Capítulo 16

Enquanto observávamos o fogo queimar aquela estrutura, percebi o quanto a loba de Hannah estava frustrada. Julguei que ela já se condenava por ter se aproximado dali sozinha e, provavelmente, sem um plano. Alguém aproveitou sua fuga para apagar qualquer rastro que tivesse ali dentro. Com toda aquela fumaça, ficava impossível para qualquer lobo pegar algum rastro.

Teríamos que ter sorte com o lobo capturado, mas se ele se recusasse a falar, nada daquilo teria serventia. Teríamos que fazer exatamente o que eu já havia imaginado… seguir o rastro daqueles nomes na lista que Ower encontrou. Nesse momento, meu beta se aproximou.

“O prisioneiro já está na cela, mas se encontra em completo silêncio. Não sei se será útil para algo.” — Ele falou através de nosso elo.

“Ela devia ter retornado antes de uma aproximação. Com todos nós juntos, isso talvez teria tido um fim mais rápido.”

“Julgo que ela mesma já se condena por isso.” — Ele apontou para onde ela se encontrava cabisbaixa.

Fui até onde ela estava e a toquei com o focinho, fazendo sinal para ela retornar conosco. Aquela loba se colocou de pé, mas se percebia o quanto ela estava abatida. Suas orelhas estavam baixas e ela continuava meio que olhando para o chão. Ela seguiu ao meu lado, enquanto os demais, atrás de nós. Aqueles lobos, com exceção de Ower, não sabiam de nossa ligação, mas ao observar como meu lobo a tratava, deduziriam que ela era minha companheira.

Não voltamos para o meu carro. Fomos direto para a matilha, mais exatamente para a prisão, onde estava aquele outro lobo. Todos se transformaram, com exceção dela, então percebi que era o fato de não ter o que vestir. Peguei uma de minhas blusas e a ofereci. Ela então se transformou e a vestiu. Minha blusa ficou parecendo um vestido nela, e fiquei feliz com aquela visão. Ela estava sexy com uma roupa minha, e até meu lobo se animou com isso.

Assim que chegamos até o lobo prisioneiro, ela o encarou. Ele a encarou de volta e rosnou para ela, então eu rosnei para ele. Não permitiria que ninguém a subjugasse mais. Ela se tornaria minha luna, então não deveria ser tratada como uma simples ômega. Ela merecia o mesmo respeito dispensado a mim.

— Você acredita mesmo que tenho medo do seu rosnado? Não fui uma tola ao ponto de enfrentar dois lobos com portes maiores que a minha loba, mas agora atrás dessa grade, você pode explodir de tanto rosnar que eu continuarei aqui assistindo.

— Você não passa de uma cadela.

— A cadela que descobriu onde vocês estavam escondidos. Se você pensa que me ofende com esse termo, sinto dizer que já estou acostumada a ele. — Como assim ela está acostumada a isso? A observei e pretendia descobrir mais sobre essa história.

— Temos algumas perguntas para você. — Eu disse para aquele homem.

— E vai continuar tendo, pois não pretendo responder a nenhuma. — Ele olhou para ela. — Quero um advogado. — Nesse momento, ela começou a gargalhar.

— Advogado você teria se fosse um humano. Eu não poderia infringir as leis deles, afinal, sou uma agente da lei. Mas você é um lobo, então está sujeito às leis lupinas. Não sei como é aqui, mas na minha alcateia, não demoraria muito para você cantar todas as informações que queremos. Espero que você mude de ideia quanto a falar, pois pelo pouco que vi aqui, eles são sociáveis e educados, mas posso solicitar um favor particular para o alfa e te levar para a minha alcateia. Não sou simpatizante do alfa de lá, mas ficaria feliz em obter minhas respostas. — Aquele homem olhou para ela sem saber se deveria ou não acreditar em suas palavras. No entanto, ela não retrocedeu.

— Eu não teria problema nenhum em atender a um pedido seu, minha companheira. — Todos naquela sala nos olharam, inclusive o próprio lobo. Ela me encarou por um minuto.

— Acredito que seja bom você começar a falar, lobinho. — Ela disse e nesse momento, rosnei para ela pela forma como ela se referiu ao outro lobo, no entanto, ela apenas revirou os olhos. Petulante. — O que tinha naquele escritório? — Mas ele continuou em silêncio.

— Tenho uma ideia, Hannah. Você está aqui como uma loba, não como uma agente federal, correto? — Ela me olhou curiosa e concordou. — Então, se eu pegar uma solução contendo acônito, você fará vista grossa?

— O que você pretende fazer com essa solução? — Hannah perguntou com um sorriso, entrando no meu jogo psicológico.

— Se ele trabalhava em um escritório que fabricava esse tipo de entorpecente, acredito que ele saiba o que esse tipo de planta provoca em nós, mas provavelmente nunca deve ter provado. Quando ele perceber o que acontece, tenho certeza que falará. — Falei com um sorriso diabólico no rosto.

— Você está começando a superar minhas expectativas. Fique à vontade. Eu só me importo com o que ele tem a falar.

— Owen, pede para prepararem uma amostra do líquido com acônito.

— Pois não, alfa. Owen também entrou no jogo.

Não sei o que meu beta faria, mas ele daria um jeito de chegar aqui com algo que sugerisse o que pedi. Afinal, não tínhamos esse tipo de planta aqui. Owen era tão criativo quanto eu. Não demorou muito e ele chegou com um recipiente com uma planta machucada na água, o que dava uma cor verde ao líquido.

Chamei dois guerreiros e mandei colocar aquele homem de joelhos no chão com os braços amarrados. Peguei um afastador bucal utilizado por dentistas.

— Segurem a cabeça dele. — Ordenei.

— O que você pretende fazer, Mason? — Hannah perguntou curiosa enquanto eu tentava encaixar aquele objeto na boca do homem.

— Colocarei este afastador bucal nele e derramarei o líquido para que ele possa engolir.

— Você está louco? Você vai me matar! — O homem gritou, desesperado.

— Você está preocupado em morrer? E quanto aqueles prejudicados de forma direta e indireta pelo que você tentava proteger? — Encaixei o afastador, e ele começou a se debater, tentando falar algo enquanto eu me aproximava com o recipiente cheio de líquido.

— Acho que ele está tentando falar algo, alfa. — Owen falou enquanto segurava a cabeça dele.

— Justo agora que eu me animei com a perspectiva de ele provar isso? O que você acha, minha companheira?

— Se ele quer falar, vamos escutar. — Puxei o afastador bucal dele, enquanto ele me olhava com alívio.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***