Capítulo Nove

SIMAS

Após o baile os empregados começaram a arrumar as grandes mesas e servir o jantar. Infelizmente Serena não sentou ao meu lado já que o pequeno Noah queria sentar com ela. Então agora eu estava na mesa principal com os mais velhos e ela estava na mesa dos príncipes e princesas com Noah em seu colo.

Eu sabia que ela adorava crianças então era agradável observá-la rir o tempo todo com alguma bobagem que Noah dizia, porém eu não era o único a observá-la e meu sangue fervia quando eu notava os olhares nada discretos do Vincent e alguns outros nobres direcionados à ela.

— Gostou de alguma senhorita, Simas? — Minha mãe sussurrou já que estava sentada ao meu lado.

O chato se ser o príncipe herdeiro era ter que participar de tudo com o rei e a rainha. Eu invejava a Thalia rindo à vontade na mesa dos príncipes.

Pelo menos eu não era o único, Vincent também estava ao lado da tia Malena e também parecia não muito contente.

— Sim — Respondi francamente. — Mas contarei amanhã.

— Não me mate de curiosidade, diga agora.

— Eu sei quem é — Tia Julieta sorriu já que estava próxima o suficiente para nos escutar.

— Sabe quem é o que? — Meu pai questionou e me olhou com curiosidade. — Sobre o que estão falando?

— Segredo, prometi ao Noah que não contaria para ninguém — Tia Julieta deu de ombros e voltou a comer.

Minha mãe continuou cutucando meu braço, mania que ela tinha para chamar a atenção do meu pai e ocasionalmente fazia comigo e Thalia.

— Amanhã, mãe.

— Eu vou infartar, Simas, não estou brincando.

— Se fizer sua mãe infartar, eu o mato — Meu pai avisou.

— Thomas!

— A mãe é muito ansiosa.

— Nisso eu tenho que concordar — Meu pai riu e minha mãe o olhou feio. — Não concordo de modo algum.

— Simas, apenas me dê uma pista, primeira letra do nome, eu conheço todas as senhoritas presentes — Ela sorriu animada.

Me inclinei até o seu ouvido e sussurrei a letra "S" minha mãe riu baixo enquanto meu pai nos olhava muito interessado.

— Eu sabia! A Bia vai ficar tão feliz!

— Mãe!

— Ah, já sei quem é — Meu pai disse satisfeito. — Boa escolha, é uma senhorita ótima, mas a trate bem, eu gosto mais dela do que de você.

— Obrigado, pai — Sorri com sarcasmo.

De fato meu pai era fã da Serena, até porque ela era a única filha do melhor amigo dele.

— A propósito, Adam me disse que Vincent também parece interessado — Ele disse num tom baixo e então me encarou muito sério. — Não perca.

Meu pai não fazia o tipo competitivo, apenas quando algo era do seu extremo interesse, prova disso era a história de como ele havia perseguido a minha mãe na cidade natal dela. E ele havia me criado com esses princípios que se eu queria algo deveria conquistar.

— Tom, pare de criar rivalidade entre eles — Minha mãe o repreendeu.

— Rivalidade? Nosso filho não é um guerreiro, essa pode ser minha única oportunidade de vê-lo lutando por algo!

— Não se preocupe, pai, eu não costumo desistir fácil.

Ele sorriu em aprovação e voltou a comer. Tratei de mudar de assunto já que não estávamos sozinhos na mesa, porém não tinha como Vincent nos escutar de qualquer forma.

Depois que terminamos de comer, os empregados retiraram tudo e as pessoas voltaram a se espalhar pelo salão. Ao ver que Serena estava sozinha encontrei a oportunidade de chamá-la para dançar novamente.

Eu sabia que ela devia me achar um sem noção, mas eu queria primeiro me desculpar por não ter me despedido antes de partir e depois tentar um relacionamento, tentar de verdade, pois assim que a vi me apaixonei e não estava disposto a deixá-la ir tão facilmente.

— Sere... Senhorita Serena — Me corrigi rapidamente para não irritá-la.

Ela me olhou brevemente e voltou a observar os convidados.

— Se quer pedir desculpas, eu aceito, mas não quero nenhum relacionamento próximo com o senhor.

— Por que?

— Porque eu não o suporto — Ela sorriu e eu a olhei surpreso. — Pode me deixar sozinha agora?

— Ainda não estou disposto a desistir — Me aproximei mais.

— Simas FitzClarency!

Sorri ao ouvir sua doce voz dizer meu nome. Eu sentia falta disso tinha que admitir. Na Inglaterra demorei para me acostumar com sua ausência, mesmo que na época eu a visse como uma irmã, eu a estimava muito e gostava da sua companhia quando era natural e não forçada.

— Eu sei que é repentino, mas assim que a vi...

— Ficou encantado com a minha beleza? Bom, entre na fila de rapazes rejeitados.

— Você tem tantos pretendentes assim!?

— É claro — Ela me olhou com desdém. — Alguns rapazes são inteligentes o suficiente para reconhecerem o meu valor.

Eu senti sua leve alfinetada, mas não iria me abalar, eu sabia que ela estava chateada por ter sido rejeitada por mim, mas estava disposto a ser rejeitado várias vezes até que ela cedesse aos meus desejos. Sua mágoa só demostrava como ela ainda me amava.

— Bom, eu reconheço.

— Agora talvez, mas não serve para mim, até porque o senhor está tão libertino que aposto que eu seria sua vigésima garota só nesse mês — Ela sorriu com deboche.

— A senhorita é a primeira a despertar meu interesse.

Eu não estava mentindo. Eu só pensava em números, dinheiro, negócios, e atualmente também pensava na responsabilidade de ser um rei. Eu havia mudado muito e estava pronto para assumir o lugar do meu pai. Aquele garoto imaturo tinha ficado para trás.

Porém, o que não mudou foi meu jeito reservado. Eu tinha boa lábia e conseguia ser galanteador quando queria, mas nenhuma mulher tinha o privilégio de ganhar minha atenção.

Eu conheci algumas senhoritas na Inglaterra, mas após duas conversas eu já sabia que elas não estavam de acordo com meus critérios de casamento.

Com a Serena era diferente, além de linda, ela me conhecia por completo, assim como eu a conhecia. A conversa fluía fácil e eu não precisava pensar muito no que dizer, mesmo após cinco anos eu ainda me sentia confortável perto dela e ela também parecia sentir o mesmo apesar de não confessar. Prova disso era estarmos conversando muito próximos e ela não ter se afastado como fazia com outros rapazes.

— Você... O senhor não tem vergonha? — Ela sussurrou embaraçada. — Como pode dizer isso tão levianamente!?

— Quero que saiba que estou falando sério, Serena — A encarei profundamente. — Eu realmente estou apaixonado por você.

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