Entre Espinhos E Flores

"Em meio a um turbilhão de emoções e decisões difíceis, trilhas são cruzadas, destinos mudam.

Entre a sombra das palavras não ditas e a luz das verdades reveladas, o caminho se desenha.

Em uma estufa de flores trocadas, corações se desvendam, culpas se dissipam.

O peso de escolhas se desfaz, uma leveza emerge, um fardo se vai.

Entre seguranças discretos e portas trancadas, foi selado um encerrar.

No calor das cerimônias e na espera das donzelas, o véu do futuro se ergue.

Entre risos trocados e bromas sussurradas, o tempo encontra espaço para a calma.

Em encontros adiados e destinos traçados, nova jornada se inicia, trilhando caminhos desconhecidos.

E assim, nas entrelinhas do amor e da escolha, o tecido da existência se desdobra, revelando uma nova dança de destinos entrelaçados."

Alessandro

Perdido em um mar de emoções conflitantes, observo Giulia se afastar com Laura, minha mente lutando para se apegar a alguma forma de racionalidade. A raiva queima em meu peito, uma chama inextinguível alimentada pela audácia de Isabella.

Que direito ela tem de aparecer aqui, no meu noivado?

Seu sorriso cínico, enquanto ela me encara de longe, é como um tapa na cara, um lembrete de minhas falhas e fraquezas.

- Vá para a estufa- digo a ela, minha voz baixa mas firme, tentando não chamar atenção para nossa interação.

- Logo estarei lá.- Isabella assente com um aceno e sai discretamente do salão, sua saída quase tão silenciosa quanto sua chegada indesejada. Ainda assim, sinto os olhares de alguns convidados sobre mim, questionamentos não ditos pairando no ar.

Me forço a ficar mais um tempo entre os convidados, trocando sorrisos automáticos e cumprimentos vazios, enquanto minha mente está em um turbilhão.

Após um tempo me afasto discretamente do salão caminho em direção à estufa, meu coração batendo forte no peito. Cada passo parece amplificar o caos emocional que me consome, enquanto faço o possível para manter minha expressão neutra. O jardim noturno, iluminado apenas pela luz suave da lua e das lanternas espalhadas pelo caminho, oferece um contraste quase sereno à tempestade que se desenrola dentro de mim. As sombras dançam sob meus pés, acompanhando-me até o destino que escolhi, ou melhor, que foi imposto por circunstâncias indesejadas.

A estufa, um refúgio de vidro e vigas de ferro, abriga uma coleção de plantas exóticas, um hobby que sempre me trouxe paz. Mas, nesta noite, ela se transforma em palco de um confronto inevitável. A umidade do ar carrega consigo o perfume de flores tropicais, uma mistura intoxicante que, em outras circunstâncias, seria convidativa. Porém, agora, cada detalhe, cada folha brilhante sob a luz artificial, parece carregada de tensão.

- O que você está fazendo aqui?- pergunto a Isabella, minha voz cortante como a brisa fria que precede uma tempestade.

- Você falou para mim vir aqui...- Ela responde, sua voz cheia de falsa inocência, mas interrompo-a antes que possa continuar.

- Você entendeu o que eu quis dizer, Isabella- digo, a irritação evidente em cada palavra.

- Não posso comparecer ao noivado do meu 'amigo de faculdade'?- Ela faz aspas com as mãos, sua provocação evidente.

- Não, não deveria estar aqui... Além disso, eu estava longe, mas pude ver o que você fez com Giulia, aquilo não foi um acidente... O que estava tentando fazer, envergonhar minha noiva no dia dela?- Minha voz se eleva, um rosnado quase incontrolável.

- Por que você está a defendendo? Você deixou claro que era só um casamento de negócios, que ela não significava nada para você, e agora você a defende, a beija na frente de todo mundo- Isabella rebate, sua voz carregada de ciúme e incredulidade.

