XV.

“Sou a bruxa que não terminaram de matar”. — Alice Cardoso (A dor de continuar)

Capítulo quinze: amor é uma palavra engraçada. Paixão é consequência ou o pré-sentimento.

— Espera — Alice diz pouco antes de ambos chegarem ao elevador.

Namjoon lhe lança um olhar de dúvida: vai escolher ele ou a mim? Ela nega com a cabeça com a pergunta não dita mas bem prensada. Dando a volta, ela retorna para a frente de Taehyung que está de punhos cerrados, ela segura seu rosto com ambas as mãos com menos dificuldade do que possui em relação a Namjoon.

— Taetae estou te pedindo, siga sua vida e não olhe para trás. Eu não valho apena não mais e você precisa entender isso duma vez. O que tínhamos foi algo lindo que vai me marcar pra' sempre mas é algo passado e que lá deve ficar pois la é o seu lugar, eu já não sou a mesma pela qual você se apaixonou e nunca mais vou ser — limpa com o polegar a lágrima solitária que ele derrama — eu te amei mas já não amo mais, sinto muito. Profundamente lamento mas não posso mudar isso, por isso te peço que seja mais gentil consigo mesmo — toca com uma mão no peitoral dele onde presume está o coração — você tem um coração de ouro o qual eu acredito, aceito seu perdão agora você precisa perdoar a si mesmo.

Diz esperando uma reação dele recebendo um abraço apertado cheio de saudades e muita dor, Taehyung que aparente ser inabalável não pode ver a mulher que mais amou depois de sua querida mãe, que chora inconsolável como um bebê. É muito doloroso viver sabendo que magoou alguém amado, que não estará mais ao lado dela para compartilhar de conquistas e vivências tudo devido ao mau-olhado.

— Vai ficar tudo bem eu acredito em você, você será muitíssimo feliz — diz acariciando as costas do mais velho mesmo que dois anos.

— Me desculpa, por tudo e obrigado por me amar — diz se afastando segurando-lhe o rosto em meio às lágrimas e soluços incontroláveis.

— Tá tudo bem Tae — sorri com as orbes marejadas segurando o choro para dar espaço e lugar ao dele — agora eu preciso ir. Preciso seguir a minha vida — diz incentivando-o — eu estarei torcendo por você onde quer que eu esteja.

Alice se afasta alguns passos e acena para ele que funga forçando um sorriso, ela lhe dá as costas e vai até Namjoon não o olhando nos olhos. O elevador chega em questão de segundos e por sorte está vazio, ela e a primeira a entrar e ao se virar de frente parar as portas metálicas nota que Namjoon logo se juntou a si naquele cubículo e que Taehyung já não estava mais ali no corredor assim, ela se reencosta na parede espelhada e ergue o queixo deixando as lágrimas rolarem pelo seu rosto já não aguentando.

Desmanchando o sorriso, comprime os lábios pondo o braço sobre o rosto de modo que o companheiro não possa ver seu olhar de cachorro abandonado. Aquelas conversa foi tão libertadora quanto profunda lhe trazendo memórias fortes do passado. Namjoon aperta todos os botões do elevador aproveitando-se da ausência do ascensorista, fica de frente para Alice e lhe trás gentilmente para perto lhe abraçando podendo assim aninhar seu corpo magro ao robusto dele.

Não disse e nem precisou dizer uma única palavra, ela chorou silenciosamente fungando em alguns momentos e minutos passados Nam lhe ofereceu um lenço que sempre carrega consigo e ela aceitou assoando o nariz e dobrando o lenço com cuidado pediu desculpas não podendo cessar o choro.

— Eu odeio chorar. Odeio. Fico muito feia — resmunga olhando para o lenço com a visão turva devido às lágrimas.

— Está tudo bem, não precisa ser bonita o tempo todo — acaricia as costas semi-nuas dela com cuidado visando em lhe acalmar.

Se soltando do abraço ela vai até a lata de lixo no canto do elevador quase vazia e joga o lenço lá.

— Eu te compro outro — resmunga baixo com a voz rouca voltando até ele lhe abraçando — você parece um urso fofinho — diz repousando a cabeça no peitoral dele sem pensar direito no que diz. Não está em condição de responder por suas atitudes e falas.

— Isso é um elogio?

— Uhum — murmura respirando fundo expirando choramingando baixo sentindo que mais lágrimas lentíssimas rolam pela sua bochecha até o chão.

