Labirinto de Escolhas

" Em meio ao turbilhão de escolhas difíceis,

Um coração dividido entre dois destinos.

Entre amores e obrigações, o conflito persiste,

E o peso das decisões torna-se um labirinto.

Na casa silenciosa, onde segredos ecoam,

Um homem se debate entre o certo e o errado.

Entre promessas quebradas e sonhos que voam,

Ele se vê perdido em um mar revolto.

Os laços do passado e os desejos do presente,

Confrontam-se em uma batalha sem fim.

E no silêncio da noite, sua alma se sente,

Como uma folha ao vento, sem rumo, sem fim."

Alessandro

Saio apressado da casa da minha mãe ao receber a ligação urgente de Isabella. O tom de sua voz revelava uma pressa incomum, o que me deixava tanto preocupado quanto irritado. Dirijo até a casa dela, tentando antecipar o motivo dessa urgência.

Ao chegar, toco a campainha e a porta se abre quase que imediatamente. Isabella surge, com um sorriso no rosto, um contraste notável em relação à mulher preocupada que falou comigo pelo telefone.

- Que bom que veio- ela diz, abraçando-me.

- O que você tem a me dizer que não pode esperar?- pergunto, meu tom refletindo a preocupação e a irritação que borbulham dentro de mim.

- Primeiro, entre meu amor- Isabella diz, sorrindo, enquanto suspiro irritado e dou um passo para dentro da casa.

- Quer um café? Acabei de fazer...- Isabella pergunta, tentando amenizar o clima tenso.

- Não, Isabella, diga logo o que você tem a dizer- respondo, impaciente, ciente de que algo sério estava acontecendo.

Isabella suspira e pega uma pequena caixinha que está em cima da mesa de centro da sala. Ela a entrega a mim, e confuso, abro a caixinha. Meus olhos encontram um teste de gravidez, e o visor mostra um claro positivo. Uma onda de choque percorre meu corpo

" Não... Isso não pode ser verdade, eu não posso ser pai agora, não com meu casamento com Giulia para acontecer"penso, meu coração acelerado parece querer saltar pela boca

Volto meu olhar para Isabella, que sorri radiante. Parece que ela não tem ideia das consequências disso tudo.

- Você me disse que estava tomando anticoncepcional- digo, rude e irritado. A expressão de Isabella se transforma.

- Eu estava, mas parei... Você comentou alguns meses atrás que queria muito ser pai, então quis fazer uma surpresa- Isabella explica.

Forço um sorriso sarcástico, incapaz de acreditar no que ouço.

- Maldição, Isabella, você não podia simplesmente ter conversado comigo antes ?. Isso não é brincadeira - repreendo.

- Achei que você ia ficar feliz - ela diz.

- Em outras circunstâncias, eu ficaria muito feliz, mas agora... As coisas estão complicadas. Estou prestes a me casar, e se Giulia ou minha família descobrir algo, tudo pode desmoronar- suspiro, afundando-me no sofá.

- E agora? Eu não vou abortar, Alessandro- Isabella declara.

- Não estou pedindo isso- murmuro

- O que vai fazer?- ela pergunta, confusa.

- Ligar para Giulia, contar toda a verdade e acabar com esse casamento. Não posso me casar com ela estando você grávida- confesso, sentindo uma facada no peito.

- Não... Você está maluco?- ela questiona, tirando o celular da minha mão, encarando-me irritada.

- Devolve- tento alcançar o celular, mas Isabella se levanta e se afasta.

- Amor, pense bem... Você precisa desse casamento para garantir sua herança, e Giulia também precisa, pelo que me disse- ela argumenta.

- Você parece muito interessada na minha herança, Isabella- digo, tenso e irritado.

- Não é isso, é que me preocupo com você. Não quero que sofra, não quero que se prejudique por minha causa- Isabella diz.

- Então devia ter pensado nas consequências antes de agir assim- digo, nervoso.

- Eu sinto muito... Por favor, não acabe com o plano por minha causa- Isabella suplica. Suspiro

- Eu preciso de um tempo para processar tudo isso- digo, saindo da sala e indo para a varanda

Deixo Isabella para trás e chego à varanda. Minha cabeça lateja, as mãos tremem incontrolavelmente. Sinto-me um egoísta por tê-la aceitado como minha amante, e agora estamos completamente perdidos nessa situação complicada. A brisa noturna tenta acalmar meu interior tumultuado, mas os pensamentos caóticos persistem. Olho para o horizonte, em busca de clareza em meio à confusão que se instalou em minha mente. Giulia, meu casamento, a herança, Isabella e agora a notícia inesperada de uma paternidade iminente. Um suspiro profundo escapa de mim. Tudo parece desmoronar ao meu redor, e sinto a responsabilidade pesar em meus ombros.

