VII.

“ Quando amei, amei demais. Quando não amo, não amo por nada. E quando me entreguei, me fudi e não foi no sentido que gostaria. O amor é uma drogar pior que qualquer outra; é necessário.” — Alice Cardoso (Lamentações e choro de uma degenerada)

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Capítulo sete: não estava quando precisei. Agora que preciso, se foda.

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Kim Taehyung não só lhe partiu o coração como a capacidade de amar alguém se não ele. Lhe tomou como amante e lhe acolheu debaixo de seu teto que mais tarde, tornou-se o ninho de amor de ambos onde compartilharam bons e maus momentos; como todo casal. E no final, se mostrou um infiel tão amargurado que lhe traiu com sua ex-melhor amiga Kate diante de seus olhos que após o ocorrido, ficaram avermelhados de tanto derramarem lágrimas. Se viu inconsolável.

Taehyung dirá em surdina para um amigo durante o natal de muitos anos atrás, pouco antes da ceia para não levantar falsos testemunhos de que planejava tomar a amante como noiva. A notícia correu como o vento e soprou aos ouvidos da protagonista que nunca se viu tão feliz até então imaginando a bela imagem de si, usando véu e grinalda! Estaria belíssima! Sonhará acordada com o aguardado momento e irradiava felicidade. Porém, ele foi mudando após este natal.

Como mencionado, se torou carrancudo, frio e distante da amada o que abalou o relacionamento. Pouco mais tarde, enfim veio a descoberta: ficou bêbado na véspera de natal (fato que ela lembra com desgosto) e foi para casa só (outro fato que afirma já que insistiu para ele ficar, mas ele não achou decente visto ser a casa da sua tia que até então, não era falecida), embriagado e transtornado foi pego caído na calçada após desmaiar do tanto que estava bêbado até ser encontrado por kate o que até então assustou a vagabunda (estava desempregada na época). Ela levou ele para sua casa e em seu íntimo ficou inquieta.

Já faz poucas semanas que descobriu ter sentimentos profundos pelo futuro noivo da melhor amiga e se culpa dia após dia atormentando-se por ser tão degenerada ao ponto de cobiçar algo que não é seu. Pós o amigo (como com carinho considerava) com dificuldade deitado na cama, afinal, ele era quase o dobro de seu tamanho e muito mais robusto. Por fim, o acomodou e saiu do cômodo se mordendo pela tentação. Tem que ligar para a amiga e avisar, ela pensou. No entanto, quando começou a chamar ouviu o som de algo se quebrando e desligou correndo para ir ver. O barulho veio do quarto. Ao entrar no quarto foi agarrada pelo homem embriagado que alucinava gemendo de dores o nome da amada “Alice... Alice... Eu preciso de você” choramingava e tomava nos braços a amiga de sua amada, não vendo bem devido à escuridão.

Kate se espreguiçou para acender a lâmpada através do interruptor e se esforça para empurrar o rosto de Kim para longe gritando consigo. Quando ele enfim une seus lábios, toda e qualquer tentação contra às vontades e desejos carnais de Kate Cooper vão se esvaindo lenta e deliciosamente. Ela se submete ao papel de consolo do homem e se dispõe inteiramente para ele. Se arrependendo depois, quando acorda semi-nua e apenas a marca em sua cama de um corpo masculino que dividiu uma noite intensa de prazeres se faz de companhia.

Ao ligar para Kim é rejeitada várias e várias vezes “cometi um erro” ela pensou desolada tendo esperanças de que ele reconhecesse enfim que era tão boa na cama quanto a amiga. No entanto, foi somente naquele momento que lhe caiu a ficha: ela não era boa parceira somente de cama, mas também, de vida. Kate tomou um banho apressado, se vestiu às pressas, pegou um táxi e foi para a casa de Taehyung; onde foi mal recebida.

Ele a princípio não queria que ela entrasse, mas devido ao mau tempo de friagem e chuvarada permitiu, a ruiva tentou se explicar e se declarou chorosa dizendo o quanto o amava e o culpou de como lhe usou. Ele logo saiu em defesa, dizendo que ela quem teria se aproveitado da incapacidade dele. Berrou palavras e discursos de ódio dizendo estar desolado após descobrir ser estéril. Nunca poderia realizar o sonho da amada de construir uma família sólida e um lar amoroso de filhos fruto de vosso amor, sementes de sua mais pura paixão. Kate ficou em choque e o plano que pensava em criar para lhe forçar a ficar consigo caiu por terra.