— Quer falar sobre? — Questiona ao afastar o rosto dela segurando-lhe o queixo para que possa olhar seus olhos.

Com calma e cuidado, seus dedos que ela sente serem macios e não ásperos como imaginou limpam suas lágrimas salgadas e amargas dum passado que não foi até então resolvido. Ela acena rapidamente que não e se afasta limpando ela mesma suas lágrimas respirando fundo forçando um pequeno sorriso.

— Não, não. Não posso estragar sua noite com besteira está tudo bem — ri da sua própria miséria limpando mais uma vez os olhos.

— Mulher pare. Pare agora pare já com isso! Não continue fazendo isso, falando isso — segura seu rosto do mesmo modo que ela praticou com o ex-namorado — Alice enfie na sua cabecinha desde já que você é importante. Para mim você é e o que você sente também faz parte disso, tudo sobre você e que te envolva direta ou indiretamente agora me interessa!

— Parece até que é meu namorado falando assim — funga com o olhar vago.

Ele reage torcendo o nariz e ela repete o gesto o imitando fazendo com que ambos sorriam. Namjoon acaricia a lateral da face de Cardoso ainda sorrindo como um bobo ingênuo.

— A meta é essa. Mas não mude de assunto é sério, se algo está te incomodando apenas diga, não faz mal — diz soltando o rosto dela e então ela pôde ser afastar se escorando no corrimão direito do elevador.

— Pra' mim faz, eu não gosto de falar sobre como me sinto... Isso é uma merda — resmunga de cabeça baixa.

— Uma merda necessária para que eu possa entender ao menos o mínimo que você sente para então poder lhe ajudar e não ser um inútil — vai até o outro lado do elevador ficando igual a ela.

— Desculpe, isso eu não consigo. Eu acho, e que eu falo demais tipo agora eu não consigo parar de falar que raiva tá vendo? Argh! — Cobre o rosto com as mãos frustada e bufa levantando a face emburrada fazendo sem perceber novamente um bico com os lábios.

— Ah, e eu tinha voltado em casa pra' buscar isso — realça a bolsa que possui cuja alça está acima do ombro — você está majestosa mas te falta uma bolsa então tomei a liberdade e peguei a da minha irmã que ela esqueceu aqui — diz indo até Alice pondo a alça da bolsa sobre seu ombro antes que ela venha recusar.

O acessório da marca CH (Chanel) cuja corrente é dourada combina perfeitamente com o vestido já o núcleo do item ganha destaque por ser dum couro preto de altíssima qualidade.

— Isso eu vou devolver concerteza — diz o olhando nos olhos.

— Ela tem outras 3 Fuckings bolsas IDÊNTICAS a essa, se eu comprar outra ela nem vai perceber a diferença juro.

— Não importa. Não quero ser uma despesa maior do que já estou sendo — diz encarando o painel de botões — meu deus...

— Sim, ficamos 20 andares nos falando, deixa eu pôr no principal logo — diz indo até o painel apertando no botão 1 e então retorna para o lugar onde estava.

O silêncio se instala automaticamente então Alice aproveita para curiar o que teria dentro da bolsa; um frasco de perfume, um gloss, um batom e maquiagens. Pegando o lip gloss vermelho da Ruby Rose que presume ser de morango, se vira para a parede de espelhos e o passa suavemente nos lábios os desenhando com calma e ao acabar esfrega uns nos outros encarando seu reflexo. Gostando do que vê, não percebe (ou liga) para os olhos curiosos de Namjoon que lhe olhavam com curiosidade.

— Antes que diga pra mim batom, gloss e lip gloss são um tipo de maquiagem que até um homem usa então, sem um A — contesta enquanto guarda o item na bolsa e Namjoon faz cara de deboche — insuportável — contrai o canto dos lábios sorrindo.

Ao ouvir o som duma voz lhes alertando de que chegaram no andar que queriam, ficam lado a lado aguardando pacientemente. No entanto, para a surpresa de Alice numa fração de segundos Namjoon deu um passo para frente, virou a cabeça para próxima da sua e lhe roubou um beijo; nem muito rápido ou devagar apenas o suficiente para lhe deixar em estado de choque o encarando se afastar, com os lábios entreabertos ela os comprime “Faz alguma coisa, faz alguma coisa Porra reage!” seus pensamentos berram na sua consciência enquanto ela troca o ponto que olha desde os olhos cintilantes dele até os lábios atraentes. Ele está esperando uma reação, qualquer coisa e ela somente agora percebe que estava esperando esse beijo a muito mais tempo do que gostaria.

