Capítulo 05

> Rebeca.

—  Tudo bem, Rebeca?

A voz da asiática preenche o ambiente, viro-me para ela e dou um sorriso fraco antes de confirmar que sim. Ela passa por mim e se joga na beliche. Tiro meu jaleco e o guardo no armário.

Quase onze da noite. Perco-me em devaneios no quarto, pensando no que diabos deu errado para o destino colocar meu ex-namorado bem diante de mim. Mais bonito, mais alto, mais musculoso... Seus olhos cinzentos mais belos do que há anos atrás.

Saio de meus devaneios quando meu pager apita em minha cintura. Pego-o para ver o que é. Como esperado, é Kaio passando mal. Deixo a sala de descanso sem sequer colocar o jaleco e corro para o elevador. Dois minutos depois, o elevador para no quarto andar.

Entro na sala do garotinho e ele está tendo convulsões enquanto as enfermeiras tentam acalmá-lo.

— Doutora. – ouço uma mulher me chamar. –  Ele está expelindo sangue puro pela boca e pelo nariz.

Depois de seguirmos todos os procedimentos recomendados, finalmente ele parou de vomitar e convulsionar. Me sentei na poltrona completamente cansada e abatida. Por mais que trabalhasse todos os dias com isso, ver uma criança sofrendo ainda era ruim demais.

...(...)...

Sinto alguém tocando em meu ombro enquanto chamava pelo meu nome. Aos poucos fui abrindo os olhos e percebi que acabei dormindo na poltrona. Olhei para o smartwatch em meu pulso. 05:27 da manhã. Olhei para o homem a minha frente só agora percebendo ser Thomas.

Minhas costas estavam doloridas. Ajeitei meus cabelos que estavam caindo sobre o rosto e levantei ficando em frente à Thomas, ele é uns trinta centímetros mais alto, mas pude sentir seu hálito quente de menta bem no meu rosto pela aproximação.

— Desculpe, você estava toda torta. – ele engoliu em seco quando disse.

— Tudo bem. – minha voz saiu quase num sussurro. – Ele passou a noite bem...

— Que bom. – Éramos dois estranhos. E pude perceber isso na maneira que ambos não estávamos conseguindo trocar mais de um palavra com o outro. – Vá descansar na sala de descanso, eu cuido dele.

Seu rosto não esboçava reação alguma, ele disse somente isso e eu assenti saindo do quarto. Meu plano não é era dormir ali na poltrona, mas acabei pegando no sono depois das uma da manhã.

Entrei no elevador ainda sonolenta, quando as portas da caixa de metal se abriram no primeiro andar dou de cada com Matt.

— Você está bem? – ele se aproximou de mim preocupado.

— Tô, sim. Apenas dormir em uma poltrona nada confortável.

— Você está pálida, Beca. – ele tocou no meu rosto, senti sua mão quente na minha bochecha. – Já mediu sua glicose? – Neguei.

— Eu só preciso de um banho...

— Você precisa se alimentar, Beca! – ele disse ainda preocupado. – Por favor, come alguma coisa, está bem?

Assinto e ele beija a minha testa antes de entrar no elevador. Caminhei até a sala de descanso, Vanessa ainda estava dormindo na cama de baixo, enquanto outro homem ocupava a cama de cima.

Peguei minha nécessaire e fui para o banheiro, lavei o rosto e depois escovei meus dentes. Medi minha glicose que por incrível que pareça estava normal, mas ainda assim eu estava fraca e precisava comer alguma coisa.

Segui para o refeitório do hospital e peguei apenas um morango, ele tinha açúcar e era o que deu vontade de comer naquela manhã.

...(...)...

A cirurgia de Kaio foi um sucesso. Eu não participei, Thomas operou ele, eu apenas assistir da salinha, mas não por muito tempo já que tive que ir cuidar de um recém nascido.

Eu amava cuidar de bebês, sentir o cheirinho e escutar seus primeiros chorinhos era muito satisfatório. Todas as áreas da medicina são lindas, mas a pediatria é fantástica, encantadora e mágica!

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