cerimônia (1)

Uma rotina já estava firmemente estabelecida para Seraphius. Ele dedicava as suas manhãs ao treinamento, seguido por horas na biblioteca para estudar. Antes de dormir, retomava o treino. Embora houvesse intervalos para as refeições, Lucard sempre preparava pratos deliciosos. No entanto, mesmo diante dessa cortesia, Seraphius persistia em manter uma postura rude e mal-educada com o jovem mordomo.

Logo uma semana se desenrolou, marcada pelo ritmo sufocante das atividades de Seraphius. As manhãs eram dedicadas ao treinamento, onde cada movimento era meticulosamente trabalhado. As tardes encontravam-no imerso na falsa tranquilidade da biblioteca, absorvendo conhecimento. À noite, sob a luz suave, ele retomava seu treino, buscando a perfeição.

À medida que os dias rolavam, eu me sentia mais espremido do que um limão em happy hour. Uma rotina tão intensa era como dar um CTRL+ALT+DEL na vida de um rato de escritório como eu, que geralmente só lida com desafios do tipo “ onde diabos está o arquivo perdido?” .

Ah, sinceramente, eu tenho um carinho gigante por esse moleque, é como se ele fosse um irmãozinho. Mas, se ele continuar a treinar que nem um sem futuro, estou prevendo que o meu coração vai organizar uma greve, pedir aumento e, quem sabe, enviar um pedido de férias eternas ao cérebro.

****************

Finalmente um respiro merecido! ^^ Seraphius decidiu tirar um dia de folga dos treinos, afinal, ele está ocupado se preparando para o selamento.

Diferentemente da última tentativa, que foi um fiasco total, desta vez, a nobreza e a alta cúpula da região de Sforza decidiram dar o ar da graça no ritual. Parece que desta vez o espetáculo vai ter uma plateia.

Sinceramente, não consigo compreender o fascínio desses aristocratas ao testemunharem um garoto simplesmente gravando o seu nome em uma espada. Eu entendo que há todo um ritual elaborado por trás, mas, no final das contas, é quase como assistir a alguém personalizando o seu material escolar de maneira extravagante.

De toda forma, não entendo qual é a intenção daquele velho ao expor a própria criança desse jeito. Por algum motivo, tenho certeza de que ele está tramando algo, mas não posso simplesmente sair por aí falando para todos. Afinal, nem tenho boca para isso, né?

A porta do quarto se abre, revelando Seraphius entrando apenas de roupão e levemente corado. Será que as empregadas o esfregaram demais durante o banho?

Isso me faz recordar a birra que ele fez quando questionou por que não podíamos compartilhar o banho. Segundo as empregadas, meu cheiro metálico poderia contaminar os perfumes florais da água. Uma verdadeira crise de fragrância, aparentemente. Aquele pequeno gesto me fez rir por um tempo considerável.

Ele se acomoda na cama e me ergue no colo; sinceramente, isso já não é novidade, mas sempre me surpreendo com o físico atlético dessa criança. Tipo, ele tem dezesseis anos e um tanquinho que eu nem teria para lavar roupa. Onde ele arranja determinação para treinar tanto?

“ Sombra da Eternidade... Hoje, finalmente, vou dar-te um nome.” Ele me abraça com carinho. “ Não quero escolher um nome ruim.” Ao pegar um livro escondido sob o travesseiro, ele revela: “ Então, tenho estudado alguns nomes.” Abre as páginas do livro, exibindo dezenas de nomes, cada um com os seus significados cuidadosamente anotados.

Esse moleque realmente anotou todos esses nomes!? Caramba, é insanidade, são umas 14 páginas recheadas de nomes, todos escritos com uma caligrafia impecável. Que letra bonitinha ele tem... Espera, não é hora para isso.

