Capítulo 15

Seu lobo era completamente preto, e seus olhos exibiam um tom de verde acinzentado. Ele era imponente e muito belo, então, antes de eu me transformar, fui até ele. Passei minha mão em seus pelos, e ele ronronou, o que me fez sorrir.

— Você é realmente lindo! — Falei, enquanto ele me observava.

Quando me transformei, minha loba era bem menor que ele. Ela era totalmente delicada, com pelos acinzentados e brancos. Eles se encararam por um momento, e dei o total controle a ela. Ela ronronou para ele, que, por sua vez, a circulou, e ela fez o mesmo com ele, como se aquilo fosse uma dança. Minha loba então foi até ele e roçou na sua lateral. Ele lambeu seu rosto e logo depois uivou. Porra! Aquilo nos deixou excitadas. Ele a farejou, e antes que ele pudesse ficar animado para montá-la, ela se sentou.

Percebemos que ele não gostou muito da atitude dela. Mas o que ele pensava? Que seria fácil? Minha loba era uma lady. Ele bufou e começou a caminhar para a floresta, então o seguimos. Realmente não tinha como se embrenhar naquela floresta sem ser na forma de lobo. Depois de quase meia hora, chegamos ao local. Era um território enorme. Escutei o rio antes mesmo de vê-lo.

Olhei ao redor com meu olhar profissional. Eles não viriam até aqui sem ter uma saída de fuga. No relatório que li, foi descrito que algumas pequenas construções de tapumes foram erguidas aqui, mas normalmente esse tipo de situação não envolve apenas isso. A plantação, segundo o relatório, estava avançada, então eles não acreditavam que seriam pegos e devem ter erguido algum escritório aqui próximo, com dados realmente relevantes.

Precisava averiguar. Fiz sinal para o lobo de Mason ir no sentido contrário. Assim, cobriríamos uma área maior. Saí em disparada pela beira do rio, observando tudo ao meu redor. Por ser menor e ter uma cor mesclada, não chamava muita atenção. Cerca de meia hora depois, avistei o que procurava. Observei ao redor, mas não avistei ninguém, então fui até lá. Estava do outro lado do rio, em um local onde era possível atravessar se o rio não estivesse tão agitado.

Assim que cheguei diante daquele escritório, percebi o cheiro fresco de outras pessoas, inclusive lobos. Alguém esteve aqui recentemente, ou ainda estava próximo. Quando pensei em voltar, fui surpreendida por dois lobos. Eles rosnavam para mim e eram bem maiores. Não tinha chance com um deles, imagina com dois. Circularam-me, rosnando agressivamente, enquanto eu permanecia parada, esperando uma oportunidade de fugir.

Quando ela apareceu, agarrei-a como minha tábua de salvação. Por ser menor, tornava-me mais ágil, mais rápida, mas isso não impediu que eu fosse mordida por eles. No entanto, consegui escapar. Quando pensei que eles me alcançariam novamente, um lobo enorme, totalmente preto, surgiu diante de mim. Depois que passei por ele, fez meus perseguidores pararem. Ele rosnava furiosamente. Naquele momento, até eu me encolhi, mas o mesmo não aconteceu com meus dois perseguidores.

Imaginei que seria uma luta injusta, dois contra um, e me surpreendi quando minutos depois mais lobos surgiram por trás dos meus perseguidores. Pensei que estaríamos mortos, até perceber que os recém-chegados faziam parte do bando de Mason. Aqueles dois lobos estavam cercados e, diferente de mim, não tinham como fugir. Ou eles se submeteriam aos outros, ou seriam mortos.

Um deles partiu para o ataque, mas o outro se abaixou completamente no chão, indicando que não estava disposto a lutar. A briga que se seguiu diante de mim não durou muito. O lobo de Mason parecia furioso e querendo sangue. Muito rapidamente, derrubou o outro lobo e o segurou pelo pescoço, sacudindo o mesmo para ambos os lados, e após ter certeza que matou aquele lobo, rosnou furiosamente por aquela luta ter terminado tão rápida. Ele parecia inconformado.

Seus lobos o olhavam sem entender o que estava acontecendo, até ele soltar o lobo já morto no chão e vir até onde eu estava. Ele ainda rosnava, e aquilo me deixou apavorada. Minha loba se submeteu a ele, mas ele apenas nos cheirou, empurrando com o focinho e ordenando que minha loba ficasse em pé. Assim que obedecemos, ele nos circulou, roçando seu corpo em mim e lambendo as feridas que aqueles lobos nos causaram.

Os lobos de seu bando o observavam com curiosidade, e quando ele percebeu que estávamos sendo observados, julguei que deu ordens para aqueles lobos escoltarem meu agressor. Assim que ele nos viu sozinhos, se transformou.

— Se transforme! — Foi a ordem que ele me deu, e assim o fiz. Ele me observou cuidadosamente. — Você está machucada. — Ele falou com pesar.

— Ficarei bem, Mason. Graças a você, obrigada!

— Acabei muito rápido com ele. Se eu tivesse percebido que ele havia te machucado, teria feito ele sofrer um pouco mais. — Aquilo me surpreendeu.

— Você encontrou algo no sentido que você foi? — Perguntei, querendo mudar de assunto. Mas ele negou com a cabeça.

— Mas parece que você encontrou exatamente o que estava procurando. — Ele disse, e eu confirmei.

— Normalmente, nesse tipo de situação, esses caras pensam que não serão pegos. Já vi diversas vezes isso acontecer. Em todas, eles constroem algum escritório próximo onde estão todas as informações relevantes. Data de início, data da colheita, se já tiver ocorrido, nome de funcionários e, se tivermos sorte, todas as informações que precisamos para chegar aos cabeças da organização.

— Então vamos até lá, mas dessa vez não sozinhos. Você foi tola de se aproximar sem ter uma retaguarda. — Ele reprovou minha atitude, e sei que estava certo.

Quando lobos apareceram próximos de nós, nos transformamos, mas logo farejei o cheiro de algo queimando, então acelerei meus passos em direção de onde estava aquele escritório. No entanto, quando chegamos lá, o fogo o consumia. Eu havia colocado tudo a perder quando me aproximei sem um plano. Alguém aproveitou minha fuga para se livrar de todas as provas que existiam ali dentro.