Você e papai sempre me pareceram tanto apaixonados... - confesso, minha surpresa deixando minhas palavras trôpegas.

- Ah, e estamos apaixonados, mas o amor cresceu com o tempo, em meio a muita persistência, paciência e renúncias. Um casamento bem-sucedido exige que se abdique de muitos aspectos da vida de solteiro, de ambos os lados - ela explica com sabedoria emanando de sua voz suave.

Um sorriso nostálgico alcança os meus lábios enquanto penso em como eles mudaram um pelo outro ao longo dos anos.

- Lembro de algumas coisas que papai mudou por você - digo com uma risada leve, o coração um pouco mais aquecido pelo pensamento.

- Sim, e eu mudei bastante por ele também. Quando há amor, há transformação. Pode levar anos para acontecer, mas ela vem eventualmente - minha mãe fala, seus olhos brilhando com a luz de memórias compartilhadas e triunfos conjuntos.

Enquanto absorvo suas palavras, uma nova compreensão floresce em mim. Talvez, decido neste momento, possa existir um lugar para o otimismo no meio deste arranjo inevitável. Talvez o amor possa nascer de onde menos se espera. E, segurando essa faísca de esperança contra o medo que me oprime, olho nos olhos de minha mãe e prometo a mim mesma que, por mais que este casamento esteja começando de uma conveniência, eu o enfrentarei com a cabeça erguida e com o coração aberto para as possibilidades que o futuro reserva.

Novos capítulos serão postados todas as sextas

Luca

Entre Promessas e Segredos

"No limiar da verdade oculta e do amor incerto,

Dois corações mergulham em um destino incerto.

Promessas e segredos entrelaçam seus caminhos,

E o peso de escolhas difíceis preenche seus destinos."

Alessandro

O atrito enche o ar assim que as portas de vidro do prédio da Conti Enterprises se fecham atrás de mim, selando o calor do argumento que tive com Luca, o eco de suas últimas palavras ainda soprando como um vento frio em minha consciência. Atravesso o estacionamento amplo e meticulosamente mantido, onde fileiras de carros luxuosos brilham sob as luzes da cidade que começam a piscar ao anoitecer. As chaves do meu carro, um veículo que corresponde a uma vida que tô forjando - elegante, robusto e completamente incompatível com o que sinto no momento - pesam em meu bolso.

Minha mão treme ligeiramente por causa da ansiedade enquanto aciono o controle remoto e as luzes do meu carro piscam em resposta. Deslizo para o banco do motorista, o couro macio contrastando com a rigidez nas minhas costas. Ao dar a partida, a ignição do motor ecoa estranhamente como um rugido distante, refletindo o tumulto interior que estou tentando submergir.

Dirijo pelas ruas que silenciosamente cedem para o carro, tentando focar no traçado familiar do caminho para a casa de Isabella, em vez de tatear o emaranhado de pensamentos que lutam por prevalência na minha mente. Lá fora, o mundo é uma mistura de sombras e luzes, borrões que passam e se misturam em um desfile urbano, mas aqui dentro, sou eu e minha tempestade pessoal, vagamente ciente do movimento do volante em minhas mãos.

Quando finalmente paro em frente à pequena casa que acomoda os sonhos e carinhos que compartilhei com Isabella, percebo a profundidade do poço que estou prestes a escavar. Há uma pausa onde a lembrança do toque, do riso e das promessas silenciosas que fizemos invade e recua conforme aproximo meus dedos da campainha.

- Amor, que surpresa te ver aqui - Isabella abre a porta, seu sorriso capaz de brilhar mais forte do que todas as luzes de rua que preenchem a escuridão. Ela me abraça e deposita um beijo casto em meus lábios, um gesto tão familiar e que agora carrega o peso do que está por vir.

- Precisamos conversar, posso entrar? - Minha voz falha, tentando manter a normalidade, mas a quente recepção só aumenta a sensação de frio em meu estômago.

- Aconteceu alguma coisa? - Isabella pergunta, e há uma sombra de preocupação cruzando seu rosto, que apenas a vela da sinceridade poderia dissipar.

- Sim, mas não posso falar aqui - digo, urgência e pesar tecendo cada palavra, ao mesmo tempo que me condeno pelo segredo que ainda vou manter. Enquanto cruzamos a soleira, sinto o peso de uma porta se fechando, e outra - uma muito mais sombria - se abrindo na minha vida.

