Santuário (1)

Seraphius já havia pegado no sono há horas, mas eu, por outro lado, estava tendo dificuldade para adormecer. Talvez fosse pelo ser uma espada agora ou talvez fosse o resultado da tensão gerada pelo que aconteceu durante o jantar. Cada momento daquele banquete incomodo continuava a ecoar em minha mente, mantendo-me acordado, relembrando as palavras trocadas e as decisões que estavam sendo tomadas em nome Seraphius, mesmo que ele próprio não tenha tomado decisão nenhuma.

Pude ser um observador direto das frias interações entre Seraphius e o duque, testemunhando de perto a maneira cruel com que o jovem foi tratado. Como é possível que um pai se dirija a seu próprio filho de maneira tão desprovida de afeto, relegando-o a um simples objeto a ser negociado? Tais atitudes revelaram uma face sombria e desprezível na personalidade daquele homem. Como alguém pode ser tão insensível com seu próprio bebe?

É intrigante como alguém pode sucumbir tão profundamente à ganância ao ponto de não se importar com sua própria família, embora agora, à primeira vista, tudo pareça estar em ordem, minhas maiores dúvidas são sobre a ausência de menção à personagem Temple Grandin em 'ORN'.

A falta de referências a Temple Grandin, uma figura que potencialmente deveria ser relevante na trama se pensarmos em sua posição, traz um mar de questionamentos até mim. Quem é ela? Qual é o seu papel?

Como Seraphius, originalmente uma criança notavelmente tranquila e reservada, acabou se transformando no foco das atrocidades desse mundo? Ou, o que é ainda mais desolador, como ele se tornou o principal antagonista desse jogo? Observando-o agora, minha percepção se limita a enxergar um jovem que claramente anseia por apoio e, acima de tudo, uma família digna que o compreenda e o ampare.

Tenho compaixão intensa por esse menino. Não consigo evitar, há algo nele que desperta em mim uma empatia profunda. Sinto a necessidade de protegê-lo. Às vezes, questiono se estou exagerando com meus sentimentos, mas quando vejo esse jovem se agarrar a mim desta maneira, uma espada que nem sequer pode respondê-lo, não consigo evitar a ideia de que tudo o que ele precisa é de um pouco de cuidado.

Talvez seja minha empatia agindo, mas há uma sensação inegável de que ele depende de mim de alguma forma, como se fosse um instinto animal em plantado em minha alma, um sussurro que me diz que meu destino está entrelaçado com o dele. Observar esse jovem se apegar a mim de maneira tão genuína e vulnerável só intensifica esse estranho sentimento.

Cada olhar, cada sorriso, e até mesmo cada lágrima dele parece ecoar em meu ser, como se nossas vidas estivessem entrelaçadas por fortes correntes. Esse sentimento grita em mim para que me tornar seu guardião, e estranho que esse sentimento esteja se desbrochando tão rápido sem que eu se quer tenha passa um único més ao lado de Seraphius, mas esse sentimento não deveria aparecer apenas depois do selo?

Sete dias antes, santuário de Sforza

Seraphius me empunhando entra em um santuário com tons escuros, onde o sussurro suave das velas em chamas é o único som que quebra o silêncio. As paredes são revestidas de mármore negro e intrincados vitrais permitem que raios de luz crepuscular dancem pelo ambiente. No centro do santuário, um altar de pedra desgastada pelos séculos de devoção é o ponto focal, adornado com ramos de Rosas 'Black Baccara' e velas fumegantes que criam uma atmosfera pura e melancólica.

Ele segue até o altar e então um homem se revela "te aguardava jovem mestre" diz o homem "mestre do santuário, já faz um tempo não?" O Senhor do Santuário tira seu capuz, revelando um homem de presença imponente, cuja idade se revelava nos cabelos prateados que caíam em cascata sobre seus ombros. Seu olhar era profundo e sereno, expressando sabedoria adquirida ao longo dos anos dedicados à devoção e ao cuidado do lugar sagrado. Vestia uma túnica escura, adornada com símbolos misteriosos bordados em fios dourados, que denotavam sua autoridade espiritual. Ele realmente passava uma tranquilidade com seu olhar, mas eu nunca avio visto esse homem no jogo antes, que personagem ele era?

