SIMAS
Acordei assustado ao lembrar que Serena havia sido sequestrada. Felizmente tudo estava bem, pelo menos para Serena.
Já eu estava metido em problemas. Mesmo sendo filho do rei e herdeiro de Fasnar, eu não podia matar nobres, não que aquele sujeito fosse uma pessoa muito nobre, mas eu sabia reconhecer quem tinha dinheiro.
Percebi que Serena estava dormindo sentada enquanto eu estava deitado com a cabeça em seu colo. Meus ferimentos haviam sido cuidados e enfaixados, e eu fiquei surpreso em como ela era capaz de cuidar de mim agora.
Fiquei aliviado ao ver que suas vestes estavam consideravelmente intactas, o que significava que aquele nojento não havia tocado nela. Só de pensar nisso eu não sentia apenas fúria por estar apaixonado, eu sentia fúria porque sabia que Serena ficaria arrasada se algo assim acontecesse com ela.
Pensei em levantar, mas não queria. Desejava ser um pouco egoísta e sentir um pouco mais do colo da Serena.
Fazia muito tempo que não ficávamos assim, antigamente eu sentia dores de cabeça por estudar tanto e ela sempre se oferecia para massagear minhas têmporas. Serena sempre tentava cuidar de mim da sua forma e eu não soube valorizá-la.
Mesmo com a diferença de idade e ela sendo uma menina, eu poderia ter sido mais gentil e tido mais paciência. Talvez se eu não fosse tão rígido hoje as coisas seriam diferentes.
Observei ela acordar e fechei os olhos para fingir que tínhamos acordado juntos.
— Você é um péssimo ator, Simas.
Fiz uma careta e abri os olhos. Ela riu, mas não me afastou do seu colo.
— Você está bem? — Perguntei.
— Eu que deveria perguntar isso, você está muito ferido.
— Está tudo bem, eu tenho os genes do meu pai, lembra?
Eu não estava mentindo. Uma vez Thalia havia se chateado e subido em uma grande árvore, eu tive que ir atrás dela, mas não tinha essas habilidades que ela tinha e acabei caindo de uns bons metros acima do chão.
Felizmente me recuperei em uma semana e eu até tentei fazer algum drama já que eu ainda era só um menino, mas meu pai sabia que eu havia puxado essa recuperação impressionante dele.
— Mesmo assim, quero ver como está — Ela disse e tentou me levantar.
Eu a obedeci por mais que soubesse que eu estava bem. Sentei ao seu lado e ela abriu minha camisa. Sua expressão era tão séria que me deixava um pouco desanimado, ela não parecia ter um pingo de atração por mim.
Mas era compreensível. Sua cabeça não devia ter espaço para qualquer assunto carnal, não depois de ontem.
— Serena, desculpe tocar nesse assunto, mas ele...
— Não, você chegou a tempo — Ela respondeu enquanto olhava meus ferimentos. — Uau, já está cicatrizando.
— Eu disse.
Serena sorriu para mim o que fez meu coração acelerar. Ela estava muito próxima do meu rosto e mesmo com a aparência cansada, ela ainda era a mais bela senhorita que eu já havia visto.
— Bom — Ela se afastou e desviou o olhar. — Obrigada novamente, Primeiro Príncipe.
— Não era Simas? — Perguntei revoltado.
— Príncipe Simas é o meu limite — Ela retrucou.
Vê-la agindo como ela era naturalmente me fazia sorrir. Eu não queria que ela ficasse com sequelas do que havia passado.
— Vamos para casa, se tivermos sorte eu consigo explicar tudo para o meu pai antes que o seu inicie uma guerra.
— Meu pai não iniciaria uma guerra.
— Você é a princesinha dele, é lógico que ele faria.
— Vamos — Serena sorriu. — Eles devem estar preocupados.
Assenti e levantei com a ajuda da Serena. A verdade era que meu corpo doía muito, mas eu não queria reclamar e preocupá-la. Meu pai havia me ensinado que devemos ser fortes na frente da mulher que amamos.
Serena gritou quando passamos pelo corpo sem vida daquele homem e eu a abracei pedindo para que não olhasse. A vantagem de eu ser indiferente com a maioria das emoções era que esse tipo de situação não me abalava tanto. Agora que ele estava morto, eu não sentia absolutamente nada.
— Como você consegue ficar bem com isso? — Ela questionou quando saímos daquela casa abandonada.
— Você está bem, por que eu não estaria?
O olhar da Serena pareceu mudar e eu a conhecia bem demais para saber que minhas palavras tinham a tocado profundamente.
Porém, eu não estava dizendo isso para conquistá-la, era simplesmente a mais pura verdade. Se ela estivesse bem, eu também ficaria.
— Obrigada, Simas — Ela me abraçou me pegando de surpresa. — Obrigada por sempre ser meu amigo quando preciso.
Sorri e a abracei mesmo com dor. Eu já havia falhado com ela quando parti sem dizer adeus, mas não faria isso de novo, não faria nunca mais.
Mesmo que ela não me amasse como eu a amava agora, eu estava disposto a cuidar dela como sempre havia feito quando éramos mais novos.
Serena se afastou e notei que ela secou discretamente uma lágrima solitária que escorria pelo seu rosto. Fingi não ver. Não queria provocá-la com flertes estúpidos.
Fomos para o meu cavalo que felizmente não havia se ferido, apenas se assustado. E eu a ajudei com dificuldade a subir nele, logo subindo atrás dela.
Naquele dia, prometi que amaria Serena sinceramente. Sem jogos, sem piadas ou provocações. Eu a conquistaria do melhor jeito possível, do jeito que ela merecia.
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Atualizado até capítulo 42
Comments
Celma Rodrigues
Que bom estarem voltando para casa. Acho que a família do traste vai importunar muito.
2024-11-14
0
Amanda Mariana
Ainda beeem que ele tá morto
2024-01-30
3
Rosária 234 Fonseca
E isso ai simas faça o possível e o impossível estou torcendo por vcs aqui . autora tava com saudades sabia que bom que tudo deu certo
2023-11-30
1