Sussurros de um Baile Inesperado

" Na pista de um destino, corações se entrelaçam,

Sob luas pintadas de sonhos e esperanças.

Violinos choram a canção dos amantes,

Num baile de esquecimentos e lembranças.

Eis que surge a dança, um enlace profundo,

Onde o amor desconhecido encontra um mundo.

Em passos compartilhados, o tempo se faz mudo,

Sob o olhar do outro, o coração se torna tudo.

Em meio à melodia, um beijo roubado,

Revela desejos, até então, velados.

Esquecem-se do jogo, das regras, do passado,

Nesse momento eterno, estão entrelaçados.

A magia do instante, nas veias, arde em fogo,

O silêncio fala, no beijo, um diálogo.

Entre eles, o mundo parece pouco,

No abraço, existe um universo todo.

Mas a música cessa, e o feitiço se dissipa,

A realidade chama, a fantasia se estilhaça.

Ainda assim, na fuga dos olhares, uma dica:

Há mais entre eles do que a vida esboça.

Palmas ecoam, testemunhas de um laço,

Um beijo na pista revela o que está oculto.

Em um olhar, promessas de um passo,

Para um futuro, onde o amor resulto.

Num mundo de olhares, onde tudo se sabe,

Eles se encontram, entre sorrisos e chames.

O que começa em um baile, o destino grave,

Nessa dança de almas, amor se proclame."

Giulia

A banda começa a tocar uma nova música, suave e envolvente, com violinos que parecem chorar notas melódicas, e um piano que acompanha, criando uma atmosfera quase mágica. Alessandro, com uma confiança que parece natural, coloca sua mão na minha cintura, e de algum modo, sinto meu corpo responder imediatamente, um calor se espalhando por mim, um estremecimento que não consigo explicar.

Ele me puxa para perto, e por um momento, esqueço de tudo ao meu redor. Esqueço das desconfianças, dos rumores sobre uma outra mulher em sua vida, esqueço até mesmo do fato de que nosso casamento é um arranjo de negócios. Nada disso parece importar agora, não quando estou nos braços dele, movendo-me ao som dessa música que parece ter sido feita justamente para este momento.

A maneira como Alessandro me guia pela pista de dança é incrivelmente intima. Ele me conduz com uma facilidade, seus passos perfeitamente sincronizados aos meus, como se já tivéssemos dançado juntos uma vida inteira. A cada giro, a cada movimento, sinto-me mais conectada a ele, uma ligação que vai além da física, algo profundamente emocional que não consigo compreender totalmente.

Seus olhos estão fixos nos meus, e por um instante, é como se pudesse ver dentro da minha alma. Há uma intensidade em seu olhar que me deixa sem fôlego, uma promessa não dita de que, não importa o que o futuro nos reserve, neste momento, somos apenas um. Não há dúvidas, não há hesitações, apenas a música e a dança que nos envolve como um casulo.

À medida que a música desacelera, chegando a um fim melancólico, Alessandro me puxa ainda mais para perto, e nossos corpos se encaixam perfeitamente. Posso sentir seu coração batendo, rápido como o meu, e há um conforto nisso, uma sensação de pertencimento que nunca imaginei que sentiria por ele, especialmente sob estas circunstâncias.

Quando a música finalmente cessa, sinto como se um feitiço tivesse sido quebrado, e instintivamente, tento me afastar de Alessandro, buscando um refúgio na realidade que eu tinha deixado de lado por aqueles momentos mágicos. Mas antes que eu possa dar mais que alguns centímetros de distância, sua mão se aperta possessivamente em minha cintura, me puxando de volta para ele.

- Por que está com tanta pressa de se afastar de mim? Prefere a companhia do meu irmão?- Alessandro sussurra no meu ouvido, com um tom irritado que me deixa confusa. Não entendo de onde vem essa irritação

- Não é isso... é que a música acabou então... eu achei que...- tento me explicar, minhas palavras tropeçando uma nas outras, tentando encontrar um terreno sólido nessa conversa que de repente parece ter se transformado em um campo minado.

-Mas ainda não terminei- ele interrompe, com uma determinação que me cala imediatamente. Sua mão desliza para o meu rosto, segurando-o com suavidade, mas com uma posse indiscutível. Ele aproxima seu rosto do meu, e antes que eu possa processar o que está acontecendo, seus lábios encontram os meus em um beijo que é ao mesmo tempo apaixonado e possessivo.

O mundo ao nosso redor parece desaparecer, e me vejo respondendo ao beijo com uma intensidade que me surpreende. Todo o meu corpo arde em uma chama que só ele parece capaz de acender. O beijo de Alessandro é exigente, explorando cada parte de mim como se tivesse direito a tudo o que sou. E o mais alarmante é que, nesse momento, eu quero dar tudo a ele.

