Capítulo 10

...A maldade do tempo fez eu me afastar de você...

...— Tiê...

> Rebeca.

Já fazia um mês que eu estava trabalhando no HRF, eu e Thomas não nos falamos mais, nem pra atender algum paciente juntos. Era estranho ter ele tão perto mais ao mesmo tempo tão longe. Era estranho pra caramba!

Já fazia 28 horas que eu estava de plantão, faltavam quatro horas para eu ir pra casa. Eu estava exausta, com sono e com dores no corpo, pois eu operei por cinco horas seguidas.

— Você foi magnífica, Beca! – Vanessa diz me abraçando pelo ombro.

— Obrigada, Nessa. – sorrio.

— Vamos sair? Um bar? Sorveteria? Shopping?

— Desculpa, mas eu não tô na bad, preciso dormir um pouco. – suspiro. – Foram cinco horas de cirurgia...

— Ok! Eu te entendo, amiga.

Eu e Vanessa tínhamos nos aproximados bastante no último mês. Fiz amizade com quase a maioria dos médicos. Vanessa vai atender seus pacientes e eu vou direto para a sala de descanso. Entro fechando a porta e me escorando na mesma de olhos fechados.

— Merda!

Abro o meu armário apresada, ouço a porta abrir mas não me dou o trabalho de ver quem é. Eu preciso de um doce urgentemente, eu preciso controlar a minha glicose. Encontro uma jujuba e abro já colocando duas na boca.

Saio do quarto e já estou 100% novamente, aproveito para ir ver como está a garotinha que vou operar amanhã.

— Oi, Sofia. – cumprimento a garotinha deitada na cama. – Como está a minha suifit favorita?

— Passei o dia bem, amanhã é a minha cirurgia, né tia Beca?

—  Sim, vou me certificar de que tudo saia bem pra você ficar 100%.

— E ir pro show da Taylor! – os olhinhos dela brilham. – e ganhar o chapéu do 22.

— Vai, sim, meu amor!

Eu amava a pureza e inocência das crianças, cada um tinha um sonho, uma história diferente. E nenhuma era pior ou melhor, cada uma tinha seu preço.

…

Fiquei no hospital até às onze da manhã e fui para minha casa, eu precisava de no mínimo umas quinze horas de sono para está bem pra operar. Entrei no box já ligando o chuveiro e entrando de baixo.

Quando me joguei na cama pra dormir, ele veio em meus pensamentos. É praticamente impossível esquecer do que nós dois vivemos, e eu odeio que não demos certo.

Dormir por nove horas, acordei com a minha campainha tocando e me levantei já com vontade de mandar a pessoa ir pra puta que o pariu. Caminho ainda sonolenta até a porta e abro dando de cara com Matt.

— Aí meu Deus! Desculpa, não sabia que estava dormindo, Beca. – ele lamenta entrando no meu apartamento.

— Tudo bem, Matt. – coço os olhos. — Fez bem você me acordar, eu não comi nada durante o dia.

— Rebeca Monteiro Borges, você não pode ficar sem comer.

— Eu sei. Mas eu precisava dormir antes de comer.

— Vou pedir um delivery.

Concordei. Voltei para o quarto para tirar o pijama que estava usando, coloquei um short e uma camiseta qualquer e voltei pra sala.

— Pedi Strogonoff com batata frita pra mim e uma salada pra você!

— Obrigada, Deus!!! O senhor fez finalmente meu melhor amigo entender que odeio Strogonoff. – falo feliz.

— Engraçadinha.

— Obrigada, Matt.

Ele colocou em uma partida de futebol e eu sentei na ilha da cozinha enquanto lia um livro de anatomia. Gostava de dar uma revisada antes de qualquer cirurgia.

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