Capítulo 13

  Passamos por cada parte da academia, que é enorme, e muito conhecida também, já que o motorista do taxi sabia exatamente onde ficava, sem eu nem sequer precisar passar o endereço completo, apenas disse o nome da academia.

  A cada lugar novo, eu via o orgulho estampado nos olhos do Ethan. É bonito ver a forma com que ele fala desse lugar, e ouvir a história de como ele montou tudo isso, como iniciou o sonho dele, deixa tudo ainda mais significativo.

  Não que eu entenda muito de salas de tiro e espessuras ideais para se ter um bom isolamento no local, ou dos tipos de equipamentos de segurança ideais para cada trabalho, ou ainda o que o calibre de cada arma pode fazer. Para mim, uma arma tem função de proteger quem a empunha e ferir quem representa perigo, e é basicamente isso, uma arma para defesa, seja ela pessoal ou coletiva. Apesar de eu saber que muitas pessoas utilizam armas para ferir inocentes e cometer crimes horríveis, mas para mim, o principal uso é a defesa, e deveria ser assim sempre! E mesmo que eu não entenda, me vi prestando atenção em cada palavra do Ethan, em cada gesto, e entendi que era importante para ele, então se tornou algo que gostei de ouvir e aprender sobre... mesmo que eu ainda tenha uma certa aversão a armas de fogo, que fique claro.

  Durante nosso "tour", pude notar olhares, cochichos e até um certo espanto quando o senhor cheiroso me apresentava como sua "namorada", sempre com a ressalva de... "é a minha mulher, então exijo respeito". Fiquei meio sem jeito no início, mas depois de ouvir a mesma coisa durante quase uma hora, correndo o risco de ser apresentada dessa forma até para as formigas do lugar, eu acabei me acostumando. Era isso ou virar um tomate maduro a cada pessoa que eu conhecia.

  Mas, quando conheci a tal Teresa, a ex cunhada do Ethan... eu não sei, mas ela me olhou de um jeito, diferente eu diria. Ainda que eu não saiba dizer exatamente se um diferente bom ou ruim, mas foi diferente.

  — E agora, um dos meus lugares preferidos, e onde eu passo boa parte do meu tempo quando estou aqui... — ele abre a porta para mim, e eu paro, o encarando e mordendo o lábio levemente.

  — Você disse que não é cavalheiro, mas já me livrou de sofrer um esbarrão de um dos seus alunos, pegou água para mim, se preocupou em eu estar confortável o tempo todo e abriu a porta de cada sala que visitamos, e não menos importante, segurou minha mão e beijou ela durante a maior parte do tempo.. — estreito os olhos. — Sr. Wardley, acho que está tentando se passar por ogro, quando na verdade você não é. — seu sorriso lateral me faz torcer a boca, fingindo estar pensativa.

  — Eu não sou assim normalmente, morena. Mas você me faz querer ser, entende? — eu assinto, e entro na sala, com um sorriso bobo nos lábios.

  Olho tudo a nossa volta... Uau! Tudo aqui parece tão... Ethan! Incrívelmente até a sala parece ter o cheiro másculo e marcante dele, o que não é tão bom assim, já que o perfume me deixa meio zonza, arrepiada e bem, com reações que eu julgava que nunca mais sentiria, pelo menos não sem ter medo ou repulsa.

  Sacudo a cabeça, tentando me livrar desses pensamentos que teimam em me sabotar.

  — Algum problema? — me viro e sorrio, disfarçando o melhor que consigo, mas a julgar pelo olhar extremamente atendo dele, talvez eu não esteja sendo tão convincente.

  — Nenhum! — me aproximo e passo meus braços ao redor do seu pescoço, e ele me aconchega num abraço gostoso, quentinho. — Senti saudades, Ethan. — admito, num suspiro.

  — Eu também senti, morena. — ele afaga meus cabelos.

  Afasto meu tronco um pouco, inclinando para trás, porque ele é mais alto e só assim consigo olhar em seus olhos.

  — Obrigada por não me mandar embora. — sorrio fraco.

  — Porque eu faria isso? — franze a testa, parecendo realmente confuso.

