Jardim das Rosas Vermelhas

Morar em uma casa tão grande assim tem suas vantagens, mas também seus inconvenientes. Afinal, eu posso me isolar facilmente a qualquer momento, sem ser percebida. Ou pelo menos é o que eu pensava até ser interrompida pelo soldado que vigia os fundos da mansão.

— Onde está indo a essa hora da noite, moça? — ele pergunta, fazendo-me parar no meio do corredor escuro.

Respiro fundo, tentando manter a calma enquanto penso em uma resposta adequada.

— Estava apenas dando uma volta para espairecer um pouco. Não consigo dormir e achei que um pouco de ar fresco poderia ajudar. — respondo, tentando soar casual.

O soldado me observa por um momento, seu olhar penetrante parecendo atravessar minha fachada. Por sorte, ele finalmente parece satisfeito com minha explicação e assente, afastando-se para retomar sua vigília.

Assim que ele desaparece de vista, continuo meu caminho em direção aos fundos da mansão, onde sei que posso encontrar um ponto de acesso discreto para sair para o jardim das rosas vermelhas sem chamar muita atenção. A noite está fria, mas a adrenalina que corre em minhas veias me mantém aquecida enquanto me preparo para mais uma missão arriscada.

Alguns minutos atrás vi Dario através da janela do meu quarto, ele estava com uma expressão tensa enquanto olhava para os lados. Quando ele entrou no jardim particular da minha mãe eu sabia que havia algo de errado, que ele queria esconder alguma coisa. Ninguém tinha autorização de entrar ali, onde o corpo do meu pai descansava.

Então cá estou eu. Finalmente chego ao ponto de acesso e, com cuidado para não fazer barulho, abro a porta vermelha que leva ao jardim das rosas.

A lua brilha no céu, iluminando o cenário com sua luz prateada. O perfume das flores flutua pelo ar, contrastando com a atmosfera tensa que paira sobre o jardim. Caminho furtivamente entre os arbustos, mantendo-me escondida das vistas indesejadas.

Avisto Dario ao longe, parado junto a uma fonte de mármore, sua silhueta recortada contra a luz da lua. Ele parece absorto em seus pensamentos, sua expressão séria revelando a gravidade da situação.

Aproximo-me sorrateiramente, mantendo-me nas sombras enquanto observo seus movimentos. Ele parece agitado, como se estivesse esperando por algo ou alguém. Meu coração bate mais rápido em meu peito, a tensão crescendo à medida que me aproximo dele.

Finalmente, chego perto o suficiente para ouvir sua voz baixa, murmurando palavras em russo. Ele está em uma ligação, e o tom de sua voz indica urgência e preocupação.

Aproveito a oportunidade para me esconder atrás de uma estátua próxima, ficando fora de vista enquanto escuto atentamente à conversa de Dario com os russos. Cada palavra que ele pronuncia é uma peça crucial no quebra-cabeça que estou tentando resolver.

— Não, cara! Já disse que não posso fazer isso, as coisas mudaram aqui! — sua voz é contida, mas ele parece bravo. — Eles estão na minha cola. O restaurante já era, vai ter que lidar com esse ataque sem mim dessa vez.

Em um pico de raiva ele solta as palavras em italiano, de repente, parecendo muito puto com algo do outro lado da chamada. Agradeço pelas aulas de italiano que estou tento com Vince, serviu para algo.

Enquanto me movo sorrateiramente pelo jardim, tentando me afastar sem ser detectada, sinto uma pontada de medo se formando em meu peito. Cada som se torna amplificado, cada sombra parece ameaçadora, e tenho a sensação de que a menor distração pode me entregar.

Então, quando estou prestes a alcançar a segurança da mansão, ouço passos rápidos se aproximando por trás. Meu coração salta para a garganta quando me viro e me deparo com Dario, parado ali, olhando diretamente para mim com uma expressão de incredulidade e raiva.

Seu olhar cortante penetra minha alma, revelando que ele sabe. Ele sabe que eu estava espionando, que ouvi sua conversa com os russos, que descobri seus planos. O ar ao nosso redor fica denso, carregado de tensão e perigo iminente.

— Kaya... o que você está fazendo aqui? — sua voz é baixa, mas carrega uma intensidade ameaçadora que me faz recuar instintivamente.

Por um momento, fico sem palavras, paralisada pelo medo e pela incerteza do que fazer a seguir. Mas então, uma onda de determinação se apodera de mim. Eu não posso recuar agora. Eu não posso deixar que ele me intimide.

— Eu estava apenas dando uma volta, Dario. Não consegui dormir e achei que um pouco de ar fresco poderia ajudar. — minha voz soa firme, apesar do turbilhão de emoções que se agita dentro de mim.

Ele me encara por um longo momento, seus olhos escuros brilhando com desconfiança. Parece que ele está avaliando minhas palavras, tentando decidir se deve acreditar em mim ou não.

Então, finalmente, ele dá um passo para trás, seu semblante se transformando em uma máscara impassível.

— Muito bem, Kaya. Mas lembre-se, eu estou de olho em você. Não tente nada estúpido. — sua voz é um sussurro ameaçador enquanto ele se afasta, deixando-me sozinha no jardim, com o coração ainda martelando descontroladamente no peito.

Eu não faço ideia de quem ele é.

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