Capítulo 13: Otávio

Otávio...

Que garota abusada e mal educada, após a minha proposta, foi capaz de jogar água no meu rosto.

Pago a água e vou para o hotel furioso, essa mulher é a encrenca em pessoa.

Vou para o quarto da minha vó, ela tomava chá, olha-me com espanto, pois minha camisa está toda molhada.

— Estava praticando corrida, querido? Devia usar roupas próprias para isso! — diz em tom irônico.

— Isso não é suor, vovó! É ÁGUA! — diz asperamente. — E foi a escolhida da senhoa para ser a minha esposa, quem fez isso!

Ela arquea uma das sobrancelhas e gargalha alto.

— Cada dia eu gosto mais dessa moça!

— Não! A senhora não está no seu juízo perfeito! Amanhã mesmo, vamos voltar para a Inglaterra!

— Só saio do Brasil, com você casado com Ynara!

— Então vai morar aqui, porque eu não caso!

— Isso é o que veremos!

Ando de um lado para outro, respirando fundo, buscando paciência.

— Essa mulher é uma abusada, mal-educada e...

— A mulher perfeita para defender os meus bisnetos! Pare de andar de um lado para outro, está me deixando zonza e desse jeito, vai fazer um buraco no chão!

— Me escuta vó, essa garota nunca vai aceitar essa proposta maluca!

— Me diga, tudo o que aconteceu Tavinho! Quem sabe não me convence do contrário!

Conto-lhe tudo, desde o quase atropelamento e a nossa conversa. Assim que termino, minha avó faz sinal para eu me sentar ao seu lado, assim que me sento, ela desferi um tapa na minha cabeça.

— Além de lesado, foi mal-educado! Nem soube falar direito com a menina! Qual a parte, do conversar com jeito não entendeu, Otávio?

— Não fui mal-educado! Fui direto! O que queria, que comprasse aliança, me ajoelhasse e a pedisse em casamento?

E lá vem outro tapa, apenas resmungo.

— Claro que não, garoto! Ynara, é uma moça honesta,que já sofreu muito na vida! Acredita mesmo que ela aceitaria na hora, após jogar a bomba no colo dela? No minímo deve ter achado que é um maluco! Pelo menos eu acharia!

— Então vocês duas, devem ser iguais! — digo revirando os olhos.

— Melhor parecida comigo, do que com a sua mãe, não acha?

— Claro que sim!

...... Confesso, que não sei o que é pior!......

— Mais tarde, eu mesma vou falar com a Ynara! Tentar desfazer a sua idiotice!

Cansado para discutir, não a questiono e vou para o meu quarto descansar.

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Ynara...

Após aquele desentendimento com o príncipe nebuloso, o meu dia foi muito cansativo, trabalhei demais e ainda fiz hora extra.

Vou para a minha casa e hoje não vou conseguir ir até o hospital. Por sorte, dona Terezinha se ofereceu, para passar essa noite com ela.

Tomo um banho e preparo algo rápido para comer.

Ouço baterem palma, do lado de fora.

Saio da casa e fico surpresa, pois tem um carro luxuoso na porta da minha casa e a senhora que atendi no outro dia no ateliê.

— Boa noite, querida!

— Boa noite! — respondo confusa.

Não compreendo o que ela faz aqui, como encontrou meu endereço e o que quer comigo.

— Deve estar se perguntando, o que faço aqui e como consegui seu endereço? — pergunta e concordo com a cabeça.

— Me simpatizei muito com você e pedi seu endereço a sua chefe! Será que podemos conversar?

— Tá! Por favor, entre! Fique a vontade, mas não repare, a casa é simples, mas limpinha!

A mulher entra em minha casa, puxo uma cadeira para se sentar e me sento na cadeira de frente para ela.

...... Meu dia, não tem como ser mais estranho!......

— Bom Ynara, primeiramente, gostaria de me desculpar por invadir a sua casa, seu espaço...

— Não tem problema, mas confesso que estou achando tudo muito estranho! Não é todo dia, que uma cliente chique da loja, vem a minha casa!

— Eu gostei muito de você Ynara, sua história me comoveu e por isso eu quero lhe fazer uma proposta!

— Estou até com medo! Hoje já veio um maluco de um príncipe nebuloso, me fazer uma proposta, mas deixei claro que não sou qualquer uma não!

— Príncipe nebuloso? — pergunta, com uma das sobrancelhas arqueada.

— Sabe, ele é um homem muito bonito, mas com um olhar vago, distante e frio! Assim como um cavaleiro lindo, mas solitário em meio ao gelo!

A mulher sorri discretamente, então mudo de assunto e peço para que diga a sua tal proposta.

A mulher diz, que veio da Inglaterra, que sua família é muito poderosa e que recentemente, seu neto perdeu a noiva, que o deixou um casal de gêmeos. E que as crianças estão internadas na UTI neonatal, ela deixa claro o desespero de seu neto, em encontrar uma mãe para os seus filhos, pois não quer que cresçam sem uma presença materna.

— Pode imaginar o sofrimento do meu neto? Ele está perdido, desesperado, com medo de perder os seus filhos! Tem que lidar com os negócios da família e ainda lutar com o medo...

Suas palavras me comovem, mas na hora, me recordo do príncipe nebuloso.

— Seu neto é o príncipe nebuloso? — pergunto irritada levantando-me.

— Eu sei que o meu neto pareceu ofensivo, mas ele é meio lesado sabe..., está confuso...

— Digo a senhora, o mesmo que disse ao seu neto! — digo cruzando os braços.

A mulher se levanta e carinhosamente, segura as minhas mãos.

— Ynara, eu te escolhi, por ser uma mulher cheia de bondade no coração e por saber que tem caráter! Não escolheria qualquer uma para ser mãe e esposa dos meu neto!

— Senhora, está me pedindo para casar com um homem que nunca havia visto na minha vida!

— Não vão precisar manter nenhum tipo de relação física, tudo será apenas contratual! Apenas nós três, vamos saber que esse casamento é por contrato! Claro que na frente dos outros, terão que fingir, mas fora isso, tudo não vai passar de um contrato!

— Eu não sei não! Isso não me parece certo! Nem conheço vocês...

— Pense no assunto! Pense que isso, vai ajudar a sua vó! Eu sei que ela está internada, que precisa de um tratamento muito caro, nós podemos te ajudar! Só tem que aceitar a nossa ajuda!

Quando fala da minha avó, fico espantada e meu coração apertado.

— Como sabe da minha vó?

— Mandei investigarem a sua vida, sei tudo sobre você! E se quer saber tudo sobre nós, procure pelo sobrenome Coleman!

Ela sorri fraco, pousa um beijo cheio de ternura em meu rosto e vai embora.

Fico ali parada igual uma estátua.

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