Capítulo 5

Ethan Wardley

  Um evento como outro qualquer, mais um dia de trabalho comum, tranquilo... seria assim se uma certa garotinha irritantemente atraente não estivesse bagunçando meus pensamentos e tirando minha atenção!

  Dandara Dutra Villar, filha do conceituado cirurgião cardiovascular, Guilherme Villar. Residente em pediatria, muito focada no trabalho, cursou um semestre de faculdade em Seattle e, misteriosamente, voltou a Nova York, parecendo ter fugido da antiga universidade. Melhor amiga da Maria Isis Blake e parece ser uma menina doce e carinhosa, e isso é o ponto... uma menina, de apenas 21 anos! Ah, Wardley, você tem 32 meu amigo, para de pensar besteira!

  Eu não deveria olhar, sou todo ferrado, um passado ferrado, cheio de marcas, algumas que me assombram até hoje, e me impedem de me relacionar. Mas eu olhei, e droga! Mais de cinco anos sem que mulher alguma conseguisse despertar nada em mim, além de desejo.

   Desde que minha ex noiva morreu, meses antes do nosso casamento, de uma doença rara e incurável, que a levou de forma brusca, eu disse que não me envolveria com mais ninguém!

  E eu estava bem com isso, na verdade, até porque eu me diverti muito, e quando digo muito, eu não estou exagerando. Eu era muito puto, do tipo cafajeste, safado e que gostava de ter sempre mais de uma na minha cama... ao mesmo tempo! Mas depois do que aconteceu, fiquei mais discreto, porém sem sentimentos, e isso eu sempre deixei claro.

  Conheci a Tânia num dos meus trabalhos, como segurança de um dos filhos dos Donartti. Ela era professora, dava aulas na escola. Uma moça quieta, sempre muito educada, mas também muito tímida. Trocamos olhares, eu a convidei para sair, a irmã dela ajudou no processo e nos apaixonamos. Eu tinha 26 anos, ela tinha 24. Nos gostávamos, e casar parecia o certo, éramos jovens e formar uma família era o que queríamos, mas se me perguntarem se havia amor, eu sinceramente não saberia dizer. Acho que amor é algo que nunca cheguei a experimentar, verdadeiramente, mas paixão, sim isso eu sei que existia.

  Estávamos felizes, quase um ano juntos, os planos do casamento a todo vapor, e tudo mudou em dias! Ela se sentiu mal, e quando chegamos ao hospital, seu corpo já não aguentava os avanços da doença, que era silenciosa e foi se espalhando aos poucos, com sinais quase imperceptíveis, e a levou de nós, e eu digo nós, pois a irmã dela, Tereza, sofreu muito mais do que eu, porque ela perdeu a única irmã, que criou desde os 4 anos,quando as duas ficaram órfãs. Tereza na época tinha 10 anos, aprendeu a cuidar da irmã, e mesmo num orfanato, fazia de tudo por Tânia, para protegê-la. Ela sofreu, sofreu a dor de perder a irmã, sua única família, já que aparentemente os parentes as renegavam pela mãe ter se casado com um negro.

  Nos ajudamos no processo do luto, que foi difícil, mas passamos por ele. Tereza começou a trabalhar comigo, como advogada da minha empresa de segurança privada, e hoje cuida de toda a parte jurídica. Somos amigos, mais que isso, a vejo como uma irmã mais velha, e acredite, tomo puxões de orelha por minhas libertinagens noturnas.

  Eu perdi minha mãe ainda adolescente. Meu pai? Não sei quem é, e sinceramente, acho que nem minha mãe saberia dizer, pois o álcool a impediria de afirmar qualquer coisa com certeza que mereça ser averiguada. Apenas mais um filho sem pai, mas ainda assim, tive a sorte de crescer tendo um avô incrível como exemplo!

  Arnold Wardley era um homem fantástico, extremamente sério, rígido até, mas justo, de caráter, lutador e um coronel da marinha americana, condecorado e respeitado. Como avô? Era paciente, me fazia entender o quanto vale o caráter de um homem, me aconselhava e adorava me levar em seu veleiro, para nossas horas em alto mar, só nós dois.

  E eu realmente tive sorte, apesar de ter pais que nem merecem comentários, tive um bom avô, e uma tia muito querida, que eu chamo de mãe, porque ela cuidou de mim desde sempre, com muito zelo. Aretha Wardley, irmã da minha mãe. Sempre presente, sempre cuidadosa, e foi ela quem me acolheu quando minha mãe faleceu. Era ela quem cuidava da irmã, dava conselhos e repreendia quando minha mãe voltava pra casa, bêbada, caindo pelos cantos. Uma infância difícil, mas tive boas pessoas, bons exemplos ao meu lado, e isso forjou meu caráter.