“ Compreendo que é o portador que, com seus anseios, batiza a espada, mas... eu queria, pelo menos, compartilhar isso contigo” , diz ele, um tanto nervoso. Mesmo após todas as tentativas de amadurecimento precoce, Seraphius permanece sendo um jovem. Nesse gesto, percebo quão profundamente ele ainda anseia por conforto e carinho. É como se, por meio dessa tradição, buscasse um elo constante com algo que não poderia o deixar, talvez a razão pela qual me apeguei tanto a esse garoto seja o fato dele não ter alguém ao seu lado.

Seraphius, então, começou a virar as páginas, apontando para os nomes que mais o cativaram, como uma criança entusiasmada mostrando os seus desenhos para sua mãe. Seu semblante irradiava felicidade diante desse simples gesto.

Mas logo esse momento foi interrompido por algumas batidas na porta.

“ Meu lorde, posso entrar?” indaga Lucard com sua habitual voz pacífica. Seraphius parece desconfortável, embora tente disfarçar. “ Entre” , responde o mais jovem de forma áspera.

Lucard adentra os aposentos com seu rosto sereno de sempre, contrastando com a tensão no ar.

“ O que te traz até aqui, Lucard?” pergunta Seraphius com um tom severo. “ Como o senhor deve saber, as empregadas não se sentem 'bem' em tocá-lo.” Ele faz uma pausa, observa Seraphius, que está apenas com um roupão e os cabelos desgrenhados. “ Então, serei responsável por suas vestes e arrumação.”

Sinto o corpo de Seraphius endurecer; ele parece realmente detestar Lucard. Por alguma razão, isso me arranca um risinho.

“ Não, eu posso arrumar-me sozinho” , responde o jovem com desdém. Lucard olha para seu mestre com uma expressão que denota tristeza – seus olhos estão baixos e as sobrancelhas unidas, indicando tristeza... certo?

“ Sinto muito, meu senhor, mas desta vez tenho ordens diretas para garantir que seja arrumado adequadamente” , pronuncia Lucard com sua voz solene.

Seraphius estala a língua e, em seguida, se levanta, colocando-me na cama. Ao perceber que seu mestre lhe concedeu permissão, Lucard abaixa a cabeça e, com o movimento de levante de uma das suas mãos, um pequeno círculo mágico surge. Um azul-noturno irradia do centro para as bordas. A forma, longe de ser delicada, exibe símbolos sombrios que parecem dançar em uma sinistra harmonia. No centro, uma espiral etérea em tons de prata emana uma aura leve mas um pouco assustadora.

Subitamente, uma maleta emerge do círculo mágico; assim que Lucard a segura, o símbolo se dissipa.

Ao abrir a maleta, Lucard revela peças de uma roupa branca, cujo tecido é quase transparente.

“ Recuso-me veementemente a vestir essas roupas” , declara Seraphius, visivelmente irritado.

Lucard lança um olhar nervoso para Seraphius e, com um sorriso gentil, tenta acalmar os ânimos de seu mestre. “ Meu jovem lorde, essas são as melhores e mais tradicionais vestimentas para o evento.” Seraphius vira a cabeça com repulsa diante das roupas apresentadas. Lucard suspira, tentando desesperadamente convencer: “ Você não quer decepcionar seus anciãos e ancestrais, certo?” Nesse momento, o menino encara Lucard com uma expressão séria e começa a retirar o roupão. “ Seja rápido, não estou afim de ficar sozinho com você por mais tempo.”

Após isso, Lucard demonstra uma expressão mais relaxada.

Agora entendo por que tantos aristocratas participam deste evento... Querem presenciar Seraphius sentindo-se desconfortável, como se estivesse manchado e envergonhado. Malachar é verdadeiramente repugnante ao expor seu próprio filho dessa maneira.

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Comments

sem rosto

sem rosto

cheguei por uma historia bobinha fiquei pelo o que quer que seja isso

2023-12-31

1

sem rosto

sem rosto

...ein? 😥

2023-12-31

0

Ver todos

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