Capítulo 4

Arya…

Após o breve passeio pela cidade, volto para o meu apartamento.

Estava organizando meu material para começar a faculdade na segunda, quando meu celular toca, é meu irmão Lucca.

— Oi, maninho! Tudo bem?

— Bem e você, maninha?

— Estou bem!

— Saudades de você!

— Também estou! Como vão às coisas por aí?

— Estão bem! Estava pensando em te visitar, daqui a alguns dias! Quem sabe não me animo e vou morar com você!

— Isso seria ótimo, maninho! Aconteceu algo, Lucca? Sua voz está estranha!

— Nada para se preocupar, coisa minha!

— Desabafa de uma vez! — digo impaciente.

— Aquela garota que estava ficando… bem, cometeu um deslize comigo!

— O que aquela cretina fez?!

— Ficou com outro cara na minha frente!

— Eu te disse que aquela sujeita não prestava! Ficou cego por serem amigos, agora deu no que deu!

— Sabe que sempre fui afim dela!

— Sim, mas ficou cego de amores e ela se aproveitou disso! Por favor, Lucca, não caía na dela de novo! Provavelmente vai dar uma de arrependida e vai querer voltar!

— Estávamos apenas ficando…

— Sim, mas já fazia meses que estavam ficando! Ela devia te respeitar! Vem passar uns dias comigo mesmo, para ver se coloco sanidade nessa sua cabecinha! — digo divertida.

— Daqui a alguns dias eu vou!

— Fico no aguardo!

Despedimos e encerro a chamada.

Ao cair da noite, tomo um banho, me arrumo e espero Ariadne na frente do hotel.

Ainda não comprei um carro, mas essa semana ainda vou comprar um.

Não demora para que minha amiga chegue de táxi, entro no carro e prosseguimos conversando animadas para a balada.

Logo que chegamos já vamos para a pista de dança, amo dançar, me divertir. O local é enorme e estava lotado, as músicas que tocam são bem diversificadas. Sei que o local está lotado, mas sinto estar sendo observada.

Um homem se aproxima de nós.

— Meu chefe, quer vocês duas na mesa dele!

— O que?! Quem é o seu chefe?! — pergunto com sarcasmo.

Aponta para a mesa do homem, é o tal do Ramiro, o mesmo que vi hoje na lanchonete, ergue o copo em sinal de cumprimento.

— Não obrigada! Estamos muito bem aqui!

— Meu chefe não perguntou se querem, ele ordenou!

— Meu filho, ninguém manda em ninguém, muito menos em mim! Então diga para o seu chefe, que não iremos!

O homem segue para a mesa de seu chefe, enquanto eu e minha amiga voltamos a dançar.

— Não sei não, mas acho melhor irmos embora! Esse Ramiro é um homem sem escrúpulos!

— Esquece esse idiota! Vamos nos divertir…

— Não sabe onde está se metendo Arya!

— Infelizmente, sei sim e não tenho medo!… Aí, cansei, vamos beber algo? — pergunto mudando de assunto.

— Vamos! — concordo.

No bar, chamamos o garçom, pedimos dois gins.

Enquanto bebíamos, olho para cima na área vip e sinto algo estranho, quando meu olhar recaí sobre um homem que ali estava. Em volta dele, tinha cerca de dez homens e uma mulher estava sentada em seu colo. Não disfarçava seu olhar em minha direção, assim que nosso olhar se encontra, ele remexe na cadeira. Nosso olhar parecia ter um tipo de conexão…, não sei explicar.

Sem desviar o olhar, pergunto:

— Quem é Ari?!

Seu olhar vai em direção ao lugar que estou olhando.

— Aquele é Blake Fontana! O dom que te falei mais cedo! Nem pense nisso, Arya! Esse homem é muito perigoso!

— Não pensei em nada! Você quem está dizendo! — disfarço olhando para ela.

— Droga!

— O que foi?

— Meu padrasto está com ele! — diz virando de costas para eles.

— E o que tem de errado?

— Ele não gosta que eu saía para boates…

— É maior de idade, não tem porque dar justificativas da sua vida!

— É complicado!

Quando penso em dizer algo, alguém se aproxima sussurrando em meu ouvido.

— Posso te pagar uma bebida?

Me afasto rapidamente, vejo que se trata do mesmo homem da lanchonete. Ariadne, olha com espanto e segura meu braço temerosa.

— Não muito obrigada!

— Que isso, belezinha…, faço questão!

Ele faz sinal para o garçom trazer bebidas, seu olhar percorre meu corpo cheio de malícia.

— Belezinha, não é o meu nome! Sou Arya!

— Apenas um apelido carinhoso, amorcito!

— Odeio apelidos, ainda mais de quem eu não conheço!

O garçom traz duas doses de tequila e coloca sobre o balcão.

— Não gosto de tequila! — minto, pois nunca bebi.

— Experimente, essa é a melhor de toda a cidade do México!

Sorrio com sarcasmo e cruzo os braços.

— Acredita que sou alguma idiota que não sabe que essa bebida está batizada? — pergunto, o fazendo arregalar os olhos.

— Que isso, amorcito!

— Com licença!

Seguro na mão de Ariadne e voltamos para a pista de dança.

— Como sabe que ele colocou algo na bebida, Arya?

— Você mesma disse, homens como esse não tem escrúpulo nenhum… como percebeu que não sou qualquer uma, me quer de qualquer jeito, mesmo que seja necessário me drogar!

— Nossa! Você é muito esperta!

Notei que depois que viu seu padrasto aqui, ficou estranha, já não estava tão animada e a todo momento olhava para onde o Fontana estava. Não olhei mais, pois esse homem tem algum efeito sobre mim e isso não é bom.

Vários homens se aproximam de nós, mas dispensamos todos.

Vamos até o toalete e quando estamos saindo, bato em uma parede de músculos e só não caio para trás, porque me segura com força pela cintura, colando meu corpo ao dele.

Essa aproximação, faz meu corpo arder como brasas percorrendo as minhas veias, queimando tudo.

Ao olhar para cima, meu olhar se encontra com o do tal Fontana, nos olhamos fixamente.

Consigo muito bem controlar as reações do meu corpo e me impor.

— Fica longe daquele homem, entendeu?!

— O quê?!

— Já disse para ficar longe do Ramiro! — diz entre os dentes.

— E quem é você para dizer o que devo ou não fazer? — pergunto entre os dentes.

— Sou o seu maior pesadelo!

— É mesmo? E eu sou o seu! Se não sair do meu caminho!

Mesmo com um pouco de dificuldade, empurro o homem e me afasto.

— Melhor você ficar longe de mim! — digo me recompondo.

— Isso é o que veremos, la tormenta!

Com o semblante fechado, sai seguido por seus homens, solto todo o ar que nem sabia que segurava em meus pulmões e encosto na parede.

… Porra que homem é esse?… — penso respirando fundo.

— Está tudo bem? — pergunta Ariadne.

— Está sim! Vamos voltar para a pista de dança!

— Acho melhor irmos embora, vamos acabar tendo problemas com esses homens! Você chegou causando aqui e isso não é bom para você!

— Os incomodados que se mudem! — dou de ombros e a puxo para a pista de dança.

Numa coisa Ariadne tem razão, devo permanecer longe desse homem, mas posso provocá-lo. Começo a dançar sensualmente.

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