Perversa, pensava em separar o casal que tanto se amam, iria se guardar para aparecer com um teste de gravidez alegando que ele seria o pai, que seria um fato verdadeiro visto que tiveram relações sexuais sem a devida proteção. Kim Taehyung apesar de tudo é homem íntegro: de caráter e palavra. Então ela tinha a certeza de que ele não negaria o reconhecimento da paternidade, que também, almejava. Kim se desesperou e chegou a chorar como menino na presença de Kate. Ela que ficou sem entender. Como poderia? Ele, estava tão feliz por pensar que achou a mais bela das belas, a mais formosa das beldades e a quem lhe cabia o título de alma gêmea... Traiu! E traiu embriagado, tendo com frequência durante o dia seguinte, fragmentos das memórias do acontecimento, mas tem certeza: aconteceu. “Kate. Eu te estimo, você é muito minha amiga e de Lice... Deus! Como eu pude? Como?!”.

A sem vergonha se manteve quieta e observadora. Não se arriscava em lhe dizer que ele não fez por mal, que lhe confundiu com a amiga. Queria por quê queria ele somente para si. E assim o teve. Taehyung se comprometeu no caso de que a gravidez de Kate fosse confirmada E através do teste de DNA fosse confirmado ser sim, seu filho, assumiria a criança e lhe teria como esposa. No entanto, afirmou que jamais seria feliz ao seu lado. Não poderia. Não tanto quanto ao lado daquela que realmente ama.

Após a conversa, foi se afastando dolorosa e lentamente de Alice que sofreu gradativamente até que decidiu ela mesma acabar com o relacionamento. Kim Taehyung pouco antes dela ir embora contou a infidelidade. Nunca se esquecerá de como a Lice lhe olhou pela última vez; sem uma alma. “ Eu soube... As notícias correm rápido.” ele se mostrou surpreso e ela sorriu enquanto lágrimas tomavam conta do seu rosto. Ao sair, encarou os anéis de compromisso, objetos de fidelidade os quais ela ateou ao mar da praia quando foi num dia chuvoso e tentou por útil se afogar na ocasião.

Foi memorável. Enquanto o amado, se submeteu a ficar bêbado em casa, sozinho e chorar as mágoas reprimidas que já não queriam mais se esconder. Enfim, foi um porre. Retornando aos eventos atuais, Alice recua um passo. Ela direciona seu olhar para seu lado direito onde Seokjin se mantém de prontidão a encarando, ela faz um aceno; ele devolve o gesto. Terminou de subir as escadas que não só lhe levam para a área vip como também para encontro de Taehyung.

— Ora! É você... — gargalha divertido e então a olha sorrindo — você não mudou... O que é ótimo.

Excelentíssimo. Sem lhe dirigir olhar algum, age mecânica pondo os itens do seu pedido sobre a mesa. Deseja acabar o mais breve possível com o reencontro.

— O gato comeu sua língua? Que imatura — ele a observa ir e pega de um dos bolsos uma caixa de cigarros Marlboro logo ficando aborrecido por não ter trazido um isqueiro para dar uma tragada.

Ao sair de perto do ex-amante, passa por Seokjin e fica encostada numa parede do corredor que dá em direção a saída. A mesma afunda o rosto nas duas palmas das mãos e inspira fundo soltando o ar com força.

— Está tudo bem? — Seokjin vai ter com ela.

— Sim. Sim, não tem com o que se preocupar — encara o teto com raiva por ter de ouvir sua voz novamente, e falando palavras tão grosseiras. Não é ele, não mais. Ela se recompõe sacudindo a pouca poeira do uniforme e dá sinal de que voltará para a cozinha, por isso, Seokjin lhe para antes.

— Sei que é difícil guardar tudo para si. Uma hora, simplesmente não aguentamos mais, então quero que saiba: pode contar comigo. Para o que for — diz sincero olhando diretamente nos olhos da mulher. Ela pisca algumas vezes, está sem palavras.

Demonstra estar agradecida e em passos preguiçosos volta para a cozinha para buscar os pedidos prontos. Estando pensativa, acaba não reparando quando o cozinheiro que viu mais cedo lhe chama. Pensava, como ainda havia cavalheirismo? E empatia então? Era belíssimo ver que as pessoas ainda se importavam tanto umas com as outras.

— Ei! Garota! Se vai trabalhar aqui, limpe os ouvidos — uma garçonete ruiva lhe chama atenção batendo o quadril no dela fazendo com que vacile. Por sorte não derruba os pedidos e encara com raiva a ruiva que sai gargalhando.