  Um homem que trabalhou duro para construir meu próprio patrimônio, minha empresa de segurança privada, meus imóveis, uma segurança financeira para quando eu envelhecer. E eu estava tranquilo em ficar sozinho, mas novamente essa garotinha se põe no meu caminho, e hoje eu até fiz um esforço muito, muito grande para não ceder ao perfume dela, ao cheiro que emanou de seus cachos assim que ela saiu daquele vestiário, mais cedo, no hospital.

  Estar tão perto, isso mexeu comigo, bem mais do que eu gostaria de admitir. Mesmo observando ela de longe há muitos dias, seu sorriso doce, a forma como toca os lábios com uma caneta quando está pensativa olhando algo no hospital. O jeitinho leve e contagiante com que faz a Maria Isis sorrir. Mas me incomodou vê-la chorar, um dia desses, enquanto a Maria Isis a consolava. Não sei ao certo o que houve, mas eu vi tanta dor no olhar da Doutora bonequinha. Ela sempre tão sorridente, tão alegre, parecia apagada, triste, ferida. Minha vontade? Esmagar até o último osso de quem ousou deixá-la daquela maneira tão frágil, mas aí me vem o ponto alto disso tudo... porque me incomodei tanto? Eu não sou do tipo que se comove com um choro feminino, não esse não sou eu! Mas ela... algo nessa garotinha de nariz empinado tem tirado meu juízo!

  E pra piorar tudo, ela está aqui! Ah, mas claro que estaria. Ela é amiga da noiva, as famílias Villar e Donartti Blake são amigas também. Então é claro que ela viria, mas ainda assim, porquê precisava usar um vestido que parece abraçar cada curva do seu corpo?! O tecido vermelho se ajusta aos contornos tão perfeitamente, mas sem ser vulgar! Ela é discreta. Não tem decotes ali, nenhuma transparência, apenas uma fenda que deixa parte da sua coxa esquerda à mostra, quando ela caminha lindamente, sobre as sandálias de salto alto. Os cachos soltos balançam ao sabor do vento fresco que sopra suave, e ela move o corpo devagar, ao som da música que toca no ambiente. Graciosa demais, delicada demais, linda pra car@lh0!

  Ela não me vê, está de costas, mas quando pega uma taça de champanhe, seu sorriso em agradecimento ao garçon é o suficiente para que ele fique todo alegrinho... ridículo isso! Ela é assim, educada, cordial, amorosa. Não preciso conhecê-la intimamente para saber. Sou perito em leitura corporal e comportamental, embora só use minhas habilidades em casos pontuais, em que minha profissão exige. Mas é interessante observar que ela não "deu mole" para o garçon, ela apenas foi gentil, mas ele, hum ele sim olhou com segundas intenções, só que eu vou ficar na cola dele.

  Estranhamente, a taça dela continua intacta, sem que ela dê nenhum gole, até que seu corpo se move, e ela vira exatamente para a direção onde estou, um pouco mais afastado da tenda, porém é o suficiente para notar que ela parece procurar algo com o olhar.

  Disfarço, eu sei bem o olhar de quem ela procura, e tenho tentado me manter firme e afastado dela desde que notei seus olhares, no hospital. Por isso passei a usar óculos escuros, diariamente. Posso vê-la, posso estar de olho nela e na Maria Isis, de formas diferentes, é claro, mas cuidado de ambas.

  Ela parece ter algum tipo de magnetismo invisível, que me atrai sem que eu consiga evitar, e num momento eu desvio meu olhar, para encontrar o dela! Sustento, não desvio, porque não consigo, não mais. Pareço preso no olhar doce e envergonhado, mas que me puxa, e eu disse, ela tem um magnetismo que me impede de desviar o olhar, mas a vergonha a faz quebrar o contato visual, enfim tomando um gole da própria bebida e logo vejo a Maria Isis se aproximar dela... poderia afirmar que elas estão falando de mim agora, mas pode ser algo muito prepotente da minha parte, apesar de saber que a Doutora bonequinha não é indiferente à mim.

《••••》

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Comments

Aline 🎀

Aline 🎀

Ela é diferente Ethan...o instinto protetor fala mais alto...cuide dela Ethan e deixe ela cuidar do seu coração tambem♡
Idade, é só um número...Quando conversar com ela verá o quão madura e responsável ela é

2024-02-10

96

Marilene K.Maito

Marilene K.Maito

são dois que querem se proteger de qualquer relacionamento

2024-05-11

0

Cristina Santos

Cristina Santos

Começa hoje .🥰😍🥰

2024-05-10

0

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