SIMAS
Pisquei forte mais uma vez tentando me manter acordado. Eu não tinha dormido um segundo na última noite, não depois das palavras da Serena.
Eu sabia que tinha errado, mas agora me sentia mais que um idiota por tê-la chateado. Serena tinha razão, eu não havia mandado qualquer lembrança para ela e mesmo que algumas coisas na Inglaterra me lembrassem ela, eu não fiz questão de comprar.
Quando finalmente amanheceu, eu decidi que não a cortejaria mais. Eu havia agido de forma muito impulsiva e lembrar disso agora me envergonhava. Não era como se Serena fosse a única senhorita capaz de chamar minha atenção.
Porém, era desanimador que fôssemos como estranhos, mesmo antes de voltar eu já desejava que pudéssemos ser bons amigos, afinal Serena podia não saber, mas eu sempre estimei sua amizade... Só não demonstrei da forma correta.
— Você parece desanimado — Meu pai comentou.
— Devo estar péssimo se o senhor está evidenciando isso.
Ele sorriu um pouco. Meu pai não era muito bom com sentimentos, mas era um observador nato. Entretanto, ele raramente perguntava sobre o que eu e Thalia estávamos sentindo, apenas comunicava minha mãe e ela aparecia magicamente para conversar conosco.
— Me preocupo que seja em relação à sua posição.
— Eu prometi que seria o rei e não pretendo voltar atrás — Respondi. — Eu era muito imaturo, pai, mas depois de conhecer o mundo percebi que Fasnar precisa de mim.
— É bom ver que cresceu... Mas se isso não o chateia, então o que é?
Olhei para o meu pai sentado na minha frente enquanto me atualizava sobre as finanças do reino. Não sabia dizer se eu deveria me abrir.
— Pai, o senhor já namorou alguém além da minha mãe?
— Você está louco, Simas!? — Ele olhou em volta assustado. — Se sua mãe sonhar com algo assim você ficará órfão de pai!
— Estou falando sério, pai, eu preciso saber, pois acabei me apaixonando pela pessoa errada.
— Como pela pessoa errada? O que tem de errado com a pequena Serena? — Meu pai questionou quase ofendido como se fosse o pai dela e não meu.
— Ela não gosta de mim e com razão, eu a magoei no passado — Expliquei. — Mas quero saber se o que sinto é passageiro e se tenho alguma chance de esquecê-la.
Eu nunca me apaixonei e não sabia que apaixonar-se era tão devastador. Meus pensamentos agora eram cheios da imagem da Serena, seu sorriso, seus olhos, sua voz, seu jeito adorável e gracioso...
— Simas! — Meu pai chamou minha atenção. Eu o olhei sem jeito. — Estava pensando nela?
— Mais ou menos — Murmurei constrangido.
— Definitivamente você não consegue esquecê-la — Ele me olhou com pena. — Mas por que não a conquista?
— Ela deixou bem claro que não me suporta e eu acho que a felicidade dela é o mais importante.
— A felicidade dela com outro?
Eu podia notar o tom de desagrado do meu pai. Ele realmente não aceitava perder e me ver desistindo talvez o incomodasse profundamente.
— Se é isso que ela quer...
— Você chegou ontem e já está a entregando para outro! — Meu pai me olhou irritado. — Eu convivi com essa menina desde que ela nasceu, acredite ela não teve interesse em nenhum rapaz desde que você partiu.
— O senhor não pode falar com tanta convicção sobre os sentimentos dela.
— Qualquer pessoa próxima à ela pode, você a conhece, sabe que a Serena é péssima em esconder o que sente.
Ele tinha razão, ela podia mentir sobre suas emoções, mas tudo sempre ficava evidente em seu rosto.
Porém, isso não me animava já que tudo que eu vi nas expressões dela foi rancor e irritação.
— Digamos que eu tente mais um pouco, o que eu deveria fazer?
— Ah... Eu não posso ajudá-lo.
— Mas o senhor é casado! Como conquistou minha mãe?
— Ela me conquistou, eu apenas existi.
Olhei incrédulo para o meu pai, ele era tão confiante ao ponto de não ter feito coisa alguma para conquistá-la!?
— Isso não faz sentido, o senhor disse que a perseguiu na cidade dela.
— Eu tinha um objetivo... Diferente do seu — Ele sorriu talvez lembrando do passado. — Mas eu de fato não fiz nada, sua mãe é uma mulher deslumbrante, eu fiquei tão apaixonado que a seguia sempre que possível, talvez eu tenha a vencido no cansaço.
— No cansaço... Eu não acho que isso vá funcionar.
— Por isso eu sou a pessoa errada para pedir conselhos.
— E quem seria a certa?
— Seu tio Bernard, é lógico! — Meu pai respondeu como se fosse óbvio. — Não há conquistador maior que o seu tio, ele é excelente, ele me deu um livro... Esqueça, o procure, mas não abuse do seu conhecimento.
— Que livro? — Perguntei curioso.
— Tenho coisas para fazer — Ele levantou de repente. — Siga esse meu conselho.
Assenti e meu pai saiu apressado. Eu não sabia o que tinha dado nele, mas decidi não questionar, pois sabia que eu não conseguiria arrancar nada dele de qualquer forma.
Minha nova missão agora era falar com o tio Bernard, mas eu precisava pensar em como falar, pois ele não podia saber que a senhorita que eu desejava conquistar era sua própria filha.
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Atualizado até capítulo 42
Comments
ana
❤️❤️❤️❤️
2024-11-14
0
Celma Rodrigues
Os conselhos do Bernard e do livro são interessantes kkkkkkk
2024-11-13
0
Marta Iglesias 📚
Já dizia Exaltasamba. 🤣🤭
2024-08-25
3