Seokjin encarou tudo e apenas se virou tirando algo do bolso, um telefone; fez uma breve ligação. Durante este curto período, o garoto que agora viu ser "assistente do su-chefe" se aproximou pondo um prato de nachos sobre a bandeja de prata que ela está segurando numa das mãos.

— Estava te chamando para entregar isso e você não ouviu... Então... — ele troca o apoio que mantém numa perna para a outra.

— Ah! Sinto muito, não ouvi... Obrigada — ajeita a postura e sai veloz da cozinha sendo seguida pelo guarda-costas.

A noite inteira até 04:30 da madrugada se segue deste modo. Kim Taehyung foi embora faz poucas horas e Alice agora enfim, acabou se expediente. Durante a correria teve o prazer de conhecer Desdêmona, uma garçonete morena muito bem apessoada. Educada e bonita. Tiveram uma conversa curta durante o intervalo, mas ambas amantes da literatura nacional e internacional, perceberam que falo nasceria uma belíssima amizade; e nasceu. Seokjin não cochilou ou vacilou durante toda a noite e protegeu avidamente Alice. Ela o dispensou durante o seu intervalo, mesmo ele teimando em ficar, Desdêmona o persuadiu dizendo que tomaria conta de Alice; ele relaxou e deixou que ela aproveitasse sua ausência. Lice ficou grata.

Agora tendo acabado todo o trabalho, ajudou na limpeza da área vip e percebeu que onde o grosseirão do Taehyung estava como um parasito, havia um relógio caído. Bem escondido por sinal. Ela apenas teve a sorte de ver, pois, a luz do refletor refletiu sobre o item fazendo-o brilhar e então lhe chamar a atenção. Analisando cada detalhe, viu as siglas “KTH” e presumiu quem seria o dono. A funcionária que passa vassouradas caprichosas no andar avistou a menina curiosa, viu o que era e sorriu decidido fazer um comentário:

— Fique. Azar de quem perdeu, não? — disse varrendo perto da mais nova funcionária juntando todo o lixo. Que por sinal, não era pouco.

Não, Alice pensou. Deve devolver ao infeliz e azarado. Pós no bolso e se encaminhou de volta a limpeza. Ao acabar sua parte, desceu a corrida de escadas se deparando com Seokjin, Kim (que não sabe o segundo nome) e a funcionária que por um fio não lhe derrubou. Alice como a curiosa que é ficou e observou de longe, presumindo estarem demitindo a pobre mulher “será que tudo isto por que ela foi malvada comigo? Ora! Mas que Barbare.” pensou com o coração apertado.

Esperou o desenrolar da conversa e foi dado o veredito, ela foi demitida. Inquieta, esperou que eles notassem seus olhares furtivos e enfim perceberam após longos minutos. Vieram ter consigo uma conversa e ela logo disparou acusações para Seokjin em relação à funcionária. A princípio ele ficou surpreso pela alteração de espírito de Alice e lhe pediu calma. Alegou estar apenas seguindo ordem, para que tudo acaso ruim acontecesse, devesse contactar para N.J (como ele chamou o chefe), para que então ele possa tomar as rédeas da situação. Ela o olhou triste e ele enalteceu as sobrancelhas franzidas. No íntimo, esperava que ela lhe agradecesse. Não que fosse ingrata, também pensou ele.

— Senhor... Por favor, ela só foi malvada. Não merece ser demitida, no máximo, chamada a atenção para tratar melhor as companheiras de trabalho — diz claramente amuada. Ele a encara em silêncio e suspira atordoado mexendo nos cabelos perfeitamente arrumados. Somente agora repara que ele está muitíssimo bem trajado dos pés a cabeça, parece que vai para uma importante reunião.

— Tudo bem... Mas somente desta vez. Não aceito que ninguém destrate de meus funcionários — diz se maneira grosseira ajeitando o paletó.

Alice repara que o colarinho não está devidamente arrumado e isto logo lhe incomoda. Pensa que, se ajeitar, talvez o humor dele melhore nem que um pouco. Ou que ao menos relaxe sabendo que está realmente impecável... Ela indica querer adicionar algo na sua fala, mas recua por vergonha.

— Posso ajeitar? — diz rápida e atropelando as palavras apontando com o indicador o que seria. Ele lhe olha confuso e procura o que seria recebendo um sorriso reprimido dela, tentando ajeitar, acaba bagunçando mais o colarinho. Seokjin observa tudo, calado, não ousa se intrometer.

— Com sua licença... — Faz menção de que irá ajeitar, como ele não recua ou revida discordando, prossegue. Ficando um pouco na ponta dos pés, ajeita com calma o colarinho dobrando sua metade e o arrumando devidamente. Aproveita a oportunidade para ajeitar a gravata que ficou torta devido ao mexe-mexe.