Tomado pela inquietude, afundo no sofá ao lado de Isabella. A sala, um retrato de nossa relação, guarda a intimidade de nossos momentos compartilhados, cada objeto um testemunho silencioso da cumplicidade e paixão que nos une. A delicadeza das cortinas ao balançar de uma brisa suave contrasta com o caos nas minhas veias.

- Está tudo bem? Você parece tenso- Isabella pousa sua mão sobre meu braço, seus olhos buscando os meus, plenos de preocupação.

Respiro fundo. O ar parece escasso, e meu peito se aperta à iminência do que estou prestes a desvendar.

- Eu vou me casar- confesso. As palavras caem entre nós como pedras em águas calmas, perturbando a serenidade que nos envolve.

- C... casar? O que você está falando, Alessandro?- Isabella gagueja, sua voz embargada pela surpresa e pelo pânico nascente.

Seguro sua mão, a maciez de sua pele em contraste com a aspereza da situação.

- Como você sabe... meu pai faleceu há duas semanas e ele deixou um testamento. Eu devo me casar com alguém que também tenha posses para consolidar o poder de nossas famílias, caso contrário, serei deserdado- explico, sentindo cada sílaba como uma traição ao nosso amor.

- Isso não é justo, e como fica a gente? Como fica nosso amor?- Isabella pergunta, suas lágrimas reluzindo como cristais traídos pela luz suave do abajur.

- Eu gostaria que as coisas fossem diferentes, eu te amo, Isabella... Esse casamento nunca será verdadeiro. Meu coração estará sempre com você- asseguro, enquanto acaricio sua mão na tentativa de transmitir um conforto que não sinto.

Neste momento, o que antes era um mero sussurro de dúvida parece ganhar força, Isabella repete

- Esse casamento não será verdadeiro...

- Então eu poderia continuar com você, não é? Eu te amo tanto, Alessandro. Não estou disposta a abrir mão do nosso amor- ela declara, uma resolução feroz em sua voz.

- Está... se oferecendo para ser minha amante?- As palavras me escapam, surpresas pela oferta e pela situação complicada que ela propõe.

- Bem... você mesmo disse que será um casamento de fachada, então não vejo problema- ela responde, sua determinação me desarmado completamente.

- Tudo bem...- concedo, a realidade da minha promessa pesando sobre mim como uma sentença. - Darei um jeito depois de me divorciar de Giulia para podermos ficar juntos.

As palavras estão ditas, suspensas no espaço entre nós, saturadas de promessas e segredos. No entanto, mesmo em meio à nossa triste resolução, o temor da perda e o desejo de manter viva a chama do nosso amor ilícito se entrelaçam, lançando sombras de dúvida sobre qual estrada estamos prestes a trilhar.

Giulia

A luz do monitor brilha, única em meu quarto escuro . É tarde, o relógio já anunciou a meia-noite há horas, mas o sono é a última coisa que passa por minha mente enquanto eu sigo a trilha digital de Alessandro Conti. Minhas mãos deslizam pelo teclado, digitando o nome que agora ameaça se tornar uma parte indelével da minha identidade.

"E Dio mio," não posso deixar de sussurrar enquanto imagens dele pulam da tela para a realidade da minha imaginação. O homem é lindo, sim, uma verdadeira perfeição da natureza, cada traço do seu rosto é como se tivesse sido esculpido por artistas renascentistas. Olhos escuros e penetrantes, cabelos pretos penteados a enoldurar um rosto anguloso com um leve rastro de barba por fazer. Mas eu sei que não é só a beleza que devo considerar aqui.

As páginas deslizam sob meu controle, uma após a outra. A história da famiglia Conti é tão rica quanto suas contas bancárias. Eles têm seus dedos em numerosos empreendimentos - desde bancos respeitáveis e vinícolas premiadas até as últimas tecnologias em energias renováveis. A Família Conti não é só uma dinastia de rostos bonitos, é um nome sinônimo de poder e influência, um império moderno construído sobre alicerces de tradição e modernidade.

Há rumores também, é claro. Falatórios de negócios obscuros e conexões que caminham na tênue linha entre legalidade e o que se esconde nas sombras. Toco o meu colar pensativamente

Desço mais um pouco na página e lá está a seção de filantropia. A Fundação Conti - um refúgio de boas obras destinadas a limpar qualquer mácula que o dinheiro possa trazer. Bolsas de estudo, hospitais, infraestrutura para os menos afortunados... Se eu estiver indo para esse mundo, talvez haja uma maneira de eu também deixar uma marca positiva, penso com um misto de esperança e desdém.

