Intrigas Ocultas

"Em uma estufa , a angústia se esconde,

Caminhos tortuosos, traição que confunde.

A gravidez fracassada, esperanças desfeitas,

Em segredos e sombras, a vingança se estreita.

Um segurança discreto, conduz sua trajetória,

Rumos incertos, de noite, na memória.

Os passos ecoam, planos são tecidos,

Na mente um jogo, sombrio e decidido.

Um homem alto, se ergue em silêncio,

Palavras cortantes, dúbias em desprendimento.

Uma conexão perdida, frieza palpável,

Resistência à provocação, desdém inabalável.

Laços desatados, o passado evocado,

Uma tentativa vã, corações ocultos revelados.

Desprezo dissimulado, em olhares distantes,

A armadura erguida, contra as investidas constantes.

Palavras afiadas, raiva contida em suspiros,

Um jogo antigo, entre sombras e suspiros.

Do passado ao presente, o destino se mescla,

Em memórias enevoadas, promessas que desaparecem à mistela"

Isabella

A dor e a angústia me consomem enquanto caminho pela estufa, cada passo um lembrete do meu plano desfeito. A gravidez, minha última esperança de prender Alessandro a mim, falhou miseravelmente diante da sedução de Giulia, uma mera criança aos olhos da experiência. É quase surreal, inacreditável até, que ele tenha me trocado por ela, por Giulia. Ela me roubou tudo: Alessandro, a felicidade, a chance de ter uma família e o conforto que sempre sonhei.

A porta da estufa se abre abruptamente, interrompendo meus pensamentos. Diante de mim, um homem alto, musculoso, e com uma expressão nada convidativa se apresenta, pedindo que o acompanhe até o estacionamento. Assim o faço, sem protestos, sem escândalos. Esta não é a hora para desespero visível. Giulia pagará por tudo que me fez, mas para isso, preciso de um plano meticuloso, uma vingança fria e calculada.

Enquanto sigo o segurança em direção ao estacionamento, minha mente trabalha a mil por hora, tentando traçar o próximo passo. Ao entrar no carro, noto o olhar vigilante do segurança, que me observa até que meu carro se afaste completamente.

Quando saio pelos portões da mansão posso a sombra de um homem que conheço bem , encostando no muro da mansão fumando seu cigarro

Pouco depois, faço uma manobra arriscada. Estaciono o carro a uma distância segura e retorno a pé à mansão, movida por um impulso que nem eu mesma consigo compreender.

A figura de Fabrizio, encostada no muro da mansão, surge diante de mim. Sua presença, sempre tão magnética, hoje parece carregar o peso do mundo.

 -Fabrizio- chamo, mas sua expressão ao me ver é tudo menos acolhedora.

- Vá embora, Isabella- ele responde, seu tom cortante como uma lâmina.

Suas palavras ásperas me atingem, mas não desisto. - Não fale assim comigo. Já passei por coisas demais hoje- rebato, tentando invocar sua compaixão.

- Então porque não vai para casa afogar suas mágoas em uma garrafa de vinho ou sei lá o que... ao invés de ficar aqui me incomodando?- Ele retruca, e por um momento, quase me esqueci de quão diferente Fabrizio é de Alessandro. Fabrizio é um enigma, uma alma complexa que nunca consegui decifrar completamente.

- Eu estou grávida. Não posso beber, seu irmão e eu ainda estávamos juntos... Mas ele terminou comigo... você poderia ir falar com....- digo, na esperança de que essa revelação o amoleça, mas ele me interrompe

Seu olhar se torna ainda mais frio, se é que isso é possível.

- Eu já sabia do envolvimento de vocês e duvido muito que essa criança seja dele, dado ao seu histórico - Fabrizio lança, extinguindo qualquer esperança que eu tinha de encontrar empatia nele.

 A rejeição e o desprezo em sua voz são claros como vidro. Fabrizio, com sua complexidade e charme, permanece uma fortaleza intransponível.

Olho para Fabrizio, tentando encontrar algo do homem que ele costumava ser, daquele que me conheceu de maneiras que ninguém mais conheceu.

- Não fale assim comigo... por acaso já esqueceu o que tivemos? Você acostumava a ser mais doce- digo, com minha voz sedosa, enquanto toco seu braço, procurando qualquer brecha em sua armadura. Mas ele se afasta, como se meu toque queimasse.

- Foi um erro, um erro que não voltarei a cometer- Fabrizio rebate com frieza, e sinto o desdém em cada palavra. Ele está decidido a me tratar como uma estranha, e isso me enfurece.

Finalmente perco a paciência.

- Agora você se arrepende, não é? Mas na época, quando tínhamos um relacionamento escondido do seu irmão, você não parecia nenhum pouco desconfortável. Você fazia tudo por mim, já se esqueceu? Devo te lembrar quando você...- Minha provocação é interrompida por sua fúria.

- Já chega, não venha jogar meus erros na minha cara. Ao menos eu me arrependo amargamente do que fiz... eu mudei... enquanto você, vejo que continua a mesma mulher gananciosa e manipuladora de sempre- ele rosna, e não consigo evitar; um sorriso cínico escapa de meus lábios.

- Acha que seu irmão vai te perdoar quando descobrir a verdade?- atiro, vendo finalmente um traço de vulnerabilidade em sua expressão. Eu sei que atingi um ponto sensível; apesar de tudo, Fabrizio ama muito o irmão.

- Não importa. Na hora certa, irei enfrentar as consequências e farei o possível para reparar os meus erros. Quanto a você, é melhor ficar longe da minha família... ou eu ferro com sua vida- ele dispara, passando por mim e entrando pelo portão da mansão.

Fico ali, assistindo-o se afastar, um misto de raiva e satisfação borbulhando dentro de mim. Bem, parece que Fabrizio não vai me ajudar, mas isso não significa que estou derrotada. Longe disso. Tenho uma carta na manga, sempre tenho. Fabrizio pode ter mudado, mas eu? Eu sou a mesma Isabella de sempre: determinada, astuta e sempre pronta para o jogo.

Vou para a terceira opção, um plano que, ao contrário dos homens da minha vida, nunca me decepciona. Meu sorriso se alarga ao pensar nas possibilidades. Não importa o que custe, vou fazer Giulia pagar caro por ter me tirado Alessandro. E se eu tiver que destruir tudo e todos no meu caminho para conseguir o que quero, que assim seja.

A noite cai sobre a cidade, e eu,sob a capa da escuridão, começo a tecer minha teia, pronta para capturar minha próxima presa. Giulia não sabe, mas o jogo acaba de começar. E eu? Eu sei jogar muito bem.

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