SERENA
O caminho todo para a loja da mãe do Simas foi no mínimo desconfortável. Eu não lembrava de como o braço do Simas era forte, nem como seu corpo exalava loção masculina... Muito atraente.
Culpei meu período que estava para chegar nessa semana. Eu sabia que qualquer coisa que eu sentisse pelo Simas era apenas atração física, pois era inegável que ele era muito bonito.
Eu fui orientando o trajeto enquanto ele cuidava das rédeas do cavalo. Em poucos minutos estávamos no pequeno vilarejo que a tia Ceci havia construído uma loja.
Simas desceu do cavalo, mas ao invés de apenas estender a mão, ele literalmente me ergueu pela cintura e me colocou no chão.
— Então... — Ele se afastou e olhou em volta. Ele estava estranho desde que partimos. — Essa é a loja da minha mãe?
Alguns funcionários já estavam presentes levando várias caixas para dentro. Felizmente nenhum cliente havia chegado ainda.
— Sim — Falei e acenei para um dos funcionários que estava passando. — Vamos, temos que arrumar tudo para receber os clientes.
Simas assentiu e foi amarrar o cavalo perto dos outros cavalos dos funcionários e...
— A carruagem da tia Cecília! — Falei surpresa.
Miriam e Luiza, duas amigas da minha mãe e tia Cecília além de funcionárias de várias lojas, se olharam e então sorriram sem graça.
— Acabou de chegar, nós vamos enviar agora mesmo para o palácio — Senhora Luiza disse.
— Sim... Já devíamos ter feito isso — Senhora Miriam sorriu estranho.
— O seu amigo, quem é? Senhorita Serena — Senhora Luiza mudou de assunto enquanto sua amiga corria para chamar um cocheiro.
— Ele é o...
— Amigo da Serena, moro aqui perto — Simas me interrompeu.
Senhora Luiza o olhou de cima abaixo e então piscou para mim. Sinceramente, todas as amigas da minha mãe eram muito diferentes das outras nobres senhoras...
— O senhor não me é estranho... — Ela pareceu pensar. — É bem parecido com a senhora...
— Senhora Luiza, os clientes já vão chegar, tudo está pronto? No que posso ajudar? — Desconversei já que o Simas não parecia à vontade para dizer quem era.
— Tem razão — Ela disse agitada. — Eu vou terminar de conferir os preços, vocês podem arrumar as caixas que estão na entrada.
Assenti e ela saiu quase correndo com seu vestido pomposo. A senhora Luiza era engraçada às vezes, ela tinha a idade da tia Julieta, mas um pouco menos de juízo.
— Obrigado, pensei que a senhora Luiza fosse me reconhecer e fazer um alarde — Simas respirou aliviado.
— Você lembra dela?
— É claro, ela continua indiscreta como sempre — Ele disse num tom de desagrado. — Na última vez que a vi, ela me convidou para tomar chá e eu aceitei por ser uma amiga da minha mãe, quando apareci ela estava com mais de vinte senhoritas esperando algum tipo de encontro comigo.
Cruzei os braços me sentindo um pouco incomodada. Não sabia que ele tinha tido encontros dessa forma.
— E quem você escolheu?
— Ninguém.
— Como ninguém? Alguma teria que ser sua escolhida no fim desse encontro.
— Bom, eu não precisei escolher já que tinha você.
— Claro, vou fingir que acredito — Ri sinceramente. — Fale logo, eu não me importo.
— Realmente a escolhi — Simas deu de ombros. — Você já criava boatos sobre ser minha noiva prometida, então eu usei isso ao meu favor para ter paz, se soubesse quantas senhoritas já recusei...
O incômodo passou dando lugar à uma ansiedade que eu conhecia muito bem. Saber que o Simas havia recusado várias senhoritas e dito para todas que era meu noivo me deixava... Eu não sabia dizer.
De repente minha testa foi empurrada pelo indicador do Simas e eu o olhei com irritação.
— O que significa isso!?
— Você estava me olhando fixamente e não me respondia — Ele respondeu preocupado. — O que houve? Foram as senhoritas que eu citei? Não eram tantas assim, eu sou um príncipe afinal.
— Eu não me importo com isso — Retruquei e sai andando.
— Certeza? — Ele me seguiu.
Seu tom divertido me irritou profundamente e eu sequer sabia o porquê. Eu já havia o superado há muito tempo.
— Absoluta — Entrei na loja e peguei a primeira caixa que vi. — O senhor veio trabalhar então não me perturbe.
Simas me olhou quase ofendido, mas me imitou e pegou uma das caixas que estavam na entrada.
Percebi que eram peças que não ficavam no mostruário, por isso segui para a sala onde pendurávamos casacos e outros tipos de roupa.
Simas parecia um cachorro me seguindo por todo canto, mas pelo menos estava calado e trabalhando. Os olhares das funcionárias mais novas para ele não me passou despercebido, mas apenas ignorei o peso que eu sentia no meu peito toda vez que as notava.
— Azul, azul bebê, azul turquesa, azul... — Murmurei enquanto organizava as fitas de cabelo pela tonalidade.
Quando finalmente terminei, fui espiar como o Simas estava e para a minha surpresa, enquanto eu tinha arrumado duas caixas, ele havia arrumado cinco e com uma maestria impressionante.
Mas não era tão chocante assim, seu senso de organização sempre foi invejável.
— Organizou bem — Comentei e ele sorriu para mim. — Podia ser melhor, mas é o esperado do senhor.
— Quanto mais me trata com indiferença, mais percebo o quanto gosta de mim — Ele me provocou.
Apenas o ignorei e abri uma das caixas que ele havia pego. Eu precisava trabalhar e não me afetar por aquele idiota.
Simas começou a mexer na mesma caixa que eu e pegou uma peça de roupa. Meus olhos se arregalaram ao ver que ele segurava uma camisola de noite de núpcias.
Ele olhou curioso para a vestimenta e eu arranquei das suas mãos logo enrolando no meu pescoço.
— Eu arrumo essa caixa de lenços, você pode ajeitar outra coisa — Falei nervosa.
— Isso não parece um lenço, o que é? Parece um vestido para criança pelo tamanho, mas é muito transparente — Ele disse confuso.
Fiquei surpresa ao descobrir de forma indireta que o Simas nunca havia dormido com nenhuma mulher.
As mulheres não usavam essa camisola só em noite de núpcias, às vezes para dormir com seu marido também era comum.
— É um lenço — Sorri e segurei seu braço logo o arrastando para a porta. — Vamos, vá buscar algumas caixas, mas não as vermelhas, eu cuido dos lenços.
— Mas...
— Vá logo!
— Quanto estresse, ela está no seu período ou o que... — Simas saiu resmungando.
Respirei aliviada quando ele saiu e coloquei a camisola dentro da caixa a fechando com força. Ele nunca, em hipótese alguma, podia descobrir que o que tinha dentro dessa caixa não eram lenços.
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Atualizado até capítulo 42
Comments
Celma Rodrigues
Espero que aos poucos Serena possa ser conquistada por Simas.
2024-11-14
0
ana
🤣🤣🤣🤣amando
2024-11-14
0
Joelma Vieira
🤣🤣🤣🤣tô amando pena que ainda falta muito pra acabar esse história
2024-06-09
1