Sentiu o corpo dele enrijecer com seus toques mesmo que leves, lhe deixou em alerta máximo. Ao acabar, avisou sorrindo e se afastou. Ele nem sequer olhou para ela, encarava o relógio. Olhou para Seokjin como se seu olhar dissesse-lhe mil e uma palavras, então, saíram juntos na mesma direção.

— Ora! Que filha da mãe grosseiro — diz em alto e bom-tom após perder ambos de vista.

E fica brava de braços cruzados já que esperava pelo menos um agradecimento, nem que seco. Decidida, foi trocar de roupa por uma mais confortável e casual: um par de tênis ALL Star, uma blusa de frio para a friagem que esperava, uma calças (jeans) preta e coragem para enfrentar a caminhada para casa. Saindo do camarim que quando entrou tinha duas mulheres conversando animadamente sobre alguma festa, agora estava vazio. Se olhou no espelho e soltou as madeixas sacudindo a cabeça, e então, penteou levemente, para não desmanchar os cachos.

Ao sair, olhou para o redor e não viu nada nem ninguém exceto pouco depois da pista de dança, as faxineiras conversando. Seguiu na direção e não foi ter com elas, ficou atraída por um bater de panelas e talheres, mudou de rota. Virou a esquerda para o caminho da cozinha decidida a saber o que podia ser. Olhou através da típica janela redonda de ambas portas e não viu nada, ficou frustrada.

— Deveriam por janelas maiores — resmungou se encostando na porta sem se dar conta de que ela se mexia facilmente e para dentro do cômodo. Levou um breve susto, quando olhou ao redor estava na cozinha e quase caída ao chão, mas, por sorte, se equilibrou. Riu como louca de si mesma e ao encontrar com os olhos o mesmo garoto de antes, cessou as gargalhadas.

— Perdão... Eu estava... Hum... É que... Você sabe — sorri sem graça. Por algum motivo que não entendeu, ele simplesmente abaixou a cabeça e lhe evitou olhar pelo restante dos segundos e minutos que se sucederam. Foi constrangedor.

— Desculpa... Te assustei, vou indo nessa — diz sem jeito andando de costas logo se virando para ir embora. Ao sair do cômodo, procura desesperadamente Seokjin com o coração na mão. Precisa desesperadamente sair dali “maldita hora em que ele decidiu ir com o tal do N.M... Ou era N.J?” Já nem se recorda.

Ela ouve o barulho das portas se abrindo e vira a cabeça para o lado, olhando para trás se deparando com o garoto. Ele está de cabeça baixa como estava antes e então ergue o olhar vendo o perdido dela. A princípio, ele diz algo que ela não entende logo, se vira para entender. Mas ele prossegue dizendo baixo demais, então ela se aproxima tentando entender dizendo:

— É o que meu filho? — lembrando-lhe uma velha surda, ele segura o riso e cobre a boca para não o soltar.

— Queria saber se você gosta de morangos! E de chantilly... E de tortas... — Diz com um genuíno sorriso, na expectativa da resposta positiva dela que é interrompida.

— Alice, vamos. Namjoon irá conosco — diz como se fosse algo comunal, no entanto, deixa a preta logo confusa.

— Quem é Namjoon? — pronuncia com dificuldade, então repete o nome se corrigindo.

— O chefe. O chefe está esperando.

— Ah! Tá! Entendi — ri de sua lerdeza — a propósito: sim. Gosto de morango, chantilly... E tortas! Definitivamente adoro tortas.

Proporciona-lhe seu belo sorriso e então se encaminha na direção do segurança, até que saem juntos do estabelecimento deixando para trás, um garoto bobo sorridente. Sorriso este, que mesmo que ela ainda não tenha visto certamente, lhe lembrará um coelho.

— Vocês demoraram — diz com o bom humor de sempre.

— Perdão — Seokjin trata de pegar as chaves do bolso, destranca a porta do motorista e entra no veículo. Alice que está perto, repara nos extensos arbustos de flores e se encanta.

— O que há? — pergunta ranzinza vendo ela se esticar para pegar uma flor. Ele se mantém calado. Ela por sua vez, também. Apenas ajeita a flor acima da orelha e dá a volta no veículo, abre a porta e entra. Namjoon pisca algumas vezes e fica confuso: o que tem de tem especial nessas flores para ela ter sorriso tão, encantada?

O que a natureza tem de tão bela, que mereça ser apreciada como joia rara?

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