Capítulo 18: Ynara

Ynara...

Quando vi Otávio aqui, estranhei muito. E as coisas, foram ainda mais confusas na sala do médico. Nem aceitei esse contrato, e o homem já está querendo mandar em mim, porém não vou negar que fiquei esperançosa, por saber que minha vozinha, já fará a cirurgia e o tratamento será iniciado. Portanto, isso me lembra, que tenho que dar uma resposta a esse homem.

Agora estou numa situação ainda mais complicada, porque a minha avó decidiu apoiar essa maluquice de casamento por contrato.

... De onde foi que surgiu essa família maluca, com esse tipo de proposta? E por que justo eu fui a escolhida?...

Irritada, saio do quarto que a minha avó estava e vou até a lanchonete, estava morrendo de fome, estou o dia todo a base de café, não posso usar o dinheiro que tenho, pois tenho que comprar gás e alguns mantimentos.

Paro na porta da lanchonete, mas recuo e antes de sair, ouço uma voz terna atrás de mim.

— Algum problema, querida? — pergunda Yolanda.

— Nada! — respondo sem graça.

— Venha, vamos até a lanchonete conversar um pouco!

Nos acomodamos e uma garçonete pergunta o que vamos querer, a senhora pede dois lanches naturais e suco natural, a garota vai buscar.

Agora terei que usar o restante do meu dinheiro! — penso apreensiva.

— Senhora, eu ainda não tenho uma resposta! Sou grata por estarem ajudando a minha vozinha, mas estou me sentindo pressionada!

— Não se sinta assim! Ynara, sei o que está sentindo!

— Eu acho que não!

A garçonte trás os nossos pedidos e assim que se retira, mordo um pedaço daquele lanche, estava faminta.

— Sei sim, porque passei por algo parecido! A diferença, é que não tive direito de escolha! Fui obrigada a me casar, senti a minha vida e liberdade sendo roubados de mim..., passaria o resto de minha vida, ao lado de um homem que não amava, que nem conhecia! Sei muito bem, que está confusa, com medo, cheia de dúvidas que lhe assombram e se sentindo pressionada! Não quero que se sinta assim, pois não queremos te obrigar a nada, o que estamos fazendo por sua avó, não tem nada a ver com esse contrato! Mesmo que recuse, ela terá todo o tratamento pago!

Olho para baixo, sem jeito.

— Escuta, Ynara! Não estou pensando apenas no bem do meu neto e dos meus bisnetos, mas também penso em você! Daqui para frente, terá a sua vida modificada, não terá apenas que cuidar das crianças, vai proporcionar a você e dona Rosário, uma vida melhor!

— Mas a que preço? Também não penso apenas em mim! Estar longe da única pessoa que amo, me apavora, parece tudo ser tão errado! Tenho medo de me apegar as crianças e o seu neto encontrar alguém e eu ter que me afastar... tudo isso, irá me machucar! Já sofri muito nessa vida e não há dinheiro no mundo que pague a nossa paz!

— Ele nunca fará isso! Eu não vou deixar! A partir do momento que se casarem, será a mãe das crianças, vão ser registrados em seu nome...

— Não! Eles tem mãe...

— Tem, você!

— Desculpe dona Yolanda, mas a mãe deles nunca vai deixar de ser mãe, só porque morreu!

— Concordo! Sempre irá contar a eles como ela foi maravilhosa, como amou e lutou para serem gerados, mas também será a mãe, vai criá-los, dará amor e vai os proteger, também será uma mãe! Vão saber que tem duas mães! Uma que está no céu e outra que está aqui dando a vida por eles! Ynara, não existe ninguém melhor do que você para esse papel! Quero que esteja na certidão de nascimento, para que nunca possam afastar vocês! Conheço muito bem a minha família e não podemos deixar que encontrem meios, para afastarem vocês! Posso imaginar o quanto elas vão te fazer bem...

— Eu não vou ter mesmo que viver uma vida de casada com o príncipe nebuloso, não é? A senhora entende o que quero dizer!

— Se não quiser não!

— Óbvio que não vou querer!

Ficamos um tempo em silêncio e resolvo que farei isso pela minha vozinha, e pelas crianças. Se dona Yolanda acredita que sou a pessoa ideal, não quero decepciona-la, estão fazendo muito por mim, mesmo não tendo aceitado a proposta ainda.

— Ynara, preciso dessa resposta o quanto antes! Temos que voltar, as crianças precisam de você e do Otávio!

— Quando tem que voltar?

— O mais tardar, daqui quatro dias!

— Eu aceito! Mas tem uma coisa, uma condição!

— Qual?

— Já que tudo vai ser fingimento! Quero ter a liberdade de fazer mudanças no contrato e um pedido decente do príncipe nebuloso! — digo o final divertida.