  — Invadi seu espaço, na sua folga, sem ao menos te avisar, te fazendo uma surpresa, que agora eu sei que você não gosta. Dei um passo, mesmo depois de você sumir e não me mandar nem sequer uma mensagem depois do nosso encontro, e eu sinceramente não sabia se você iria querer me ver de novo. Então poderia me mandar embora, mas me recebeu, me tratou com carinho...

  — Senti sua falta, minha Doutora bonequinha. — reviro os olhos para esse apelido, mas acabo sorrindo logo em seguida. — Eu só não soube lidar muito bem com o encontro fracassado e com a dúvida se você iria ou não, querer me ver de novo, ainda que a vontade de te ver fosse quase insuportável. — admite, parecendo... envergonhado?

  — Eu quero você, Dandara. — ele me aperta mais no abraço, mas acaricia meu rosto com uma das mãos, e eu me aninho em sua palma, aproveitando o carinho, mas sem deixar de olhar em seus olhos. — Esse seu jeitinho de menina me encantou, mas eu tenho consciência de que sou bruto pra car@lh0, e você é toda delicada sabe. Não é uma crítica, nunca! Eu gosto disso, desse seu jeito, e poh@, o gosto do seu beijo ferrou com a minha mente, morena. — jogo a cabeça mais para trás, dando uma gargalhada gostosa, mas paro assim que sinto seu nariz passar lentamente no meu pescoço, aspirando meu cheiro devagar, porém com intensidade,e me causar arrepios intensos por todo o corpo.

  — Você é cheirosa demais, minha Doutora bonequinha. — beijos calmos e arrastados vão pincelando meu pescoço, numa trilha prazerosa até meu queixo, que é levemente mordido, antes dos dedos compridos do meu gato afundarem nos meus cabelos e segurarem minha nuca, e ele deixar meu pescoço na posição que deseja e tomar meus lábios devagar, num beijo que começa suave, com minhas mãos apoiadas em seu peito e nossas bocas parecendo se reconhecer primeiro, mas logo sua língua quente e áspera já invade minha boca do jeito dominante que aprendi a gostar e o beijo fica mais urgente, mais intenso e me arranca suspiros e arfadas, enquanto Ethan aperta minha cintura,mas não me toca de forma ousada.

  Sem a mínima chance de conseguir me manter nesse beijo, me afasto, ofegante e certamente com os lábios inchados, pois eles formigam sem parar.

  Vejo o olhar intenso do meu gato e isso realmente me causa arrepios por toda a espinha, o que contrasta com o calor do corpo grande e forte que me mantém firme.

  — Senti tanta saudade dessa sua boca, minha morena. — seu polegar desliza nos meus lábios, mas não tão delicado,só que sem machucar. — Acho que você é meu vício mais gostoso. — o olhar intenso agora desvia e passeia pelo meu corpo, me fazendo limpar a garganta e me afastar devagar, saindo do abraço e respirando fundo.

  — Também senti saudades. — acaricio seu rosto e logo olho em volta, apontando a espécie de ringue, todo preto. — Você me deve uma aula, com o melhor professor, lembra? — desconverso.

  — Boa tática! — eu o encaro novamente e ele apenas me observa atentamente. — Vou pegar uma roupa pra você.

  — Não precisa. Tenho uma roupa na minha mochila. — ele ergue uma sobrancelha. — Eu costumo correr quando saio do hospital, então carrego uma muda de roupa. — explico.

  — Tudo bem, desde que seja confortável. — assinto. — Ótimo. Tem um banheiro ali, no meu quarto, pode se trocar.

  — Seu quarto? — agora sou eu quem fico confusa... E curiosa.

  — As vezes fico até tarde, e como eu disse, esse é o "meu lugar". Só eu tenho as chaves daqui, e além de mim, apenas uma das funcionárias que faz a limpeza entra aqui, e isso acontece quando eu estou aqui, e nos outros dias eu mesmo limpo.

  — Ethan Wardley limpando? Uau! Agora você me surpreendeu. — admito.

  — Vai logo se trocar, garotinha!. — provoca.

  — Já vou, senhor mandão! — devolvo a provocação e ele põe a mão nos bolsos e meneia a cabeça.

  Pego minha mochila e caminho até onde ele indicou. Abro a porta e vejo um quarto grande... é tão Ethan!

— Ok, batgirl, acho que você acaba de entrar na batcaverna! — murmuro baixinho, sorrindo levemente.

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