Capítulo 8

Lucca…

Sou Lucca Connor, tenho 23 anos e moro no Canada, estou cursando medicina, seguindo os passos de minha mãe e do meu primo Oliver. Após passar tanto tempo numa cadeira de rodas após um acidente de carro, algo dentro de mim se acendeu para ajudar outras pessoas, a salvar vidas, assim como alguém nos salvou.

Sou um homem extrovertido, companheiro, focado, determinado no que quero e muito família. Nossa família é muito unida e levo isso sempre comigo, sei que quando eu precisar estarão lá para me ajudar a superar, sempre foi assim e sempre será. Eu e minha irmã gêmea Arya, somos muito amigos desde a infância e isso não mudou com o passar dos anos, ainda sabemos que sempre estaremos um para o outro caso precise.

Não sou o estilo pegador, gosto sim de ficar, mas também levo muio a sério quando estou ficando com alguém que me interessa muito, como o caso de Amanda.

Amanda é uma mulher linda, nos conhecemos desde a adolescência, ela vem de uma família muito simples, do casal de zeladores da escola, porém sempre teve vergonha de estudar em nosso colégio pela sua condição financeira. Ficamos amigos e a alguns meses atrás, acabamos nos envolvendo, mas ela é uma pessoa muito instável e insegura. Contudo, sabe muito bem como manipular os outros, por esse motivo Arya nunca gostou dela.

Já pedi Amanda em namoro, mas ela não aceitou, disse ser muito cedo, na última vez em que saímos para a balada, ela ficou com outro cara na minha frente. Essa não é a primeira vez que faz isso e cansei desses joguinhos dela, então decidi passar uns dias com Arya no México, aproveitando que sinto sua falta, uni o útil ao agradável.

Já cheguei aqui, indo atrás de problemas e dos grandes, não vou mentir que desde o primeiro momento que meus olhos recaíram sobre a amiga de Arya, algo dentro de mim mudou. Não sei explicar exatamente o que, mas, sinto que devo protegê-la com a minha vida caso for necessário.

Ver os hematomas em seu corpo, deixou-me de coração apertado, com sangue de justiça.

Enquanto estava nos braços de minha irmã, não conseguia desviar o olhar dela, estava tão vulnerável, que senti vontade de colocá-la em meu colo e consolá-la, ser o abrigo que precisa.

Estávamos na recepção.

— Ari, me conte o que está acontecendo? — diz Arya. — Tem que me contar, esses hematomas em seu corpo, o estado de sua mãe, sei que algo está acontecendo!

— Precisa denunciar! — digo e sua atenção vem para mim.

Nos olhamos fixamente.

— Desculpe, Ari, nem te apresentei o meu irmão, esse é o Lucca, e essa é minha amiga Ariadne!

Nos cumprimentamos com um aperto de mão, algo diferente aconteceu naquele momento, uma corrente elétrica percorreu nossos corpos, e sei que ela sentiu o mesmo, porque sua pele arrepiou assim como a minha. Sem jeito, logo ela se afastou.

O médico aparece na recepção.

— E então doutor como minha mãe está?

— Infelizmente não trago boas notícias, após uma bateria de exames, constamos que sua mãe está com embolia pulmonar!

Já tinha a impressão de que a mulher sofria de embolia pulmonar, pois estudei sobre isso. No meu estágio, tivemos um senhor com os mesmos sintomas. No nosso caso, conseguimos salvá-lo com o tratamento específico. Já a mãe de Ariadne, acredito, se agravou consideravelmente, devido à falta de procura pelo tratamento adequado.

— O que é isso doutor?

— Trata-se de uma obstrução arterial dos pulmões por coágulos. Ela ocorre em decorrência de um bloqueio em uma ou mais artérias dos pulmões. A gravidade do caso está ligada ao tamanho dessa obstrução e da condição clínica do paciente que desenvolve esse evento. Uma vez que um trombo é formado, o risco de novos trombos serem formado é muito alto…, infelizmente o da sua mãe está bem avançado, com novas formações!

As pernas de Ariadne falham, rapidamente me aproximo e a seguro, a garota chora compulsivamente em meus braços.

— Eu não posso perder a minha mãe…, não posso!

— Ela já está no quarto, a enfermeira irá levá-los até lá!… Eu acionei a polícia sobre os evidentes hematomas no corpo da mulher, creio que em breve estarão aí! Te aconselho a fazer a denúncia!

— Obrigada, doutor!

Fomos os três para o quarto da mulher, ela estava acordada, cheia de aparelhos. Não conseguia abrir muito os olhos por estarem bem inchados ainda.

— Mãezinha… — diz entre lágrimas.

— Filha…

— Mãe, promete que vai ficar bem, que não vai me deixar sozinha?! — diz segurando a mão da mulher.

— Vejo… que… não está… sozinha, filha!

— Essa é minha amiga Arya, mãe e aquele o Lucca, irmão dela! Eles que te socorreram…

Ela estende a mão em minha direção.

— Venha… aqui… rapaz!

Me aproximo da mulher e seguro em sua mão.

— Estou aqui…

— Obrigada, pela ajuda!

— Não tem de quê …

— Quero descansar…, mas preciso ter certeza, de que… a minha filha… estará segura, estará protegida!

— Mãe! — diz entre soluços.

— Promete… que vai… cuidar… da minha filha! Que vai… fazer aquilo que nunca pude fazer…

Olho para Ariadne, que me olha de olhos arregalados.

— Eu prometo! — digo olhando fixamente para a garota. — Prometo que vou protegê-la com a minha vida! Ela nunca estará sozinha…

— Obrigada… rapaz!

— Não tem que agradecer, agora descanse um pouco, não é bom se esforçar tanto!

A mulher adormece, Arya se aproxima de nós e Ariadne a abraça chorando.

Não tinha como não fazer tal promessa, desde o primeiro momento que a vi, sabia que nossas vidas estariam ligadas de alguma forma e que eu devia protegê-la.

Minha irmã, fica me olhando de forma diferente, parecia grata.

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