Entre Expectativas e Revelações

"Nas linhas cruzadas do destino sutil,Dois destinos em dança, um encontro sutil.Entre promessas e segredos que se revelam,O coração se agita, enquanto o amor se modela."

Giulia

Acordo com os raios dourados do sol invadindo delicadamente meu quarto, trazendo consigo uma sensação de empolgação e uma pitada de nervosismo. Não é só mais um dia comum, algo em meu peito está agitado, e meu coração teima em acelerar toda vez que penso em Alessandro.

Levanto-me da cama com um sorriso, sabendo que o motivo dessa animação é ele. Afinal, é difícil ignorar o impacto que Alessandro causou em mim desde o breve momento em que nos conhecemos. Lembro-me do brilho intenso em seus olhos, a conexão instantânea entre nós. Mas não posso me iludir tão rapidamente, afinal, vi Alessandro apenas uma vez.

Enquanto me arrumo para o dia, opto por um vestido primaveril de cores suaves, com estampas de flores delicadas, que dão um ar encantador ao meu visual. O tecido toca minha pele com suavidade, o cheiro fresco do tecido me envolvendo, elevando minha confiança. Completando o look, escolho sandálias confortáveis

Desço as escadas com uma energia contagiante, meu sorriso não passa despercebido pelos olhos atentos dos meus pais. Encontro-os na cozinha, desfrutando de um café acolhedor.

- Bom dia"- digo, abraçando-os com alegria.

- Bom dia, princesa! Parece que alguém acordou animada. Tem algo que preciso saber?- meu pai, Antônio, diz com um sorriso brincalhão.

- Acho que nossa filha ficou empolgada com o noivo. Nem parece aquela menina triste que soube do casamento- minha mãe, Maria, diz entre risos.

Aceito a brincadeira com um riso leve, sentindo o amor e o apoio dos meus pais.

- Filha, estou feliz que esse encontro tenha animado você um pouco. Eu te amo muito e quero que você seja feliz, apesar das circunstâncias- meu pai diz, segurando meu rosto com carinho.

Eu retribuo o gesto com um sorriso sincero.

- Eu também te amo, pai. E amo você também, mãe- digo, enquanto minha mãe acaricia meus cabelos e beija suavemente minha cabeça.

Percebendo que ainda não compartilhei a novidade, acabo ficando um pouco envergonhada.

- Eu... esqueci de avisar. Alessandro me chamou para um encontro hoje. Acabei aceitando sem falar com vocês- revelo.

Mas para a minha surpresa, recebo apenas sorrisos calorosos e acolhedores de meus pais.

- Tudo bem, querida- diz meu pai, com um aceno tranquilizador.

- Estamos felizes por você- minha mãe concorda, seu olhar expressando um misto de alegria e aprovação.

Sento-me à mesa e começo a tomar café com eles, tentando equilibrar a conversa casual com a ansiedade que borbulha dentro de mim. Enquanto mordo um pedaço de pão torrado, sinto o aroma robusto do café enchendo o ambiente, mas mesmo esse cheiro reconfortante não consegue acalmar as borboletas em meu estômago.

Estou realmente mais animada do que deveria? Observo meus pais conversando e rindo, percebo como os laços afetivos são fundamentais em nossas vidas. E, por uma fração de segundo, me pergunto se o que estou começando a sentir por Alessandro poderia crescer para se tornar algo tão forte e seguro.

- Será que estou emocionada demais?- questiono a mim mesma, pegando outra torrada, mas as respostas não vêm. Em vez disso, um sorriso tímido escapa dos meus lábios enquanto sinto uma esperança terna inflar meu peito. Há algo em Alessandro que me atrai de maneira irresistível, algo além da obrigação ou da lógica, algo que parece dançar com a própria ideia do destino

Levanto-me da mesa, beijo ambos os pais no rosto e digo um "Obrigada por entenderem". No fundo, acho que eles veem algo que eu mesma ainda não percebi completamente. Encaminhando-me de volta para o meu quarto

Deixo-me envolver na ideia de que talvez nem todas as histórias escritas pelo dever estejam fadadas a ter um desfecho frio e distante.

Com um suspiro de emoção crescente, subo as escadas, pensando no dia que está por vir. Será que Alessandro também está se sentindo assim? Emocionado e incerto quanto ao que o futuro reserva para nós?

Alessandro

Sento-me no meu escritório, cercado por pilhas de papéis tão altas que parecem ameaçar engolir a superfície da minha mesa. Os contratos, os relatórios financeiros e as anotações densas requerem minha total atenção, e estou mergulhado na complexidade dos números e cláusulas. Minha testa está franzida em concentração; o mundo externo praticamente não existe enquanto minha caneta desliza, marcando e assinando documentos com precisão metódica.

De repente, um som discreto de batidas na porta me atinge. Sem levantar os olhos cansados desses formulários intermináveis, murmuro um "Entre" um tanto distraído, continuando a navegar pelo mar de obrigações corporativas.

Há um silêncio desconfortável que se segue. Normalmente, quem entra imediatamente despeja uma enxurrada de informações ou pedidos, mas o silêncio segue se alastrando como uma sombra curiosa. Algo sobre a quietude me faz parar, e levanto cautelosamente o olhar.

À minha frente está Fabrizio, meu irmão , somos gêmeos de placentas separadas temos uma semelhança mas não somos idênticos , Fabrizio é um arquiteto genial reconhecido internacionalmente por suas obras vanguardistas que não apenas adornam as capas de prestigiadas revistas de design, mas também transformam horizontes urbanos ao redor do mundo. Suas viagens constantes e projetos grandiosos o mantêm sempre na ponta da inovação e no auge da cobiça profissional.