De maneira surpreendente, o ancião se vê iluminado por um sorriso caloroso que rompe as minhas expectativas iniciais de sua aparência austeramente clerical. Sua voz áspera ressoa com entusiasmo pelo ambientante, embora a alegria pareça quase fora de lugar vindo de alguém que emula a figura de um padre idoso e carrancudo. "BAHAHAHA, meu santo Morrigan, você mantém seu semblante inabalável, não é mesmo, criança?"

Espera ele disse Morrigan? . . . . . . Lembrei em "ORN" os desenvolvedores decidiram usar deuses de mitologias reais para seu jogo, lembro de pesquisar por vários deuses aleatórios só por aparecerem no jogo.

Enquanto os olhos do ancião brilham com calor e entusiasmo, o mais jovem, com um sorriso quase imperceptível, afirma o garoto com um toque de irreverência: ''E você continua a ser um homem velho, meu caro.''

O sacerdote soltou uma risada calorosa e, com um olhar divertido, concordou com o jovem. "Você tem razão, mas permita-me salientar que a sabedoria também permanece comigo, meu jovem rapaz." Seraphius balançou a cabeça com um suspiro, mantendo um traço desafiador em sua voz enquanto respondia,"eu ainda tenho minhas dúvidas sobre isso… velhote" O sacerdote respondeu à ousadia de Seraphius com outra gargalhada sincera, mostrando um vínculo peculiar entre o sábio e o jovem mestre.

"BAHAHAHA, bem... bem, você é mesmo uma fonte de diversão, não é, meu jovem?" O velho homem exala uma personalidade peculiar, aos meus olhos claro, mas transmite uma aura calorosa, sinto me bem em sua presença. Seraphius estava à beira de dar mais umas de suas respostas malcriadas ao homem a sua frente, contudo antes que pudesse fazê-lo, o sacerdote tomou a palavra. "Bem, chega de brincadeiras, afinal de contas, hoje é um dia de especial, meu jovem." O homem estendeu a mão para Seraphius com uma expressão mais séria e disse: "Permita-me ver a sua nova companheira." O ancião agora emanava uma solenidade que contrastava com sua jovialidade de antes.

Seraphius direcionou seu olhar ao homem mais velho, seu semblante revelando uma certa apreensão. Com precisão, o jovem deslizou os dedos pela bainha que envolvia me envolvia, retirando-me com um cuidado. Pude notar que uma breve hesitação precedeu a minha entrega ao homem de cabelos grisalhos, à sua frente, o mais velho expressou surpresa ao olhar para mim: "Wow, e pensar que ela te escolheria, meus parabéns"

Seraphius bufou com um orgulho enquanto inflava o peito, ele estava claramente satisfeito com as palavras do sacerdote. O ancião então deslizou o dedo sobre minha lâmina com curiosidade, como se estivesse explorando algo novo, provocando uma sensação semelhante a cócegas na minha superfície.

"he... ha ..he.. haha~" Inadvertidamente, um sorriso escapou de meus lábios, surpreendendo o venerável mestre do templo. A risada emergiu espontaneamente, inundando o silêncio do ambiente. Em seguida, fiz um esforço para parar de rir, controlando minha voz. O mestre do templo, surpreendido com minha reação inicial, voltou à sua postura tranquila. "Olha só, nunca imaginei que a Sombra da Eternidade fosse tão espontânea."

O homem me conduz com cuidado até o imponente altar, onde me coloca sobre um leito de pétalas de rosas, as mesmas rosas que adornam todo o santuário. Seraphius nos segue de perto, seus olhos ametistas repletos de expectativa. O ancião, envolto por um sorriso caloroso, se adianta e anuncia: "Antes de realizarmos o selo, devo primeiro discernir a cor da aura dela." Ele compartilha essa explicação com uma paciência que contrasta com os olhos do jovem ao seu lado. Acho que mesmo sendo o futuro vilão Seraphius ainda e só um garoto por agora...

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