Capítulo Oito

SERENA

Vincent me girou mais uma vez e me trouxe de volta ao seu peito, dessa vez senti nossos corpos muito mais próximos, mas não me incomodei, ele era diferente dos rapazes nobres que eu conhecia de qualquer forma.

Também eu queria mostrar ao Simas como eu havia mudado. Não imaginei que ele não me reconhecesse, mas tinha sido melhor do que eu esperava, os olhos do Simas pareciam me comer viva.

E antes eu não conhecia como era o olhar desejoso de um homem, mas agora eu estava ciente de cada olhar que era direcionado para mim e os do Simas não sairam de mim um segundo desde que aceitei dançar com Vincent.

— Senhorita Serena — Vincent chamou minha atenção.

— Sim? — Perguntei distraída.

— Eu perguntei o que tem feito nesses últimos anos... Parece distraída.

— Estou pensando demais — Sorri. — Adoro novidades e agora que voltaram estou bem animada.

— Minha presença a anima?

— A de todos — O corrige um pouco sem graça.

Vincent também não era imune a minha beleza afinal, mas pelo menos ele me tratava assim desde que éramos novos.

Ele estava tão belo quanto o próprio Simas... Me xinguei mentalmente por pensar esse absurdo, eu não deveria prestar atenção no idiota do FitzClarency. E a partir de agora seria Primeiro Príncipe, nada de Simas, nem mesmo príncipe Simas.

— Nos últimos anos me dediquei à aprender o máximo que o tempo me permitia — Respondi a inicial pergunta dele.

— Mesmo? Me conte sobre isso.

— Talvez não lembre, mas eu queria aprender várias línguas quando era mais moça.

— Eu lembro, me recordo que me ofereci para ensiná-la algumas que sou fluente, mas a senhorita só queria o Simas como seu professor — Ele disse e eu fiz uma careta. — Desculpe, eu disse algo que a perturbou?

— Eu só não gosto de lembrar dessas minhas besteiras de menina — Eu o tranquilizei. — Bom, atualmente eu falo mais de cinco idiomas, mas se o senhor souber algum que eu não sei ou tiver outra coisa para me ensinar...

— Eu adoraria! Tenho certeza que a língua de Xin Wang não deve ser muito conhecida pela senhorita, estou correto?

— Sim, eu não me aventurei nesse idioma ainda — Sorri.

— Então está combinado.

Eu já estava animada para aprender algo novo e passar um tempo com Vincent. Ele era leve e agradável, e definitivamente não me irritaria como Simas.

— Aliás, o senhor não voltará para Gloenia?

— Ainda não.

— Se não for muito mal-educado perguntar, por que não?

— Deseja que eu vá embora logo, senhorita?

— Não, de modo algum, eu só...

— Eu entendi, estou a incomodando apenas — Ele riu divertido. — Eu disse ao meu pai que algo ainda me prende em Fasnar.

Nossos olhares se encontraram e eu sorri um pouco nervosa. Não queria supor coisas, mas senti que ele estava falando de algo relacionado a mim.

— Espero que esse algo o liberte logo — Brinquei e desviei o olhar.

— Eu não, meu desejo é que ele também seja meu prisioneiro — Ele sorriu.

A música terminou e como já era a segunda que dançávamos tínhamos que encerrar senão os convidados já pensariam coisas erradas.

— Obrigada pela dança, príncipe Vincent — Fiz uma reverência.

Ele fez o mesmo e beijou minha mão que ainda estava segurando. Assim nos despedimos e eu fui pegar algo para beber.

Quando fui pegar uma taça de vinho, o braço de um homem foi mais rápido e a pegou antes que eu o fizesse.

— É essa que você quer, Serena?

Olhei incrédula para Simas FitzClarency segurando a taça na minha frente como se fosse alguma espécie de garçom.

— Eu tenho minhas próprias mãos para me servir — Retruquei. — E é senhorita Reagan, não somos próximos.

— É claro que somos — Ele me acompanhou quando sai andando para outra mesa de aperitivos. — Serena, não pode estar brava por algo de cinco anos atrás.

— Eu não estou, apenas não o conheço — Sorri forçado. — Se o senhor não parar de me perseguir, chamarei meu pai.

— E? O tio Bernard me adora — Ele sorriu e parou na minha frente me impedindo de continuar a andar. — Dance comigo, uma música apenas, e eu não a incomodarei.

Respirei fundo. Simas só podia estar brincando comigo. Eu sabia que ele era tão sincero e determinado quanto a Thalia, mas não que era um completo sem vergonha.

— E se eu recusar?

— Temo que terá que me aguentar nos seus pés pelo resto da noite.

— Simas, você...

— Simas — Ele repetiu sorrindo e eu grunhi de raiva. — Você continua a mesma, Serena.

— Escuta, Primeiro Príncipe — Dei ênfase no tratamento real. — Não temos nada a ver um com o outro então apenas pare.

— Serena, eu sei no passado eu a negligenciei, mas nós dois...

— Não éramos, não somos e jamais seremos compatíveis — Falei irritada. — Desculpe a grosseria, mas o deixarei falando com o vento!

Saí apressada, mas ele continuou me seguindo irritantemente. Fui para a mesa onde eu estava sentada inicialmente para pedir socorro para Thalia.

— Thalia, preciso da sua ajuda — Falei assim que cheguei.

— Precisa? — Tata levantou apressada.

— Eu posso ajudá-la, Serena — Simas disse sem vergonha alguma.

Tata e os outros em nossa mesa olharam para mim e Simas, notei que Adelina e Abby seguravam o riso enquanto Danton também parecia se divertir. Apenas Vincent e outras duas pessoas que eu desconhecia não estavam rindo.

— O senhor pode me acompanhar na ida ao banheiro, Primeiro Príncipe? — Questionei e observei ele corar e negar com a cabeça. — Foi o que pensei.

— Ah entendi — Tata sorriu e entrelaçou seu braço no meu. — Vamos.

Agradeci por ela sempre perceber minhas intenções mesmo sem eu explicar. A distância de quatro anos não tinha abalado nossa amizade.

— Ainda bem que tenho você — Falei quando saímos do salão.

— O que está havendo entre vocês dois?

— O seu irmão enlouqueceu! Ele está me cortejando descaradamente!

— Cortejando!? — Tata perguntou surpresa. — Ele não costuma fazer isso... Então ele deve estar levando você muito a sério.

— Ele apenas está encantado com a minha beleza — Retruquei e cruzei os braços. — Isso não o torna diferente de nenhum homem solteiro do reino.

— Nossa, estou orgulhosa de você, cinco anos atrás já estaria pedindo um vestido de noiva para a minha mãe.

— Aquela garota boba morreu.

Thalia me olhou com preocupação, mas não havia o que se preocupar. A única coisa que me irritava agora eram as investidas descaradas do Simas, mas se antes eu fazia de tudo para encontrá-lo, agora eu faria de tudo para despistá-lo!

— Meu irmão gosta de poucas coisas na vida, mas você sabe que quando ele ama algo ele fica obcecado — Thalia disse. — Números, dinheiro, Inglaterra... Você.

— Eu!? Ele que ouse ficar obcecado por mim, eu vou esganá-lo!

Thalia riu e eu sorri um pouco, pois não era do meu costume partir para a violência, mas se fosse necessário eu seria mais que violenta. Simas FitzClarency ia descobrir da pior forma como era ser rejeitado.

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