Capítulo Treze

SIMAS

Depois do almoço fomos para os jardins descansar um pouco. A tarde estava agradável, mas não para mim já que Serena não falou comigo nenhuma vez, mas parecia animada em conversar com Danton e Vincent. Até mesmo o príncipe Liang que era tão desconhecido para mim quanto era para ela ganhava seus gentis sorrisos.

— Pequeno Simas — Tio Bernard veio para o meu banco de pedra e sentou ao meu lado. — Você é o único que não está se enturmando.

Olhei em volta pensando se essa era uma boa hora de pedir conselhos amorosos, mas provavelmente não, pois o tio Bernard não se importava muito em falar baixo.

— Passei muito tempo longe, ainda estou me acostumando — Expliquei.

Era uma meia verdade já que mesmo distante eu me correspondia por cartas com todos os meus familiares, até mesmo tio Bernard havia recebido alguns textos meus.

— Precisa de um tempo para conviver com todos novamente?

— Pode pensar assim.

— Certo, entendi — Ele sorriu. — Você é bem parecido com seu pai.

— Todos dizem isso, dessa vez é um elogio? — Perguntei curioso.

— Não — Tio Bernard riu. — Esse é um dos defeitos dele.

— Ótimo, mais um pelo visto.

— Não desanime, esse jeito introvertido faz sucesso com as mulheres.

— Mesmo? — Inconscientemente olhei para Vincent que era o oposto de mim, sempre muito extrovertido e acolhedor mesmo com estranhos. — Eu discordo.

— Ah, bom, depende da mulher — Tio Bernard seguiu meu olhar. — Está interessado na princesa Mei?

Eu o olhei surpreso. Eu não estava interessado nela, mas já que Vincent estava conversando com ela, meu tio havia entendido errado.

— Não, eu a conheci ontem.

— Mas você não para de encará-los e a única moça que não é sua parente além da princesa é... — Ele me olhou desconfiado. — Você gosta da Serena, rapaz?

— Não, claro que não — Respondi rapidamente. — Meus sentimentos não mudaram.

Tio Bernard continuou me olhando como se pudesse ler meus pensamentos ou descobrir minhas intenções baseando-se apenas no meu respirar, o que me deixou nervoso.

Porém, ele logo riu como se fosse absurda a ideia de eu e Serena sermos um casal. Tudo que eu fiz foi sorrir com simpatia para esconder minha ansiedade.

Eu não podia ter pessoas contra o meu sentimento, mas definitivamente eu perderia a Serena se quem fosse contra fosse seu pai.

— Eu sei, estava só o testando, você sabe que a minha menina está belíssima — Ele passou o braço pelos meus ombros. — Ela vive pelo palácio, agora que você está de volta continue cuidando dela por mim, tudo bem?

— Sim, tio — Sorri mais animado do que deveria e logo tratei de esconder minha empolgação. — Não deixarei nenhum canalha se aproximar dela.

— É por isso que gosto de você, Simas, nós nos entendemos! — Ele sorriu. — É uma pena que você não tenha gostado antes dela, eu torcia por vocês.

— Não torce mais?

— Não depois de você machucar o coração sensível dela, mas tudo bem, já passou, a Serena não o ama mais daquela forma, não vamos falar sobre isso.

Assenti por mais que suas palavras não me agradassem muito. Eu e tio Bernard continuamos conversando por algum tempo até a Tata se aproximar e me puxar pelo braço.

— Thalia, fale ao invés de me puxar dessa forma — Eu a repreendi mesmo sabendo que era uma mania antiga.

— Irmão, você não vai jogar com a gente? — Ela me ignorou e continuou sacudindo meu braço.

— O que vão jogar?

— Vamos apostar corrida de cavalos — Tata sorriu animada.

— Não estou interessado.

Eu sabia que a Serena odiava esse tipo de evento então não tinha necessidade de eu me forçar a participar.

— Ah poxa, a Serena queria participar, mas...

— Eu vou — Levantei apressado.

Thalia sorriu maldosa. Ela sabia como conseguir o que queria e tinha usado o nome da Serena para me convencer.

Tio Bernard me olhou curioso, mas logo sorriu em aprovação.

— Cuide da Serena, não deixe ela andar com qualquer um, Simas.

— Sim, tio — Eu fiz uma reverência assim como Tata e nós dois fomos encontrar o restante do pessoal.

Quando chegamos encontrei Liang em um cavalo, Danton e Adelina cuidando de outro, Abby sozinha e Vincent com...

— Serena irá comigo — Decretei e afastei Vincent.

— Eu vou com o príncipe Vincent — Ela retrucou.

— De jeito nenhum, seu pai disse que eu deveria cuidar de você — Argumentei. — Além disso, por que ele está indo com você se ele tem duas irmãs solteiras?

— Então por que você não está indo com a Tata? — Vincent perguntou sorrindo.

— Eu sou a senhorita mais próxima do Liang, estou acolhendo ele, Vincent — Tata se defendeu.

Eu a olhei em julgamento, mas tinha cuidar da Serena primeiro. Francamente, a Thalia parecia esquecer que era uma senhorita às vezes.

— E a princesa Mei? — Não pude deixar de perguntar.

— Ela não quer participar, pois está no seu período — Minha irmã respondeu sem vergonha alguma.

Liang olhou para os seus pés e eu senti meu rosto esquentar. As meninas pareceram embaraçadas também, somente Vincent continuava sorrindo assim como Thalia.

A princesa Mei felizmente estava com os mais velhos senão isso se tornaria muito mais constrangedor. Eu estava acostumado a falar sobre isso com a Tata já que eu tinha que ser seu irmão e irmã em alguns momentos, mas sobre o período de outra senhorita era demais para mim.

— Thalia, isso não é coisa que se diga — Serena a repreendeu gentilmente.

— Isso é normal, toda mulher tem seu período, aliás, pequena Abby você já teve o seu?

— Podemos parar de falar sobre período? — Liang falou pela primeira vez.

Eu não tinha escutado sua voz muitas vezes, ele parecia ser bem tímido o que deveria ser um prato cheio para as provocações da Tata.

— Liang, todos aqui tem irmã, não há nada demais.

— Eu não tenho — Danton disse sem graça. — E a prima Serena nem irmão tem.

— Ah... Bom, Danton, me considere sua irmã e estamos resolvidos — Thalia sorriu.

— Tata, já chega — Pedi e me voltei para Vincent. — Como pode ver a Tata está acompanhando o príncipe Liang, então eu deveria acompanhar a Serena.

— Acho que não, primo — Vincent não se intimidou. — Ela já disse que quer ir comigo.

— Vincent, você tem duas irmãs solteiras participando, mas mesmo assim insiste em ir com a Serena — Sorri forçado. — Tem algo que não sabemos entre vocês?

— E se tiver? Você tem algo a ver com isso?

Eu já estava perdendo a paciência com o Vincent e estava pouco me importando se ele era mestre em alguma arte marcial e tão bom quanto eu. Se fosse pela Serena, eu lhe daria uma lição ali mesmo.

— Chega! — Serena se colocou entre nós dois. — Eu não vou com nenhum de vocês! Eu vou com o Danton!

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