Capítulo 07

Antes mesmo dela bater à minha porta, já conseguia sentir a fragrância que ela exalava. Meu lobo quase ronronava quando a sentia. Enquanto eu estava chateado comigo mesmo por ser tão rude com ela em sua primeira semana de aula. No entanto, não iria me desculpar. Seria estranho, e tinha certeza de que ela não entenderia nada. Owen tinha dito que ela não tinha cheiro de loba, inclusive que usava um perfume enjoativo, mas não para mim.

Assim que ela entrou em nossa sala, seu cheiro delicioso ficou ainda mais em evidência. Cada lobo sentia um cheiro característico para seu companheiro. Era como um carimbo particular. Um cheiro que nenhum outro lobo conseguiria sentir. Seus olhos verdes capturaram os meus, e só percebi que a estava encarando quando a cor da maçã de seu rosto demonstrou o quanto ela estava ficando constrangida.

— Srta. Hannah, você é nova não apenas na universidade, estou correto?

— Sim, reitor.

— Então vou preveni-la de que observe bem com quem você fará amizades. Apesar de alguns alunos estarem matriculados nesta universidade e seus pais pagarem uma pequena fortuna por seu futuro, eles não desejam muito da vida. Este não é o seu caso, é?

— Não, reitor. Quero me formar com excelência.

— É muito bom escutar isso de você, Srta. Hannah. Mediante essa informação, incentivo a senhorita a manter uma certa distância do Sr. Gideon. Ele costuma andar com algumas amizades que tenho certeza que seus pais não aprovariam.

— O que o senhor quer afirmar com isso? — Ela me olhou tentando entender minha pergunta tão direta.

— Ainda não tenho provas de minha afirmação, mas já ouvi comentários de que o Sr. Gideon García não assiste às aulas muito sóbrio. Temos uma norma muito clara sobre o uso de entorpecentes. No entanto, ainda não obtivemos provas que possam nos dar respaldo para convidá-lo a deixar a universidade.

— O senhor está afirmando que ele faz uso de drogas? — Ela perguntou, me analisando, sem confiar muito em minha palavra.

— Não posso afirmar algo que não posso provar, Srta. Hannah. Estou apenas orientando a senhorita a escolher bem suas amizades, para não ficar marcada pelo corpo docente desta universidade e isso diminuir suas chances de se formar com excelência.

— Eu agradeço sua preocupação, reitor. Prestarei mais atenção aos meus colegas. No entanto, como eu havia mencionado, sou nova na universidade e continuo conhecendo alguns outros alunos. O Gideon foi apenas gentil comigo. — Meu lobo rosnou em minha mente com aquela afirmação.

— Tudo bem, Srta. Hannah. Pode ir, a senhorita está dispensada. — Ela me olhou sem entender, mas não perdeu muito tempo ali.

— Obrigada pela sua preocupação, reitor! — Sorriu para mim e saiu da minha sala.

Fiquei me perguntando como conquistaria aquela menina. Busquei sua ficha no sistema da universidade e comecei a avaliá-la. Como ela conseguiu ingressar em minha universidade com tão pouca informação? Quem foi o responsável pela inscrição dela ali?

Ela tinha 24 anos, mas aparentava ter 18. Constava um endereço, e eu iria averiguá-lo pessoalmente. No entanto, eu precisava ser cuidadoso para não ser pego em flagrante, pois seria estranho ter que explicar o que eu estaria fazendo na rua onde ela morava.

Alguns dias havia se passado. Me mantive distante apesar da insistência de meu lobo para se aproximar dela. Não poderia correr o risco de ser acusado de assédio se eu não conseguisse me segurar diante daquela mulher. Sem falar que teria que abdicar de meu cargo, mediante qualquer envolvimento entre a gente.

Assim que estava saindo da universidade, a avistei novamente com o Gideon. Meu lobo rosnou em minha mente, e a raiva me consumiu. Observei a interação deles, e ela parecia bem animada com o que quer que estivessem conversando. Então, percebi que ele estava com um cigarro em sua mão. No entanto, não era um cigarro qualquer. E passava de mãos em mãos pelo grupinho ali.

Desci do meu carro e me encaminhei até onde eles estavam. Uma das garotas, ao me notar, fez sinal para os demais, e eles tentaram esconder aquele cigarro. O grupo tentou se dissipar, mas dei a ordem para permanecerem em seus lugares.

— No que podemos ajudá-lo, reitor? — Gideon perguntou com um sorrisinho em seu rosto.

— Você? Em nada! Você… — Apontei para o outro garoto que era aluno de administração. — Quero o cigarro que você escondeu em seu bolso.

— Eu não tenho nenhum cigarro no bolso, reitor. — Ele tentou mostrar indiferença.

— Você vai me entregar o cigarro, ou vai preferir que eu ligue para seu pai e ele seja comunicado do que vi acontecendo aqui? Sem mencionar que seria fácil provar já que possuímos monitoramento de câmeras por toda a universidade. — Ele olhou desconfiado para o resto do grupo, colocou a mão no bolso e puxou o entorpecente. — Todos vocês para a sala da reitoria agora.

Era um grupo de nove alunos, todos bastante conhecidos pelo corpo docente da universidade devido às suas notas muito baixas e ao pouco interesse demonstrado em sala de aula. No entanto, conseguiam médias suficientes para passar no final de cada período. A única novidade naquele grupo era Hannah. Alguns dias atrás, eu a havia orientado sobre a importância de escolher bem suas amizades.

Assim que cheguei na reitoria, minha secretária me olhou sem entender, pois já havia comunicado minha saída, mas logo percebeu o grupo de alunos atrás de mim.

— Renata, providencie termos de advertência para cada um desses alunos, por uso de entorpecentes nas dependências da universidade. Se algum deles estiver assinando a terceira advertência, pode gerar o desligamento do mesmo.

— Reitor Taylor, eu não posso ser desligado da universidade. Meu pai paga uma fortuna por ela. — O mesmo aluno que havia escondido o cigarro falou.

— Julgo que o momento de pensar na fortuna que seu pai gasta aqui seria quando você estivesse em sala de aula, pois aí você se empenharia em se esforçar para tirar ótimas notas e deixar seu pai orgulhoso. Não fazemos questão de ter em nossa lista de alunos aqueles que visam levar o nome da universidade para o lixo.

— Eu não sou obrigada a assinar isso, reitor. Eu conheço meus direitos. — Outra aluna falou.

— Não precisa mesmo, Srta. Elisabete, mas de qualquer forma isso constará em sua ficha escolar e contará do mesmo jeito. Tenho certeza que a senhorita não observou as câmeras em torno da universidade, isso já vale como prova.

— Meu pai irá processar a universidade caso isso conste na minha ficha. — O idiota do Gideon falou. E nessa hora olhei para ele com ar de riso.

— Nesse caso, seu pai terá um trabalho em vão. Pois vocês deveriam estar cientes de que temos permissão para isso no momento em que assinam a documentação para ingressar na universidade. Todas as normas estão descritas lá. Inclusive a que diz que o fato de serem pegos com entorpecentes geraria uma advertência e até mesmo sua expulsão na terceira advertência ou, dependendo do entorpecente, essa expulsão poderia ser direta.

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