Capítulo 16

[ Bree ]

Chego em casa, ainda com a mente turva devido à noite no bar. Lembro da presença de Julie, que me trouxe alguma paz naquele momento, mas sei que a realidade vai se impor quando a ressaca passar.

Deixo os sapatos na sala e subo as escadas em direção ao quarto. Carlos não está lá, como sempre. Essa ausência constante dele tem sido como um fantasma assombrando nossa relação. Meus sentimentos oscilam entre a raiva e a tristeza. Quero confrontá-lo, quero saber a verdade, mas também não quero agir por impulso.

Decido tomar um banho para tirar o cheiro de bebida que eu exalava. A água quente escorrendo pelo meu corpo ajuda a clarear minha mente. Fico pensando em todas as vezes que Carlos esteve ausente, as desculpas que ele dava, os segredos que ele escondia. Meu coração está pesado.

Visto uma roupa confortável e desço para a cozinha em busca de algo para comer. A casa está silenciosa, e o vazio me sufoca. Preciso de respostas, mas não sei por onde começar.

Pego meu celular e começo a digitar uma mensagem para Carol, querendo desesperadamente conversar com alguém que entenda o que estou passando. Mas então hesito. Não quero sobrecarregá-la com meus problemas e muito menos parecer fraca pra lidar com essa situação.

Decido que preciso confrontar Carlos diretamente. Não posso continuar vivendo nesse limbo de incertezas. Saio da cozinha e subo as escadas em direção ao escritório dele, determinada a encontrar as respostas que procuro.

Procuro nas gavetas algo que possa de fato comprovar aquilo tudo que Isabela falou, mas não tinha nada ali e me sinto novamente frustada. Saio de lá e vou para o quarto e me deito na cama.

Na minha cabeça só vinha os lábios de Julie junto aos meus, e a estranha sensação de que eu queria mais daquilo, mas ao mesmo tempo eu não sabia o porquê. Em meio aos pensamentos escuto um barulho na porta e já me levanto pronta para descer as escadas e confrontar Carlos.

Ele entra com uma expressão cansada e surpreso ao me ver ali de pé, claramente desconcertada.

— Bree, o que está fazendo acordada a essa hora? — pergunta ele, um tanto hesitante.

Minha voz sai firme, alimentada por um misto de nervosismo e determinação.

— Precisamos conversar, Carlos. Sente-se.

Ele parece intrigado com minha seriedade, mas obedece, sentando-se no sofá. Observo-o por um momento, tentando encontrar as palavras certas para fazer minha pergunta.

Finalmente, reúno coragem e pergunto diretamente:

— Carlos, você está me traindo com a Mirela?

Ele parece chocado com a pergunta, os olhos se arregalando por um instante antes de recuperar a compostura.

— O que está dizendo, Bree? Claro que não tenho um caso com a Mirela. De onde tirou isso?

— Ouvi dizer que vocês estavam juntos, e ela está grávida.

Carlos suspira profundamente, esfregando o rosto com as mãos. Parece extremamente tenso.

— Bree, eu deveria ter explicado isso para você antes. A situação é complicada. Mirela é casada com um dos meus melhores amigos, e ela teve um caso com ele recentemente. O filho que ela espera não é meu, é dele.

Fico atordoada com essa revelação, mas ao mesmo tempo um alívio começa a se infiltrar em mim. Era possível que tudo isso não passasse de um mal-entendido, que minha mente estivesse criando cenários absurdos.

— Desculpe, Carlos. Deveria ter confiado em você.

Ele me abraça com carinho, como se perdoasse minha desconfiança.

— Entendo por que você estava preocupada, Bree. Eu também não gostei da forma como as coisas ficaram confusas. Prometo que vamos conversar mais e sermos mais abertos um com o outro.

Eu o abraço de volta, sentindo um peso se dissipar. Talvez houvesse esperança para o nosso relacionamento, afinal.

...

...

Fiquei um pouco sentada no sofá enquanto Carlos tomava seu banho.

Como aquilo tudo não passava de um mal entendido me sinto culpada por eu ter traído ele, e começo a cogitar a possibilidade de contar tudo, mas se eu contasse eu estragaria as coisas na empresa deixando tudo muito tenso.

Ligo o notebook que estava na mesa de centro e dou uma olhada no rascunho que estava fazendo para a campanha, ainda faltava muita coisa e eu sabia que por faltar tantas informações eu teria que passar a maior parte do meu tempo na presença de Julie, e fora fotografar ela.

Pego meu celular e abro diretamente na aba de mensagem dela.

...

...

Espero que ela não me leve a mal o jeito que falei na mensagem, mas a partir de hoje iria tratar isso tudo como um verdadeiro negócio. Iria ajudar meu futuro marido a expandir a empresa para em breve nos casarmos.

Decido revisar o rascunho da campanha mais uma vez. Precisava ter todos os detalhes organizados antes de começar a trabalhar com Julie. Enquanto lia o que havia escrito até agora, ouço Carlos se aproximando.

Ele parece mais relaxado depois do banho e se senta ao meu lado no sofá.

— Bree, eu quero que saiba que entendo sua preocupação. E acho que deveríamos ser mais abertos um com o outro, como você disse. Se tem algo te incomodando, podemos conversar.

Sinto uma onda de alívio ao ouvir essas palavras. Carlos estava disposto a conversar e trabalhar em nosso relacionamento.

— Obrigada amor. E eu também quero ser mais transparente. Vamos fazer isso juntos.

Ele sorri e me abraça, e nesse momento sinto que talvez haja esperança para nós. Afinal, um relacionamento sólido era construído com base na confiança e na comunicação.

Enquanto nos abraçamos, meu celular vibra, indicando uma mensagem recebida. Era Julie. Rapidamente, pego o celular e vejo a resposta dela à minha mensagem.

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