Assim que estava chegando à sala dos professores, imaginando que não encontraria ninguém ali devido ao horário, fui surpreendido por uma conversa do Professor Charles, um dos professores de química. Esse professor, diferente de William, não era um lobo, mas pelo que entendi, ele tinha conhecimento do meu mundo.
Entrei na saleta de café que ficava ao lado, mas com o silêncio naquele ambiente e com minha audição de lobo, eu conseguia acompanhar a conversa sem ser visto. E não corria o risco de ser farejado por ele.
— Precisamos de um local mais seguro. Não me arriscarei com lobos me caçando e a federal em nosso encalço. — Silêncio, e imaginei que ele estava escutando a outra parte. — Não fui eu o tolo pego pelo alfa. Julgo que o reitor acredita que resolveu o problema. — Mais silêncio. — Falarei com ele, mas não dou nenhuma garantia. Ele está temeroso com tudo isso. Quando viemos para cá, era para ser um trabalho fácil. — Silêncio novamente. — Você precisa controlar seu filho, ele está sendo muito inconsequente ao permitir ser pego pelo reitor.
Julguei que já sabia com quem ele estava falando. Outra pessoa que estava naquela lista: Manuel García, proprietário de uma das maiores firmas de advocacia de nossa cidade. Comecei a deduzir que cada nome naquela lista estava envolvido com a produção, armazenamento, distribuição e até mesmo apadrinhamento dos entorpecentes.
Lembrei do trabalho da Hannah e, por mais difícil que seja para mim e meu lobo aceitar aquilo, ela não estava errada em sua forma de agir e pensar. Ela estava no caminho certo. Precisava conversar com ela a respeito e descobrir o que ela sabia até agora, além de compartilhar minhas descobertas para que ela não fosse pega em um fogo cruzado.
Assim que o sinal tocou, me dirigi até a sala da Hannah e a encontrei abraçada com o idiota do Gideon. Meu sangue esquentou, meu lobo rosnou, mas eu precisava me controlar. Precisava focar no que era importante.
— Srta. Hannah, preciso que a você me acompanhe até minha sala.
— O que foi que ela fez agora, reitor Taylor? Podemos denunciá-lo por assédio, porque parece que o senhor anda se importando muito com minha namorada.
— O que ela é sua pouco me importa, Sr. Gideon, e para que o senhor me acuse de assédio teria que ter prova quanto a isso. Meu papel como reitor é orientar cada aluno desta instituição e fazer com que a ordem seja mantida. No entanto, também existe a parte burocrática de tudo isso, caso o senhor não tenha imaginado. Cada documentação precisa estar completamente preenchida e a Srta. Renata me repassou seu caso, Srta. Hannah, então precisamos debater esse fato, para que a senhorita não seja obrigada a deixar a universidade. — Ela me olhou com uma fisionomia de poucos amigos.
— De fato, estou com uma pendência em minha documentação, gatinho. — Ela disse, alisando o cabelo dele.
— Podemos conversar com meu pai a respeito. — Ele argumentou com ela.
— Não será necessário, fofinho. Vou à reitoria, e tenho certeza que posso resolver a situação com o reitor. Depois disso, como te falei, preciso ir para casa. Meu pai está pegando no meu pé após aquela advertência.
— Tudo bem, gatinha. Te ligo mais tarde para combinar aquele lance. — Ela apenas confirmou, e ele a beijou diante de mim.
Dei as costas para não ter que assistir àquilo. Senti meu lobo querendo se mostrar, mas isso só pioraria a situação. Então, a escutei dizer que já poderíamos seguir. Fui à frente sem trocar uma única palavra com ela. Estava frustrado com toda aquela situação. Assim que chegamos ao meu escritório, ela parou na soleira da porta.
— Não se preocupe, pois o que tenho para falar com você é sobre a investigação. Posso ligar para o detetive Delano ou Spark caso você se sinta mais confortável. — Ela me encarou, avaliando minhas palavras, e resolveu entrar. Indiquei a cadeira em frente à minha mesa.
— O que você deseja compartilhar, reitor Taylor.
— Somos companheiros, Hannah, você pode me chamar pelo primeiro nome: Mason. — Ela olhou-me, erguendo a sobrancelha.