O vendo se afastar lentamente antes que seja tarde demais ela no impulso do desejo entrelaça os braços entorno do pescoço do mesmo afundando os lábios no dele. Seus lábios selam perfeitamente e trocam de posições a medida que inclinam as cabeças, Namjoon fica totalmente de frente para Alice com uma mão segurando o rosto de olhos grandes azulados e brilhantes dela e a outra envolvendo sua cintura aproximando seu corpo do dele de modo que não se toquem.

Consequentemente a língua de ambos acabam se tocando em certas ocasiões não lhes causando estranheza mas sim despertando reação e conexão direta com a luxúria interna da dupla, emoção essa que vai se intensificando a medida que o beijo segue sem cessar para respirar. Sentindo a necessidade de ar Alice afasta os lábios do de Kim e encara seu rosto de boca e olhos levemente baixos (estética facial). Ela se afasta completamente no impulso de cobre os lábios surpresa com o que acabou de fazer.

Até onde sua memória lhe auxilia não se recorda em ao longo de sua vida ter reagido tão bem a situações como estas, está surpresa demais o encarando agora como se tivesse acabado de cometer o maior dos pecados ou o maior dos erros possíveis.

— Desculpe, eu não deveria... Merda — caindo em si, Namjoon toca a testa como se sua cabeça estivesse lhe matando.

— Eu gostei. Foi bom, né? — Fala atropelando as palavras o olhando e ao perceber o que disse bate a cabeça na parede espelhada com muita força para doer mas não o suficiente para quebrar os vidros — retiro o que disseee eu tô' ficando louca! É o efeito do elevador já já passa — diz se escorando na parede de espelhos de olhos fechados torcendo.

— Vamos testar. Isso.... Isso o que você disse — diz tão transtornado quanto ela chegando a arfar pelo atropelo de sentimentos e emoções.

— Oi? Testar o que? — O encara surpresa notando o rubor de suas bochechas enquanto ele se aproxima.

— Preciso saber se o que senti foi de verdade. Você não? — Pergunta com um pé atrás já tendo a face perto o suficiente.

O suficiente para que ela possa beija-lo pensa atrevida se segurando agora na barra de ferro o olhando.

— Talvez... Isso tá' acontecendo rápido demais! — Afunda o rosto em ambas as mãos frustrada.

— Tem razão... Você tá' passando por tanta merda, me sinto um cuzão agora parece que estou me aproveitando de você e da situação — fecha às pálpebras com força e então as abre encarando o chão se sentindo culpado — desculpa.

E inesperadamente ela começa a rir; de toda a situação e de tudo que viveu em apenas um dia, é muita loucura para que sua mente possa processar então extravasa num riso agradável de se ouvir. A porta do elevador se abre e ela sai cessando o riso.

— Somos dois bobos — diz encarando seus pequenos dedos dos pés cujas unhas estão tingidas num rosa-bebê.

— Concordo — estende a mão para ela que ao invés de segura-lá entrelaça o braço no dele.

— Sobre o que você disse... Numa outra oportunidade — diz o olhando com os olhos brilhantes devido a iluminação artificial.

Namjoon sorri com a hipótese de poder tomar seus lábios novamente para si e caminha lado a lado de Cardoso seguindo para o centro do salão onde um prestativo funcionário atende a demanda de convidados que procuram onde se sentarem. O salão está perfeitamente arrumado ao modo que fazias cerca de três a quatro séculos atrás, eventos dos quais somente a burguesia ou acompanhantes pudessem participar e terem o prazer de provar da comida feita pelos melhores cozinheiros da região.

O lugar está infestado de cadeiras, mesas, mordomias e pessoas da alta classe. O ambiente bem iluminado causa conforto e romantização deixando os convidados bem a vontade graças ao contraste dos tons de cores usados na decoração, no alto da entrada possui uma grande faixa com a seguinte frase “Boas-vindas a todos os presentes para comemorar o que os não presentes nos deixaram de presente”. Ao ler a frase Alice torce o nariz com o tamanho gerúndio e se perde em pensamentos imaginando outras palavras que poderiam facilmente substituir “presente” de modo que não tirassem a essência.