Meu olhar cai sobre uma foto de Alessandro em um evento de caridade, cercado por crianças que irradiam genuína alegria. Pode haver um coração por trás da fachada do gigante empresarial?

A madrugada passa despercebida, e somente com o canto dos primeiros pássaros da alvorada é que percebo quanto me aprofundei nesta pesquisa involuntária sobre meu futuro marido e a família que estou prestes a entrar. Fechando a aba do navegador, sinto-me sobrecarregada. A tela agora escura reflete meu rosto pálido e cansado; uma jovem mergulhada em um conto de fadas moderno e complicado, onde "felizes para sempre" não é garantido apenas por

palavras sussurradas e assinaturas em um papel.

Um Encontro de Destinos Prometidos

"No encontro de destinos traçados e corações incertos,

Unem-se esperanças, temores e desejos despertos.

Nervosismo preenche o ar, expectativas no olhar,

Dois caminhos se cruzam, prontos para se entrelaçar."

Giulia

Os raios de sol que invadem o quarto falham em despertar-me, mas a agitação de minha mãe ao lado da cama não.

-Dio... acorde Giulia, já são duas da tarde- ela diz, sacudindo meu ombro com determinação.

- Aí- resmungo, sentindo uma pontada súbita na cabeça, como se meu cérebro estivesse protestando contra o abrupto retorno à realidade.

Meus olhos encontram a figura de minha mãe, parada, imponente, ao lado da cama com as mãos firmemente plantadas nas ancas. O ar de urgência e a leve frustração em sua voz são um presságio claro de que este não é um dia comum.

- Vamos, filha, levante. Alessandro está vindo te conhecer - ela anuncia, e sinto meu coração dar um salto acrobático. Em um movimento fluido e assustado, eu me sento na cama.

-Agora?- Minha voz sai mais um sussurro surpreso do que uma pergunta.

- Sim, ele acabou de ligar, e bom, você se arrumar. Eu vou preparar um chá- minha mãe fala com aquele tom materno que mistura comando e carinho antes de sair do quarto.

Levanto-me de supetão, a tensão e a ansiedade se enrolam em meu estômago como uma cobra. Alessandro está vindo, e eu sequer sei como agir, o que dizer, como me portar diante dele. Nervosismo não começa a descrever o estado do meu ser.

Corro para o banheiro. A água do chuveiro é um consolo e um choque de realidade. Ela lava não só o sono, mas também a insegurança que ameaça me consumir. O tempo é escasso; o banho é rápido, mais funcional do que relaxante.

Envolvendo-me na toalha, me apresso ao armário. Meus olhos dançam freneticamente por entre as roupas. Preciso de algo que diga casual, mas preparada, simples, mas não desinteressada. Minhas mãos finalmente escolhem: um vestido de tecido leve, de cor rosa , com mangas delicadas que flutuam ao menor movimento. A saia parecida com a de um A-line cai logo abaixo dos joelhos, oferecendo uma mistura de modesta elegância e uma lufada de juventude.

Acompanho-o com uma pulseira de prata sutil e uns brincos pequenos, círculos prateados que refletem a luz com um brilho discreto. Os pés descalços logo são adornados com sapatilhas brancas de couro macio, simples, porém chiques.

Diante do espelho, me examino. Seco meu cabelo até que ele caia sobre os ombros em ondas naturais e apliquei uma maquiagem leve - só um toque de blush para dar cor às bochechas, rímel para destacar os olhos e um batom nude para completar o visual.

Respiro profundamente, tentando aquietar os batimentos do meu coração. A casa cheira à menta e camomila, o aroma se espalhando pelo ar e prometendo acalmar os nervos que eu mal consigo controlar. Ao sair do quarto, sinto a realidade da situação se assentar sobre mim - Alessandro Conti está vindo, e minha vida, como a conhecia até agora, está prestes a mudar para sempre.

Alessandro

O peso do inevitável assenta-se sobre mim enquanto dirijo pelas ruas alinhadas por árvores rumo à mansão dos Ricci. Cada movimento do carro me aproxima de um futuro traçado por linhas que não desenhei, linhas que entrelaçam dever e renúncia. A ideia de conhecer Giulia - minha futura esposa em um casamento que rejeita o amor como fundação - envolve meu pensamento de maneira incômoda.