- Ela é minha noiva, a mulher com quem vou me casar. Você não tem direito algum de querer cobrar satisfações. E mais uma coisa, se você tivesse machucado ela com aquela taça, eu destruiria a sua vida. Então é melhor ficar longe da minha noiva- digo, minha voz tão firme e gelada que até mesmo o ar ao nosso redor parece congelar.

Isabella me olha com os olhos arregalados, sua boca abrindo e fechando algumas vezes, como se buscasse as palavras certas, mas incapaz de encontrá-las.

- Você... se... apaixonou por ela- ela diz, incrédula, e nesse momento, sinto meu corpo congelar.

Ela pode estar certa. Embora nunca tenha admitido nem para mim mesmo, os sentimentos que tenho por Giulia vão muito além de um simples acordo. O medo de admitir essa verdade é quase paralisante, mas, ao mesmo tempo, impossível de ignorar. Isabella percebeu algo que eu mesmo me recusava a ver, e essa realização me atinge com a força de uma tempestade, deixando-me sem palavras.

Respiro fundo, tentando encontrar a calma necessária para lidar com a situação explosiva à minha frente.

- Isso não é da sua conta- digo, tentando manter a voz firme, apesar da turbulência interna.

- Lógico que é da minha conta, eu carrego o seu filho!- Sua resposta vem carregada de indignação, como se fosse inconcebível que eu questionasse sua importância em minha vida. A complexidade de nossos laços, reforçada pela existência de uma criança, me atinge com força, mas não é suficiente para ofuscar a verdade que se tornou cristalina para mim: meu coração pertence a outra.

- Quer saber? Já chega. Terminamos aqui, Isabella. Vá viver a sua vida e me deixe em paz- declaro, cada palavra soando como o eco de um martelo que sela o fim de algo que, por muito tempo, pensei que fosse inquebrável. Ela me olha, surpresa e incrédula, como se a ideia de eu encerrar nosso relacionamento fosse algo que nunca havia passado por sua mente.

- Você está... terminando comigo?- Sua voz, embargada, carrega um misto de surpresa e dor que, por um momento, me faz questionar minha decisão. Mas então, lembro-me de Giulia, da pureza e do amor verdadeiro que sinto ao seu lado, e qualquer dúvida se dissipa.

- Sim, eu já deveria ter feito isso há muito tempo- afirmo, com uma firmeza que surpreende até a mim mesmo. A decisão de me afastar de Isabella, apesar da criança que ela carrega, é dolorosa, mas necessária.

- Fique tranquila, nada faltará para essa criança. No tempo certo, irei conversar com Giulia e contar sobre esse bebê. Serei um pai presente e nunca vou negligenciar essa criança- continuo, comprometendo-me com o bem-estar do meu futuro filho, apesar dos erros que cometi.

- Mas é nós ?- Isabella questiona com a voz embargada

Sinto uma estranha sensação de alívio ao me afastar de Isabella, como se instintivamente soubesse que essa era a decisão correta.

- Não existe mais nós, vá viver, Isabella, você merece alguém melhor do que eu- digo, esperando encerrar a conversa.

- Eu te amo, Alessandro- ela sussurra, com a voz embargada pela emoção.

- Você vai superar isso, é melhor assim- respondo, mantendo a distância emocional. Decido que é melhor encerrar esse capítulo doloroso de minha vida e proteger aqueles que amo das possíveis tempestades que Isabella poderia trazer.

- É melhor você ir embora agora...- Minha voz soa final

- Alessandro, por favor, vamos conversar... talvez possamos nos resolver e...- ela diz, estendendo a mão na minha direção, um gesto que, em outros tempos, teria acolhido sem hesitar. Levanto a mão, pedindo-lhe que pare, minha decisão já está tomada.

- Não temos mais o que resolver. Fique aqui e vou pedir para que um dos meus seguranças te acompanhe até seu carro- digo, minha voz firme, mas sentindo uma pontada de dor ao ver a tristeza em seu rosto. Isabella, tentando manter a dignidade, enxuga as lágrimas rapidamente.

- Não precisa se preocupar, eu posso ir sozinha- ela diz, tentando manter a voz estável, mas o tremor em suas palavras revela sua verdadeira emoção.