Largando a caneta, me levanto rapidamente, consciente de que esses momentos são raros e preciosos. Fabrizio está diante de mim com os braços abertos, e eu não hesito em responder ao gesto.

- Há quanto tempo- diz ele com um sorriso e um tom que conjuga alegria e saudade, enquanto me abraça apertado.

Seu abraço é forte e reconfortante, familiar e nostálgico, reminiscência de uma infância mais simples e de promessas fraternas feitas sob céus estrelados.

- Não sabia que você já tinha voltado da viagem à Alemanha- comento com uma ponta de surpresa. O perfume caro e sutil de Fabrizio, uma mistura de especiarias e algo discretamente cítrico, penetra o ambiente comum ao meu escritório.

Seu rosto, agora mais perto, porta um bronzeado sutil, testemunha das várias horas ao ar livre, provavelmente em canteiros de obras ou em visitas a espaços abertos necessários para suas criações arquitetônicas.

- Voltei mais cedo. O projeto em Berlim foi concluído antes do esperado, e eu queria passar um tempo em casa, e aproveitando que estou na cidade pensei em ver como o homem de negócios mais inabalável de nossa família estava lidando com o império, ele explica, enquanto nosso abraço se desfaz e ele recua, mantendo suas mãos em meus ombros por um momento, olhando-me nos olhos com aquela familiaridade típica dos irmãos.

Ele retoma o seu lugar, a energia do escritório agora alterada, mais leve e revigorada pela sua presença. Seu interesse não é apenas cortesia; ele está sinceramente investido em saber como estou, uma preocupação genuína que por vezes falta nas interações diárias do mundo corporativo, onde a sinceridade muitas vezes cede lugar à conveniência.

- Então, me conte sobre a Alemanha. Como foi?, pergunto, ansioso para viver vicariamente através de suas aventuras, ainda que por meros fragmentos de conversa.

Sento-me novamente, ansioso para ouvir os detalhes da viagem de Fabrizio à Alemanha. Seus olhos brilham de entusiasmo enquanto ele começa a descrever os diversos locais que visitou, as influências arquitetônicas que descobriu e as experiências únicas que viveu. Sua narrativa é vibrante e cheia de detalhes, transportando-me mentalmente para além das paredes do escritório e para os lugares exóticos que ele explorou.

Enquanto ele conta sobre as impressionantes obras de arquitetura que testemunhou em Berlim, Munique e Frankfurt, um sorriso surge em meu rosto. Estou genuinamente feliz por ele, que encontrou sua paixão e a transformou em sucesso global. Mas então, em um momento inesperado, Fabrizio menciona algo que me faz arquear uma sobrancelha.

- Ah, antes que eu me esqueça- ele diz, sua expressão animada se tornando maliciosa.

- Sabe, ouvi dizer que você está prestes a se casar.

Surpreso, começo a rir.

- Realmente? E quem foi que te contou? Laura ou nossa mãe?

Fabrizio ri, parecendo satisfeito em ter detectado uma informação antes que ela se tornasse oficial. - Dessa vez, foi a Laura. Ela estava empolgada quando me contou.

- Há algo mais sobre esse casamento- começo a dizer, enquanto giro a cadeira para frente, indicando a seriedade do assunto

O sorriso de Fabrizio desvanece adicionalmente enquanto desabrocho um pouco a formalidade de minha expressão

- Nosso pai deixou um testamento específico, uma condição que me obriga a casar com uma mulher de classe alta para garantir minha herança.

Fabrizio inclina-se para frente, seu sobrolho franzindo-se em surpresa.

- E para mim? Ele tinha algo semelhante em mente?

- Não- respondo prontamente

- Como irmão mais velho , já que nasci cinco minutos antes de você , toda essa responsabilidade recaiu sobre mim.

- E é verdade. Dentro dos decorados e polidos moldes da tradição e do legado familiar, fui designado como o perpetuador do nome e da fortuna de nossa linhagem.

- Entendo- diz ele, balançando a cabeça levemente

- Mas me conta, quem é essa mulher com quem terá de se casar?

Penso em Giulia por um momento. Como descrevê-la?

- Giulia é... intrigante- começo, pausando levemente para formular minhas palavras com cautela, cuidadoso para não revelar demais.

- Ela é a filha de um antigo amigo de família, articulada, bem-educada. Sem mencionar que é extremamente atraente.-

Sorrio brevemente ao pensar na sua elegância e doce beleza, elementos que não passariam despercebidos por nenhum homem.

E mesmo enquanto as palavras saem dos meus lábios, percebo a cautela com que estou tratando esse tópico, como se estivesse tentando convencer a mim mesmo tanto quanto a ele. Pela descrição, seria de se esperar que meu coração estivesse envolvido. Mas ele não está. A mulher que realmente importa para mim é Isabella, minha chama secreta e ardente, a quem nunca menciono.

- E é um amor verdadeiro?- Fabrizio pergunta astutamente, seus olhos cravados nos meus, como se tentasse ler nas entrelinhas da minha alma.

A pergunta me pega desprevenido, e por um instante, meus olhos podem ter revelado mais do que pretendia. Mas me recupero com rapidez.

- Não diria que é amor. É um casamento de conveniência, Fabrizio. Ambos sabemos o que isso significa para a família e para o legado de nosso pai.

- Uma pena- ele responde, a compreensão transparecendo pelo seu olhar inquieto, mas ele não pressiona mais. Talvez reconheça que algumas camadas do coração são privadas demais até para o círculo íntimo de família.

Mudamos de assunto depois disso, mas a conversa já não tem o mesmo empuxo de antes. Há pensamentos inquietos voando ao redor de minha cabeça, como pássaros antes de uma tempestade. Estou preso entre o dever e o desejo, entre o passado do nosso pai e meu próprio futuro incerto

Fabrizio

Capítulos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!