Refletindo no silêncio do interior do carro, não posso evitar que a memória das lágrimas de Isabella, minha verdadeira amada, transperce minha consciência. O desespero em seu olhar quando lhe contei sobre meu destino matrimonial ecoa em minha mente, arrastando com ele a sua proposta arriscada. Isabella, disposta a permanecer comigo como minha amante – um segredo ardente que arderia no escuro. Ela é quem possui meu coragem verdadeiro, e enquanto eu acolher o cumprimento do meu papel como esposo de Giulia, sei que jamais a amarei.

A mansão Ricci surge diante de mim, imponente e elegante, com sua fachada exalando o perfume de status e história. Paro minha máquina concede de potência e luxo diante da portaria e me identifico. O porteiro inclina a cabeça e, sem hesitação, os portões se abrem, me convidando para um novo capítulo da minha vida.

Estaciono o carro e assim que desligo o motor, uma respiração mais profunda - o ato tão simples é carregado com a tensão do momento. A porta da mansão se abre, e Maria Ricci, a matriarca que logo chamarei de sogra, aparece, seu sorriso é um bem-vindo que não sei ainda se mereço.

- Boa tarde, Alessandro, é um prazer recebê-lo- ela saúda, e sua voz é calorosa.

Observo-a por um instante, a elegância natural e o gesto refinado de estender a mão.

- Boa tarde, Sra. Ricci, me desculpe avisar tão repentinamente que iria vir. Estava por perto e achei que seria uma boa oportunidade para conhecer minha futura esposa- respondo, ocultando a turbulência interna atrás de um sorriso cortês e um aperto de mão firme.

- Fico feliz que tenha vindo. Vamos entrar- ela dirige-se para dentro, assumindo o papel de anfitriã.

Sigo-a através das portas majestosas, os passos reverberando em piso de mármore enquanto contemplo o ambiente diante de mim – decoração impecável, arte refinada adorna as paredes, e uma escada grandiosa se apresenta como uma espinha dorsal desta estrutura de privilégio. A luz suave das luminárias cria um jogo de sombras e promessas, e me pergunto, em meio a toda essa beleza arquitetônica, qual seria o espaço para a autenticidade daquilo que eu realmente desejo.

A tensão cresce a cada passo que dou dentro desta mansão, sabendo que, embora as intenções sejam de formar laços, meus sentimentos estão irremediavelmente atados a uma mulher que não é aquela que estou prestes a encontrar.

A medida que somos conduzidos até a sala, sigo Maria Ricci com uma mistura de apreensão e curiosidade. Nos acomodamos juntos no sofá, prontos para desvendar os segredos e as expectativas que rodeiam este encontro. Maria inicia a conversa com um sorriso afetuoso, mas seus olhos revelam uma preocupação real.

Começamos a conversar e Maria, de maneira gentil, começa a me contar sobre Giulia. Ela fala sobre sua personalidade doce, sua paixão pela música e arte, sua dedicação aos estudos. No entanto, em meio aos elogios orgulhosos, Maria confessa os desafios financeiros que enfrentam como família. É um momento de vulnerabilidade compartilhada, e agora entendo melhor a pressão que Maria sente para garantir o bem-estar de Giulia.

Enquanto escuto as palavras de Maria, percebo um leve ruído vindo da escada. Meus olhos instantaneamente procuram a fonte do som, e então, meu olhar se fixa em uma figura que desce com elegância os degraus. Maria interrompe sua fala com um sorriso radiante.

- Aí está ela, essa é minha filha Giulia- Maria anuncia com orgulho.

Ela é deslumbrante.

Uma beleza que parece tão natural quanto a própria vida. Giulia desce a escada, exibindo um sorriso tímido, mas encantador. Seus olhos encontram os meus e ali a tensão que me acompanha desde que cheguei parece desaparecer.

Instintivamente, me levanto do sofá assim que Giulia se aproxima. Há uma aura magnética que permeia o ar conforme nos aproximamos para o cumprimento.

- Prazer em conhecê-lo, Sr. Conti- diz Giulia, estendendo a mão para cumprimentar-me.

- O prazer é todo meu. Pode me chamar apenas de Alessandro- respondo, aceitando o aperto de mão oferecido por ela.

No momento em que nossas mãos se encontram, uma corrente elétrica parece percorrer nosso toque, enviando um arrepio percorrendo minha espinha. Talvez seja apenas uma ilusão fugaz, mas neste instante não consigo desviar os olhos de Giulia. Ela é muito mais do que eu esperava

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