Capítulo 16

Ariadne…

Não tem sido fácil nos últimos dias, a dor ainda é grande, mas tem sido amenizada com o apoio de Arya e Lucca. Os dois tem me ajudado muito nesse processo. A dor está sendo amenizada, mas acredito que ela nunca estará completamente curada. Guardo em minha mente os últimos suspiros dela, os momentos em que me acolheu em seus braços, os momentos em que se colocou à minha frente para me proteger de Demétrio. Guardo em minha mente, as poucas vezes em que sorriu e os seus conselhos… Não está sendo fácil.

Após o café da manhã, eu e Lucca, vamos para a vila.

Não sei explicar, mas Lucca difere, mexe comigo de forma notável e seu apoio nesse momento está sendo o mais importante.

Ao chegarmos na vila, Damião está saindo para o trabalho.

— Que surpresa boa você aqui, Ariadne! — diz sorrindo, e vem me abraçar.

— Como está meu amigo? — pergunto correspondendo ao seu abraço.

Noto que Lucca fecha o semblante. Me afasto, apresento os dois, mas é perceptível que não foram com a cara um do outro.

— Vai voltar a morar, aqui?

— Não! — responde Lucca seco. — Ela vai morar comigo a partir de agora!

Arregalo os olhos com tal afirmação.

— Vai morar com alguém que acabou de conhecer, Ariadne?

— Vou morar com Arya e Lucca, eles me convidaram e eu aceitei! Não faz mais sentido estar aqui! Esse lugar só me traz recordações ruins!

— Mas tem amigos aqui…, eu e minha mãe!

— Sei disso, mas vamos continuar nos vendo, não vou parar de trabalhar na lanchonete!

— Que ótimo! Pelo menos vamos nos ver todos os dias…

Sinceramente, não estou compreendendo essa atitude de Damião. Percebendo que Lucca está muito incomodado, me despeço de Damião e entramos na minha casa.

Assim que entramos, sinto meu coração angustiar e como um filme, tudo passa pela minha mente, dou um passo para trás, e Lucca pousa as mãos em meu ombro.

— Estou aqui, linda! — sussurra em meu ouvido. — Estou aqui com você, para você!

Apenas assenti com a cabeça. A casa estava limpa, pois Susan veio limpar e dar uma ajeitada para mim, até que eu pudesse voltar.

Entramos e seguimos para o emu quarto, passo pelo quarto de minha mãe e me recordo da última imagem dela naquela cama, seu sofrimento, não consigo conter as lágrimas.

— Não consigo aceitar…, não consigo aceitar a morte da minha mãezinha!

— Sei que não é fácil, minha linda! Mas precisa ser forte!

— A morte para Demétrio é muito pouco! Minha mãe passou horrores em sua mão…

Lucca me puxa para um abraço apertado, afago meu rosto em seu peitoral e permaneço ali até que que me acalme.

— Vamos fazer esse miserável pagar, eu prometo!

Em meu quarto, pego algumas coisas e coloco em uma mochila, com a ajuda de Lucca.

Ele vê uma foto em que está eu e minha irmã quando crianças e fica analisando aquela foto.

— Essa é a sua irmã?

— Sim!

— Sente falta dela?

— Muito, éramos muito amigas! Quando foi embora, fiquei arrasada!

— Vou te ajudar a reencontrar a sua irmã, se quiser!

— Está falando sério?! Claro que eu quero!

— Farei tudo por você, para te ver feliz!

— Se fizer isso por mim, serei eternamente grata!

— Prometi que cuidaria de você e farei muito mais que isso! — diz se aproximando de mim.

— Não precisa fazer isso, minha mãe só queria uma garantia de que eu ficaria bem, para que descansasse em paz!

— Não é apenas pela promessa, Ariadne! Desde que te conheci, sinto que temos uma ligação diferente, que devo te proteger, cuidar de você! — diz acariciando meu rosto.

Engulo em seco com tal proximidade, meu coração acelera, minha boca fica seca.

— Lucca… eu…

— Não diz nada! Vou ser bem claro com você, linda! Quero te conhecer melhor, quero estar com você… — acaricia meus lábios com o polegar. — Quando eu voltar, quero que me dê uma chance! Uma chance para nos conhecer melhor, para eu te fazer feliz…

Se aproxima devagar do meu rosto, com o olhar fixo nos meus lábios. Roça seu nariz no meu carinhosamente, fecho os olhos deixando aquele frio na barriga se espalhar pelo meu ventre. Vira um pouco seu rosto, pressiona seus lábios nos meus, uma, duas, três vezes. Pede passagem com a língua, abro um pouco a boca dando passagem e nossas línguas se encontram quentes e molhadas, causando arrepios em meu corpo, elas dançam lentamente. Ele segura a minha cintura, entrelaço meus braços em seu pescoço, me deixando envolver num beijo profundo, ansioso e amoroso. Ele cola nossos corpos ainda mais e desce um pouco até a minha nádega, então me assusto…

— Me desculpe, linda… me desculpe!

— Eu gostei do beijo, Lucca, é só que… nunca passei disso!

— Entendo e prometo que não vou apressar as coisas, se aceitar me conhecer melhor!

— Eu quero muito te conhecer melhor, também estou confusa em relação ao que sinto desde que nos conhecemos! Só peço que seja sincero comigo, que não me magoe e tenha paciência!

— Serei, linda! Temos muitas coisas para conversar, para falar e sei que agora não é o momento, por esse motivo quero que me espere e quando eu voltar, vamos começar a nossa história!

— Está bem, também preciso de tempo para me recuperar de tudo o que passei nos últimos tempos!

Ele sorri e mais uma vez nos beijamos, dessa vez com um pouco mais de fervor.

— Quando eu voltar, quero te trazer uma surpresa inesquecível!

— Surpresa?

— Sim, verá quando eu voltar!

Assim que termino de arrumar as minhas coisas, voltamos para o apartamento. Passamos o restante do dia com Arya, ela percebeu que algo estava rolando e nos questionou e fomos obrigados a lhe contar.

No final da tarde eu e Arya o acompanhamos até o aeroporto. Confesso que fiquei insegura e com medo de que não volte mais, no entanto, estou a mercê do destino agora, se for nosso destino estar juntos, sei que estaremos.

Os irmãos se despedem com um abraço apertado, em seguida se aproxima de mim e beija meus lábios delicadamente.

— Até logo! — sussurra colando as nossas testas.

— Até!

Ele segue em direção à escada rolante, espero ansiosamente de que olhe para trás, mas não o faz, deixando um vazio dentro de mim.

Arya me abraça e voltamos para o apartamento.

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Lucca...

Confesso que fiquei muito feliz em ser correspondido por Ariadne, não vejo a hora de voltar e podermos ficar juntos. Ela é uma mulher doce, gentil e carinhosa.

Serei o seu abrigo daqui para frente.

Deixá-la foi a coisa mais difícil que já tive que fazer em minha vida, mesmo que seja por pouco tempo, meu coração fica apertado.

Logo que me afastei delas e subi naquela escada rolante, parei no alto, pensei em olhar para trás, mas já estava difícil demais conseguir ir embora e deixar alguém que mexe tanto comigo, optei por não olhar para trás e fui direto para a pista de voo.

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