Capítulo 9

Ariadne...

O estado de minha mãe, me deixou apavorada, suas palavras pedindo para que o irmão de Arya cuidasse de mim, so fez eu perceber que ela não iria conseguir se salvar, por mais que doesse muito ela também não merecia mais sofrer, o estado em que estava me deixava ainda pior.

— Quero tomar um ar, Arya!

— Quer que eu te acompanhe?

— Não precisa!

A situação que estou passando, não me permitiu nem sentir vergonha do pedido de minha mãe.

Saio do quarto com meu coração despedaçado, sentindo uma dor imensa dentro de mim, acredito que não há dor maior do que perder uma mãe, ou vice versa. Após beber toda a água, respiro fundo e volto para o quarto, ainda tenho esperanças de que ela vai ficar bem.

— Arya... agradeço por tudo que estão fazendo por mim, mas se quiserem ir...

— Não vamos a lugar nenhum, não te deixaremos sozinha nesse momento! — diz Lucca.

— Só vamos conversar com o médico para saber se há algo que possamos fazer e já voltamos!

Concordo com a cabeça, os dois saem, sento-me numa cadeira ao lado da cama de minha mãe e seguro a sua mão.

— Queria tanto poder te dar uma vida melhor, mãe! Queria poder te salvar de todo o sofrimento de todos esses anos! Me sinto incapaz...

Escuto passos logo atrás de mim, rapidamente me levanto e um temor invade meu ser ao ver Demétrio ali.

— O que faz aqui?! — pergunto entre os dentes.

— Vim ver como estão!

— A minha mãe está morrendo por sua culpa, seu desgraçado!

— Eu não tenho culpa, ela já estava doente!

— Mas nunca respeitou a sua enfermidade, nem pagou um médico decente para tratar do seu problema! Aquele açogueiro que foi ve-la dizia que ela estava com pneumonia, mas era tudo mentira! Assuma de uma vez, que ele não era médico coisa nenhuma!

— É verdade, ele não era médico! Paguei para que enganasse vocês duas, quero a sua mãezinha morta, para que você seja a minha mulher! — diz se aproximando. - Sabe muito bem que sou louco por você, Ariadne.

Ele se aproxima cada vez mais e eu vou dando passos para trás, esbarro na parede já não tendo para onde ir.

— Fica longe de mim seu nojento! Jamais serei a sua esposa, prefiro a morte, ao ter que passar a minha vida ao lado de um velho nojento como você!

— Acho que não tem muita escolha!

— Claro que tenho, vou te denunciar e vai pagar por todo o mal que nos causou!

— Será perca de tempo, esqueceu para quem eu trabalho?!

Ele me imprensa na parede e tenta me beijar a força, grito, mas ele insite. Minha mãe acorda e os aparelhos começam a apitar, a porta é aberta bruscamente e só vejo Demétrio sendo arremessado para o chão. Ao olhar vejo Lucca, ele desfere dois socos no rosto do maldito.

— Fica longe dela, seu desgraçado!

— Isso não vai ficar assim seu bastardo! —diz levantando-se limpando a boca suja de sangue.

— Não vai mesmo seu cretino! — diz Arya. — Pode ter certeza, que vou te mandar para a cadeia e vai pagar muito caro por todo mal que causou a essa família!

— Nunca vai conseguir fazer isso!

— Se não conseguir te mandar para a cadeia, não me importo de descarregar uma arma em você, seu lixo!

— Saía daqui e fique longe da Ariadne! — diz Lucca o empurrando para fora do quarto.

Me aproximo de minha mãe e tento fazê-la se acalmar.

— Está bem Lucca? — pergunta Arya.

— Estou sim e você, Ariadne?

— Estou graças a você, obrigada!

Ele apenas sorri e assenti com a cabeça.

Minha mãe começa a passar mal e Arya saí do quarto pedindo ajuda.

— Mãe... por favor mãe!

— Filha... eu... te... amo..., amo... você e sua irmã... me perdoem!

A vida de minha mãe acabou naquele momento, com uma lágrima rolando de seus olhos.

— Nãããããããããaããõooooo! — grito com uma forte dor em meu peito.

Lucca me segura por trás e me abraça fortemente.

— MÃÃÃEEE! Não!

Arya entra no quarto com as enfermeiras e o médico, ela me abraça e ficamos os três assim, enquanto o médico examina a minha mãe.

— Sinto muito! — diz o médico.

— Não poder ser, não posso acreditar Arya... o que será de mim agora?

— Sinto muito por sua perda, mas... estamos aqui com você! Vamos te proteger! — diz ela, secando algumas lágrimas que rolavam por seu rosto.

— Aí... está doendo tanto!

— Eu sei! Imagino o que esteja sentindo, mas precisa ser forte nesse momento!

Somos retirados do quarto, Lucca permanece abraçado comigo. Sei que não o conheço muito bem, mas em seus braços sinto um certo conforto, é como se fosse um tipo de abrigo, onde poderia me esconder para sempre.

A polícia chega e mesmo muito nervosa, quis dar o meu depoimento, conto tudo o que passamos na mão daquele infeliz, dos abusos contra a minha mãe, os espancamentos e sobre o desaparecimento de minha irmã. Conto com riqueza de detalhes, sentada em uma cadeira, segurando um copo de água, com Lucca ao meu lado. Ao ouvirem toda a minha história, vejo o quanto ficam indgnados, o quanto ficam revoltados.

— Isso não pode ficar assim delegado! Esse bandido tem que pagar pelo que fez!

— As coisas não são tão fáceis senhorita!

— Eu estudo direito delegado, venho de uma família que conhece muito bem seus direitos! Caso nenhuma providência seja tomada, saiba que vou denunciá-los para a corregedoria! Se for preciso vou na embaixada, na presidência, vou até o inferno, mas vou..., apenas para que esse cretino pague por seus crimes! E quem acobertar seus erros vai pagar com ele! Homem nojento do caralho!

O homem me olha de olhos aregalados.

— Pode ficar tranquila, senhorita! Já vou dar ordem de prisão!

— Muito bom!

— Nos mantenha informado de tudo, delegado!

— Pode deixar!

O homem vai embora, pisando alto.

— Muito obrigada, Arya!

Ela nada responde, parece estar muito nervosa.

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