Capítulo 16: Ynara

Ynara...

Eu que havia pensado que teria uma noite mais tranquila, que conseguiria dormir bem, mas não, a proposta daquela família, ficou ecoando por minha cabeça.

Como o sono não vinha, pego o meu notebook, entro no google e faço uma pesquisa sobre o sobrenome Coleman. Como meu computador é muito antigo e a internet é emprestada de dona Terezinha, aguardo ele carregar, enquanto esquento um leite.

Volto para o meu quarto, no tempo em que bebo o meu leite, leio cada notícia sobre a família deles. Essas pessoas não são ricas, são multibilionárias. Tem algumas fotos deles, inclusive da noiva dele que morreu, ela era muito linda. No final, acabei ficando ainda mais irritada com o príncipe nebuloso, afinal é dona da empresa, que roubou as minhas ideias.

Sinceramente, não sei o que fazer.

Tenho que pensar na minha avó, mas tem muitos contras e um deles é que nem sei me portar diante de pessoas tão elegantes e não vou abaixar a cabeça se alguém me olhar torto. E depois, entrar numa casa, numa família que não conheço ninguém, é muito para a minha cabeça. Também não posso me esquecer dos bebês, que são o principal motivo desse casamento.

Por volta das três da manhã, acabo pegando no sono e acordo as seis com o despertador tocando.

Tomo um banho rápido e vou preparar um café, porém, para a minha alegria o gás acabou.

— Ótimo, agora tenho que sair com fome!

Termino de me arrumar e vou até o hospital, primeiro passo na ordenha e após doar meu leite, vou até o quarto da minha vó. Dona Terezinha, a ajudava a tomar o café, pouso um beijo na testa delas e pergunto como está se sentindo, diz que quer ir para casa.

— Eu sei vozinha, mas temos que esperar o médico te dar alta!

Ela faz careta e eu sorrio, mas fico com o coração partido.

— Prometo que mais tarde eu converso com o médico! Tá bom?

Ela concorda, conversamos um pouco e vou para  meu trabalho.

Desde que me neguei a ajudar aquela mal caráter do caixa, as duas estão estranhas e depois que o Coleman esteve aqui, todas ficaram estranhas.

Fui ajudar Rosana e tomei um gole de café.

Estava presa em meus devaneios, com tantas coisas na cabeça, que nem havia notado que Rosana me chamava, até tocar o meu ombro.

— Está tudo bem, menina?

— Desculpa, Rô! Estava pensando na minha vó e também agora deu para as meninas aqui da loja, ficarem estranhas!

— Não ligue para elas, estão com inveja!

— Inveja de enfrentar o que eu enfrento todos os dias ou das contas que tenho para pagar, não tem né? Agora apenas de ver eu conversar com um homem de condiçõess melhores que as nossas, elas tem inveja! Aí dai-me paciência, viu!

— O que esse homem queria, com você?

— Nada de mais, apenas mais cobranças! — minto, pois não gosto de falar da minha vida pessoal.

— Não se preocupe com essas invejosas, tá?

Sorrio fraco e foco no trabalho.

Após um dia exaustivo, vou direto para o hospital.

Ao chegar, levo um susto ao ver a senhora Yolanda, no quarto com a minha vó. As duas me olham sorrindo, enquanto eu olho espantada para elas.

— Vai ficar parada aí na porta, minha querida? — pergunta dona Yolanda.

Balanço a cabeça afastando tal confusão e entro no quarto, cumprimento as duas e pergunto como ela passou o dia.

— Desculpe, mas o que a senhora faz aqui?

— Vim conhecer a avó da minha futura bisneta!

— Oi?

— Vou deixar, você conversar com a sua avó e depois eu volto, está bem?

Ela deposita um beijo em meu rosto e saí do quarto.

— Vozinha, eu posso explicar!

— Não precisa! Dona Yolanda me contou tudo e acho que deve aceitar!

— O que?

— Filha, isso vai mudar a sua vida!

— Um casamento por contrato?

— Não foque no contrato, mas nos benefícios que isso vai lhe trazer!

Estranho a atitude da minha vó, pois ela me ensinou grandes valores no decorrer da vida e me casar por contrato, deveria deixá-la brava.

— Não acredito que esteja me dizendo isso?

— Estou pensando no melhor para você, Ynara! Estou velha e doente, estando com essa família, ficarei mais tranquila...

— Nem ouse terminar! — digo entre lágrimas. — Eu te proibo de me deixar, entendeu?

— Não vou te deixar, pelo menos não agora, mas te peço por favor..., pense bem nessa proposta!

— Eu teria que ir embora do Brasil e a senhora se esqueceu que não pode sair do país?

— Yolanda vai deixar pessoas aptas para cuidar de mim, ela disse que poderei fazer o tratamento numa casa que vai comprar para nós...

— Me diz a verdade, vó! A senhora não se iludi por essas coisas, então me diz de uma vez a verdade!

— Ele esteve aqui!

Meu coração erra as batidas e seguro com força na mão da minha vó.

— Fique calma, ele não me fez nenhum mal, mas deixou claro que está de olho em você e que nunca vai conseguir fugir dele! Tem que sair do país, só assim vai se livrar dele!

Ela diz com tanta serenidade, que mal consigo acreditar, mas minha vó não mentiria para mim, ainda mais com um assunto tão delicado.

— Mas não posso te deixar! Ainda mais desprotegida...

— E não estará desprotegida, deixarei pessoas altamente qualificadas cuidando dela! — diz Yolanda entrando no quarto novamente. — Como disse, eu sei tudo sobre vocês Ynara, tudo mesmo! Ele nunca mais irá se aproximar de nenhuma de vocês, isso eu juro!

Abaixo a cabeça envergonhada.

— O seu neto também sabe tudo sobre mim?

— Não! Disse apenas o necessário, que é uma boa moça, de caráter, afrontosa e nada sobre o seu passado foi lhe dito!

— Assim como a senhora descobriu, ele pode descobrir e não me querer!

— Duvido muito, Tavinho é um homem muito inteligente, mas lesado em alguns aspectos! E se descobrir, tenho certeza que irá se sensibilizar com a sua história e não te julgar!

— Prefiro que ele não saiba, tudo será um contrato mesmo!

Minha vó e dona Yolanda, se entre olham de um jeito estranho, pensei em perguntar o que significava aquele olhar, mas desisti.

...... Cansada demais para questionar ou discutir!......

— Vou falar com o médico e já volto!

Assim que saio do quarto, respiro fundo.

Sigo até a recepção e levo um susto ao ver o príncipe nebuloso conversando com a recepcionista.

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