A confusão se mistura com o desejo, enquanto minhas mãos encontram seu cabelo, puxando-o mais para mim, me perdendo completamente na sensação de estar em seus braços. Esse homem, que deveria ser apenas um parceiro em um casamento de conveniência, está me mostrando uma paixão que eu não sabia ser possível existir entre nós.

Quando finalmente nos afastamos, nossos olhares se encontram, e há um silêncio carregado de perguntas não feitas, de sentimentos não explorados. "Por que você fez isso?" quero perguntar, mas as palavras parecem presas em minha garganta.

Alessandro me observa com uma intensidade que faz meu coração bater mais rápido, e por um momento, sinto que talvez haja algo mais entre nós, algo que nem mesmo a realidade complicada de nossas vidas pode negar. Mas ainda assim, há tantas dúvidas, tantas incertezas...

Nesse momento, percebo que, apesar de todos os meus medos e hesitações, algo dentro de mim se rendeu a Alessandro. E essa rendição, apesar de aterrorizante, traz consigo uma promessa de algo profundamente transformador.

Quando a salva de palmas irrompe ao nosso redor, sinto como se estivesse sendo abruptamente puxada de volta à realidade, saindo de um sonho profundo. Meu coração dá um salto e, por um instante, fico completamente imóvel, chocada com o fato de que todos os convidados estavam nos observando, testemunhas do nosso momento de intimidade.

Minhas bochechas esquentam instantaneamente, uma onda de calor me cobrindo da cabeça aos pés. Baixo o olhar, tentando esconder meu embaraço, mas então ouço a risada de Alessandro, uma risada que, de alguma forma, consegue ser tanto confiante quanto reconfortante.

Ele segura minha mão com firmeza e me guia através da multidão, levando-me até onde Fabrizio e Laura estão nos observando. Ambos têm sorrisos em seus rostos, mas enquanto Laura parece genuinamente feliz por nós, Fabrizio tem aquele brilho travesso nos olhos que me deixa apreensiva.

 - Espero que vocês dois tenham se lembrado de que não estão sozinhos.- Fabrizio brinca, sua voz cheia de um humor que só irmãos conseguem ter.

Sinto minhas bochechas pegarem fogo, a vergonha me inundando mais profundamente. Mesmo que a brincadeira de Fabrizio seja leve, a realidade de estar sendo o centro das atenções dessa maneira é completamente nova para mim.

Alessandro, no entanto, não parece nem um pouco perturbado.

- Ah, Fabrizio, só estava garantindo que minha noiva tivesse o melhor no nosso dia - ele responde, com um tom claramente debochado, mas seu sorriso é afetuoso quando olha para mim, como se tentasse me assegurar de que tudo está bem.

Antes que Fabrizio possa responder, Laura intervém, repreendendo os irmãos com uma voz suave, mas firme.

- Vocês dois, parem com isso. Não veem que estão deixando Giulia envergonhada?

- Ela não parecia envergonhada alguns minutos atrás- Fabrizio comenta, um brilho de diversão evidente em seus olhos . Laura, claramente desaprovando o comentário do irmão, não hesita em dar um tapa repreensivo, no braço dele enquanto Alessandro, ao meu lado, solta uma risada

- Já chega, vocês dois,- diz Laura, sua voz carregando uma mistura de exasperação e afeto. Fabrizio, sempre teatral, murmura um "Ai" dramático e lança um olhar fingidamente magoado para a irmã, arrancando risadas de todos nós.

- Eu preciso ir ao banheiro... já volto- anuncio, minha voz um pouco mais alta do que o normal, revelando uma urgência que não é apenas física. Eu realmente preciso de um momento sozinha, um breve instante para respirar fundo e recompor meus pensamentos.

Alessandro assente

- Claro. Não demore- ele diz

Me afasto, e começo a navegar pelo labirinto de convidados e mesas decoradas com elegância. O salão de festas, com suas luzes suaves e música de fundo, parece de repente um terreno desconhecido, cada passo me afastando mais da zona de conforto que é estar ao lado de Alessandro.

Finalmente, avisto a placa indicando os banheiros, quase escondida por um arranjo floral exuberante. Apressando o passo, entro no santuário de azulejos e espelhos, sentindo a solidão do espaço como um bálsamo para meus nervos à flor da pele.

Diante do espelho, encaro meu reflexo. As bochechas ainda estão coradas, um testemunho do turbilhão de emoções que senti nos últimos minutos. Respiro fundo, tentando acalmar as batidas do meu coração e dissipar o calor que ainda sinto nas bochechas.

"É apenas uma noite," sussurro para meu reflexo, tentando infundir confiança na minha voz.

"E esta é uma noite importante."

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