Capítulo Quinze

SERENA

Meu rosto corou, mas não de vergonha e sim de raiva. Como ele podia falar isso tão abertamente na frente de todos!?

— Eu não sou um prêmio! — Esbravejei.

— Primo, isso é antiético — Vincent me defendeu.

— Eu estou apenas pedindo uma chance, o que estão pensando!? — Simas disse sem jeito. — Serena, quero um encontro com você... Digo, com a senhorita.

As meninas deram risinhos e Danton me olhou sugestivo. Eu queria literalmente morrer naquele instante. Por que o Simas havia se tornado um maldito flertador!?

— Pode pedir qualquer coisa, exceto isso.

— Bom, então case comigo logo — Ele sorriu.

— Você...

— Simas, você está a constrangendo, tenha modos — Vincent retrucou e Simas o olhou com irritação. — A senhorita Serena claramente não o quer.

— Mesmo que ela esteja me recusando, isso não é um convite para terceiros — Simas cruzou os braços.

— Eu vou me envolver se eu ver que ela está desconfortável — Vincent se aproximou do Simas.

Os dois pareciam prestes a brigar, mas Thalia puxou seu irmão assim como Adelina e Abby puxaram Vincent. Isso estava começando a me dar dor de cabeça.

Fui até o Simas e quase enfiei meu indicador no seu rosto. Eu acabaria com as provocações dele naquele instante. Se ele queria uma chance, ótimo, eu daria a única chance da vida dele e faria ser o pior dia da sua vida.

— Um encontro e o senhor me deixará em paz — Falei com irritação.

Ele segurou meu dedo e depositou um beijo na minha mão. Grunhi de raiva, puxei minha mão com força e voltei para os jardins com passos pesados de tanta raiva.

Eu podia escutar os risos e a voz alta da Tata enquanto eles voltavam conversando. Mas evitei olhar para trás, não queria que o Simas agisse de forma constrangedora novamente.

— Um encontro! Está combinado, senhorita Serena! — Simas gritou animado.

Eu o ignorei e continuei meu caminho até finalmente ver meus pais conversando nos jardins com os outros adultos.

Sentei perto da princesa Mei que sorriu gentilmente para mim.

— Quem ganhou? — Ela perguntou interessada.

— O primeiro príncipe — Respondi mal-humorada.

— Ele é mesmo incrível — Ela sorriu.

Segui seu olhar e percebi que ela estava encarando o Simas que conversava com o príncipe Liang. Eu a olhei curiosamente. Ela estava atraída pelo Simas?

— O aprecia?

— Eu o admiro bastante sim — Princesa Mei respondeu timidamente. — A senhorita parece próxima dele.

— Impressão sua.

— Ele só fala da senhorita quando não está presente.

Isso mexeu um pouco comigo. Simas não parecia estar me levando a sério, só parecia um maluco encantado pela minha beleza. Mas ouvir que ele falava de mim para outras pessoas me deixava com um sentimento estranho.

— Espero que não seja nada idiota — Sorri.

— Não, foram apenas boas palavras... Se não for muito intrometido da minha parte, a senhorita e ele tem algum relacionamento diferente?

— Não! Nenhum tipo de relacionamento — Me apressei em dizer. — Se está pensando em investir nele, vá em frente, eu a apoio!

Princesa Mei assentiu e sorriu timidamente. Eu por outro lado estava aliviada. Ela era bonita, educada e uma princesa, o que eu não era, se ela investisse no Simas com certeza o conquistaria.

Observei discretamente meus amigos que agora estavam sentados aleatoriamente pelos jardins, mas rapidamente desviei o olhar ao ver que Simas nos encarava.

— E a senhorita? Estima alguém?

— Não, nenhum rapaz... — Fiz uma pausa pensando no Vincent que era um bom cavalheiro. — Nenhum me interessa.

Princesa Mei pareceu querer dizer algo, mas antes que pudesse fazer isso, escutei minha mãe me chamar. Levantei e me despedi com uma curta reverência, logo indo até minha mãe.

— Mãe, me chamou? — Perguntei quando me aproximei de onde ela estava com tia Ceci.

— Sua tia quer lhe fazer um convite.

Sorri. Eu gostava da tia Cecília, na verdade ela era uma das minhas maiores inspirações femininas.

— Eu aceito! — Falei animada.

— Você nem sabe o que é ainda, menina boba — Tia Ceci riu.

— Não importa, todos os convites da senhora são divertidos.

Ela me olhou com gentileza e eu tentei não lembrar do olhar do Simas. Apesar dele ter os olhos do tio Thomas, seus olhos eram gentis como o da tia Cecília... Por que eu estava pensando naquele idiota de novo!?

— Bom, meu convite é para que me acompanhe em uma loja que abrirá amanhã — Ela explicou. — Preciso organizar algumas coisas e você tem um ótimo gosto!

— Eu vou... Eu posso, certo, mãe? — Busquei a aprovação da minha mãe que assentiu sorrindo.

Tia Ceci bateu palmas e pareceu animada demais. Mas no momento não desconfiei de nada, eu sabia que ela gostava muito de mim.

Escutei passos atrás de mim e quando olhei para ver quem era não fiquei surpresa por ser o Simas de novo. Ele apenas parou ao meu lado e ficou nos observando sem vergonha alguma.

O ignorei. Não queria que minha tia pensasse que eu a desgostava só por causa de uma presença ruim.

— Serena, minha menina — Ela estendeu sua mão e eu a segurei sorrindo. — Você está cada dia mais linda... Ela não seria uma nora maravilhosa, Tom?

— Definitivamente, melhor que minha nora só se fosse minha filha — Tio Tom sorriu.

— Ei, se contenha com os seus filhos — Meu pai retrucou e sorriu para mim. — Minha princesa puxou a mim por isso é tão virtuosa.

— Concordo — Simas opinou de braços cruzados. — Não vejo um defeito na Serena por mais que procure.

Nossos pais olharam para ele e para mim. Meu pai parecia desconfiado, já minha mãe sorriu discretamente enquanto tia Cecília sorria para mim como se eu fosse de fato sua nora.

— Engraçado, eu penso o mesmo sobre o senhor — Sorri para Simas. — Só que ao contrário.

— Vocês brigaram? — Meu pai perguntou curioso.

Eu disse não e Simas disse sim. Eu o olhei com muita irritação e ele apenas deu de ombros.

— Foi uma briga boba, tio — Ele sorriu e olhou para mim. — Mas já estou a reconquistando.

— Quem está sendo reconquistada aqui? — Esbravejei e segurei seu braço até perceber que todos os olhares estavam em mim. Simas sorria despreocupadamente e eu me afastei. — Lembrei que tenho algo para tratar com a Thalia, tia Ceci, eu a encontro amanhã cedo.

— Claro, querida, vá conversar — Ela sorriu.

Respirei fundo e fui sentar perto dos outros. De preferência bem longe do homem que era mestre em me tirar do sério.

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