- Não é por você- respondo, minha voz pesada com uma decisão que sei ser necessária,

- Quero garantir que você não saia e não faça um escândalo como da última vez. Vou trancar a porta. Logo um segurança vem para abrir e te levar.- Ao dizer isso, percebo a extensão do abismo que se formou entre nós, uma distância que não pode mais ser transposta.

Saindo da estufa, sinto a brisa fresca da noite acariciar meu rosto, trazendo um ligeiro alívio à tensão que se acumulou em meus ombros. Tranco a porta, uma ação simbólica que sela o fim de um capítulo tumultuado da minha vida. Enquanto me afasto, a consciência do peso que carregava, sem mesmo perceber, começa a se dissipar das minhas costas.

A decisão de terminar com Isabella, de cortar os laços que nos uniam, era algo que eu sabia ser necessário, mas nunca imaginei que traria uma sensação tão profunda de libertação. Caminho de volta à casa, meus passos ecoando no caminho de pedras, cada passo me sentindo mais leve, mais livre

Me aproximo da porta do salão, sentindo o peso da responsabilidade sobre meus ombros. O ruído abafado da celebração penetra meus ouvidos, mas minha mente está focada em uma tarefa específica que precisa ser concluída antes que eu possa me juntar aos meus convidados e à minha futura esposa. Paro ao lado de um dos seguranças, um homem de postura imponente e expressão inabalável.

- Escute- começo, mantendo minha voz baixa para não chamar atenção.

- Preciso que você vá até a estufa, busque Isabella e a leve até o estacionamento. Certifique-se de que ela vá embora de fato.- Faço uma pausa, avaliando a compreensão dele.

- E é crucial que você aja com discrição. Não comente nada com ninguém sobre isso, entendeu?

O segurança acena com a cabeça, seu rosto ainda uma máscara de profissionalismo.

- Entendido, senhor.

Satisfeito, mas ainda tenso, dou-lhe as costas e entro no salão. Os sons e cores da festa me envolvem, mas meu coração pesa com a decisão que acabei de tomar.

Parece que Laura e Giulia ainda não voltaram para o salão

- Mas que demora para trocar um vestido- penso comigo mesmo, tentando afastar a preocupação com um pensamento trivial.

- Você está sendo um péssimo noivo, deixando sua pretendente só várias vezes no dia do noivado de vocês- ouço a voz sarcástica de Luca, que se materializa ao meu lado.

- Ainda tem coragem de falar de mim? Você não deveria estar se arrastando aos pés da minha irmã?- Retruco, erguendo uma sobrancelha para ele.

- Eu estaria se a encontrasse. Faz um tempo que estou a procurando- Luca franze o cenho, claramente frustrado.

Não consigo evitar um sorriso.

- Giulia teve um pequeno acidente com o vestido e Laura a levou para o quarto para emprestar um vestido a minha noiva - explico.

- Então, pelo jeito, vai demorar... As mulheres demoram um século para decidir que roupa vão usar- Luca comenta, e eu rio, compartilhando do seu desespero momentâneo.

Alguns minutos depois, meu coração dispara ao ver Giulia e Laura descendo as escadas de volta para o salão. Giulia está simplesmente deslumbrante em um vestido verde-esmeralda que parece capturar e refletir a luz, adornado com pequenas pedras brilhantes ao longo do decote e das alças. A visão dela me tira o fôlego, reafirmando todas as razões pelas quais me apaixonei.

Luca e eu nos aproximamos da escada para receber Giulia e Laura, meu coração batendo em um ritmo acelerado de pura admiração . A noite pode ter tido seus momentos de tensão, mas agora, tudo o que consigo pensar é em como sou afortunado por estar prestes a me casar com essa mulher

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Comments

Graça Lobo Sales

Graça Lobo Sales

Nossa pelo visto essa Isabela não vai dar paz tomara que ela não atrapalhe Porque eles estão apaixonados muito lindo

2024-04-16

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