 Eu, que deveria ser o líder, me vejo perdido em um labirinto de escolhas impossíveis.

Ouço o toque do meu celular distante

"Diabos, no meio da confusão deixei meu celular com Isabella."

Volto apressado para a sala e vejo Isabella falando com alguém em meu celular.

Ela desliga rapidamente ao me perceber.

- Quem era?- pergunto, tomando o celular de sua mão.

- Giulia... Ela queria falar com você- Isabella gagueja.

- Caramba, Isabella, qual é o seu problema? Já disse que não é para mexer no meu celular. Quer me complicar ainda mais?- esbravejo.

- Desculpa, eu...- Isabella tenta se justificar, mas o celular volta a tocar. Afasto-me dela para atender, sentindo a tensão aumentar.

- Oi, Giulia, está tudo bem?-; pergunto, tentando esconder a confusão que tomou conta de mim.

- Sim, só liguei para saber como você está e se conseguiu resolver o problema do trabalho, mas foi uma mulher que atendeu o telefone- Giulia diz, e sinto a tensão crescer. Este seria o momento perfeito para contar a verdade a Giulia, sobre Isabella, sobre a gravidez, e terminar tudo. No entanto, uma força invisível parece impedir que eu prossiga, meu coração dói só de pensar em terminar com Giulia. Sinto-me um covarde.

"Quando foi que me tornei esse bastardo imoral?" penso comigo mesmo.

- Foi minha secretária. Tive que sair e deixei o celular com ela, caso alguém ligasse- minto, tentando esconder a verdade.

- Você não podia ter levado o celular?- Giulia questiona, desconfiada.

- Eu não levo o celular para o banheiro, Giulia- respondo, um pouco impaciente.

-Entendi- murmura Giulia, mas percebo a desconfiança em sua voz.

- Você já está em casa?- tento mudar de assunto.

- Sim, Fabrizio me trouxe- responde Giulia, e sinto um desconforto. Fabrizio sempre foi um galanteador, e não gosto da ideia de ele ficar próximo de Giulia.

- Ele fez isso? Lembro de ter avisado a um motorista para ficar à sua disposição - digo, irritado.

- Fabrizio se ofereceu para me trazer, e não pude recusar a gentileza- explica Giulia, aumentando minha irritação , não gosto da ideia de Giulia andando sozinha com Fabrizio no carro

- Entendi. Me desculpe novamente por hoje. Gostaria de ter ficado mais tempo com você e poder te levar para casa- digo, tentando amenizar a situação.

- Fique tranquilo, entendo que tem suas responsabilidades- responde Giulia

- Preciso desligar, posso te ligar amanhã para conversarmos?- pergunto, tentando manter um fio de normalidade.

- Claro, estarei esperando- diz Giulia, encerrando a chamada. O silêncio que se segue é preenchido pelo eco das minhas próprias dúvidas e arrependimentos.

Olho para Isabella após encerrar a chamada com Giulia. Sua expressão, que antes me parecia encantadora, agora não parece tão bela quanto costumava achar.

Desde que conheci Giulia, algo em mim mudou. Nenhuma mulher parece ser tão bela e atraente quanto ela.Me vejo em um dilema, dividido entre Isabella, que agora está grávida de mim, e Giulia, que ocupa um espaço especial em meu coração. Seria um completo babaca terminar com Isabella agora, mas também não estou disposto a deixar Giulia.A confusão paira no ar, e sinto-me perdido em meio a escolhas impossíveis. Uma sensação de arrependimento se mistura à incerteza do futuro. Meu coração está dividido, e não sei o que fazer para consertar esse caos que se instaurou em minha vida.Por mais que eu tente justificar minhas ações, sei que a situação só se complicou ainda mais. O eco das minhas próprias dúvidas e arrependimentos parece se intensificar, enchendo o espaço ao meu redor com uma melodia desconcertante.

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Comments

Wal Laranjeira

Wal Laranjeira

Posta mais autora , essa história é muito boa.

2024-03-27

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