Atualmente? Não. Hodierno? Talvez. Uma série de palavras rodopiam na mente dela como um quebra-cabeça que procurasse reunir suas peças até estar completo. Achando uma frase interessante a constrói em pensamento: “Boas-vindas a todos que vieram celebrar o que os antepassados nos deixaram de presente.” gostando da frase, acaba sorrindo sem perceber ainda encarando o grande lençol tingido e bordado de letras douradas.

— No que está pensando? — Pergunta curioso deixando o sobretudo na cadeira em que está, pondo ambos cotovelos acima da mesa faz com que o tecido da blusa de manga comprida preta realce o quanto seus músculos braçais são definidos.

Ambos estão numa mesa especial para duas pessoas apenas bem localizada no grande salário de modo que fique perto da pista dança.

— Eh... — ela repara e não pode deixar de encarar desviando o olhar quando percebe que está olhando a tempo demais e tosse esboçando um sorriso maroto — reparei no banner só — diz abaixando a cabeça sorrindo.

O Kim lhe encara desconfiando semi-cerrando as pálpebras mexendo a língua dentro da boca.

— Tem algo a mais, o que é? Fiquei curioso — abaixa um dos braços no canto da mesa.

— Está um noite linda não é? — Sorri cínica o olhando e ele logo percebe o joguinho dela abaixando a cabeça rindo baixo.

— Tudo bem, você tem o direito de guardar pra você quer o que seja — trás os braços para uma distância segura se fica mexendo no relógio do pulso aguardando ser atendido.

— Como você acabou fazendo o que faz? — Diz distraída mexendo na quantidade exagerada de talheres sobre a mesa perfeitamente alinhados.

— Meu pai era membro da Máfia Alemã, de um dos olhos como juramento quando saiu de que não contaria nada do que ouviu ou viu. Ele deixou porque se apaixonou pela minha mãe e tinha de escolher entre ser o novo “cabeça” da Máfia ou viver uma vida plena e calma ao lado da mulher que ama — diz nostálgico ao se lembrar de quando perguntou, aos 14 anos para o pai a história da família para um trabalho e ele lhe contou cada detalhe.

Alice sorri o ouvindo falar da família pensando no quanto deve ter sido feliz e tido amor fraternal desde berço.

— Daí ele voltou para o país natal com minha mãe, viveram felizes, ela deu a luz a mim... Até que entraram em casa e esquartejaram ela enquanto ela dormia com meu pai — diz num suspiro encarando a taça vazia.

Alice rapidamente o olha com um olhar assutado, ela se inclina dando suas condolências e ele agradece.

— A principal Máfia coreana descobriu que um nativo fez parte do grupo rival e decidiram se vingarem, não o mataram mais mataram quem ele amava o que foi o suficiente — ele para ao ver o garçom se aproximar.

— Boa noite, o que gostariam de pedir? — Um jovem rapaz de cabelos pretos e olhos castanhas claros bem trajado lhes atende.

— Vou escolher por nós pode ser? — Diz empolgado dando uma rápida olhada no menu antes de olha para ela.

Alice estava fazendo uma careta indescritível para o menu dizendo muda o nome dos pratos achando um pior que o outro (fora a qualidade divina das fotos).

— Eu concordo — sorri sem graça o olhando.

— Então duas porções de Tikka Masala com os acompanhamentos de jantar sem as passas por favor — observa se o funcionário está anotando e ele assim faz não podendo deixar de dar olhares furtivos  para Alice que estava distraída olhando para o nada — quais os vinhos doces disponíveis na adega? — Questiona largando o menu o encarando fazer cara feia enquanto olha a mestiço sorrir. Ah, estava cometendo um erro.

— Temos do Porto, Late Harvest e de Sauternes — pronúncia robótico analisando a mesa — Senhorita, por favor, não desarrume os talheres — pede lhe chamando a atenção.

Alice estava encarando um charmoso casal de senhores já na alta idade dançando no salão, eles pareciam estarem tão apaixonados que nem se davam conta dos olhares maldosos. Planeja chegar na mesma idade deste modo, vivendo cada instante se deliciando dele.

— Desculpa, estava distraída — diz arrumando os talheres exatamente como estavam com um sorriso inocente.

— Percebi — murmura azedo — mais alguma coisa? — Olha para Namjoon que forçava a mandíbula para sorrir a sentindo doer.

— Gostaria de uma garrafa do Late Harvest e de sobremesa Panna Cotta — o observa se afastar de cara feia e pega o celular do bolso raivoso.

O que a socidade tem de intrigante tem de tóxica. Ora, por qual o motivo?

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