— Prefiro continuar com reitor Taylor. — A impertinente falou.
— Por que você luta tanto contra sua loba? — Ela me encarou, tentando entender minha pergunta.
— O que te faz pensar que eu luto contra ela?
— O laço de companheirismo é algo sagrado para nossos lobos. Eu não sei o que te leva a não aceitar isso, mas afirmo com toda certeza que sua loba não está feliz com isso, assim como o meu lobo também não está.
— O que viemos fazer aqui? — Ela mudou de assunto.
— Descobri quem são os funcionários em minha universidade envolvido com os entorpecentes.
— Como você descobriu isso em tão pouco tempo? Melhor dizendo, você tem provas quanto a isso?
— Não! Mas em breve terei. Quero ver esses idiotas pagando pelos seus crimes. Como ambos não são lobos, não posso aplicar nenhuma punição neles, infelizmente.
— Volte para o início, reitor Taylor. Como você descobriu? Me fala que foi por meios legais. — Meu lobo não ficou feliz em perceber que ela se recusa a nos chamar pelo primeiro nome.
— Você ficou ciente da plantação que descobrimos em meu território? — Ela afirmou com um aceno. — Neste dia, peguei um dos envolvidos vivo, e ele era nosso professor de ética.
— Ética? — Ela perguntou com sacarmos.
— Pois é. Fiquei pensando se não poderíamos encontrar alguma pista na casa dele, então pedi para meu beta averiguar.
— Você pediu para alguém invadir uma propriedade privada sem mandado? — Ela me olhou não acreditando.
— Antes de qualquer coisa, somos lobos, Hannah. As leis humanas não têm tanta importância para nós, sem falar que exige muita burocracia.
— Se você não cumprir as determinações dessas leis, suas provas não poderão ser usadas, reitor Taylor. Precisamos que você a siga.
— Quando vocês obtêm denúncias anônimas, o que fazem? — Falei agora erguendo meu olhar como ela fez minutos antes.
— Tudo bem. O que você descobriu que te fez identificar quem são os funcionários envolvidos?
— Meu beta encontrou uma lista com alguns nomes. Até então não sabíamos o que eles significavam, mas ordenei que as pessoas naquela lista fossem seguidas e, como os funcionários são daqui, resolvi eu mesmo averiguar. Antes que eu pudesse entrar na sala dos professores, escutei uma conversa do Prof. Charles.
— Prof. Charles? Química?
— O mesmo. Ele estava informando que precisava de um local mais seguro. Apesar dele ser humano, tem conhecimento da existência dos lobos e também sabe que os federais estão caçando os envolvidos na fabricação dos entorpecentes. Ele disse que não sabe se a outra pessoa vai querer continuar, pois quando veio para cá, seria um trabalho fácil, não toda essa complicação que está acontecendo. E, Hannah, acredito que a família do Gideon García esteja envolvida. O nome do pai dele está na lista, e tenho quase certeza que Charles estava falando com ele.
— Por isso, preciso ficar mais íntima de Gideon. — Ela falou pensativa.
— Nem fodendo, isso vai acontecer. — Rosnei para ela, que se assustou com minha explosão.
— Reitor Taylor, quero que fique bastante claro que isso faz parte do meu trabalho. — Então, seria desse jeito?
— Vou deixar claro para a senhorita que, se a senhorita se tornar mais íntima desse idiota, arranco a cabeça dele sem parar para pensar um único minuto. Afinal, isso faz parte do instinto de meu lobo. — Olhei para ela com um sorriso. Ela foi inteligente em se calar.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 93
Comments
Ana Lúcia De Oliveira
nenhum companheiro aceita isso, já é deles mesmo esse comportamento possessivo
2024-10-19
0
Maria Izabel
Ele está sofrendo só ver ela com outro embora seja trabalho se ela visse ele com outra tenho certeza que tbm e teria o que está sofrendo
Não pelo tray que ela está fazer mais para provar aos seus superiores que mesmo ela se do uma ômega ela pode realizar o serviço e não está pensando no seu companheiro será que vai ser preciso ela ficar em perigo para entender o risco que ela corre contra outro lobo traidor
2024-06-04
10
Juliete Figueiredo
tadinho do reitor
2024-04-22
3