Capítulo Quatro

SIMAS

— Mãe, não chora — Pedi pela milésima vez enquanto minha mãe se agarrava no meu pescoço.

— Eu não gosto de despedidas — Ela chorou mais ainda. — Que mundo cruel que separa uma mãe do seu bebê.

— Cecília, por favor — Meu pai tentou tirá-la de mim.

Felizmente ele foi bem sucedido e agora ela estava agarrada nele que a agradava de bom grado. Sorri feliz por minha mãe tê-lo.

Depois que conversei com o tio Adam, ele disse que resolveria tudo contanto que eu concordasse com tudo que ele dissesse. Infelizmente eu caí em uma armadilha e agora eu tinha concordado em ser o príncipe herdeiro e próximo rei de Fasnar.

Tio Adam disse que se eu queria tanto ir para a Inglaterra teria que fazer alguns sacrifícios, mas ele me assegurou se quando eu voltasse ainda não desejasse ser rei então ele me apoiaria e eu estava grato por isso.

— Tata, você não vai se despedir? — Perguntei ao ver minha irmã emburrada ao lado da tia Julieta.

— Não.

Ela estava brava por causa da Serena, mas eu não tinha culpa se Serena nutria sentimentos por mim, eu apenas dei o basta que eu deveria ter dado há muito tempo.

— Eu só volto daqui cinco... — Fui interrompido pelo abraço apertado da minha irmãzinha. Sorri e me curvei para abraçá-la melhor. — Cuide-se em Xin Wang, eu não poderei cuidar de você lá.

Tata assentiu. Ela viajaria para Xin Wang em breve com Danton e Vincent. Os três queriam aprender artes marciais, o que eu infelizmente ou felizmente já sabia graças ao meu pai.

Mesmo nosso pai também ensinando a Thalia, ela disse que queria aprender com mestres de verdade. Meu pai não gostou muito do comentário, mas permitiu que ela fosse já que Vincent iria junto e nosso relacionamento era bom com o povo de Xin Wang.

— Você é um idiota, não deveria ir embora — Ela disse e então soluçou.

— Você está chorando? Tata, não chore — Pedi realmente sentido. — Por que não vai para a Inglaterra comigo?

— Eu quero lutar e ser uma guerreira, não posso ir com você.

— Estarei torcendo por você — Sorri e a afastei um pouco para secar suas lágrimas. — Escuta, vou mandar uma carta todos os meses sem falta.

— Desenhe para mim, eu não gosto de ler — Ela pediu me fazendo rir.

— Vou desenhar tudo que eu ver, prometo.

Ela assentiu e me abraçou novamente. Depois que me despedi dela, fui me despedir dos outros membros e amigos da minha família.

Tia Julieta e tio Joshua me deram suas bençãos, além de dois beijos estalados da tia Julieta no meu rosto. Danton me pediu uma espada inglesa ou qualquer objeto que pudesse matar alguém, eu disse que veria sobre isso quando estivesse na Inglaterra.

Tio Bernard não parecia feliz comigo, o que era compreensível, mas disse para eu me cuidar e não experimentar cigarros e bebidas, e ficar longe de bordéis. Eu não precisava desses conselhos...

— Estude bastante para dar orgulho para seus pais — Tia Bia me abraçou apertado.

— Serena está bem? — Perguntei num tom baixo, eu me preocupava com ela afinal.

— É o primeiro amor dela, fique tranquilo, vai passar — Ela me confortou.

Assenti me sentindo melhor. Realmente na minha ausência talvez ela conhecesse outros rapazes e quem sabe até casasse antes do meu retorno, até porque quando eu retornasse ela já seria uma mulher de 20 anos.

— Não fique só estudando, procure fazer amizades também — Tia Malena me aconselhou antes de me abraçar e beijar meu rosto. — Volte e seja um um bom rei.

Sorri sem jeito. Eu não pretendia ser rei, mas não iria contrariá-la agora. Ela e meu pai eram parecidos em questões de governante, para tia Malena ser rei era digno de honra.

O próximo foi meu tio Adam e eu me ajoelhei para que ele me desse sua benção. Senti sua mão acariciar meu cabelo e então levantei sorrindo.

Eu e meu tio éramos muito próximos desde que nasci, ele havia me ensinado a ler e, além da minha mãe, ele era o único que falava por horas sobre números comigo.

Apesar dele ser cadeirante, sua condição nunca o impediu de ser um grande homem. Ele era meu maior exemplo de persistência.

— Tio, obrigado por me ajudar — Falei realmente grato.

— Nada é de graça, quero seu conhecimento do comércio inglês daqui cinco anos — Ele brincou.

— Prometo que irei trabalhar pelo bem de Gloenia e Fasnar.

— Até lá, eu estarei tão bem instruído quanto você, Simas — Vincent comentou.

— Tenho certeza que sim — Sorri e estendi minha mão. — Boa viagem, primo.

— Igualmente — Ele apertou minha mão rapidamente.

Estranhei um pouco o comportamento do Vincent. Não éramos tão próximos quanto éramos na infância, mas ele sempre era bem caloroso como todos da sua família.

— Minha vez — Adelina sorriu e me abraçou apertado. — Traga um amigo inglês para mim.

— Adelina! — Eu a repreendi e ela riu.

— Estou brincando! Se cuide, Simas — Ela se afastou.

— Você também, eu e Vincent vamos viajar e você será a mais velha da família, cuide dos nossos pais.

— Pode deixar.

Fui para Abby que me abraçou e pediu mais bonecas. Prometi que enviaria várias. Ela, por enquanto, era a bebê da família. Mas em breve o nosso priminho nasceria e ela perderia o posto que sustentou por dez anos.

Me despedi novamente dos meus pais. Meu pai me abraçou apertado e me disse palavras de incentivo. Eu tentei não ficar emotivo já que eu e meu pai raramente nos tratamos dessa forma.

Apesar de não pedir desculpas pelas palavras rudes que eu havia dito, eu sabia que meu pai havia me desculpado e desejava minha felicidade.

Entrei na carruagem e acenei para todos antes do cocheiro fechar a porta. Sorri realmente feliz por estar indo realizar um sonho de infância, porém em meu coração algo me incomodava e só dias depois me arrependi de não ter me despedido da Serena.

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