Capítulo 19

Arya...

Não vou fazer os gostos desse imbecil, por isso demorei para ir tomar banho e para me arrumar, já vieram diversas vezes saber se estava pronta e disse que não. Ainda xinguei eles por me apressarem.

Pego um vestido branco que marca as minhas curvas, amarro o meu cabelo num rabo de cavalo e uma sandália de salto que também encontrei no closet da mulher. Para a minha alegria, usamos o mesmo número de sapato e roupas é um número a mais, mas esse vestido ficou perfeito no meu corpo.

Já que Blake me quer tanto como a sua esposa, terá que olhar sem poder tocar, por isso sempre estarei linda, arrumada e perfumada.

Assim que termino de me arrumar, bato na porta do quarto, um de seus homens abre e me direciona para a sala de estar, onde Blake está a minha espera.

Está de pé, de costas olhando pela enorme janela de vidro, segurando um copo com alguma bebida, então pigarreio chamando sua atenção.

Ao virar-se para mim, olha-me de cima a baixo e engole em seco.

— Até que enfim!

— Odeio que me apressem para sair, sei do meu tempo e não gosto de cobranças!

— Odeio atrasos! Nem que descumpram as minhas ordens! — diz sentando-se em sua cadeira. — Por que não colocou o vestido que mandei?

Em passos lentos, vou me aproximando dele, paro ao seu lado, apoio uma das mãos próxima da mesa, abaixo e digo bem próxima do seu rosto.

— E eu odeio que queiram mandar em mim! Já devia ter aprendido isso, nas poucas vezes que nos encontramos!

— A nossa convivência será bem difícil se não mudar o seu jeito, bela la tormenta!

Sorrio com sarcasmo.

— Não sou eu quem quero me casar, se quer levar isso adiante, você que mude! — digo dando de ombros e vou para o meu lugar na mesa, logo a sua frente.

Assim que me sento, nossos olhares se encontram, meu olhos percorrem cada traço daquele rosto, vai para seu pescoço, ombros, braços até em suas mãos. Confesso que engoli em seco, ao sentir um arrepio percorrer meu corpo e minha intimidade.

— Por que não pode facilitar as coisas?! —pergunta tirando-me de meus devaneios.

— Nunca! Está me obrigando a entrar na porra de um casamento forçado e isso vou me lembrar para o resto da vida!

— Quer dizer que sua resposta é sim! — sorri de canto vitorioso.

— Pode tirar essa porra de sorriso dos seus lábios, senhor Fontana! Vou sim me aceitar casar com o senhor, já que não tenho muita escolha, mas deixo claro que quero o direito de dar as minhas condições!

— Fique a vontade, a única coisa que não abro mão é de ficarmos no mesmo quarto!

— Tá de palhaçada, não é mesmo? —pergunto irritada.

— Não! Seremos casados e temos que passar essa impressão a minha família!

— Não gosto de dormir acompanhada! Sempre transo e vou embora, para que não se apaixonem... — minto, para provocá-lo.

Ele desferi um soco na mesa.

— Não vou admitir que fale de outros na minha presença, entendeu?!

Sorrio vitoriosa, erguendo as minhas mãos em forma de rendição.

— Não tenho porque aceitar nenhuma condição da sua parte, quem manda aqui sou eu e vai ter que seguir as minhas regras! — diz asperamente.

— Não vou aceitar porra nenhuma! Se não puder dar as minhas condições não me caso e quando entrar na merda daquele quarto, vai achar apenas o meu corpo sem vida! Entendeu?!

Ele solta um alto suspiro e diz:

— Está bem, então vamos as condições de cada um, para ver se chegamos a um acordo! — diz entre os dentes.

... Mal sabe o que te espera, seu vendaval, da porra! — penso.

— Pode começar! — digo.

— O casamento será válido, vamos nos casar perante o juiz, vamos morar na mansão da minha família com minha filha e minha mãe! Elas não sabem que tudo isso é um acordo, portanto, quero que seja o mais discreta possível! Minha filha precisa de uma presença materna, alguém que vá ajudá-la!

— Onde está a mãe dela?

— Nos abandonou!

— Ah claro, não lhe aguentou! — digo irônica, mas ele nada responde, apenas vira um copo de tequila.

— Não quero falar sobre isso, não é da sua conta! Diga as suas condições de uma vez!

— As minhas são bem óbvias! Não vai me tocar, em hipótese nenhuma! Nunca terá o meu corpo para satisfazer seus prazeres, entendeu bem?!

— Não faço questão, tenho a mulher que quiser, na hora que eu quiser para me satisfazer!

... Aí que ódio, desse estúpido! Tomara que não funcione com ninguém esse seu negócio!... — penso, a cerrar os punhos.

— Tanto faz, não faz diferença para mim, desde que seja discreto! Não quero levar fama de chifruda!

— Pode escolher a madrinha, eu já tenho o padrinho!

Dou de ombros.

— Escuta bem o que vou dizer Arya, não sou homem de brincadeiras, se tentar algo…

— Já sei, não sou surda! Não precisa ficar me ameaçando!

— Boa garota!

Mal toco na comida, logo que termino, levanto-me.

— Quando será esse casamento?

— Amanhã!

— O quê?! Por que tão rápido?!

— Não sou homem de perder tempo! Vai querer alguém como testemunha?

— A minha amiga Ariadne!

— Ligue para ela! — diz a entregar-me o seu celular. — Peça para ficar pronta, após o café da manhã, pois vão passar em seu prédio, para pegá-la!

Ligo para Ariadne e temos uma conversa rápida, ela estava preocupada comigo, pois quando saiu, acreditou que eu estava dormindo e quando chegou da lanchonete, não me viu. Disse haver vindo passar uns dias no campo com alguém e que queria que ela viesse encontrar comigo amanhã. Não entrei em detalhes, ela concordou, combinamos os detalhes e encerrei a chamada.

Coloco o celular em cima da mesa.

— Vou para o quarto!

— Boa noite!

— Não posso dizer o mesmo!

Saio de lá e vou para o quarto. No caminho, observo tudo e não tem como eu fugir desse lugar, tem homens dele para todos os lados.

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